Por Glenon Dutra (Professor de Física da UFRB, membro da rede Teste da Fé Brasil)

Novamente compartilharei nesse blog algumas observações a respeito de uma conversa que tive com uma pessoa em certa ocasião. A conversa girou em torno da qualidade da Teoria da Evolução (TE) enquanto Teoria Científica e quem dialogava comigo questionava essa qualidade alegando a existência de inúmeros problemas não resolvidos em seu corpo teórico. Os argumentos utilizados são bem populares e bastante conhecidos nos livros daqueles que tentam desqualificar a TE. O principal é aquele apresentando a ideia de que uma boa teoria científica deve:

A. explicar satisfatoriamente aquilo a que se propõe;
B. possuir provas a favor da mesma;
C. não possuir muitas provas em contrário;
D. poder ser falseada;
E. partir de experimentos ou fatos para basear e sustentar seus pressupostos.

Meu interlocutor prosseguia afirmando que: “diferente das outras ciências, as descobertas que desmentem a evolução fazem os evolucionistas criarem novas desculpas para a teoria estar certa, baseando-se em pressuposições e não em fatos”. Foi utilizada como exemplo a física, afirmando-se sua superioridade por estar firmada em teorias “mensuradas e testadas”.

Assim, partindo desses pressupostos, ele desqualificava categoricamente a TE por não cumprir essas especificações. E, pasmem, é verdade, a TE não cumpre realmente esses critérios. Ela possui inúmeros problemas de verificação experimental sendo um dos mais famosos a dificuldade de se encontrar fósseis intermediários entre uma espécie e outra. Basta ir a uma livraria evangélica e você encontrará diversos autores com listas de problemas relativos às provas experimentais da TE. São livros bem fáceis de encontrar e não vou me delongar expondo esses problemas aqui. Caso você, leitor, queria se aprofundar nesse assunto, há um resumo desses problemas em Grudem (1999, pp. 214-215). Os livros de Philip E. Jonson também possuem bons argumentos contrários à TE e vale a pena dar uma lida para ter um contraponto ao que estou escrevendo.

Mas sigamos em frente; diante do exposto, vou simplificar as coisas em duas possibilidades. Vou chamá-las de “Hipótese 1” e “Hipótese 2”:

Hipótese 1 – Existe um complô de cientistas evolucionistas tentando ocultar a verdade sobre a origem das espécies.
Hipótese 2 – A ideia de “qualidade” de uma teoria científica apresentada pelo meu colega está errada.

Reconheço que no meio acadêmico existe gente desonesta a ponto de falsificar resultados para conseguir justificar suas hipóteses. Afinal, realmente existem casos de evolucionistas que tentaram falsificar registros fósseis. Sem falar que o jogo político por trás da disputa pelos investimentos em pesquisa também favorece o “sumiço” de dados comprometedores a esse ou aquele grupo de pesquisa. Mesmo assim, acho muito pouco plausível que a maioria dos pesquisadores seja desonesta. Portanto, também não vou gastar tempo tentando mostrar que a Hipótese 1 é absurda. Além do mais, se eu demonstrar a plausibilidade da Hipótese 2, não precisarei me deter na primeira.

A Hipótese 2 está vinculada a uma visão bem popular de conhecimento científico como conhecimento provado por meio de experimentação, testes e medidas. A questão aqui é se essa visão é realmente correta. Se sim, todas as teorias científicas que já existiram deverão obedecer aos critérios “A”, “B”, “C”, “D” e “E” estabelecidos no início do texto. Além disso, nenhuma dessas teorias pode ter passado por ajustes baseados em especulação, os únicos ajustes permitidos seriam aqueles baseados em fatos, ou seja, em resultados experimentais mensuráveis e cuidadosamente testados.

TeCopernicanaPortanto, para mostrar que a Hipótese 2 está correta, basta encontrarmos uma teoria científica reconhecidamente aceita e verificarmos que ela não obedece aos critérios “A”, “B”, “C”, “D” e “E”, além de sofrer ajustes baseados em especulações. Para dar maior validade ao meu argumento, vou tentar demonstrar a validade da Hipótese 2 em uma teoria utilizada pela Física: o Modelo Heliocêntrico de Copérnico. Justifico a escolha por esse conjunto teórico devido às suas semelhanças com a TE. Ambos sofreram resistência por parte da igreja por serem, supostamente, contrários à interpretação bíblica corrente em suas épocas e ambos iniciaram uma revolução em suas respectivas áreas de conhecimento.

