Palavra do leitor
- 14 de maio de 2018
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A generosidade como resposta ao materialismo
Um da multidão se levanta com problema familiar (Lc 12:13). O problema que paira é a falta de consciência fraterna que todos adquirem ou que se revela quando o poder é dado ou ganhado nas mãos. Por um lado o desejo que aflora reivindicando uma parte da herança herdada pelo mais velho. Pelo o outro a fortuna nas mãos revelando a solidão. Ambos vivendo os extremos opostos. Achavam que Jesus resolveria seus problemas financeiros. Na verdade a questão levantada é que achavam que o problema era financeiro, como se dividisse a herança entre ambos o problema estaria solucionado (Lc 12:14).
O diagnóstico sinalizado por Jesus na advertência identifica a raiz do problema. O desejo de possuir, de ter muitas vezes pode revelar a intenção de se ter para ser, definindo assim a vida no decorrer da história por aquilo que se pode possuir. Mas a vida de qualquer não é um acúmulo de bens do quanto possa possuir ou reter (Lc 12:15). Uma vida ditada a partir dessa lógica traduz sua existência numa única fala: "tenho, logo existo." Em sociedades de mercado a existência passa a ganhar outras conotações. O problema se agrava quando o coração não consegue mais enxergar além da finitude da existência de si próprio, quando a solidão ganha densidade ao ponto de vivermos em uma casa de espelhos onde o reflexo em todas as dimensões somos apenas nós mesmos (Lc 12:17 e 18).
Quando a vida começa a ser ditada e vista apenas na primeira pessoa do singular e o único diálogo é entre você e sua consciência sem o conhecimento da vida que está para além de si e se encontra na relação fraterna de todos aqueles a quem chamamos humanidade perdemos de vista quem devemos ser. Todo cuidado é pouco para não perpetuar a própria satisfação e limitar a vida na trivialidade: "descansa, come, bebe e folga" (Lc 12:19). Se a vida foi reduzida à sobrevivência, refletir em nossa brevidade pode ser a libertação que necessitamos (Lc 12:20a).
O fato é que não podemos acrescentar dias em nossas vidas simplesmente pelos recursos que podemos obter ainda que tenhamos para nossas futuras gerações. Existir pressupõe riscos e ninguém sabe quando terá seu encontro com a morte. Quando a brevidade da vida ganha densidade em nossos dias como um alerta de Deus somos incomodados para uma vida que tenha significado ao invés de bens e já dizia Martinho Lutero: "se nossos bens não estão disponíveis à comunidade são bens roubados." Veja que roubar nesse sentido não é tomar algo de alguém a força, mas impedir o fluxo de generosidade pela falta de sensibilidade que se deu pelo acúmulo. É cessar a partilha que poderia ajudar na necessidade do nosso próximo e ser indiferente com sua situação ao ponto dele continuar a mendigar o que lhe falta. É mais do que impedir o fluxo de generosidade. É manter um sistema injusto que permite que seres humanos não tenha suas necessidades básicas atendidas e que aos poucos rouba-lhes a dignidade.
Quando vamos além do ter ganhamos a noção que a vida está para além de nós mesmos e só encontra significado no encontro com o outro (Lc 12:20b). A vida que não encontra sentido no outro perpetua a sobrevivência solitária que diz a própria alma: "descansa, come, bebe e folga." Mas a vida expulsa de si para a relação encontra a vivência comunitária que diz: "reparte, distribui, alivia e liberta." Enxergar Jesus a partir de uma perspectiva utilitarista é frustrar-se consigo mesmo e ter toda percepção escandalizada quando sua voz se dirigir de volta com uma denúncia contra nós e como temos estruturado nossas vidas e abalar todo estilo de vida que projetamos no decorrer da existência.
Enquanto nossas reivindicações pairarem em uma crise ética e nossa voz se levanta para nossa própria sobrevivência, a voz de Jesus sempre nos questionará perguntando: qual o significado vocês atribuem a vida de vocês além de si mesmos? No fim Jesus pode ser apenas mais um meio para nossas idealizações babélicas existências que precisam urgentemente estar em ruínas.
O diagnóstico sinalizado por Jesus na advertência identifica a raiz do problema. O desejo de possuir, de ter muitas vezes pode revelar a intenção de se ter para ser, definindo assim a vida no decorrer da história por aquilo que se pode possuir. Mas a vida de qualquer não é um acúmulo de bens do quanto possa possuir ou reter (Lc 12:15). Uma vida ditada a partir dessa lógica traduz sua existência numa única fala: "tenho, logo existo." Em sociedades de mercado a existência passa a ganhar outras conotações. O problema se agrava quando o coração não consegue mais enxergar além da finitude da existência de si próprio, quando a solidão ganha densidade ao ponto de vivermos em uma casa de espelhos onde o reflexo em todas as dimensões somos apenas nós mesmos (Lc 12:17 e 18).
Quando a vida começa a ser ditada e vista apenas na primeira pessoa do singular e o único diálogo é entre você e sua consciência sem o conhecimento da vida que está para além de si e se encontra na relação fraterna de todos aqueles a quem chamamos humanidade perdemos de vista quem devemos ser. Todo cuidado é pouco para não perpetuar a própria satisfação e limitar a vida na trivialidade: "descansa, come, bebe e folga" (Lc 12:19). Se a vida foi reduzida à sobrevivência, refletir em nossa brevidade pode ser a libertação que necessitamos (Lc 12:20a).
O fato é que não podemos acrescentar dias em nossas vidas simplesmente pelos recursos que podemos obter ainda que tenhamos para nossas futuras gerações. Existir pressupõe riscos e ninguém sabe quando terá seu encontro com a morte. Quando a brevidade da vida ganha densidade em nossos dias como um alerta de Deus somos incomodados para uma vida que tenha significado ao invés de bens e já dizia Martinho Lutero: "se nossos bens não estão disponíveis à comunidade são bens roubados." Veja que roubar nesse sentido não é tomar algo de alguém a força, mas impedir o fluxo de generosidade pela falta de sensibilidade que se deu pelo acúmulo. É cessar a partilha que poderia ajudar na necessidade do nosso próximo e ser indiferente com sua situação ao ponto dele continuar a mendigar o que lhe falta. É mais do que impedir o fluxo de generosidade. É manter um sistema injusto que permite que seres humanos não tenha suas necessidades básicas atendidas e que aos poucos rouba-lhes a dignidade.
Quando vamos além do ter ganhamos a noção que a vida está para além de nós mesmos e só encontra significado no encontro com o outro (Lc 12:20b). A vida que não encontra sentido no outro perpetua a sobrevivência solitária que diz a própria alma: "descansa, come, bebe e folga." Mas a vida expulsa de si para a relação encontra a vivência comunitária que diz: "reparte, distribui, alivia e liberta." Enxergar Jesus a partir de uma perspectiva utilitarista é frustrar-se consigo mesmo e ter toda percepção escandalizada quando sua voz se dirigir de volta com uma denúncia contra nós e como temos estruturado nossas vidas e abalar todo estilo de vida que projetamos no decorrer da existência.
Enquanto nossas reivindicações pairarem em uma crise ética e nossa voz se levanta para nossa própria sobrevivência, a voz de Jesus sempre nos questionará perguntando: qual o significado vocês atribuem a vida de vocês além de si mesmos? No fim Jesus pode ser apenas mais um meio para nossas idealizações babélicas existências que precisam urgentemente estar em ruínas.
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