Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal. Nasceram-lhe sete filhos e três filhas.Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; era também mui numeroso o pessoal ao seu serviço, de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente. (Revista e Atualizada)

Reflexão

Há dois evangelhos populares que concorrem nas igrejas com o evangelho de Cristo, o evangelho da lei e o evangelho da prosperidade. Paulo era um autêntico herdeiro da mensagem de Jesus e por isso combatia os dois veementemente. Combateu o primeiro especialmente na sua Carta aos Gálatas e na sua Carta aos Romanos, como Jesus o combateu especialmente diante dos fariseus. Combateu o segundo especialmente nas suas cartas aos coríntios, como Jesus o combateu quando desafiou os ricos e a classe sacerdotal. O combate era interno, isto é, dentro do povo de Deus, cada um citando as suas fontes bíblicas, o que faz o combate complicado. A solução também não era simples. Por isto temos as cartas densas que Paulo escreveu detalhadamente. Mas o resumo da solução, a alternativa que Paulo apresentou, pode ser dita em apenas quatro palavras: o evangelho da cruz. Para Paulo, anunciar Cristo significava a adoção do evangelho da cruz. Os outros evangelhos podem ser trabalhados a partir do Antigo Testamento. É fácil fazê-lo e é frequente. Os escritores do Novo Testamento, graças à liderança de Paulo que atribuia isto à revelação de Deus e à inspiração pelo Espírito Santo, entenderam que a leitura do Antigo Testamento que resulta ou no evangelho da lei ou no evangelho da prosperidade, era equivocada. Isto é essencialmente o assunto da Epístola aos Hebreus. Sua mensagem é que à luz de Cristo o evangelho da lei e o evangelho da prosperidade não são propriamente “cristãos” e por isso não podemos voltar para trás.

O Livro de Jó é talvez a maior correção ao evangelho da prosperidade no Antigo Testamento, pois no fim, os advogados deste evangelho, os “amigos” de Jó, são revelados como errados. O evangelho da prosperidade funciona assim: se você for íntegro na sua caminhada com Deus, prosperará. Terá a vitória. O inverso também é verdade: se não prosperar é porque há algum pecado ainda na sua vida. Deve ter deixado uma brecha para o diabo e está sofrendo as consequências. Este é exatamente o “conselho” dos amigos de Jó e eles estavam tragicamente errados.

Os primeiros versos do Livro de Jó preparam este cenário. Os múltiplos de 10 (7 filhos mais 3 filhas = 10; 7.000 ovelhas mais 3.000 camelos = 10.000; 500 pares de bois = 1.000 e mais 500 jumentas) no mundo antigo indicavam compleição e o superlativo no final apenas confirma este indício:  “era o maior de todos os do Oriente”. E mais importante ainda, era homem “’íntegro e reto”. Logo será vitorioso?

Temos que admitir: todos nós (há realmente alguma exceção?) desejamos sucesso. Todos queremos ter vitória. Todos nós desejamos prosperar. O Livro de Jó redefine o conceito de bênção e prosperidade e esclarece qual é o árduo caminho para a “vitória”. Assim aponta na direção do evangelho de Cristo que é o evangelho da cruz. Neste ano queremos ouvir a voz de Deus a respeito disto para seremos verdadeiros discípulos de Cristo e não meramente versões “cristãs” do sucesso e do modelo que a nossa cultura consumista promove.

Oração

Pai, precisamos muito da Sua inspiração para de ouvir o evangelho de Cristo e ser proclamadores do mesmo. Queremos ser seguidores do Seu modo e não do nosso. Por isso suplicamos a Sua ajuda. Dê-nos humildade para não falar além daquilo que Sua palavra fala e isto, apenas à luz de Cristo. Em nome de Jesus pedimos. Amém.

  1. Olá Timóteo. Parabéns pela iniciativa sobre o livro de Jó, nem sempre bem entendido pela Igreja. Creio que vai ser uma grande contribuição. A única preocupação é com o combate generalizado com a doutrina da prosperidade. Há alguns anos fiz uma mensagem analisando todas as vezes que o termo ou um dos seus sinônimos aparecem na Bíblia e ela fala de algumas prosperidades lícitas. Vou ver se localizo e te enviarei, mas, sugiro a você que faça algo semelhante, pois, creio que com seus conhecimentos, seremos todos abençoados. Abraços. Paulo

    • Obrigado Paulo! Creio que a chave para entender as promessas de prosperidade é a mesma para entender a lei…ambos conceitos nascidos do próprio Deus. A chave é simplesmente entendê-los a luz da cruz que dá a devida perspectiva de toda a teologia autenticamente cristã. Assim não “queimamos a casa para assar o porco”….apenas preparamos um belo churrasco! As suas contribuições sempre são muito bem-vindas!

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