A amizade de facebook
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, conta que um jovem amigo lhe disse que havia feito 500 amigos, no facebook, em apenas um dia. E ele pensou: “eu tenho 86 anos e não tenho 500 amigos; logo a palavra não deve querer dizer a mesma coisa para nós dois”.
Para Bauman, são dois tipos diferentes de amizade. A “amizade de facebook” provém de uma rede. Já a tradicional, “off-line”, provém dos laços humanos. Ele explica, então, que a comunidade nos precede. Pense numa família: ela já está lá, quando você chega. Ao contrário, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar.
O grande atrativo da “amizade de facebook” é a facilidade de se desconectar. Nas conexões off-line, não virtuais, romper uma amizade é sempre uma experiência traumática. “Você tem que explicar, encontrar desculpas, eventualmente, mentir”, diz Bauman. Já na internet você aperta o delete e pronto: um amigo a menos. Mas isso é temporário, porque amanhã você conseguirá outros 500. “E isso mina os laços humanos”, conclui.
Laços humanos são bênção e maldição
“Laços humanos são bênção e maldição”, retoma ele. Bênção porque é prazeroso e satisfatório ter parceiros em quem confiar e por quem poder fazer algo. Esse é um tipo de experiência menos disponível para a “amizade de facebook”. Mas é maldição porque quando você estabelece um laço desse tipo, você tende a empenhar a sua vida, seu passado e seu futuro. Você leva para a amizade uma bagagem imensa, daquilo que você tem e é.
Pensamento meu: e você não retira essa “bagagem” da amizade sem feridas, sem deixar coisas para trás; coisas que “eram vocês dois”.
Bauman termina com o seguinte comentário: “há dois fatores indispensáveis a uma vida satisfatória e relativamente feliz. Um é segurança e o outro é liberdade. Você não consegue ter uma vida digna na ausência de um deles. Segurança sem liberdade é escravidão; liberdade sem segurança é caos. O problema é que ninguém ainda encontrou a fórmula de ouro, a mistura perfeita de segurança e liberdade. Cada vez que você quer mais segurança, você entrega um pouco da sua liberdade; cada vez que você tem mais liberdade, você entrega parte da sua segurança. Então, você sempre ganha e perde algo”.
Terminada a entrevista, eu fiquei pensando que Deus poderia ter montado uma rede social, mas preferiu estabelecer laços humanos. Sacrificou, em Cristo, sua liberdade até o ponto de ser lançado numa cruz. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes a segurança de serem feitos família de Deus.
miramau
Rubem
Penso que, de fato, as redes sociais têm muitas utilidades. No facebook encontrei amigos de infância e parentes distantes, que não via há séculos. Pude conversar, relembrar, trocar imagens, fotos, vídeos, músicas etc. Muito bom. Também agradeço a Deus pelo avanço da tecnologia. Mas nada substitui a proximidade física e emocional. Diz o autor de Hebreus que, tendo outrora usado outras mídias, nestes últimos tempos, preferiu chegar perto. E vimos a sua glória. 🙂
Paulo Cesar Villanova Ruiz
Concordo com o comentário anterior. Minha “rede de amigos” é composta por, em sua grande maioria, por amigos/colegas de infância, de escola, de trabalho, que não conhecem a Jesus. Aí busco compartilhar mensagens que falem do Amor de Deus – orando – para que sejam tocados em seus corações.
Eduardo
Saí do Facebook e não sinto falta do que lá fazia. Sobre essa nova forma de ter amigos, nada mais que superficialidade.
Neste ano passei por alguns traumas, desenvolvi depressão e diante da solidão pergunto onde andam meus amigos (virtuais e reais)?
Tem sido um tormento os finais de semana e atividades em público. Ir à igreja então, uma tortura só. Só em imaginar em sair do culto e voltar pra mesma solidão.
Nós cristãos somos tão felizes que a tristeza alheia nos enche o saco. As redes sociais e sua felicidade entorpecida é a cara dos cristãos.