Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro? (Lucas 17.18)
Vidas apressadas é o que temos. Corremos para alcançar metas, obter resultados, atender expectativas. Quanto é suficiente? Afligimo-nos com as frustrações pelo caminho. Ansiamos por nos preparar melhor para conseguirmos mais. Não percebemos quanto isso está enraizado em nosso ser, quanto isso nos move. E na sociedade de consumo em que vivemos, quando conseguimos algo, logo isso perde valor. Então voltamos nosso desejo para outra coisa. Queremos sempre mais.
Jesus estava em viagem, rumo a Jerusalém. Entrou num povoado. Um grupo de dez leprosos mantinha certa distância, mas, ao ver Jesus, gritou: “Jesus, tem misericórdia de nós”. Jesus, então, falou para os doentes se apresentarem ao sacerdote. Para a surpresa do grupo, no caminho eles foram curados. E um deles voltou, segundo o registro bíblico, “louvando a Deus em alta voz” (Lc 17.15). Ele também “prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu” (v. 16).
Cristo perguntou onde estavam os outros nove do grupo, uma vez que todos haviam sido curados. Jesus notou que a gratidão era escassa. Deseja-se tanto algo, mas, assim que se consegue, “a vida continua”, “o que importa é olhar para adiante”, “não vale a pena perder mais tempo”, “é preciso recuperar a vida e o tempo perdido”. Esse é um tipo de raciocínio frequente em quem tem muito a alcançar. Mal se saboreiam as vitórias, afinal, a guerra ainda não acabou. Porém, algo provavelmente está errado quando estimamos mais os resultados do que Deus.
A misericórdia chegou, curou o corpo e, naquele único ex-leproso agradecido, curou também a alma. Tanto que Jesus disse a ele: “Levante-se e vá; a sua fé o salvou” (v. 19).
Pouco pensamos sobre a gratidão como um tratamento para a alma. Corremos tanto que mal nos sobra tempo para nos voltarmos a Deus em gratidão, para louvarmos ao Senhor por sua misericórdia. Talvez isso ocorra porque valorizamos mais nossos méritos, nosso esforço e nossas ideias do que a bondade de Deus, sua graça e compaixão.
Senhor, deste-me tanto. Dá-me uma coisa a mais: um coração agradecido. – George Herbert
>> Retirado de Refeições Diárias – Celebrando a Reconciliação. Editora Ultimato.
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