Jesus nas festas de Israel

Jesus nas festas de Israel

Texto Básico: Lucas 22.7-20

Leitura Diária
D Lc 2.41-52 – Jesus na casa do Pai
S Jo 2.13-25 – O purificador do templo e do povo
T 1Co 10.1-22 – Para nossa advertência
Q Jo 7 – Quem crê venha e beba
Q Jo 6 – O pão que desceu do céu
S Sl 73 – Prosperidade ilusória
S Lc 22.7-20 – Até que a Páscoa se cumpra

Introdução

No decorrer das lições da revista* vimos como as festas prescritas para Israel manifestavam o propósito redentor de Deus em Jesus e como nosso Senhor e sua obra cumprem plenamente todas as promessas divinas presentes nelas. Com o passar do tempo, algumas foram modificadas e outras até deixaram de ser praticadas. No tempo de Jesus, muita coisa havia mudado. Mesmo assim, os evangelhos o registram participando de algumas delas, em especial da Páscoa. Na lição de hoje, estudaremos esses relatos e veremos como nosso Senhor se apresentou diante de seus contemporâneos.

1. O dever de estar na casa do pai (Lc 2.41-52)

Aos 12 anos, segundo Lucas 2.42, Jesus acompanhou seus pais a Jerusalém para celebrar a Páscoa. Esse fato não deve nos surpreender, pois, como vimos na lição 2, ao comemorar a libertação de Israel do Egito, a Páscoa dá início à obra redentora de Deus em favor de seu povo e origem a todas as demais festividades de Israel. Ao se encarnar para realizar a obra redentora é natural que Jesus tivesse todo o interesse em celebrá-la.

No final da festa, José e Maria retornaram para sua casa enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém. Tal desencontro se deveu provavelmente ao fato de que homens e mulheres viajavam em momentos e grupos diferentes e cada um dos pais pensava que Jesus estava no outro grupo. Também era possível que estivesse com algum parente ou amigo. Ao final do dia, descoberta a ausência, José e Maria passaram a procurar Jesus entre os conhecidos e, não o encontrando, voltaram a Jerusalém. Três dias depois, encontraram-no no templo, “assentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os”. Estavam todos admirados de sua inteligência e de suas respostas (Lc 2.44-47).

No reencontro, ao ser questionado por Maria Jesus responde: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc 2.49). Jesus afirmou que seus pais não deveriam estar surpresos com o interesse e o compromisso dele com as coisas celestiais. Eles bem sabiam que Jesus era o Filho de Deus. Sabiam que ele viera para salvar o seu povo. Apenas não esperavam que, tão jovem, já demonstrasse esse interesse.

Jesus afirmou que tinha mais do que interesse, tinha um dever. Cumpria a ele estar na casa de seu Pai. Não era uma obrigação, algo imposto. Ao contrário, tratava-se de um desejo. A casa do Pai é certamente o lugar dos filhos de Deus. Eles querem celebrar a redenção concedida, querem aprender os ensinos divinos, querem estender o quanto puderem seu tempo de comunhão com Deus. Isso levou Jesus a permanecer em Jerusalém.

Hoje temos visto crentes que parecem cada vez menos interessados nas coisas de Deus. Não são assíduos à Escola Dominical, não participam dos cultos semanais, ficam incomodados quando o culto se estende além do horário habitual. Quando vemos igrejas cheias, muitas vezes a razão é a busca por bens materiais, pela cura de enfermidades ou porque a música é agradável, e até mesmo por haver um bom pregador. Jesus apontou essa realidade quando disse que são poucos os que acertam a porta estreita (Mt 7.13-14), e quando denunciou que a multidão o seguia não porque viram sinais do reino, mas porque comeram pão e se fartaram (Jo 6.26). Nessas duas ocasiões, o Senhor exortou seus ouvintes a se empenharem no compromisso de buscar verdadeiramente a salvação oferecida por Deus. Desde sua infância ele nos deu exemplo disso.

