Restaura-nos mais uma vez, ó Deus, nosso Salvador, e desfaze o teu furor para conosco. (Sl 85.4)
Já nos descuidamos da palavra de Deus e da oração várias vezes, já bobeamos várias vezes, já nos envaidecemos várias vezes, já perdemos o entusiasmo várias vezes, já negamos o Senhor várias vezes, já sujamos nossas vestes brancas várias vezes, já pecamos várias vezes, já choramos os nossos pecados várias vezes, já nos declaramos culpados várias vezes. Já clamamos pelo perdão de Deus várias vezes, já fomos alvos da misericórdia de Deus várias vezes, já experimentamos o perdão de Deus várias vezes, já lavamos nossas vestes sujas no sangue do Cordeiro várias vezes, já entramos no Santo dos Santos várias vezes, já fomos restaurados várias vezes, já fomos levantados do chão várias vezes.
Agora estamos outra vez no chão, outra vez em pecado, outra vez em crise, outra vez brigados com Deus e com todo mundo. Outra vez a mão de Deus está empurrando nossa cabeça para dentro do tronco.
Porventura, temos o direito de pedir desculpas mais uma vez? Na verdade, direito não temos. O que temos ao alcance de nossas mãos são as inesgotáveis misericórdias do Senhor, que “renovam-se cada manhã” (Lm 3.23).
Em vez de mandar tudo para o inferno, precisamos fazer a oração do salmista: “Restaura-nos mais uma vez, ó Deus, nosso Salvador, e desfaze o teu furor para conosco” (Sl 85.4). Abraão também usou a bendita expressão “mais uma vez”, depois de baixar o número de possíveis justos de Sodoma de 50 para 45, de 45 para 40, de 40 para 30, de 30 para 20 e de 20 para 10: “Não te ires, Senhor, mas permite-me falar só mais uma vez. E se apenas dez forem encontrados?” A resposta de Deus foi imediata: “Por amor aos dez não a destruirei” (Gn 18.32).
>> Retirado de Um Ano com os Salmos [Elben César]. Editora Ultimato.
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