PELO FIM DE UMA ‘CULTURA DA VIOLÊNCIA’
Quando falamos sobre pessoas ligadas à criminalidade de forma genérica, sempre nos ocorre uma imagem mental masculina. Porque isso acontece?
Na realidade associamos mais facilmente a imagem masculina à criminalidade porque realmente existe uma maioria de homens vinculados às atividades marginais que mulheres, sendo estas últimas, em geral, mais ligadas à atividade marginal da prostituição e das drogas, bem como com o submundo ligado a tais práticas.
E podemos afirmar que os homens estão mais ligados ao crime por várias razões: Em nossa cultura, a violência está associada a símbolos de masculinidade. Desde criança se tem uma expectativa que o menino brinque com jogos de força e violência, enquanto a menina deve buscar atividades mais tranqüilas e que reproduzam o estereótipo do papel feminino (atividades domésticas e criação de filhos).
Pais estimulam que seus filhos homens façam demonstrações públicas de masculinidade ligadas à força, tipo ‘brincar de lutar’, e gostam de ‘derrotar’ os filhos como um sinal de ‘autoridade’. Também muitos homens, no processo educacional de seus filhos, não sabem recorrer ao diálogo e impõe o aprendizado de comportamentos pela violência, criando um processo circular de aculturação pela violência.
Ao invés de disciplinar o filho explicando-lhe a razão do mesmo estar sendo corrigido, um grande número de pais impõe castigos físicos aos filhos nos momentos que estão com raiva, tornando a disciplina em agressão. O filho agredido aprende que se pode intimidar o outro e obter certas condutas através de violência e fecha um ciclo de agredido/agressor, potencializando assim a violência social.
Jung denomina a tendência masculina na mulher de ANIMUS e a tendência feminina no homem de ANIMA. Para afirmar sua masculinidade o homem suprime em maior ou menor escala sua ANIMA e a mulher faz o mesmo em relação ao ANIMUS. Caso essa supressão se dê de forma muito acentuada, criará indivíduos desequilibrados.
Uma das expressões deste desequilíbrio é a violência. Quando os homens abdicam de suas tendências de ternura, vida emocional e suavidade por considerar que estas são características femininas têm uma tendência a tornar-se mais rude e violento. Nossa sociedade precisar ensinar aos homens que, o desenvolvimento de padrões de suavidade e ternura não os tornarão menos masculinos ou afetarão sua orientação sexual, mas, ao contrário, aproximarão homens e mulheres em um relacionamento harmônico que expressará melhor a “Imago Dei”.
Em virtude da violência masculina, muitas mulheres sofrem maus-tratos e na maioria das vezes passam anos sob uma escravidão silenciosa. É dever da Igreja ajudar estas mulheres proporcionando-lhes orientações seguras e encaminhando tais homens para tratamento. Quando estes não aceitam ser tratados, é preciso denunciá-los e dar todo o amparo legal e estrutural para a sobrevivência da mulher de forma independente deste violentador. Infelizmente muitas mulheres se sujeitam a violentadores por motivos financeiros.
Ajudar mulheres vítimas da violência não é promover desagregações familiares, mas resgatar o valor da pessoa, amada e valorizada por Deus. Neste sentido a Igreja tem voz e ação profética nesse mundo.
Para mulheres que tem esposos ou filhos encarcerados em virtude de crimes violentos, a Igreja é chamada a dar-lhes apoio e sustento – emocional e material – durante a ausência do cônjuge, e prepará-las para reinserir o mesmo no seio da família quando a pena estiver cumprida.
Que o Evangelho de AMOR e JUSTIÇA penetre nossas vidas pessoais e familiares e que os relacionamentos familiares sejam adventos da nova criação, onde leão e cordeiro pastarão juntos e não haverá mais violência!