2. O zelo pela casa de Deus (Jo 2.13-25)

Foi no contexto da comemoração de uma Páscoa que Jesus realizou a purificação do templo, confrontando as profundas distorções que corrompiam o culto a Deus em Israel. O zelo pela casa do Senhor era uma das características do Messias (Sl 69.9; Jo 2.13-17).

Não há dúvida de que a fé também é um lucrativo negócio em nossos dias. O chamado “mercado gospel” cresce a cada ano. Como Jesus reagiria a isso? Como nós, o corpo de Cristo, temos reagido? Jesus celebrou a Páscoa manifestando resoluto zelo pela casa de Deus e lutando firmemente contra a transformação do culto em um negócio. Cabe a nós dar continuidade a esse combate em nossos dias, manifestando nosso zelo. Não podemos deixar que a glória de Cristo seja afrontada por aqueles que usam do seu nome para alcançar seus próprios interesses.

Nesse mesmo contexto, João registra que Jesus fez muitos sinais que fizeram que o povo acreditasse nele. No entanto, o Senhor não acreditava naquelas pessoas. Mais do que ver as corrupções exteriores presentes no culto, Jesus conhecia bem a corrupção presente no coração dos homens (Jo 2.23-25). Seu zelo não se encerra na casa de Deus, mas se estende ao povo de Deus. Somente ele pode estabelecer os que realmente fazem parte da família de Deus. Mesmo as demonstrações de fé precisam se submeter ao exame de Jesus (cf. 1Co 4.5).

Obviamente não temos acesso ao coração de nossos irmãos para verificar a veracidade de sua fé, mas o zelo de Jesus deve nos levar a buscar com sinceridade que Deus nos conceda o dom de uma fé genuína e salvadora em Cristo. Diariamente experimentamos seu poder e sua bondade em nosso favor, mas nem sempre correspondemos com verdadeira fé ao propósito redentor de Deus em nossa vida.

3. O convite de ir a Jesus (Jo 7)

Foi no contexto da Festa dos Tabernáculos que João nos contou que os irmãos de Jesus não criam nele e o desafiavam a assumir de forma mais aberta suas pretensões (Jo 7.3-5). Contrariando o desafio de seus irmãos, Jesus subiu a Jerusalém e participou ocultamente até o meio da festa. Depois, subiu ao templo para ensinar e provocou grande admiração dos judeus, da mesma forma que o fizera quando criança. Em seu discurso, Jesus criticou diretamente o modo como os judeus interpretavam e aplicavam os mandamentos. Desde então, as pessoas passaram a discutir se ele seria o Cristo prometido, pois se perguntavam se alguém poderia fazer sinais maiores do que ele fazia. Os próprios guardas enviados para prender Jesus voltaram afirmando que jamais alguém tinha falado como Jesus (Jo 7.46).

Em meio a essas discussões, no último dia da festa, o mais importante deles, Jesus, se levantou e disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.37-38). Jesus se apresentava ali como a rocha da qual, no deserto, fluiu água para saciar a sede do povo de Israel (1Co 10.4). Ele é a fonte da provisão divina para todas as necessidades de nossa peregrinação. Essa provisão é dada de forma particular pelo derramamento do Espírito Santo, conforme explica João 7.39.

Dessa forma, somos desafiados a refletir sobre a precariedade de nossa atual condição. Temos experimentado a secura das fontes desse mundo? Já nos apercebemos que os caminhos que aos olhos dos homens parecem ser direitos, no fim são caminhos de morte (Pv 16.25)? Aqueles que têm bebido das fontes da impiedade logo sentirão o amargor da destruição (Sl 73.10, 18-19).

Mas para aqueles que sentem fome e sede de justiça, uma preciosa fonte já foi providenciada para que sejam fartos (Mt 5.6). Temos então que nos dirigir a ela. Jesus nos convida a segui-lo e promete descanso para a nossa alma (Mt 11.28-29 cf. At 3.19-20).