Aprendemos (ou pelo menos deveríamos ter aprendido) na escola sobre o modelo planetário de Ptolomeu. Nesse modelo a Terra estaria parada no centro do universo e todos os corpos celestes (Sol, Lua, planetas e estrelas) girariam em torno da Terra. O Sol a Lua e a Terra girariam em órbitas circulares e os planetas teriam dois tipos de órbitas: uma órbita circular em torno de um determinado ponto (epiciclo) e a órbita circular desse ponto em relação ao centro da Terra (deferente). Também aprendemos que a Igreja, influenciada pelas ideias aristotélicas, defendia esse modelo como verdadeiro e de acordo com a Bíblia.

Por volta de 1510 o astrônomo polonês Nicolau Copérnico escreveu um pequeno livro (o Comentariolus) onde apresenta uma descrição resumida de seu modelo heliocêntrico. Nesse livro suas ideias são apresentadas como uma maneira mais simples de interpretar os movimentos dos corpos celestes do que no modelo de Ptolomeu. No entanto, ao tentar abraçar todas as características até então conhecidas dos modelos planetários, por volta de 1530, escreveu uma obra mais completa e densa (e nem um pouco simples) o “Revoluções das orbes celestes” , livro que só foi publicado no ano de sua morte, em 1543.

De forma simplificada, o modelo de Copérnico propõe que o Sol seja o centro do Universo e os planetas, a Terra (com a Lua girando ao redor da Terra) girariam em torno do Sol com velocidades constantes e em órbitas circulares. As estrelas estariam localizadas em uma grande esfera imóvel e bem distante do Sol, o firmamento. A Terra apresentaria alguns movimentos que explicariam todos os movimentos dos corpos celestes tal como vistos de sua superfície. Os principais movimentos da Terra seriam o de rotação em torno do seu eixo ao longo de um dia e o de translação em torno do Sol ao longo de um ano.

Vamos analisar rapidamente alguns problemas apresentados pela Teoria de Copérnico logo em sua origem:

A) Uma boa teoria científica deve explicar satisfatoriamente aquilo a que se propõe.

A Teoria de Copérnico propunha que o planeta Terra se movesse a altíssimas velocidades tanto em torno de si mesmo como em torno do Sol. Só para se ter uma ideia, aqui na cidade onde eu moro, a velocidade de rotação da Terra, de acordo com a Teoria de Copérnico, chegaria a, aproximadamente, 300m/s, enquanto isso, o planeta inteiro se moveria em torno do Sol a incríveis 30km/s. O problema é, como é que estamos nos movendo a velocidades tão altas e não sentimos nada? Por que não sentimos o vento batendo em nosso rosto enquanto nos movemos com a Terra de oeste para leste a 300m/s? Por que quando eu pulo não fico trás em relação ao movimento da Terra? A Teoria não conseguia explicar isso de forma satisfatória. Por quê? Porque as teorias físicas que permitiriam as repostas a essas questões ainda não existiam. As respostas a essas perguntas começaram a ser elucidadas em 1630 por Galileu (mais de 100 anos depois da publicação do Comentariolus!) e só foram respondidas em definitivo em 1687, por Isaac Newton (mais de 150 anos depois do Comentariolus!).

Por que quando eu pulo não fico trás em relação ao movimento da Terra? A Teoria de Copérnico não conseguia explicar isso de forma satisfatória. Por quê? Porque as teorias físicas que permitiriam as repostas a essas questões ainda não existiam.

B) Uma boa teoria científica deve possuir provas a favor da mesma.

Aqui encontramos outro problema da Teoria de Copérnico. Qual prova possuía Copérnico de que a Terra possuía movimentos? Algum leitor é capaz de me citar uma prova de que a Terra possui movimento de rotação? E o de translação? Não vale falar da sucessão dos dias e noites ou das estações do ano, pois esses fenômenos poderiam ser explicados pelo modelo de Ptolomeu, com a Terra parada, sendo desnecessária a confecção de uma nova teoria para isso.

