Palavra do leitor
- 10 de setembro de 2024
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A imaginação hospitaleira
Nos últimos dias, fui levado a pensar na necessidade da hospitalidade devido à internação da minha filha. Enquanto o caos passava sobre a minha cabeça, o serviço de pessoas amorosas foi um meio de graça do Senhor para orientar meus olhos para as escrituras e encontrar mais uma faceta de nosso criador.
Gênesis e a Hospitalidade
Se levamos a sério a estrutura de Gênesis no relato da criação, veremos que o ser humano coroa todo o processo (Gn 1). Deus providencia um habitat propício para toda a criação animada, finalizando a obra para que seres à sua imagem e semelhança possam viver. O caos da desordem do cosmos é substituído por uma estrutura ideal de ordem e plenitude.
Ao criar tudo o que existe, o Senhor nos convida a usufruir da terra em sua hospitalidade cósmica.
Um Patriarca, Anjos e a Salvação
Um dos casos mais emblemáticos no Antigo Testamento é o de Abraão. Após a separação de um familiar, Abraão, em sua ordinariedade, recebe seres celestiais em sua casa com a notícia da destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 18). Após o clamor de Abraão, os anjos se dirigem à casa de Ló, que, ao recebê-los, é livrado da destruição.
Joshua Jipp diz algo interessante sobre isso: "Podemos ver que, enquanto Sodoma e Gomorra foram destruídas por sua flagrante falta de hospitalidade e abuso de estrangeiros, a hospitalidade de Ló para com os visitantes divinos (Gn 19.1-3) é a base para Deus resgatar Ló e sua família"1.
A primeira hospitalidade desse encadeamento narrativo é atribuída a nada menos que o primeiro patriarca de Israel. Tal relato moldaria a percepção de todo um povo, da sua prática cotidiana até sua legislação.
A Torá é Hospitaleira
A orientação contida na Torá sobre a recepção de imigrantes e estrangeiros aponta para essa hospitalidade.
"Sejam fiéis à sua aliança em seus corações e deixem de ser obstinados. Pois o Senhor, o seu Deus, é o Deus dos deuses e o Soberano dos soberanos, o grande Deus, poderoso e temível, que não age com parcialidade nem aceita suborno. Ele defende a causa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe alimento e roupa. Amem os estrangeiros, pois vocês mesmos foram estrangeiros no Egito." (Dt 10.16-19, NVI)
A vinculação da hospitalidade para com os estrangeiros está intimamente ligada à aliança firmada por Deus na história da salvação do povo de Israel no Egito. Na imaginação do povo de Deus, suas mesas abertas eram um testemunho do Deus que nos liberta.
Hospitalidade sobre Fronteiras
O fato de encontrar descanso, comida e gentileza em um momento de deslocamento da realidade foi como abrir os olhos para uma nova compreensão da bíblia. A vida de fé banhada pelas Escrituras não se estende apenas ao maravilhamento momentâneo, mas também ao desdobramento de temas vinculados à vontade divina que podem ser expandidos para buscarmos a paz entre os homens.
Em um mundo que nos incita a criar muros para retermos o que é "nosso por direito", o evangelho cria, a partir da obra de Cristo, uma mesa que se torna símbolo de comida e descanso para as nações.
Se, em Gênesis, a cultura de violência e separação advém daqueles que tomam, mordem e mastigam, nos evangelhos, a cultura do Reino é promovida por Aquele que alimenta, hospeda e restaura.A mesa de Cristo desdobra-se em nossos lares, levantando até mesmo clamores de justiça pelos mais indefesos. A administração da eucaristia alimenta nossos imaginários locais, evocando o mundo que virá.
A hospitalidade é a cultura de um povo que reflete o Criador da mesa, do alimento e da comunhão.
