Meu vigor secou-se como um caco de barro, e a minha língua gruda no céu da boca; deixaste-me no pó, à beira da morte. (Sl 22.15)
Em certo sentido, todos estamos “à beira da morte” (Sl 22.15), já que não há nada entre a vida e a morte. Há outros capítulos depois da morte, mas a vida é o capítulo um e a morte é o capítulo dois.
Desde o ventre materno estamos à beira da morte. Basta viver. A morte mora ao lado. É a vizinha mais próxima. Não temos como mandá-la embora, não temos como deportá-la. Nesse sentido estamos todos no corredor da morte.
A expressão “à beira da morte” torna-se menos genérica e mais particular, menos romântica e mais apavorante quando estamos em uma situação de perigo. Quando temos uma doença grave, quando alguém quer nos tirar a vida, quando vivemos em tempo de guerra e na área do conflito, quando esbanjamos a saúde em troca de alguns prazeres de valor duvidoso.
Em alguns casos, a proximidade da morte não inquieta, não aterroriza. Ao contrário é desejada, é saudada com alegria. É o caso de alguns idosos já cansados de viver. É o caso de alguns doentes terminais já cansados de sofrer. É o caso de alguns crentes já cansados de esperar a “casa eterna, não construída por mãos humanas” (2Co 5.1). Talvez seja possível arrolar o velho Simeão no primeiro grupo (Lc 2.25-32). Jó certamente pertence ao segundo grupo (Jó 7.15-16) e Paulo, ao terceiro (Fp 1.23).
>> Retirado de Um Ano com os Salmos [Elben César]. Editora Ultimato.
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