Posts tagged religião

12ª semana de 2013

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“A Teologia da Libertação, mesmo combalida, convive bem com a imagem de uma Igreja moderna, aberta às demandas de um mundo em agonia e em transformação crescente. É difícil dizer que a Teologia da Libertação tenha acabado definitivamente, porque ela está impregnada de uma das faces mais essenciais do cristianismo: a ideia de um Deus ético, crítico dos abusos do poder e sensível à infelicidade dos aflitos do mundo.”

Luiz Felipe Pondé, “Revista Época” – 18/03/2013

 

“Vaidade, ansiedade e indisciplina se manifestam em muitos jovens. É preciso ficar atento, porque isso pode prejudicar o início de uma carreira.”

Wolf Maya, “Revista Época” – 18/03/2013

 

“Um novo modelo de combate à desigualdade só pode passar pela construção de algo próximo àquilo que um dia se chamou de Estado do Bem-Estar Social, ou seja, um Estado capaz de garantir serviços de educação e saúde gratuitos, universais e de alta qualidade. Nada disso está na pauta das discussões atuais. Qual partido apresentou, por exemplo, um programa crível à sociedade no qual explica como em, digamos, dez anos não precisaremos mais pagar pela educação privada para nossos filhos? Na verdade, ninguém apresentou porque a ideia exigiria uma proposta de refinanciamento do Estado pelo aumento na tributação daqueles que ganham nababescamente e contribuem pouco. Algo que no Brasil equivale a uma verdadeira revolução armada.”

Vladimir Safatle, “Revista Carta Capital” – 20/03/2013

 

“O modelo socrático-platônico – no qual um professor emocionalmente envolvido com seus alunos é capaz de transmitir seus conhecimentos de maneira organizada e estimulante, exigindo ao mesmo tempo esforço contínuo de seus alunos – parece ter descoberto intuitivamente o que a ciência de dois milênios depois referendaria sobre o funcionamento de nosso cérebro.”

Gustavo Ioschpe, Revista Veja – 20/03/2013

 

“Os pais nunca nos dão tudo (nem quando são loucos a ponto de querer nos fartar). Mesmo assim, durante um tempo absurdamente longo, o que temos e esperamos vem só deles. Na adolescência, começamos a desejar coisas que eles não conseguiriam nos dar nem se quisessem nos ver eternamente satisfeitos. No entanto, como eles sempre foram responsáveis por nossas satisfações, agora eles nos parecem ser responsáveis por nossas frustrações.”

Contardo Calligaris, “Folha de S.Paulo” – 21/03/2013

 

“Nossas vidas são atravessadas e marcadas pro músicas, por canções que nos devolvem momentos felizes ou não. Recuperei algumas, mas a cada dia acumulo outras.”

Ignácio de Loyola Brandão, “O Estado de S.Paulo” – 22/03/2013

 

“Ficar preso em uma cultura única, abster-se de ver o outro, de tentar entender o diferente, negando o valor do semelhante que não é tão semelhante assim, empobrece, emburrece, diminui.”

Eugenio Mussak, “Revista Vida Simples” – março de 2013

 

“Não só as jovens, mas todos se sentem frustrados, porque apenas uma minoria corresponde ao padrão de beleza divulgado pela mídia.  […] As pessoas se sentem frustradas, incompletas, inseguras e acham que a cirurgia plástica é a solução para seus problemas.”

Viviane Namur Campagna, “Revista Psique&Vida” – março de 2013

11ª semana de 2013

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“As questões femininas contemporâneas devem ser consideradas nessa perspectiva global, apesar das singularidades de determinados países. A experiência mais impactante que tive trabalhando na questão da violência contra a mulher foi numa viagem ao Congo oriental, em 2008, após a assinatura do acordo de paz. Lá encontrei muitos movimentos, conversei com mulheres que passaram por abusos horríveis, em lugares onde o estupro é usado como estratégia de guerra. Primeiro, pensei: elas não vão querer falar sobre algo tão terrível. Mas, para minha surpresa, elas queriam falar, sim. Queriam contar suas histórias e compartilhar como estavam tentando reconstruir suas vidas. Outra singularidade encontramos no sul e no leste da África, onde há países com altos índices de aids entre mulheres, especialmente entre mulheres jovens. Ali há uma forte relação entre o HIV e a violência íntima, em relações abusivas por namorados e maridos. Esses países enfrentam uma epidemia dupla: o HIV e a violência contra a mulher.”

