As águas subiram até o meu pescoço. (Sl 69.1)
Qualquer pedido de socorro dirigido a Deus deve ser acompanhado de uma minuciosa exposição do perigo em que a pessoa está. O alívio pode começar na elaboração de uma lista, pois o sofredor é obrigado a trazer de dentro para fora tudo o que o amofina.
Quase todos os salmos são assim. No Salmo 69, por exemplo, o poeta apresenta uma perfeita radiografia da dor: “As águas subiram até o meu pescoço” (v. 1); “Nas profundezas lamacentas eu me afundo” e “As correntezas me arrastam” (v. 2); “Cansei-me de pedir socorro” (v. 3); “Os que sem razão me odeiam são mais do que os fios de cabelo da minha cabeça” (v. 4); “Sou objeto de chacota” (v. 11);”Estou em perigo” (v. 17); “Estou em desespero” e “Ninguém me socorre, ninguém me consola” (v. 20); “Grande é a minha aflição e a minha dor” (v. 29).
É preciso gastar mais tempo com esse exercício de memória do que com a súplica propriamente dita. É preciso vasculhar todos os escaninhos do coração para achar a dor e trazê-la para o lado de fora. Essa investigação interna facilita a oração e torna-a precisa. No caso do salmo citado, o poeta faz as seguintes súplicas: “Salva-me ó Deus” (v. 1); “Tira-me do atoleiro”, “Não me deixes afundar” e “Liberta-me dos que me odeiam e das águas profundas” (v. 14); “Responde-me depressa” (v. 17); “Aproxima-te e resgata-me” (v. 18).
A oração que faz bem à alma tem de ser a mais espontânea possível!
>> Retirado de Um Ano com os Salmos [Elben César]. Editora Ultimato.
Ouça e compartilhe nossas devocionais pelo Spotify!