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- 22 de dezembro de 2017
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Celebrando o Natal entre muçulmanos africanos
Por Eliezer e Sara Camargo
Desde o princípio, viver na África foi um desafio. Estar em uma cultura tão diferente – com gostos, aromas e ambientes que em nada lembravam a nossa origem –, nos desafiava a buscar maneiras de mostrar o significado real do Natal e torná-lo acessível tanto aos nossos poucos irmãos da fé como aos amigos muçulmanos. Também tínhamos a preocupação para que esta celebração não fosse contaminada com o consumismo que assistimos nestes dias.
Como retratar o Natal sem se emocionar, especialmente pelo local em que vivíamos: o clima frio, seco, desértico? Muito do que experimentamos no norte da África tem a ver com o contexto bíblico: os animais, as frutas, o tipo de pão sem fermento, azeite de olivas, tâmaras, uvas e figos... Que saudade! Que alegria! Época intensa de plantio e trabalho no campo, de oração por chuvas e de compartilhar as bebidas quentes, para aliviar o intenso frio do deserto, que nos aproximava e criava um ambiente aconchegante com a família cristã local, vizinhos e amigos muçulmanos.
Alguns amigos perguntavam: “O que quer dizer esta data para vocês? É igual à que temos em relação ao Maomé? Celebramos sempre seu aniversário e também é um feriado para nós”.
Entendemos que Natal é missão, vida e semeadura. É o início de uma mensagem – de uma semente lançada com fé e com a confiança de que vale a pena ser obediente ao Pai. Estando naquele contexto, não tinha como dissociar o Jesus menino, do Jesus que nos chamou para estar ali, em sua total presença conosco, fazendo brotar em cada tentativa de falar de seu nascimento, sua vida e o significado para nossa fé e prática.
Com nossos poucos irmãos locais, numa cidade de mais de 30 mil habitantes, dava um significado todo especial e um grande senso de responsabilidade, por desejar que mais pessoas se juntassem a esta especial família. A perseguição e ostracismo ao qual estavam submetidos e o menosprezo diário por não praticarem um islamismo incomodava os familiares e amigos mais próximos a eles. Então, juntos, no Natal era o máximo que podíamos expressar uns aos outros a alegria incontida, que nos dava o exato sentido de que aquele momento de celebração tinha sido planejado pelo Pai na eternidade. Ali, em um lugar remoto do norte da África, Jesus – seu nascimento e vida – renovavam nossas esperanças e um profundo sentimento de paixão pelas almas para seguirmos, cada vez mais, perseverando em torná-lo conhecido.
A abordagem aos vizinhos, amigos, colegas de trabalho era mais elaborada e exigia estarmos preparados para todos os tipos de perguntas. O contexto e ambiente nos ensinaram a lidar com esta situação e, com o tempo, a confiança adquirida tornou possível expressar com mais intencionalidade os convites. Sempre zelamos para não confundir estes convites com qualquer intenção proselitista.
Em certa ocasião, com a participação intensa dos filhos, fizemos um Natal simples, como deve ser em termos de festas, comidas, roupas, mas com um diferencial. Resolvemos contar para nossas visitas a origem humilde, o nascimento em estrebaria, e não somente isso, mas também para mostrar que tinha sido um decreto Divino, a realização do plano maior de Deus de enviar Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Também fazíamos pequenas peças de teatro, para deixar claro o verdadeiro propósito do Natal. Convidávamos os vizinhos, colegas e crianças, para participarem conosco deste momento especial. Para iniciar as conversas, pedíamos aos filhos para usarem os recursos da escola e os materiais de arte para representarem à maneira deles uma estrebaria, uma manjedoura, animais, os astros, os reis magos... E eram estes nossos enfeites principais do presépio
Através desse conjunto de atos intencionais e guiados por Deus, ele mesmo sensibilizava o coração dos presentes, provocando-os a conhecer mais sobre esta história tão incomum, mas que poderia, a partir daquele momento, entrar nos corações áridos – semelhantes ao clima da região e sedentos por chuva –, e pudessem ser transformados pelo simples reconhecimento de que Jesus nasceu para nos dar vida, vida abundante em sua doce companhia. Emanuel!
• Eliézer e Sara Camargo são missionários com experiência na África. Atualmente trabalham no Brasil com uma agência que recruta e envia missionários bivocacionais para locais de difícil acesso.
