Opinião
- 16 de janeiro de 2018
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Cristãos perseguidos e os milagres que mantêm viva a igreja na Coreia do Norte
No ano de 2017, a Coreia do Norte atingiu a marca de 15 anos consecutivos liderando a Lista Mundial da Perseguição. No país, os cidadãos adoram somente à família Kim, que está no governo desde 1948, ano de fundação da Coreia do Norte. Sendo uma nação tão repressiva, cristãos escondem a fé até mesmo da própria família temendo ser presos, detidos em campos de trabalhos forçados, torturados ou até mesmo mortos.
Abusos, subornos e perigos de morte marcam a jornada dos cidadãos norte-coreanos que se aventuram na busca por liberdade em países como Coreia do Sul e China.
Segundo o Ministério da Unificação da Coréia do Sul, 780 norte-coreanos pediram asilo no país entre janeiro e julho de 2017. Mas o número é inferior se comparado com o do mesmo período em 2016. Não por qualquer tipo de melhoria no país, e sim porque o regime de Kim Jong-un aumentou a vigilância em suas fronteiras e a pena para aqueles que as atravessam.
Dos fugitivos, muitos são trabalhadores e agricultores fugindo da opressora pobreza. Entre os outros, estão os que fogem da perseguição enfrentada no país, onde não são respeitados os direitos à liberdade de pensamento, religião, expressão e informação.
>> Portas Abertas lista os países mais hostis aos cristãos em 2018 <<
Quando era menina, Esther Lee* via seu avô recebendo amigos em casa aos domingos, e ela não entendia por que tinha de brincar do lado de fora, mesmo quando não queria. Muitos anos depois, quando estava na China pela segunda vez, um missionário sul-coreano lhe mostrou a imagem de uma Bíblia. Naquela noite, Esther sonhou com seu avô, reunido com seus amigos, todos ajoelhados em volta de uma Bíblia. Ela pensava que era a primeira de sua família a se converter, mas então percebeu que seu avô havia orado por ela durante todos aqueles anos.
OS PERIGOS ENCONTRADOS EM OUTRO PAÍS
Depois que seu marido morreu, Esther precisou encontrar uma maneira de sustentar a si mesma e aos filhos. Isso causou uma situação ainda mais perigosa. Ao esconder-se das autoridades norte-coreanas, acabou no tráfico de pessoas e foi vendida a um chinês. Essa realidade é comum entre as mulheres norte-coreanas. A maioria dos refugiados permanece na China por alguns dias ou semanas, com exceção das mulheres que escolhem ou são forçadas a se casar.
Por meio de parceiros, a Portas Abertas apoia refugiados norte-coreanos na China com ajuda emergencial, como alimentos, cobertores e medicamentos, e com treinamento bíblico, para que possam voltar ao seu país, mantendo a esperança “por meio da perseverança e do bom ânimo, procedentes das Escrituras” (Romanos 15.4b). Muitos conhecem o evangelho na China e são chamados a voltar à Coreia do Norte para viver e testemunhar a fé em seu próprio país.
>> Cristãos dos EUA arriscam a vida para ensinar na Coréia do Norte <<
Da mesma forma, cerca de 200 mulheres são apoiadas todos os anos com cuidado pastoral e ensinadas sobre a Bíblia por meio de reuniões presenciais. Ser capturada e deportada de volta à Coreia do Norte é o maior medo das mulheres que participam desse momento de comunhão e de compartilhar suas experiências. Apesar do perigo de se reunir com outras cristãs, elas se arriscam para ouvir mais sobre Jesus.
Assim, os futuros líderes da igreja na Coreia do Norte são preparados e capacitados para continuar a jornada.
PRINCESA DE DEUS
Um dia, porém, Esther recebeu um telefonema de alguém que disse que poderia ajudá-la a escapar. No entanto, era uma emboscada que a levou a uma delegacia e a sete dias em uma prisão chinesa. Funcionários da Coreia do Norte vieram buscá-la. Uma terrível prisão norte-coreana com péssimas condições a esperava: “Fiquei na prisão por um mês e depois fui transferida para um pequeno campo de trabalhos forçados, de onde consegui fugir junto com outras duas senhoras. Estávamos fracas a ponto de quase desmaiar. Eu ainda não era cristã, mas tinha ouvido falar de Jesus quando eu estava na China. Inconscientemente, orei por ajuda”.