Francoise Girard, “O Estado de S.Paulo” – 10/03/2013

 

“O que aconteceu com as mulheres nestas décadas foi saírem do jugo do pai, irmãos, sentir e agir como pessoas. Podem estudar, morar sozinhas, casar com quem quiserem ou não casar, ter filho ou não, dirigir empresas ou ônibus, pilotar aviões, fazer doutorados, brilhar nas ciências ou finanças, enfim: somos gente. Há muito que fazer, um longo caminho a percorrer. Altas executivas ainda são olhadas com desconfiança e às vezes lidam com condições desfavoráveis, culpas atávicas, falta de estruturada da sociedade para aliar profissão a vida pessoal, sobretudo a maternidade. Ainda há quem ganhe menos que homem na mesma função. Ainda há quem tenha de ‘caprichar dobrado’. Mas as coisas vão se resolvendo na medida em que nos fazemos respeitar.”

Lya Luft, “Revista Veja” – 13/03/2013

 

“A renúncia, como foi colocada pelo papa, é de uma transparência indiscutível. Sobretudo sabendo que ele nunca teve medo de dizer o que pensa, mesmo em frente a públicos que lhe eram hostis. Seu mérito maior não está em sua inteligência, mas em sua coragem de sustentar a fé católica numa cultura do ‘politicamente correto’, ou seja, do ‘carneirismo cultural’. Se sua inteligência teve importância, foi unicamente em função disso.”

Leonardo Boff, “Revista Cult” – março de 2013

 

“Quando finalmente viveremos num mundo em que as diferenças poderão desfilar livremente a exuberância de suas potencialidades e as fragilidades de suas deficiências?”

Evaldo Mocarzel, “Revista Bravo” março de 2013

 

“A ‘obrigação’ contemporânea de ser livre e feliz, que leva os que não se sentem assim a carregarem o peso de estarem ‘errados’. Se compramos a ideia tola de que o gozo está disponível a todos a todo o momento, ele passa a ser imperativo. E é isso que nos vendem a todo momento as propagandas veiculadas pelos meios de comunicação. A experiência de estar triste assemelha, segundo essa lógica, a uma falha moral que deveria ser corrigida. É fácil percebermos o quanto uma pessoa deprimida, para além daquilo que a deprime, sente-se culpada por seu estado. Além de triste, ela se vê como fraca e fracassada, incapaz de obter a felicidade como bem de consumo alegadamente acessível a todos.”

Pedro Ribeiro De Santi, “Revista Mente/Cérebro” – março de 2013

10ª semana de 2013

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“Será que os pais estão atentos às mudanças de comportamento dos filhos? […] Por que demora tanto para cair a ficha dos pais? Perceber logo que algo vai mal pode ser determinante no sucesso de uma eventual intervenção. […] Por mais tolerantes que os pais sejam, mudanças bruscas merecem atenção e cuidado.”

Jairo Bouer, “Revista Época” – 04/03/2013

 

“Não quero entrar nos 50 anos na zona de conforto. Quero interagir com gente que tenha algo a dizer e me leve a testar meus limites. […] Como pessoa, como ator, chega o momento em que você se olha no espelho, como eu, agora. O que vai ser de mim, se não tiver coragem de mudar? […] Essa coisa de maturidade é muito relativa, esquisita mesmo. Tem gente que pode chegar aos 80 imatura, mas tive e continuo tendo encontros importantes em minha vida, gente que tem estimulado minha reflexão. […] O preconceito é uma coisa que empobrece.”

Nicolas Cage, “O Estado de S.Paulo” – 05/03/2013

 

“No fundo, a Igreja tem apenas um desafio no que se refere a ela mesmo: garantir que sua mensagem volte a chegar à sociedade. O mundo mudou, a sociedade mudou e há uma constatação de que a Igreja vem perdendo fiéis. Essencialmente, o próximo papa terá a missão de restabelecer essa comunicação que, em algumas partes do mundo, foi perdida ou está enfraquecida.”

Thomas Reese, “O Estado de S.Paulo” – 06/03/2013

 

“Liberdade não se negocia e cada um sabe de si. Não é religião que vai organizar o movimento, porque não organiza. E se a gente começar a fuçar vai ver que é tudo meio hipócrita, né? É uma falsa moral que querem impor.”

