Um dia, quando estava com os apóstolos, Jesus deu esta ordem:

— Fiquem em Jerusalém e esperem até que o Pai lhes dê o que prometeu, conforme eu disse a vocês.   Pois, de fato, João batizou com água, mas daqui a poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo.

Certa vez, os apóstolos estavam reunidos com Jesus. Então lhe perguntaram:

— É agora que o senhor vai devolver o Reino para o povo de Israel?

Jesus respondeu:

— Não cabe a vocês saber a ocasião ou o dia que o Pai marcou com a sua própria autoridade.   Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra. — Atos 1.4-8

Na última reflexão observamos que Lucas inicia o seu relato com o aparecimento de Jesus para os discípulos durante 40 dias, em que ele lhes ensinava sobre o projeto do governo de Deus. Fizemos a comparação deste tempo com os nossos congressos atuais. Coloquei a palavra “congresso” entre aspas de propósito pois obviamente não havia congresso algum, e sim, vários encontros. Antes de prosseguir com o nosso estudo de Atos, convém esclarecer a cronologia de eventos, pois lendo Atos na sequência do Evangelho de João, ou até mesmo como um segundo volume das obras de Lucas (o primeiro sendo o seu Evangelho), é fácil entender que os eventos de Atos simplesmente seguem os eventos dos Evangelhos. Mas não é exatamente assim. O início de Atos relata parte do final dos Evangelhos também, da seguinte forma:

  1. A introdução ao livro em Atos 1.1-2
  2. Os 40 dias da morte até a ascensão em Atos 1.3-7; Lucas 24.1-45; João 20.1-20; 20.24—21.24
  3. O envio em Atos 1.8; Lucas 24.48-49; João 20.21-23
  4. A ascensão em Atos 1.9-11; Lucas 24.50-53
  5. A escolha do 12o apóstolo em Atos 1.12-26
  6. O Dia de Pentecostes em Atos 2.1-4

Foi justamente durante um destes encontros que Jesus mandou os seus discípulos aguardarem a vinda prometida do Espírito Santo em Jerusalém (At 1.4-5; Lc 24.49). Logo em seguida (o texto bíblico não especifica quanto tempo passou), em outro encontro com Jesus, os discípulos perguntaram se já era a hora de Israel finalmente ser livre do seu jugo, atualmente debaixo do império romano. A curiosidade era compreensível. Afinal, diante da ressurreição, eles só poderiam concluir que o fim dos tempos já havia chegado e segundo as Escrituras, isto implicava na libertação do povo de Deus.

A resposta de Jesus é uma passagem muito conhecida e citada… pelo menos a segunda parte, verso 8. Mesmo o versículo começando com a palavra, “mas”, pouco se repara o contraste explícito com o verso 7. Antes de “comissionar” os discípulos no versículo 8, Jesus os repreende dizendo que o assunto do fim não era da conta deles. Não deveriam se preocupar com isso. Pelo contrário, deveriam se preocupar com a sua missão de testemunhar poderosamente a respeito de Jesus.

Ora, eu entendo que a escatologia, o estudo das últimas coisas, é importante e até crítico para entender a razão e o motivo da nossa missão neste tempo e neste mundo. Não é doutrina trivial, como alguns pensam. Mesmo assim, nesta passagem, percebemos que muito mais urgente ainda é a tarefa dada para o povo de Deus de anunciar e viver a vinda do reino iniciada pela ressurreição do Rei.

Missão é isto. É declarar e ser instrumento nas mãos de Deus do seu projeto para toda a sua criação, começando em nós mesmos.

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