E vimos a sua glória
Nasce Jesus! Deus irrompe a esfera limitada, à qual estamos sujeitos, e nos presenteia com seu Filho unigênito. O Verbo eterno se encarna e habita entre nós. Em um dia determinado e em um lugar determinado, na cidade de Belém, como já havia sido previsto pelo profeta Miquéias, um bebê nasce revelando ao mundo a glória de Deus.
Porém, essa criança tão aguardada pelo povo de Israel nasce e muitos não o recebem. Para eles esse acontecimento era contraditório. Como o Filho de Deus, o Messias, poderia nascer naquelas precárias condições? O nascimento de Jesus é marcado pela simplicidade. Sua mãe, Maria, era uma jovem simples da Galiléia; o homem que a acompanhava e com quem tinha um casamento contratado, José, era um carpinteiro. O berço onde o menino fora colocado era improvisado e anti-higiênico – um cocho para animais. Maria tivera seu filho em um estábulo ou caverna, um lugar que se prestava a acolher os animais. Provavelmente estavam sós, pois Maria mesma teve que enfaixar o menino (Lc 2.7). Os primeiros visitantes foram alguns pastores, homens que eram tratados como pessoas de má reputação naquelas paragens. Era, portanto, um contexto de pobreza, solidão e rejeição.
Nesse local e nessa situação nasce o Filho de Deus, que veio revelar à humanidade a glória de Deus. Mas como isso é possível? Revelar a glória a partir de um contexto tão austero e inapropriado?
Engana-se aquele que crê que a glória de Deus é revelada apenas nos ambientes limpos, esterilizados e purificados. Engana-se aquele que crê que a glória de Deus é revelada apenas aos homens considerados como de boa reputação. Engana-se aquele que crê que a glória de Deus é revelada apenas nos lugares festivos e repletos de pessoas abastadas. Pelo contrário, são muitas vezes os ambientes limpos e festivos, as pessoas de boa reputação e abastadas quem excluem o Filho de Deus. O nascimento do Messias para esses torna-se uma ameaça ao seu poder e à sua glória. Por isso, foi que Ele “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Foi por essa razão que Herodes, o rei, procurou “o menino para o matar” (Mt 2.13c).
A glória de Deus não tem compromisso com a glória dos homens. A glória de Deus é só de Deus. Sendo assim não escolhe lugar, hora ou pessoas, segundo os critérios de um mundo caído. Estende-se a todos, não é excludente e pode ser contemplada por todo aquele que se abre para a realidade viva de Cristo Jesus em sua vida.
O Filho de Deus nasceu e habitou entre nós, cheio de graça e verdade. Que esse sentido profundo e transformador do natal nos alcance a todos. E assim vejamos a glória de Deus, através do Seu amor eterno demonstrado pelo homem em Jesus Cristo.
Feliz Natal!