Perfeccionismo ou nada

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Salmos 73.21-25

Há um novo pecado no catálogo de pecados: o perfeccionismo. Tenho um pouco de medo de novos pecados. Tudo que é novo pode ser apenas uma nova racionalização. A recente condenação do “perfeccionismo” é uma capa para cobrir concessões. Qualquer pessoa que queira algo radicalmente diferente daquilo que é, é considerada “perfeccionista”. Dizem que devemos nos dedicar à “disciplina do atingível”, o que significa que devemos nos reduzir a uma mediocridade insípida.

Ao adotar esse comportamento, o cristão está aceitando uma atitude mundana e derrotista. Pois, para o cristão, o atingível é o que se pode obter – e recursos infinitos estão à nossa disposição. Nosso espírito deve ser este: “Os milagres podemos fazer neste momento. O impossível demora um pouco mais”. Jesus disse: “Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” (Mt 5.48). Nossa possibilidade de perfeição está baseada na perfeição real de Deus. Nós nos submetemos aos processos que levam à perfeição. Assim, nós nos entregamos à “disciplina do alcançável”. “Pois nada é impossível para Deus”, veio a garantia a Maria. “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra”, respondeu ela (Lc 1.37-38). E ela deu ao mundo o Redentor. Não tenho medo da perfeição. Tenho medo de me acomodar com a imperfeição.

Mas, tendo dito isso, devo reconhecer que há certa verdade na acusação que se faz ao perfeccionismo. E a verdade é esta: muitas pessoas, porque não podem fazer tudo, nada fazem; porque não podem ser perfeitas, são negligentes. Isso é um perigo real. E muitos tomam esse caminho, por vezes inconscientemente. E com frequência é um pecado de pessoas muito boas. Elas são tão escrupulosas que, a menos que possam ser perfeitas em tudo que fazem, nada fazem. A consciência delas, em sintonia com o mais alto padrão, não aprovará nada menos que o mais alto padrão. Daí elas se entregam a uma inatividade conturbada. Cometi esse erro em relação à linguagem. Estabeleci padrões tão altos para mim na língua inglesa que, quando não conseguia o mesmo em outro idioma, recorria a intérpretes, muletas aceitas que me deixavam coxo.

Ó Deus, tu que nos amas apesar de nossas imperfeições e nossos pecados, ajuda-me a amar a mim mesmo apesar de minhas imperfeições e meus pecados. E, uma vez que acreditas em mim, apesar de tudo, ajuda-me a acreditar em mim e nos outros – apesar de tudo. Pois estou sob tua redenção. Amém. 

Afirmação do dia: “Os desorientados de espírito obterão entendimento; e os queixosos vão aceitar instrução” (Is 29.24). 

 

>> Retirado de O Caminho [Stanley Jones]. Editora Ultimato.

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