Esther foi de novo presa quando chegou em outra aldeia e levada a outro campo de trabalhos forçados. Havia uma senhora em sua cela que era diferente de qualquer outra pessoa. “Estávamos numa situação infernal, mas ela parecia em paz. ‘O que está acontecendo com você? Por que você está tão calma? ’, perguntei a ela, que me respondeu: ‘Quando eu estava na China, Deus me tratou como uma princesa’”.
Era uma senhora frágil e idosa, mas Esther respondeu: “Eu também quero ser uma princesa”. “Apenas ore como eu: ‘Obrigada, Deus, por tudo. Faça a sua vontade. Em nome de Jesus Cristo, amém’”, disse a senhora. Aquela havia sido a coisa mais estranha que Esther já havia escutado. “Por que devo agradecer por essa prisão?”, ela perguntou. “Apenas faça isso. Agradeça, continue a agradecer”, completou a senhora. Esther seguiu o exemplo, agradeceu e pediu a Deus que a libertasse.
ORAÇÕES RESPONDIDAS
A “princesa de Deus” compartilhou uma pequena versão do evangelho com todos na cela da prisão. Ela pediu para que orassem ao pai, ao único ou em nome de Jesus. Com fé, ela afirmou que deixaria a prisão em breve, como aconteceu.
>> A caminhada missionária de Jesus <<
Deus também respondeu às orações de Esther, libertando-a por meio de um dos guardas. Mas sem conseguir contato com os filhos, Esther decidiu cruzar o Rio Yalu novamente, e na China ela conheceu a verdade. “Conheci um missionário e participei de um estudo bíblico, e quando estudei a Bíblia, fui totalmente transformada. Comecei a experimentar o Deus vivo, acreditei em Cristo e confessei a ele os meus pecados”, compartilha.
Hoje, na Coreia do Sul, através da Portas Abertas, a cristã pode contar ao mundo o que vivenciou e o que acontece hoje na Coreia do Norte. Ela está envolvida em um ministério que ajuda refugiados norte-coreanos, como ela foi um dia, e testemunha que Deus faz milagres. Por isso, ela ainda ora para que seus filhos possam encontrá-la na Coreia do Sul, e possa compartilhar com eles o evangelho para que também se tornem seguidores de Cristo.
“Obrigada por orar fielmente por meu país. Ainda há muito a melhorar, mas Deus usa suas orações para realizar muitos milagres”, finaliza.
Há pouco tempo, a equipe Portas Abertas recebeu uma foto de uma refeição repartida entre cristãs refugiadas norte-coreanas. Uma das senhoras preparou a refeição para dividirem depois de estudarem a Bíblia juntas. “Nunca partilhei o que era meu porque precisava sobreviver na Coreia do Norte. No entanto, percebo que nosso Deus e Pai Celestial provê e guia todos os meus passos e agora quero compartilhar o evangelho e meus bens com outros”, testemunhou.
Histórias como estas mostram como Deus usa as orações de cristãos em todo o mundo para construir sua igreja na Coreia do Norte, usando até mesmo seus filhos em prisões ou em cidades fronteiriças para levar outros aos pés de Jesus. Em meio às situações mais adversas e nos lugares mais inesperados, norte-coreanos conhecem a Cristo e se rendem ao chamado de manter viva a igreja na Coreia do Norte.
>> Sangue, Sofrimento e Fé <<
Apesar das circunstâncias, Deus continua sendo fiel. É o que testemunha um cristão secreto norte-coreano, grato pelas orações da igreja ao redor do mundo: “Somos capazes de caminhar na fé, mesmo que haja dificuldades. Colocamos nossa esperança no lugar que Deus preparou para nós antes mesmo da criação do mundo. Nosso desejo é que sigamos nosso chamado de manter a fé e divulgar o evangelho. Sempre lembramos de seu amor e preocupação por nós. Estamos bem graças às suas orações”.
Deus ouviu as orações de Esther e pode ouvir as orações daqueles que oram por esperança, força e coragem para muitas “Esthers”, bem como para cristãos que, apesar dos riscos de prisão e morte, levantam os novos líderes esperançosos da igreja na Coreia do Norte.
Coreia do Norte no dia a dia
Por trás das barras de ferro e dos arames farpados, acontece grande parte da violência aos cristãos – estima-se que mais de 50 mil estão presos em campos de trabalhos forçados. Mas a pressão no dia a dia é ainda mais alta. Veja como ela afeta todas as esferas da vida:
- Não é permitido adorar a Deus, ter ou ler a Bíblia ou materiais cristãos, ouvir rádio cristã ou compartilhar sobre sua fé com os outros.
- Os pais não conseguem falar sobre a fé com seus filhos.
