A igreja está precisando de pecadores. Quem se habilita?

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Metade do Novo Testamento foi escrito por Paulo. Um homem de uma formação invejável. Dominava o hebraico, grego, aramaico e latim. Por falta de uma, tinha dupla nacionalidade, romana e judaica. Teólogo de primeira grandeza, destacado por sua incansável aplicação aos estudos da Tanakh (Antigo Testamento). Sua genialidade era tão elevada que seu contemporâneo Pedro confessou ser de difícil interpretação o que Paulo escrevia. Levou o Evangelho para escravos, senhores, presidiários e reis. Pregou em praças, sinagogas, cadeias, ilhas e navios. Pisou e discursou no mais famoso palco de debates filosóficos de todos os tempos, o Areópago. Viu e ouviu do Senhor tudo o que ensinou. Foi ao terceiro céu. Do coração de Israel ao coração do mundo antigo, Roma, cravou o nome de Jesus. Preso injustamente várias vezes . Surrado injustamente muitas vezes. Escreveu o mais belo poema de amor que nunca saiu de moda e jamais será suplantado; "Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor..."

Esse homem dedicado, leal ao chamado, firme nas suas colocações, equilibrado na sua teologia e apóstolo do Senhor, fez questão de assumir a primazia em uma categoria que poucas pessoas tem coragem de assumir, a de se definir como "o principal dos pecadores!". Essa consciência trouxe a Paulo todo o equilíbrio necessário para não ser um teólogo metido a besta, um apóstolo exaltado, autoritário e aproveitador, um missionário mercenário e um homem santo, porém hipócrita.

Ser o principal dos pecadores não se trata de culpa ou de coitadinho. Ser o principal dos pecadores é ter absoluta consciência que não podemos jamais olhar para o próximo como caso perdido, já que nós nos entendemos como os piores dos piores. Isso trás equilíbrio e paz. Equilíbrio porque a bondade que temos e praticamos é dom de Deus e de nós mesmos não há nada de proveitoso. Paz, porque o amor e o perdão de Deus é arrebatador e arrancou toda culpa e medo de não alcançarmos a dignidade de ser humano que responde com sensibilidade ao próximo e a Deus. Paulo, dos homens, o rabino mais famoso do mundo e que ensina até com seus desacertos. Bom, já que Paulo assumiu a primazia dos pecadores então devo respeitar e me contentar com o fato de ser o segundo mais pecador. Quem quer ser o próximo?

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Opinião do leitor