2015 – o primeiro ano do resto da sua vida
O que você faria se recebesse uma herança? Recém-aposentado, tenho pensado sobre como viver melhor os anos que me restam. E o que quer que eu decida, gostaria de começar em janeiro de 2015.O que tenho em comum com o herdeiro? Acho que, entre muitas coisas, ambos não precisamos mais ter um patrão nem obrigações de trabalho. Poderíamos acrescentar que, se quisermos, podemos reduzir os compromissos, as metas de produtividade, as avaliações de rendimento e coisas assim. Ou seja, podemos, agora, seja como herdeiros, seja como beneficiários do INSS, viver a vida que quisermos.Um primeiro pensamento: quanto mais cedo isso acontecer, melhor. No meu caso, a saúde reduzirá as opções. Alpinismo e MMA já não posso incluir entre meus projetos. Não será possível nem me transformar num maratonista da terceira idade. Coluna. Mas se eu tivesse herdado uma aposentadoria aos 30 anos…
Mesmo assim, “viver a vida que eu quiser” não é, ainda, a resposta. Surge a pergunta: que vida? Como seria o seu 2015 se você acordasse com uma razoável renda mensal no dia 1º de janeiro? Largaria o seu emprego? Viajaria pelo mundo? Compraria uma casa na praia, com quartos para toda a família? Ou doaria tudo para missões, com medo do que esse dinheiro poderia fazer com a sua cabeça? Você seria, finalmente, feliz? Ou, pelo menos, mais feliz?
Se você disser que nada mudaria; que gosta do seu trabalho, porque ele lhe traz significado de vida e realização; que poderá continuar nele até o fim da vida, sem precisar se aposentar; que o dinheiro só melhoraria o conforto da vida; eu diria que você é, de fato, feliz. Conheço artistas, profissionais liberais, pastores e empresários com esse perfil. Com a idade, vão reduzindo a carga e a agenda, mas terminam como Oscar Niemeyer: tendo um brilho de animação no olhar, aos 104 anos.
Conheço gente que gosta de viajar. E viaja muito, sem se cansar. Bem, para esses, o projeto é sustentável. Outros, depois de alguns meses, se cansaram. Era uma ilusão. Conheço gente que comprou uma casinha na praia. Longe do mundo e do mal. E, passado um ano, voltou, contabilizando prejuízos e desilusão.
Enfim, não dá para estabelecer regras. Entretanto, deixar para pensar sobre isso apenas quando a idade chegar pode ser pior; eis a razão pela qual proponho a imagem da herança. Serve para qualquer um – agora.
Transformo minhas pesquisas, até aqui, em recomendações. Ainda genéricas, mas que têm guiado meus projetos para este ano.
Se ainda estiver trabalhando, pense em uma carreira paralela; agora sem patrão e sem salário.
Pense em algo que você goste de fazer. Melhor, que você faria por amor. Ou por amar. Ou seja, não diretamente para ganhar dinheiro, prestígio, ou coisa assim. Talvez para ganhar afeto ou novas amizades.
Pense em algo que beneficie, que abençoe pessoas. Individualmente ou em grupo. Algo que você doe a elas. Sem esperar retorno. Sem que elas possam lhe pagar.
Pense em algo que promova a união entre todos, por laços afetivos, incluindo você. E que essa união seja gostosa e esperançosa.
Finalmente, que tudo isso seja gostoso e perfumado. Que essa carreira ou atividade tenha gosto de pão e de vinho; e que seu cheiro seja do bom perfume de Cristo.
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Francisco das Chagas dos Santos
Após meio século, vejo a necessidade de pensar sobre o que se deve fazer dessa fase da vida. Parabéns pelo texto e pelo incentivo que o texto os trás.
Francisco das Chagas dos Santos
Parabéns pelo texto. Vale a pena pensar sobre o que fazer do futuro. Abraços.