O recém-criado Instituto Internacional do Perdão, em Madison, Wisconsin, EUA, chama atenção pelo nome. Um de seus objetivos é levar às crianças de escolas públicas de Belfast, Irlanda do Norte, o resultado de anos de pesquisa sobre a terapia do perdão. “Treinamos os professores e eles entregaram a formação às crianças”, diz o psicólogo Dr. Robert Enright, criador do Instituto e autor do livro: Ajudando os Clientes a Perdoar: Um Guia Empírico para Resolver a Ira e Restaurar a Esperança (APA Books, 2000).
Em entrevista ao jornal eletrônico Zenit (zenit.org), Dr. Enright diz que o trabalho em Belfast busca ajudar aquela cidade marcada pela guerra. Ele espera que as crianças, através dos anos, tornem-se doadoras de perdão. “Este ano, vamos à quinta série, no próximo ano ao segundo grau. Descobrimos que crianças pequenas … podem aprender sobre o perdão e então fazer reduzir a raiva excessiva”, diz ele. “A esperança é que, armados com essa profunda compreensão do perdão, elas como adultas forjarão uma paz mais satisfatória em suas comunidades que a que têm hoje”, conclui.
Acho interessante a perspectiva de um perdão que alcance gerações. Em especial, em áreas de guerra ou nos guetos. Dr. Enright ensina que as pessoas levam para o casamento feridas e iras profundas; muitas delas recebidas de seus pais. E as passarão para seus filhos, se não tiverem ajuda.
As técnicas terapêuticas envolvem uma lenta e cuidadosa progressão em direção ao “perdão cognitivo”, que começa com pensamentos de perdão e declarações positivas em direção ao agressor. “A pessoa neste ponto não precisa de aproximação ao ofensor, mas fazer esse perdão cognitivo consigo mesma”, diz Enright.
“Não é um processo fácil”, diz o entrevistado. “Seguir o perdão cognitivo é perdão emocional, a abertura de si mesmo à compaixão e ao amor para com aquele que o feriu. Isso é difícil e pode levar tempo. Algumas pessoas em terapia não estão prontas para esse passo e isso deve ser honrado. Ainda é um mistério para nós como tal compaixão cresce no coração humano para com as pessoas que [lhe] foram e são profundamente injustas. Certamente a graça de Deus é operante aqui, mas nós como cientistas não temos a linguagem para descrever isso completamente. A ciência é limitada como são todas nossas tentativas humanas de entender os mistérios”.
Mistérios, de fato! Fico animado, no entanto, em saber que se estejam buscando caminhos terapêuticos para trabalhar com esse mistério, em particular. Vejo a ciência e a fé caminhando juntas em direção ao alvo perfeito: a reconciliação.
E pensar que nós cristãos sabemos tão pouco sobre esse tema central do evangelho. Mistério para nós também. Quando muito, compreendemos que devemos orar pelos nossos ofensores, em vez de amaldiçoá-los. É uma forma de buscar o “perdão cognitivo”. Mas precisamos aprender a dar passos certos na direção da cura de nossas próprias almas. Porque perdão retido transforma-se em verdugo e algoz. É hora de aprendermos a discernir, praticamente, a ordem de Jesus: “Deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”. Mt 5,24.

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