Ney Matogrosso, “O Estado de S.Paulo” – 07/03/2013

 

“O uso de drogas ilícitas no mundo vem crescendo, apesar dos esforços mundiais de controle. O aumento do consumo das drogas sintéticas é considerado pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (Unodc) como “o inimigo público número um”. Ao contrário das drogas tradicionais, feitas com base em plantas, as drogas sintéticas são produzidas a partir de produtos químicos facilmente obtidos em laboratórios improvisados. O combate é, por isso, muito mais difícil. O consumo das drogas sintéticas hoje é uma questão de moda. Assim como vimos, nos 1960, o crescimento do uso de LSD e heroína ligado ao movimento hippie, nos dias atuais há a cultura da música tecno, que incentiva o uso de drogas como o ecstasy. Essa situação preocupa, porque vai mudar o paradigma do combate às drogas. E a prevenção vai ganhar uma importância muito maior do que a repressão. Nesta década, o maior problema que nós vamos vivenciar é a droga sintética. Principalmente o ecstasy.[…] O ecstasy desencadeia transtornos psiquiátricos como síndrome do pânico e depressão, que costumam vir acompanhados de taquicardia e aumento da temperatura do corpo. E tem sido a causa de inúmeras mortes. “O grande problema do ecstasy é o dano cerebral que a droga produz, principalmente nos neurônios responsáveis pelo prazer”, adverte o professor Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).”

Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

 

“Nos últimos anos, o mercado de trabalho no Brasil evoluiu para uma situação próxima do pleno emprego, ao mesmo tempo em que o rendimento dos ocupados deu um salto. Mas uma desigualdade a economia brasileira ainda não conseguiu derrubar: a disparidade de salários entre trabalhadores do sexo masculino e feminino. Homens chegam a ganhar, na média, até 66% mais que mulheres com o mesmo grau de escolaridade – no caso, superior completo.”

Marcelo Rehder, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

 

“Começa pela consciência de que quanto mais longe da política o cidadão estiver, quanto mais rejeição ele manifestar por esse ambiente, acreditando que a exibição de repúdio o exime de responsabilidades, pior ficará. Se as pessoas ficarem no conforto do nojinho inconsequente e sem compromisso com coisa alguma a não ser com a conversa que se joga fora, vale pouco ou quase nada gritar que o pastor apontado como homofóbico não pode presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. […] O jeito que se pode dar é antes. Votando bem? Fundamental, mas não suficiente. O interesse pelo que se passa no País é o primeiro passo. O hábito de usar de discernimento para avaliar o que se vê e ouve é outro. Informar-se, essencial. Chamar o parente, o amigo, o colega de trabalho a perceber que da junção de forças individuais é que se movimenta o coletivo, providencial. Compreender o básico sobre a importância e o funcionamento das instituições, indispensável.”

Dora Kramer, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

 

“A Rede Fale – que representa 39 grupos religiosos – lança empreitada contra a nomeação: abaixo-assinado e carta aberta na internet, além de pedido de audiência pública. ‘Ele não representa e não fala em nome de todos os evangélicos. Não pode usar isso como carta na manga’, disse à coluna Caio César Marçal, representante da organização. ‘Está luta terá outros rounds’.”

Sonia Racy, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

 

“Não custa citar mais uma vez os números que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) tem reiterado: os países industrializados, com menos de 20% da população mundial, consomem quase 80% dos recursos totais; as três pessoas mais ricas do mundo, juntas, têm tanto quanto o produto interno bruto (PIB) conjunto dos 48 países mais pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas; as 257 pessoas mais ricas, com mais de US$ 1 bilhão cada, juntas têm mais que a renda anual de 40% da humanidade. E os 500 milhões de pessoas mais ricas (7,14% da população total) emitem 50% dos poluentes que causam mudanças climáticas. Um indiano consome 4 toneladas anuais de materiais, um canadense, 25 toneladas. Se se quiser chegar mais perto, o padrão médio de consumo de recursos dos paulistanos está 2,5 vezes acima da média global. E assim vamos, aumentando as emissões de poluentes, elevando a temperatura do planeta, gerando cada vez mais “desastres naturais”. Como se vai fazer, se mesmo com tantos programas em toda parte não conseguimos reverter as tendências globais – ao contrário, enfrentamos cada vez mais dificuldades, com as crises econômico-financeiras na Europa e suas repercussões no mundo? “Nosso modelo econômico e social está esgotado”, tem repetido o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. […] Com as crianças à espera de respostas sobre um futuro inquietante. E quanto mais demorarem as respostas, mais difícil será.”

Washigton Novaes, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

09ª semana de 2013

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“Cibercrime é um braço em expansão do crime organizado e precisa ser combatido para garantir a qualidade de vida on-line.”

Luli Radfahrer, “Folha de S.Paulo” – 25/02/2013

 

“Parece que as coisas não são verdadeiramente importantes até que se percam. Uma vez perdidas, passam a ser recordadas, mitificadas, idealizadas. Ou o contrário, odiadas. Enfim, quando algo se perde, começa a ser possível. Isso é tortuoso, complicado, obscuro. É difícil se relacionar com as coisas perdidas. Mais complicado ainda estabelecer uma relação justa com elas. Que não seja nem de nostalgia e nem de ódio. Tentei ver se era possível ter uma outra relação com o passado – que não fosse de idealização nem de rancor. E veja: uma relação justa não é, necessariamente, equilibrada. Pode ser passional, descontrolada. Podemos ter conexões fortes com o passado, mas não de escravidão.”