O leitor também pode argumentar que os movimentos são relativos e que tanto faz dizer se a Terra está parada ou em movimento. Mas será que essa afirmação é verdadeira do ponto de vista dinâmico? Realmente uma pessoa girando em um brinquedo de parque de diversões pode ser considerada parada enquanto todo o parque gira em torno dela. Mas será possível transferir a sensação de tontura dessa pessoa para as pessoas do parque quando mudamos o ponto de referência? Claro que não! Há uma diferença sensível no comportamento dos corpos em movimentos circulares quando comparados a corpos em repouso que não pode ser eliminada apenas mudando-se o ponto de referência.

De fato, a principal prova experimental do movimento de rotação da Terra, o Pêndulo de Foucault , só veio a ser construída em 1851. Já a principal prova experimental do movimento de translação da Terra foi dada em 1836 quando o astrônomo alemão Friedrich Wilhelm Bessel conseguiu, pela primeira vez, observar a paralaxe de uma estrela (isso mesmo, as provas surgiram mais de 300 anos após Copérnico propor seu modelo!).

a principal prova experimental do movimento de rotação da Terra, o Pêndulo de Foucault , só veio a ser construída em 1851.

C) Uma boa teoria científica não pode possuir muitas provas em contrário.

Para início de conversa esse critério é, no mínimo, muito estranho. Qual a quantidade de provas em contrário é suficiente para rejeitarmos uma teoria? Qual o número adequado? Como decidir? É esquisito não acham? Mas vejam bem: Copérnico propôs que os planetas se moviam com velocidades constantes, mas as velocidades observáveis dos movimentos planetários não eram constantes; também propôs que as órbitas seriam circulares e um século depois Kepler demonstrou que elas eram elípticas; propunha-se que a Lua estivesse ligada a Terra (por girar em torno dela), mas então ela deveria cair sobre nós assim como os outros corpos presos à Terra. Sem falar na enorme quantidade de provas contrárias à rotação e translação da Terra existentes na época. Vocês podem ler sobre os problemas para se provar a Teoria copernicana em Cohen (1988), Medeiros (2002) e Lopes (2001).

Qual a quantidade de provas em contrário é suficiente para rejeitarmos uma teoria? Qual o número adequado? Como decidir?

D) Uma boa teoria científica pode ser falseada.

A ideia de falseabilidade de uma teoria provém do filósofo da ciência Karl Popper em meados do século XX. Para ele, uma afirmação pode ser considerada científica caso possa ser falseada, isto é, quando for possível o planejamento de um experimento que a contradiga. Observe que não é preciso que o experimento a contradiga e nem que exista a tecnologia necessária para a realização do experimento, basta a possibilidade de realização de tal experimento para que a afirmação seja considerada científica. Vou dar dois exemplos:

Afirmação 1: “Os nascidos no signo de libra podem enfrentar aborrecimentos no trabalho amanhã.” (Matsumoto)

Afirmação 2: “Ácido é uma substância que, numa reação química, transfere íons H+ para uma base.” (ibdem)

De acordo com o critério de Popper, a afirmação 1 não pode ser considerada científica por não ser possível testá-la. Ela é verdadeira caso o libriano sofra aborrecimentos em seu trabalho ou não. Já a segunda afirmação pode ser considerada científica por ser possível planejar um experimento para verificar a transferência de íons H+ do ácido para uma base em uma reação química.

Se fôssemos rigorosos com Copérnico da mesma forma que somos rigorosos com Darwin, não poderíamos ter aceitado a cientificidade de sua teoria se ela envolvesse afirmações que não podiam ser falseáveis. O problema é que Copérnico, para salvar suas hipóteses de movimentos circulares e uniformes em torno do Sol lançou mão do mesmo artifício de Ptolomeu, a existência de epiciclos e deferentes que não podiam à época ser confirmados experimentalmente. O próprio tradutor dos Comentariolus reconhece os problemas de falseabilidade existentes nesses ajustes (Copérnico, 2003, p. 9).

Se fôssemos rigorosos com Copérnico da mesma forma que somos rigorosos com Darwin, não poderíamos ter aceitado a cientificidade de sua teoria se ela envolvesse afirmações que não podiam ser falseáveis.

