Jó tinha três amigos…. Eles ficaram sabendo das desgraças que haviam acontecido a Jó e combinaram fazer-lhe uma visita para falar de como estavam tristes pelo que lhe havia acontecido e para consolá-lo….quando viram que era ele, começaram a chorar e a gritar. Em sinal de tristeza, rasgaram as suas roupas e jogaram pó para o ar e sobre a cabeça. Em seguida sentaram-se no chão ao lado dele e ficaram ali sete dias e sete noites; e não disseram nada, pois viam que Jó estava sofrendo muito.

Reflexão

Quem conhece a história do Jó sabe que os seus amigos fizeram perguntas erradas, chegaram a conclusões erradas a respeito da sua situação. Isto pode nos levar a pensar que eles nada fizeram de certo. Mas este não é o caso. Os amigos do Jó reagiram do modo certo a princípio, e foram um modelo para todos nós.

O que fazer quando um amigo passa por grande dificuldade? Elifaz, Bidade e Zofar não tiveram dúvida: procuraram, logo em seguida, estar com Jó. Não enviaram nenhuma mensagem de consolo e de solidariedade. Foram estar com ele. E não só isto. Ao testemunhar com os próprios olhos a desgraça por que Jó passava, se comportaram de forma humana e culturalmente apropriada: choraram, gritaram e rasgaram as suas roupas (já viu na TV e nos filmes os choros públicos dos povos do Oriente Médio? Não é só para inglês ver). Compadeceram-se.

Diante de situações de extrema angústia, nossa tendência é querer “fazer alguma coisa”. E lógico, ações concretas dentro do nosso alcance devem ser realizadas. Mas, a angústia precisa ser compartilhada, e isto exige a nossa presença física, se for possível, e exige  o nosso choro junto com quem chora.

Agora, o fascinante é o que vem depois…depois do choro e depois da lamentação. Os amigos permaneceram! Não foram embora, tendo já “cumprido a sua obrigação”. Permaneceram quietos ao lado do Jó durante sete dias e sete noites, sem dar um pio! Esta foi a hora em que as lâgrimas já haviam secado, mas não a tristeza. Ainda havia confusão e o lamento no íntimo. Durante sete dias e sete noites, quem sabe, Jó já começava a formular dentro da sua cabeça e do seu coração perguntas, indagações e atitudes…algo que leva tempo. E os amigos estavam lá, quietos, não tentando antecipar as perguntas e as reações que viriam. Simplesmente ficaram quietos…mas não quietos de longe, e sim, quietos ao lado de Jó.

Talvez você pense algo assim: “Mas, e daí?  Não seria melhor nem aparecer do que aparecer e depois torturar o seu amigo Jó com as perguntas erradas?” Pessoalente eu creio que não. Antes amigos presentes, compassivos e solidários, que pisam na bola com as respostas “erradas” que “amigos” distantes, sem coragem de arriscar palavras certas de consolo.

Isto é um caso individual, de Jó. E quando a tragédia for coletiva, envolvendo centenas e milhares de pessoas como testemunhamos nas últimas semanas de enchentes? Confesso que não tenho muitas respostas. Dependo do seu palpite….sério….escreva. Mas uma coisa me ocorre. Quando pessoas que conhecemos pessoalmente estão envolvidas, precisamos nos esforçar para nos fazer presentes com elas. Favor, envie as suas dicas também…

Oração

Pai, eu não quero me envolver. Sou preguiçoso. Não sei o que dizer. Prefiro me esconder da dor dos outros. Mas sei que isto não é certo. E sei o tanto que o Senhor se compadeceu e ainda se compadece da gente. Pai, complete, pelo Teu Espírito, o que falta em mim, para espelhar a sua compaixão e me fazer presente. Em nome de Jesus. Amém.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *