Maria!
o domingo cedinho, Maria Madalena e outras mulheres vão ao túmulo, para embalsamar o corpo de Jesus. Descobrem, então, que a pedra havia sido revolvida. Ela corre a Pedro e a João e conta, alarmada, o que vira. João e Pedro vão ao túmulo e constatam o sumiço do corpo de Jesus. Examinam os panos e entendem que Jesus havia ressuscitado. Cheios de alegria, saem correndo. Maria, entretanto, permanece junto à entrada do túmulo, chorando. Ela não compreendia nada. Apenas que o mundo acabara para ela.
Depois de tanto terror, de noites de sobressaltos e insônia, de ver seu mestre ser morto na cruz, sim, depois de tudo isso, como ficará sua vida?
Ela estava se sentindo perdida. Voltaria à vida que abandonara por causa daquela luz que encontrara? Voltaria à escuridão de ser tratada como um trapo pelas pessoas? De ser desprezada, de ser humilhada? Quem a defenderia? Quem a ajudaria, agora?
Maria estava desesperada porque temia que tudo não tivesse passado de um sonho, e que não teria forças para manter-se firme na nova vida a que seu Mestre a levara. Que valor teria agora o perdão de seus pecados de outrora, se Jesus estava morto? Que valor teriam seus novos propósitos de vida, se a vida havia se perdido na morte? Que valor teria ela para seus novos irmãos, se eles começassem a olhá-la de novo como pecadora? Que esperança de uma nova vida poderia alimentar, se tudo o que representava esperança, havia morrido, e sequer seu corpo ela podia, agora, venerar? Como poderia ela agora pensar em um amor puro, se o símbolo desse amor havia sucumbido ao ódio e à maldade de seus irmãos? Como poderia ela agora viver naquele meio, olhar para aquelas pessoas que a conheceram no tempo do pecado? Como encarar os discípulos que fugiram covardemente, se sentia, agora, profundo desprezo por sua fraqueza e rancor de sua covardia? Como se submeter, agora, às autoridades religiosas, se elas se haviam revelado invejosas e podres, e se pudessem a apedrejariam? Como voltar a ter alegria se sua alegria havia sido roubada? sua razão de viver, seu estímulo, seu mestre?
Tudo o que Maria tinha agora era desespero, angústia, desânimo, ódio, saudade, confusão. Sua vida desmoronara nos últimos dias. A esperança se fora.
Tão aturdida estava que, de dentro do túmulo, dois anjos vestidos de branco, assentados onde Jesus estivera, lhe perguntam: Mulher, porque choras? E ela lhes respondeu: porque levaram meu senhor e não sei onde o puseram. Nem notou que eram anjos.
Tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus. Então Jesus lhe perguntou: Mulher, porque choras? a quem procuras? E ela, supondo ser ele o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
Que tristeza. Maria estava disposta a sair dali carregando um corpo. Um corpo com três dias de morto. Tudo o que sobrara de seu Senhor.
Levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram. Levaram meus ideais, meus sonhos, minha segurança, meu futuro, minhas esperanças.
Que contraste: tudo, agora, é luz vida e cores, à sua volta: Jesus, ressurreto, resplandecente; anjos refulgentes, música no ar, discípulos em disparada, saltando, gritando a boa-nova… mas seu coração permanecia em trevas, de luto! Ela ainda sentia o peso da sombra da cruz. Jesus poderia estar em outro lugar, cuidando dos negócios do seu Pai, mas ficara para cuidar de um assunto afetivo e íntimo: sua amiga Maria. Os anjos estavam ali, para lhe darem a boa nova, e haviam dado!
Mas ela estava de luto, e não via nada. Tão perto, e no entanto tão longe. “Levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram”.
Então, disse-lhe Jesus: Maria! E ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni! que quer dizer, Mestre!
Milton R. Caetano da Silva
Que o nosso Deus continue te abençoando, meu irmão Rubem Amorese! Belo texto, excelente reflexão. Palavras que nos falam profundamente, pois a experiência de Maria certamente tem sido vivenciada por nós muitas vezes em nossa vida. E eu louvo a Deus pelas vezes que do qual Ele tem se revelado vivo a nós. Pois Ele, “Cristo”, vive, e vivo está. E por isso temos uma viva esperança da nossa salvação e vida perpetuamente junto à Ele.
Nelia LIns
Irmão e Amigo.Gostei muito.Este texto falou ao meu coração – mostrou com muita clareza o sofrimento,a decepção de Maria diante do acontecido.No segundo momento fez resplandecer a alegria da Mãe diante da Renovação das suas esperanças.Texto objetivo,cheio de Beleza.
Graça e Paz
Nelia Lins
Daniel M Amorese
Isto me faz pensar…
Talvez, qualquer um de nós no lugar de Maria estaria no mesmo desespero e o pior, Jesus diria: “Fulano!” e a gente continuaria se lamentando, retrucando choramingando, mas, ela não! Ela tinha intimidade, já ouvira por diversas vezes esta voz! Fazia diferença!
Que Deus nos ajude a sermos seus íntimos de modo a ouvir a sua voz!