E) Uma boa teoria científica deve partir de experimentos ou fatos para basear e sustentar seus pressupostos

Acredito ser esse o ponto mais problemático da Teoria de Copérnico. Isto porque, por mais incrível que pareça, Copérnico não parte de experimentações ou de fatos para basear boa parte de seus argumentos. Aliás, muito pelo contrário, boa parte dos fatos e observações acessíveis a ele em sua época contrariavam suas hipóteses. Só para termos uma noção, quantos sabem de onde Copérnico retirou a ideia de que as órbitas celestes seriam circulares? Ele observou isto? Mediu o movimento dos astros? Não! De modo nenhum. Copérnico considerou as órbitas celestes como circulares porque comungava com as ideias platônicas de que os astros seriam seres “divinos e imutáveis e o único movimento compatível com corpos perfeitos seria o circular e uniforme” (Lopes, 2001, p. 220).

E a rotação da Terra? Algum leitor acredita que Copérnico realizou experimentos ou observou algum fato para afirmar sua possibilidade? Também não! Apesar desses movimentos se oporem drasticamente aos conhecimentos da Física de sua época, Copérnico afirmava sua veracidade por ser a Terra esférica, sendo a rotação, um tipo de movimento natural de uma esfera (Cohen, 1988, p. 71). Isso mesmo! Copérnico resolve o difícil problema físico da rotação da Terra afirmando que ela gira por ser natural às esferas girarem. Ele foge do problema de ter que demonstrar isso experimentalmente afirmando ser a rotação um movimento natural.

E quanto à afirmação de que, “diferente das outras ciências, as descobertas que desmentem a evolução fazem os evolucionistas criarem novas desculpas para a teoria estar certa, baseando-se em pressuposições e não em fatos”? Seria verdade isso? Nas outras ciências os cientistas não fazem ajustes e nem criam novas desculpas? Os cientistas abandonam suas teorias sempre que elas sofrem algum revés experimental? Qualquer historiador da ciência honesto irá reconhecer que isso não acontece. O mesmo pode se dizer a respeito da Teoria de Copérnico.

Em 1510 Copérnico publicou seu livreto apresentando resumidamente suas ideias. Nesse livreto ele afirmava estar atrás de um modelo mais simples que o de Ptolomeu para explicar o movimento dos astros. Na primeira vez em que o modelo é apresentado, ele assume que os planetas giram em torno do Sol em órbitas circulares. Porém, ao detalhar seu modelo em seu segundo livro, percebe não ser possível encaixar as observações conhecidas em seu modelo inicial. O que ele fez? Abandonou a teoria? Não! Fez ajustes nas órbitas acrescentando epiciclos às mesmas. Esse ajuste foi tão difícil que seu modelo acabou por ficar, ironicamente, mais complicado do que o modelo de Ptolomeu (o qual pretendia simplificar). Veja o que Cohen (1988, p.67) diz a respeito disso:

“A afirmação de que o sistema copernicano foi uma grande simplificação da astronomia resulta de uma má interpretação. Esta afirmação é válida se considerarmos o sistema de Copérnico na sua forma rudimentar de um só círculo para cada planeta; no entanto, esta é apenas uma aproximação grosseira, como Copérnico bem sabia. Vimos que, para obter uma representação mais exacta dos movimentos planetários, recorreu a uma combinação de círculos sobre círculos, reminiscência das construções de Ptolomeu, embora com objetivos diferentes.” (Ibidem)

Além disso, para explicar porque não sentíamos o movimento da Terra, Copérnico, contrariando toda a Física conhecida em sua época e sem nenhuma prova experimental, afirmou os objetos sobre a Terra compartilhavam de seu movimento circular. Para explicar por que os astrônomos de sua época não observavam a paralaxe estelar, também sem nenhuma prova experimental, afirmou que as estrelas estavam muito mais longe do que se pensava. Algumas explicações eram até mesmo contraditórias. Ele afirmava que a Terra tinha o movimento de rotação por ser esférica e ao mesmo tempo afirmava que o Sol, também esférico, era estático.

