Jó respondeu ao Senhor: “Sou indigno; como posso responder-te? […] Falei uma vez, mas não tenho resposta; sim, duas vezes, mas não direi mais nada”. Jó 40.3-5
O livro de Jó apresenta várias atitudes possíveis diante do sofrimento. A própria combinação de autopiedade e de autoafirmação demonstrada nas atitudes de Jó deve ser claramente rejeitada, assim como a recomendação dos seus amigos consoladores para que ele se autoacusasse. A atitude sugerida pelo jovem Eliú pode ser considerada como autodisciplina. Ele representa Deus como um mestre (36.22) que nos fala em nossa aflição (36.15) a fim de “prevenir o homem das suas más ações e livrá-lo do orgulho” (33.17). Mas essa explicação também é parcial.
A atitude correta que os seres humanos devem ter para com Deus é uma atitude de autoentrega. Deus convidou Jó a olhar a criação a partir de uma nova perspectiva, e em seguida lhe bombardeou com perguntas: Onde ele estava quando Deus criou a terra? Ele podia controlar a neve, a tempestade ou as estrelas? Jó por acaso podia supervisionar os animais selvagens e os pássaros? Mais do que isso, ele era capaz de compreender os mistérios e subjugar a força do beemote e do leviatã?
Se para Jó foi sensato confiar no Deus que revelou sua sabedoria e seu poder através da criação, para nós é ainda mais sensato confiar nesse mesmo Deus, que revelou seu amor e sua justiça através da cruz. A confiança se baseia na reconhecida reputação de seu objeto. E ninguém é mais digno de confiança que o Deus da cruz. A cruz não resolve o problema do sofrimento, mas faz com que o enxerguemos pela perspectiva correta.
Assim, precisamos aprender a subir no monte do Calvário e contemplar lá do alto todas as tragédias da vida. Deus demonstrou seu amor por nós na cruz (um evento histórico), e nada (nenhum evento pessoal ou global) pode superar ou sequer se comparar a esse evento.
Para saber mais: Jó 38.1-11
>> Retirado de A Bíblia Toda, o Ano Todo [John Stott]. Editora Ultimato.
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