Naquela festa dos Tabernáculos, os irmãos de Jesus não criam nele, os líderes judeus queriam prendê-lo e matá-lo, a multidão estava em dúvida, mas Jesus convidou os verdadeiros crentes a beber dele e receber a provisão que flui para a vida eterna. Precisamos estar entre esses se quisermos concluir bem o tempo de nossa peregrinação.

4. Comer e beber em memória de Jesus (Lc 22.7-20)

Finalmente, foi em uma Páscoa que Jesus entregou sua vida por nós. Mas antes, ele estabeleceu um sacramento que marcaria de modo contínuo a união entre ele e o seu povo: a Santa Ceia.

Anteriormente, também nos dias próximos à Páscoa, Jesus multiplicou pães e peixes para uma grande multidão (Jo 6.4). Mas essa, em vez de reconhecer a presença do pão do céu que alimenta verdadeiramente o homem, estava mais preocupada em fartar-se da comida que perece. A despeito de Jesus ter afirmado ser o pão da vida que tira a fome e a sede de todo que vai a ele e crê, as multidões preferiram não crer e abandoná-lo (Jo 6.35-36,66).

Mas agora a situação era bem diferente, somente Judas Iscariotes, naquele grupo, não compartilhava da verdadeira fé. João observa nesse momento que Jesus amou os seus que estavam no mundo até o fim (Jo 13.1). Lucas registra que Jesus desejou ansiosamente comer aquela Páscoa com os seus discípulos. Era a última Páscoa da qual ele participaria, até que ela venha a se cumprir no reino de Deus (Lc 22.15-16). O tempo dos símbolos e das sombras havia terminado, o mundo começaria a experimentar a realidade da redenção que começou com a morte e ressurreição de Cristo e se completará com a sua vinda na consumação dos séculos.

Foi para marcar esse novo período que Jesus instituiu a Santa Ceia. Mais do que um símbolo da redenção, a mesa do Senhor é um selo e um testemunho da nova realidade que os discípulos experimentam. É a lembrança de tudo que Cristo fez por nós, movido pelo amor, para a remissão de pecados. Não se trata mais de uma promessa. São as boas novas do evangelho, é o anúncio da morte do Senhor até que ele venha (1Co 11.26).

Não há melhor maneira de celebrar as festas de Israel do que participando de sua realidade. Por isso é muito importante que o estudo deste trimestre não se limite ao conhecimento da teologia bíblica das festas de Israel, mas que nos conduza à celebração que afirma a realidade presente de tudo aquilo que aprendemos. Quando participamos dignamente da Santa Ceia, permitimos que o nosso coração se encha de gratidão pelos frutos da redenção que já experimentamos e daqueles que ainda vamos experimentar quando a Páscoa se cumprir no reino de Deus.

Conclusão

Os evangelhos nos ensinam que Jesus não perdeu a oportunidade de celebrar, em seu tempo, as festas que em Israel testemunhavam a obra da redenção. Ele não apenas participou delas, mas deu a elas realidade e maior sentido. Aprendemos com ele a valorizar com nossos atos a obra de Deus em nosso favor, zelar pela pureza da igreja e a buscar uma vida condizente com a nova realidade que experimentamos. Fazemos isso quando buscamos nele a fonte que nos sacia com o seu Espírito e quando celebramos a Santa Ceia, selo e testemunho de nossa salvação.

Aplicação

Você é um imitador de Cristo? Experimenta o desejo e o zelo dos filhos de Deus pela casa do Pai? Come e bebe da fonte celestial e manifesta verdadeira fé em Jesus? Todas essas coisas devem ser experimentadas por meio da fiel participação na Santa Ceia. Celebre assim a plenitude das festas de Israel.

Autor da lição: Dario de Araújo Cardoso
*Lições adaptadas do livro Encontrei Jesus numa festa de Israel, de John Sittema, Editora Cultura Cristã.

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2 Comentários para “Jesus nas festas de Israel”

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