Nota
1. Jipp, J. (2017) Saved by Faith and Hospitality. Grand Rapids: Eerdmans, p. 4. Jipp irá tecer um breve comentário sobre a primeira carta de Clemente à igreja de Roma. Em sua análise, Clemente elencará três personagens do Antigo Testamento para argumentar a favor da hospitalidade como virtude: Abraão, Ló e Raabe.
Gênesis e a Hospitalidade
Se levamos a sério a estrutura de Gênesis no relato da criação, veremos que o ser humano coroa todo o processo (Gn 1). Deus providencia um habitat propício para toda a criação animada, finalizando a obra para que seres à sua imagem e semelhança possam viver. O caos da desordem do cosmos é substituído por uma estrutura ideal de ordem e plenitude.
Ao criar tudo o que existe, o Senhor nos convida a usufruir da terra em sua hospitalidade cósmica.
Um Patriarca, Anjos e a Salvação
Um dos casos mais emblemáticos no Antigo Testamento é o de Abraão. Após a separação de um familiar, Abraão, em sua ordinariedade, recebe seres celestiais em sua casa com a notícia da destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 18). Após o clamor de Abraão, os anjos se dirigem à casa de Ló, que, ao recebê-los, é livrado da destruição.
Joshua Jipp diz algo interessante sobre isso: "Podemos ver que, enquanto Sodoma e Gomorra foram destruídas por sua flagrante falta de hospitalidade e abuso de estrangeiros, a hospitalidade de Ló para com os visitantes divinos (Gn 19.1-3) é a base para Deus resgatar Ló e sua família"1.
A primeira hospitalidade desse encadeamento narrativo é atribuída a nada menos que o primeiro patriarca de Israel. Tal relato moldaria a percepção de todo um povo, da sua prática cotidiana até sua legislação.
A Torá é Hospitaleira
A orientação contida na Torá sobre a recepção de imigrantes e estrangeiros aponta para essa hospitalidade.
"Sejam fiéis à sua aliança em seus corações e deixem de ser obstinados. Pois o Senhor, o seu Deus, é o Deus dos deuses e o Soberano dos soberanos, o grande Deus, poderoso e temível, que não age com parcialidade nem aceita suborno. Ele defende a causa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe alimento e roupa. Amem os estrangeiros, pois vocês mesmos foram estrangeiros no Egito." (Dt 10.16-19, NVI)
A vinculação da hospitalidade para com os estrangeiros está intimamente ligada à aliança firmada por Deus na história da salvação do povo de Israel no Egito. Na imaginação do povo de Deus, suas mesas abertas eram um testemunho do Deus que nos liberta.
Hospitalidade sobre Fronteiras
O fato de encontrar descanso, comida e gentileza em um momento de deslocamento da realidade foi como abrir os olhos para uma nova compreensão da bíblia. A vida de fé banhada pelas Escrituras não se estende apenas ao maravilhamento momentâneo, mas também ao desdobramento de temas vinculados à vontade divina que podem ser expandidos para buscarmos a paz entre os homens.
Em um mundo que nos incita a criar muros para retermos o que é "nosso por direito", o evangelho cria, a partir da obra de Cristo, uma mesa que se torna símbolo de comida e descanso para as nações.
Se, em Gênesis, a cultura de violência e separação advém daqueles que tomam, mordem e mastigam, nos evangelhos, a cultura do Reino é promovida por Aquele que alimenta, hospeda e restaura.A mesa de Cristo desdobra-se em nossos lares, levantando até mesmo clamores de justiça pelos mais indefesos. A administração da eucaristia alimenta nossos imaginários locais, evocando o mundo que virá.
A hospitalidade é a cultura de um povo que reflete o Criador da mesa, do alimento e da comunhão.
Nota
1. Jipp, J. (2017) Saved by Faith and Hospitality. Grand Rapids: Eerdmans, p. 4. Jipp irá tecer um breve comentário sobre a primeira carta de Clemente à igreja de Roma. Em sua análise, Clemente elencará três personagens do Antigo Testamento para argumentar a favor da hospitalidade como virtude: Abraão, Ló e Raabe.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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