- O governo e a própria comunidade monitoram os cidadãos.
- Igrejas foram fechadas.
- Reunir-se em diferentes locais para cultuar a Deus é proibido e, muitas vezes, impossível.
Conteúdo publicado originalmente na edição de janeiro/2018 da revista Portas Abertas.
Abusos, subornos e perigos de morte marcam a jornada dos cidadãos norte-coreanos que se aventuram na busca por liberdade em países como Coreia do Sul e China.
Segundo o Ministério da Unificação da Coréia do Sul, 780 norte-coreanos pediram asilo no país entre janeiro e julho de 2017. Mas o número é inferior se comparado com o do mesmo período em 2016. Não por qualquer tipo de melhoria no país, e sim porque o regime de Kim Jong-un aumentou a vigilância em suas fronteiras e a pena para aqueles que as atravessam.
Dos fugitivos, muitos são trabalhadores e agricultores fugindo da opressora pobreza. Entre os outros, estão os que fogem da perseguição enfrentada no país, onde não são respeitados os direitos à liberdade de pensamento, religião, expressão e informação.
>> Portas Abertas lista os países mais hostis aos cristãos em 2018 <<
Quando era menina, Esther Lee* via seu avô recebendo amigos em casa aos domingos, e ela não entendia por que tinha de brincar do lado de fora, mesmo quando não queria. Muitos anos depois, quando estava na China pela segunda vez, um missionário sul-coreano lhe mostrou a imagem de uma Bíblia. Naquela noite, Esther sonhou com seu avô, reunido com seus amigos, todos ajoelhados em volta de uma Bíblia. Ela pensava que era a primeira de sua família a se converter, mas então percebeu que seu avô havia orado por ela durante todos aqueles anos.
OS PERIGOS ENCONTRADOS EM OUTRO PAÍS
Depois que seu marido morreu, Esther precisou encontrar uma maneira de sustentar a si mesma e aos filhos. Isso causou uma situação ainda mais perigosa. Ao esconder-se das autoridades norte-coreanas, acabou no tráfico de pessoas e foi vendida a um chinês. Essa realidade é comum entre as mulheres norte-coreanas. A maioria dos refugiados permanece na China por alguns dias ou semanas, com exceção das mulheres que escolhem ou são forçadas a se casar.
Por meio de parceiros, a Portas Abertas apoia refugiados norte-coreanos na China com ajuda emergencial, como alimentos, cobertores e medicamentos, e com treinamento bíblico, para que possam voltar ao seu país, mantendo a esperança “por meio da perseverança e do bom ânimo, procedentes das Escrituras” (Romanos 15.4b). Muitos conhecem o evangelho na China e são chamados a voltar à Coreia do Norte para viver e testemunhar a fé em seu próprio país.
>> Cristãos dos EUA arriscam a vida para ensinar na Coréia do Norte <<
Da mesma forma, cerca de 200 mulheres são apoiadas todos os anos com cuidado pastoral e ensinadas sobre a Bíblia por meio de reuniões presenciais. Ser capturada e deportada de volta à Coreia do Norte é o maior medo das mulheres que participam desse momento de comunhão e de compartilhar suas experiências. Apesar do perigo de se reunir com outras cristãs, elas se arriscam para ouvir mais sobre Jesus.
Assim, os futuros líderes da igreja na Coreia do Norte são preparados e capacitados para continuar a jornada.
PRINCESA DE DEUS
Um dia, porém, Esther recebeu um telefonema de alguém que disse que poderia ajudá-la a escapar. No entanto, era uma emboscada que a levou a uma delegacia e a sete dias em uma prisão chinesa. Funcionários da Coreia do Norte vieram buscá-la. Uma terrível prisão norte-coreana com péssimas condições a esperava: “Fiquei na prisão por um mês e depois fui transferida para um pequeno campo de trabalhos forçados, de onde consegui fugir junto com outras duas senhoras. Estávamos fracas a ponto de quase desmaiar. Eu ainda não era cristã, mas tinha ouvido falar de Jesus quando eu estava na China. Inconscientemente, orei por ajuda”.
Esther foi de novo presa quando chegou em outra aldeia e levada a outro campo de trabalhos forçados. Havia uma senhora em sua cela que era diferente de qualquer outra pessoa. “Estávamos numa situação infernal, mas ela parecia em paz. ‘O que está acontecendo com você? Por que você está tão calma? ’, perguntei a ela, que me respondeu: ‘Quando eu estava na China, Deus me tratou como uma princesa’”.
