Coisa ou gente?
O pastor Thiago Rocha tem como hábito concluir seus sermões com poesias de sua autoria. Esse hábito rendeu vários livros e belos momentos que expressam de forma especial os conteúdos pregados. Neste post compartilhamos a poesia “Coisa ou gente?”, publicada no livro Hoje (1979, p. 27-28).
Coisas a gente pode comprar:
à vista, a prazo, quando quiser.
Mas amizade não se compra,
não se faz, nem se exige.
Simplesmente nasce, como a flor no jardim,
quando nele se planta uma semente.
Ter coisas é muito importante:
uma casa, um carro, uma roupa,
ou mesmo dinheiro na mão.
mas nada representam
quando, com elas ou sem elas,
não se é feliz.
E felicidade não depende de coisas
que se tem,
mas daquilo que se tem
dentro da gente.
Não devemos preocupar-nos demais com coisas:
as que são nossas, ou a dos outros.
Afinal, quando daqui nos formos,
se deixarmos apenas coisas,
logo se desfarão, ou as queimarão,
e o que formos e fizermos
é o que ficará,
e o que nos acompanhará.
Enchemos demais nossas vidas com coisas:
comidas, bebidas, prazeres:
utilidades futilidades.
E o tempo se vai, e, no meio das coisas,
não vimos a lágrima
a rolar dos olhos sofredores;
as feridas abertas
nas almas transfiguradas de dor;
ou o sorriso franco e limpo
de uma criança alegre;
ou o “olá” de um amigo de fato.
Afinal, coisas não podem amar.
Gente, sim. E elas passam e as não vemos.
E quando nos agarramos às coisas,
pensando que nos darão segurança,
Querendo-as só para a gente,
não as dividindo com ninguém,
então, ao final, percebemos
que elas se transformam em água,
que corre por entre as mãos.
Se nos agarrássemos às pessoas,
e as amássemos de fato,
então, ao fim,
elas não se desprenderiam da gente
nem a gente se desprenderia delas.
Thiago Rocha
Ione America Celestino
Reverendo Thiago Rocha é sempre uma benção que não nos cansamos de ouvir e aprender.