Eu ainda poderia escrever um livro inteiro sobre os problemas do modelo planetário de Copérnico (e, acreditem, existem livros sobre isso), mas a falta de tempo não me permite isso. Também poderia pegar qualquer outra teoria mais moderna (como a mecânica de Newton, a Relatividade de Galileu ou a genética de Mendel) e sempre encontraria problemas semelhantes de contradição com os princípios “A”, “B”, “C”, “D” e “E”. Imaginem se Copérnico adotasse os critérios “A”, “B”, “C”, “D” e “E” para avaliar sua teoria? Provavelmente a teria abandonado logo de início atrasando por um período indefinido a Revolução Científica que suas ideias nos proporcionaram.

Qual a razão dessa aparente contradição entre o que se espera de uma teoria científica e as teorias científicas verdadeiras? Ela acontece porque, na verdade, fazer ciência é algo muito mais complexo do que pensamos e envolve uma série de fatores históricos, sociais, políticos, religiosos e metafísicos que não são considerados popularmente.

Retornando à TE e baseando-me na análise feita do modelo copernicano, considero profundamente injusta a campanha de desqualificação realizada por muitos cristãos contra a Teoria. O cristão, como qualquer outro, tem o direito de discordar da teoria, levantar problemas e propor alternativas a ela. Mas isto é diferente de desconsiderá-la como ciência. Se vamos dizer que a Evolução não é ciência de qualidade deveremos adotar os mesmos critérios para outras teorias científicas e, fazendo isso, o que nos restará?

Concluindo, procurei ao longo do texto apresentar uma das noções mais populares sobre a qualidade de teorias científicas, frequentemente utilizada, por autores cristãos, para desqualificar a Teoria da Evolução. Utilizei essa noção popular para avaliar a validade de outra teoria, já reconhecida como uma teoria de boa qualidade e que também foi rejeitada por pensadores cristãos em sua época: A Teoria Heliocêntrica de Copérnico. Por meio da comparação demonstrou-se que, se concordarmos os critérios “A”, “B”, “C”, “D” e “E” para avaliarmos se uma teoria é realmente boa, o corpo teórico copernicano seria sumariamente reprovado. Como a história da ciência demonstrou a qualidade do Sistema Copernicano, deduzimos que os critérios “A”, “B”, “C”, “D” e “E” são falsos e não servem para avaliar a qualidade de uma teoria científica.

considero profundamente injusta a campanha de desqualificação realizada por muitos cristãos contra a Teoria da Evolução. O cristão, como qualquer outro, tem o direito de discordar da teoria, levantar problemas e propor alternativas a ela. Mas isto é diferente de desconsiderá-la como ciência. Se vamos dizer que a Evolução não é ciência de qualidade deveremos adotar os mesmos critérios para outras teorias científicas e, fazendo isso, o que nos restará?

Finalmente, se esses critérios não são válidos para refutar a TE, resta a nós cristãos: ou a alternativa de assumirmos a nossa descrença na ciência (o que seria válido e coerente para muitos de nós) ou então, verificarmos as falhas em nossa argumentação e interpretação da bíblia procurando estabelecer um diálogo melhor com essa teoria. Vale a pena lembrar que isto já aconteceu no passado quando interpretávamos literalmente os textos bíblicos insinuantes da imobilidade da Terra e a aceitação do modelo científico não destruiu a nossa fé. Não devemos nos esquecer do exemplo de Galileu e o vexame imposto à Igreja que o condenou…

 

Obras Citadas
Cohen, I. B. (1988). O Nascimento de uma nova física. Lisboa: Gradiva.
Copérnico, N. (2003). Comentariolus: Pequeno comentário de Nicolau Copérnico a respeito de suas próprias hipóteses acerca dos movimentos celestes (2ª edição ed.). (R. d. Martins, Trad.) São Paulo: Livraria da Física.
Grudem, W. (1999). Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova.
Lopes, M. H. (2001). A retrogração dos planetas e suas expicações: os orbes dos planetas e seus movimentos, da Antiguidade a Copérnico. São Paulo: PUC/SP.
Matsumoto, F. M. (?). Racionalismo Crítico. Acesso em 25 de 11 de 2013, disponível em Página do Professor Dr. Flávio Matsumoto do Departamento de Química da UFPR: http://www.quimica.ufpr.br/fmatsumo/CQ155_RacionalismoCritico.pdf
Medeiros, A. (2002). A invisibilidade dos pressupostos e das limitações da teoria copernicana nos livros didáticos de Física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 29-52.