Era uma senhora frágil e idosa, mas Esther respondeu: “Eu também quero ser uma princesa”. “Apenas ore como eu: ‘Obrigada, Deus, por tudo. Faça a sua vontade. Em nome de Jesus Cristo, amém’”, disse a senhora. Aquela havia sido a coisa mais estranha que Esther já havia escutado. “Por que devo agradecer por essa prisão?”, ela perguntou. “Apenas faça isso. Agradeça, continue a agradecer”, completou a senhora. Esther seguiu o exemplo, agradeceu e pediu a Deus que a libertasse.
ORAÇÕES RESPONDIDAS
A “princesa de Deus” compartilhou uma pequena versão do evangelho com todos na cela da prisão. Ela pediu para que orassem ao pai, ao único ou em nome de Jesus. Com fé, ela afirmou que deixaria a prisão em breve, como aconteceu.
>> A caminhada missionária de Jesus <<
Deus também respondeu às orações de Esther, libertando-a por meio de um dos guardas. Mas sem conseguir contato com os filhos, Esther decidiu cruzar o Rio Yalu novamente, e na China ela conheceu a verdade. “Conheci um missionário e participei de um estudo bíblico, e quando estudei a Bíblia, fui totalmente transformada. Comecei a experimentar o Deus vivo, acreditei em Cristo e confessei a ele os meus pecados”, compartilha.
Hoje, na Coreia do Sul, através da Portas Abertas, a cristã pode contar ao mundo o que vivenciou e o que acontece hoje na Coreia do Norte. Ela está envolvida em um ministério que ajuda refugiados norte-coreanos, como ela foi um dia, e testemunha que Deus faz milagres. Por isso, ela ainda ora para que seus filhos possam encontrá-la na Coreia do Sul, e possa compartilhar com eles o evangelho para que também se tornem seguidores de Cristo.
“Obrigada por orar fielmente por meu país. Ainda há muito a melhorar, mas Deus usa suas orações para realizar muitos milagres”, finaliza.
Há pouco tempo, a equipe Portas Abertas recebeu uma foto de uma refeição repartida entre cristãs refugiadas norte-coreanas. Uma das senhoras preparou a refeição para dividirem depois de estudarem a Bíblia juntas. “Nunca partilhei o que era meu porque precisava sobreviver na Coreia do Norte. No entanto, percebo que nosso Deus e Pai Celestial provê e guia todos os meus passos e agora quero compartilhar o evangelho e meus bens com outros”, testemunhou.
Histórias como estas mostram como Deus usa as orações de cristãos em todo o mundo para construir sua igreja na Coreia do Norte, usando até mesmo seus filhos em prisões ou em cidades fronteiriças para levar outros aos pés de Jesus. Em meio às situações mais adversas e nos lugares mais inesperados, norte-coreanos conhecem a Cristo e se rendem ao chamado de manter viva a igreja na Coreia do Norte.
>> Sangue, Sofrimento e Fé <<
Apesar das circunstâncias, Deus continua sendo fiel. É o que testemunha um cristão secreto norte-coreano, grato pelas orações da igreja ao redor do mundo: “Somos capazes de caminhar na fé, mesmo que haja dificuldades. Colocamos nossa esperança no lugar que Deus preparou para nós antes mesmo da criação do mundo. Nosso desejo é que sigamos nosso chamado de manter a fé e divulgar o evangelho. Sempre lembramos de seu amor e preocupação por nós. Estamos bem graças às suas orações”.
Deus ouviu as orações de Esther e pode ouvir as orações daqueles que oram por esperança, força e coragem para muitas “Esthers”, bem como para cristãos que, apesar dos riscos de prisão e morte, levantam os novos líderes esperançosos da igreja na Coreia do Norte.
Coreia do Norte no dia a dia
Por trás das barras de ferro e dos arames farpados, acontece grande parte da violência aos cristãos – estima-se que mais de 50 mil estão presos em campos de trabalhos forçados. Mas a pressão no dia a dia é ainda mais alta. Veja como ela afeta todas as esferas da vida:
- Não é permitido adorar a Deus, ter ou ler a Bíblia ou materiais cristãos, ouvir rádio cristã ou compartilhar sobre sua fé com os outros.
- Os pais não conseguem falar sobre a fé com seus filhos.
- O governo e a própria comunidade monitoram os cidadãos.
- Igrejas foram fechadas.
- Reunir-se em diferentes locais para cultuar a Deus é proibido e, muitas vezes, impossível.
Conteúdo publicado originalmente na edição de janeiro/2018 da revista Portas Abertas.
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