Nem sempre nos damos conta do significado prático dessa afirmação, entre os cristãos de hoje.

Eu tinha um plástico “Cristo Salva”, no vidro do meu carro. Um colega de trabalho o viu e disse: “Salva de quê?! Não estou morrendo afogado…”. E eu nem perdi meu tempo, tentando argumentar e evangelizar. Ele falara por falar, como um gracejo; não estava disposto a conversar sobre o assunto. Seria teologia de botequim. Acho que parei a tempo de não me tornar, eu, o inconveniente.
Na verdade, é preciso ter sido conduzido pelo Espírito Santo à “cena do crime”, do meu crime, para me dar conta do quanto preciso de Cristo. Quando o Espírito nos convence do pecado, então sentimos o desespero de ver a porta do Éden se fechar atrás de nós, guardada por uma espada flamejante. E agora, sem a possibilidade de retorno à inocência, conhecedores do bem que desprezamos, e despertos para o mal que escolhemos; em plena tragédia pessoal, entramos em desespero, porque o nosso pecado se abateu sobre nós, em forma de arrependimento.

Mas há uma boa notícia para quem, pela graça divina, chega a esse estágio de consciência do caos em que mergulhou. Seja um ladrão, seja um mentiroso, um corrupto, um viciado, um adúltero — digamos nós mesmos o nome desse pecado que nos lançou nas trevas, e acabou com nossa alegria, corroeu nossa comunhão, destruiu nosso casamento, levou nossa esperança — seja que loucura for, entendo que, para ela, o desespero é bênção, porque o Espírito nos terá levado até aquele ponto em que o rapaz se vê comendo bolotas de porcos e diz a si mesmo: “na casa do meu pai eu viva melhor; levantar-me-ei e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei”.

Esse momento tem mais brilho e poder salvador do que jamais poderia supor aquele meu colega de trabalho. Esse momento é anelado pelo Pai; é tempo de milagre; de resgate, de salvação. É quando o poder de Deus, por meio do evangelho, se mostra salvador para todo aquele que crê. Seja crente de igreja, seja colega de trabalho.

É nesse momento que Jesus, vendo a nossa consciência e confissão de pecado, compadecido, nos olha de frente e diz: “a tua fé te salvou”.

Essa fé será um gancho de reboque, instalado no para choque do nosso carro, no qual o Pai engata o cabo de aço que nos puxará para fora do atoleiro.

A porta do Éden permanecerá fechada. Resta-nos seguir em frente, confiados no Pastor de nossas almas, para que, ao final da jornada, descansemos em um novo jardim, que ele está preparando para os que o amam.

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