Posts tagged Saramago

30 de outubro de 2010

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“Segundo pesquisa da TNS Research com 601 pessoas – encomendada pela Nokia -, 56% dos entrevistados são totalmente a favor de baixar arquivos de música e vídeo pela internet. Ao mesmo tempo 50% dos pesquisados não consideram criminosa a troca online de arquivos, enquanto 73% afirmam questões financeiras para a prática. […] ‘As gerações que cresceram com as novas tecnologias foram pautadas pela crítica ao alto custo dos bens culturais, discutem acesso à cultura, mas nunca se esclareceu à custa de quem’, diz Ivana Crivelli, presidente da Associação Paulista da Propriedade Intelectual.”

Camila Fusco, Folha de S.Paulo – 30/10/2010

 

“Uma noite maldormida é suficiente para alterar todo o sistema de defesa do organismo. Isso é o que mostra uma pesquisa inédita, realizada na Universidade Federal de São Paulo.”

Gabriela Cupani, Folha de S.Paulo – 30/10/2010

 

“Minha literatura é metapolítica. Os personagens discutem política, mas o livro não carrega uma mensagem específica. Se quero escrever sobre isso, escrevo um artigo e mando ao governo. Escrevo o mesmo artigo há 50 anos, mandando o governo para o inferno, mas eles não me obedecem. Não foram para o inferno. Se quero escrever uma história, escrevo um livro. […] Eu apago mais do que escrevo. Faço mais de 15 versões de um livro. Vou apagando até a versão final. Escrevo tudo à mão e, no final, digito com dois dedos. Não uso o computador para nada.”

Amós Oz, escritor israelense, Folha de S.Paulo – 30/10/2010

 

“Éramos maduros o bastante para saber manter nosso próprio espaço. Mas podíamos dividir muito porque éramos ambos leitores vorazes, militantes cívicos e políticos, tínhamos um mesmo estilo de vida. […] Quem não teve acesso a Saramago diz que ele era uma pessoa difícil. Quem conviveu com ele sabe que era um homem afável e generoso. Tampouco era pessimista, era um intelectual que observava o mundo e via que nós estamos sendo conduzidos ao abismo.”

Pilar Del Río, jornalista espanhola, viúva do escritor José Saramago, Folha de S.Paulo – 30/10/2010

 

“A nossa política é sempre de duas faces: uma face externa, civilizada, respeitadora dos direitos, e uma face interna, cruel, sem eira nem beira.”

 Fábio Konder Comparato, Revista Caros Amigos – outubro de 2010

24 de setembro de 2010

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“De 18 a 29 de outubro, em Nagoya, no Japão, nova reunião da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) – que nasceu no Rio de Janeiro, em 1991 – discutirá caminhos para tentar reverter o atual quadro de perda da biodiversidade no mundo, que é, junto com as mudanças climáticas, a maior ‘ameaça à sobrevivência da espécie humana’, segundo o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan. Já estamos consumindo pelo menos mais de 30% de recursos naturais acima da capacidade de reposição do nosso planeta, diz o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. E isso contribui decisivamente para o desaparecimento progressivo das espécies em terra e no mar. […] O Brasil tem lugar destacado entre os detentores de biodiversidade – entre 15% e 20% do total mundial. São 103.870 espécies incluindo vegetais, fungos e algas; 9.101 espécies marinhas; e quase 2.600 espécies de peixes de água doce, das quais 800 ameaçadas de extinção (a bacia mais ameaçada é a do Paraná). O valor anual dessa biodiversidade brasileira é calculado em US$ 2 trilhões. […] ‘A exploração em excesso ameaça o mundo’, alerta o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. De fato, há estudos indicando ameaças à sobrevivência de 520 milhões de pessoas por causa do esgotamento próximo de estoques pesqueiros em 65% das águas marítimas. […]

É por essas coisas que passa o futuro humano. Por isso é bom prestar a atenção em Nagoya.”

Washington Novaes, Estado de S.Paulo – 24/09/2010

 

“José Saramago e Pilar se completavam em tudo. Quase todos os últimos romances dele foram dedicados a ela. Eles tinham uma história de amor muito bonita, muito tocante. Saramago não seria o mesmo sem ela”

Fernando Meirellescineasta e produtor de “José e Pilar”, Folha de S.Paulo – 24/09/2010

 

“Se eu aprendi alguma coisa na prisão, foi que dinheiro não é a coisa mais importante na vida… O tempo é!”

Michael Douglas, que interpreta Gordon Gekko no filme “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” Folha de S.Paulo – 24/09/2010

Romance, vida e a gente

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No dia 18 de Junho de 2010, aos 87 anos de idade, o escritor português e Prêmio Nobel, José Saramago faleceu. Admirado por muitos, e criticado por não poucos, ele provoca-nos interessantes reflexões.

Oito meses antes de sua morte ele concedeu uma entrevista ao jornalista José Rodrigues dos Santos. E agora foi publicada com o título “A Última Entrevista de José Saramago” (pela Usina das Letras).

Em dado momento José Saramago comenta a respeito do romance com as seguintes palavras: “O romance – de acordo com as transformações por que passou recentemente e continua a passar – deixou de ser um gênero para se transformar num espaço literário. Deixou de ser um gênero classificado e dando a ideia de que fica definido para todo o resto do tempo. Não: modificou-se, alterou-se, encontrou, por instinto ou fosse porque fosse, portas de entrada. No fundo, para lhe dar uma imagem, é como se o romance fosse o mar e recebesse água dos seus afluentes, e que esses afluentes fossem, como eu digo, a poesia, o drama, o ensaio, a filosofia, tudo isso. O romance tornou-se outra coisa”.

Nesse momento faço uma pausa. Mais do que pensar a respeito das classificações, se o romance está em vias de extinção ou se e como tem se modificado, penso na vida como romance. Não necessariamente sobre uma vida romântica, tema que também atrai minhas fantasias e carências. Mas, sou levada a pensar na vida com seus afluentes, suas influências, suas portas e trancas, acolhidas e rejeições, filosofias e teorias, os dramas, poesias e ensaios que fazemos, achamos ou criamos em nossas próprias vidas.

Olho para trás e considero as minhas transformações pessoais, mas também as transformações da humanidade. Embora pouco saiba diante da vastidão das mudanças recentes e o turbilhão veloz de tantos acontecimentos a que somos expostos diariamente, o que torna bastante pretensiosa tais considerações, ainda assim, ouso pensar sobre o que tem se passado. Também procuro olhar para frente, onde nada está tão claro, contudo, os sinais e alguns apontamentos assustam.

Qual a imagem atual que o ser humano faz de si? Temos nos tornado outra coisa? É, talvez o mais assustador, é que o ser humano provavelmente esteja cada vez mais para coisa do que para gente. É o que queremos? Estamos conscientes? O que temos escolhido, permitido? Adaptamo-nos para sobreviver ou ignoramos o que deveríamos ser?

As velhas e permanentes questões aí estão. Nascemos de onde, para quê? Há identidade original? Um propósito inicial?

Saramago se foi. Nós estamos indo. Para onde mesmo?

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