Desde o princípio, viver na África foi um desafio. Estar em uma cultura tão diferente – com gostos, aromas e ambientes que em nada lembravam a nossa origem –, nos desafiava a buscar maneiras de mostrar o significado real do Natal e torná-lo acessível tanto aos nossos poucos irmãos da fé como aos amigos muçulmanos. Também tínhamos a preocupação para que esta celebração não fosse contaminada com o consumismo que assistimos nestes dias.
Como retratar o Natal sem se emocionar, especialmente pelo local em que vivíamos: o clima frio, seco, desértico? Muito do que experimentamos no norte da África tem a ver com o contexto bíblico: os animais, as frutas, o tipo de pão sem fermento, azeite de olivas, tâmaras, uvas e figos... Que saudade! Que alegria! Época intensa de plantio e trabalho no campo, de oração por chuvas e de compartilhar as bebidas quentes, para aliviar o intenso frio do deserto, que nos aproximava e criava um ambiente aconchegante com a família cristã local, vizinhos e amigos muçulmanos.
Alguns amigos perguntavam: “O que quer dizer esta data para vocês? É igual à que temos em relação ao Maomé? Celebramos sempre seu aniversário e também é um feriado para nós”.
Entendemos que Natal é missão, vida e semeadura. É o início de uma mensagem – de uma semente lançada com fé e com a confiança de que vale a pena ser obediente ao Pai. Estando naquele contexto, não tinha como dissociar o Jesus menino, do Jesus que nos chamou para estar ali, em sua total presença conosco, fazendo brotar em cada tentativa de falar de seu nascimento, sua vida e o significado para nossa fé e prática.
Com nossos poucos irmãos locais, numa cidade de mais de 30 mil habitantes, dava um significado todo especial e um grande senso de responsabilidade, por desejar que mais pessoas se juntassem a esta especial família. A perseguição e ostracismo ao qual estavam submetidos e o menosprezo diário por não praticarem um islamismo incomodava os familiares e amigos mais próximos a eles. Então, juntos, no Natal era o máximo que podíamos expressar uns aos outros a alegria incontida, que nos dava o exato sentido de que aquele momento de celebração tinha sido planejado pelo Pai na eternidade. Ali, em um lugar remoto do norte da África, Jesus – seu nascimento e vida – renovavam nossas esperanças e um profundo sentimento de paixão pelas almas para seguirmos, cada vez mais, perseverando em torná-lo conhecido.
A abordagem aos vizinhos, amigos, colegas de trabalho era mais elaborada e exigia estarmos preparados para todos os tipos de perguntas. O contexto e ambiente nos ensinaram a lidar com esta situação e, com o tempo, a confiança adquirida tornou possível expressar com mais intencionalidade os convites. Sempre zelamos para não confundir estes convites com qualquer intenção proselitista.
Em certa ocasião, com a participação intensa dos filhos, fizemos um Natal simples, como deve ser em termos de festas, comidas, roupas, mas com um diferencial. Resolvemos contar para nossas visitas a origem humilde, o nascimento em estrebaria, e não somente isso, mas também para mostrar que tinha sido um decreto Divino, a realização do plano maior de Deus de enviar Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Também fazíamos pequenas peças de teatro, para deixar claro o verdadeiro propósito do Natal. Convidávamos os vizinhos, colegas e crianças, para participarem conosco deste momento especial. Para iniciar as conversas, pedíamos aos filhos para usarem os recursos da escola e os materiais de arte para representarem à maneira deles uma estrebaria, uma manjedoura, animais, os astros, os reis magos... E eram estes nossos enfeites principais do presépio
Através desse conjunto de atos intencionais e guiados por Deus, ele mesmo sensibilizava o coração dos presentes, provocando-os a conhecer mais sobre esta história tão incomum, mas que poderia, a partir daquele momento, entrar nos corações áridos – semelhantes ao clima da região e sedentos por chuva –, e pudessem ser transformados pelo simples reconhecimento de que Jesus nasceu para nos dar vida, vida abundante em sua doce companhia. Emanuel!
• Eliézer e Sara Camargo são missionários com experiência na África. Atualmente trabalham no Brasil com uma agência que recruta e envia missionários bivocacionais para locais de difícil acesso.
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