Alan Pauls, “O Estado de S.Paulo” – 25/02/2013

 

“Os reclames da igreja no nosso tempo exigem resposta às lições dramáticas do terrorismo, à coexistência das diferenças, à humildade da conversão e à afirmação não-retórica do comunitarismo. A renúncia serve para superar as rotinas da continuidade da igreja-instituição e implementar uma nova face, de igreja-serviço, próxima aos fiéis.”

Candido Mendes, “Folha de S.Paulo” – 26/02/2013

 

“Pretenciosa e inútil ingenuidade? Não, se consideramos a alternativa: não fazer nada, deixar como está, evitar abrir esse canal de participação política novo para os que anseiam por algo diferente. […] Partido: concentração. Rede: dispersão. Nossos instrumentos para virar pelo avesso o avesso que vivemos.”

Alfredo Sirkis, “Folha de S.Paulo” – 27/02/2013

 

“Estou ciente dessa preferência, mas receio que ela não tenha o fundamento alegado. Ao contrário do que dizem alguns militantes, simplesmente não é verdade que “-ismo” seja um sufixo que denota patologia. […] Compreendo que os gays procurem levantar bandeiras, inclusive linguísticas, para mobilizar as pessoas. Em nome da cortesia pública, eu me disporia a adotar a forma “homossexualidade”, desde que ela fosse defendida como uma simples predileção. Mas, enquanto tentarem justificar essa opção com base em delírios etimológicos, sinto-me no dever de continuar usando a variante em “-ismo”. Alguém, afinal, precisa zelar para que preconceitos não invadam e conspurquem o universo de sufixos, prefixos e infixos. A batalha pode ser inglória, mas a causa é justa.”

Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 27/02/2013

 

“A França é um estado laico e, portanto, o único casamento válido perante a lei é o civil. Mas existem mulheres que vivem com outras mulheres e homens que vivem com outros homens, e alguns até adotam crianças e formam uma família. Mas, se um deles morre, o outro não tem direito a nada. É como se o estado estivesse punindo essas pessoas por fazerem aquilo que é condenado pela religião. Logo, não posso concordar com isso.”

Karl Lagerfeld, “Revista Veja”, 27/02/2013

 

“O poeta libanês Khalil Gibran, em um de seus melhores momentos, escreveu: ‘Teus filhos não são teus filhos. São filhos e filhas da vida. Não vieram para ti, vieram através de ti…’ Vieram através de ti… através. De acordo com o poeta, cada pai e mãe compõe a travessia do filho para a aventura do viver.”

Eugenio Mussak, “Revista Vida Simples” – fevereiro de 2013

 

“Só a indignação evita a depressão, impede que se pegue a chapéu e se deixar de sonhar.”

Miguel Reale Júnior, “O Estado de S.Paulo” – 02/03/2013

 

“A transmissão de bens materiais e valores imateriais entre a geração mais velha e a mais nova não acontece automaticamente e pode sofrer entraves. Para que a herança chegue a bom termo, é necessário que os mais velhos, imbuídos da consciência da finitude, cedam o centro do palco para os mais novos. Não é uma decisão fácil e alguns não conseguem concretizá-la. Outros, tomados pela ambivalência, o fazem pela metade ou de forma inadequada, criando inúmeras complicações.”

Sérgio Telles, “O Estado de S.Paulo” – 02/03/2013

“Encontrei uma mulher que amo, e as crianças expandiram meu mundo para muito além do que imaginava. Isso é muito gratificante, ainda que eu não consiga mais dormir. Ser pai de uma grande família amorosa é o ponto alto da minha vida.”

Brad Pitt, “Revista Alfa” – fevereiro de 2013

08ª semana de 2013

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“Segundo o Conselho de Medicina Veterinária de São Paulo, o Estado já conta com 50 creches para cachorro. Elas recebem animais cujos donos passam boa parte do dia fora de casa e lhes oferecem recreação, que pode incluir atividades como natação e musicoterapia. Os cães levam até suas lancheirinhas, o que dá uma nova dimensão ao termo antropomorfização, a tendência de atribuir características humanas ao que não o é.”

Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“A sensação de que tudo pode dar errado é mais presente quando se dirige um filme. Atuando, você se preocupa com a realização do seu trabalho. E é apenas isso. Dirigindo, é preciso descobrir o que fazer quando o clima atrapalha um dia de filmagem. Você fica comprometido com aquele projeto o dia inteiro.”

Dustin Hoffman, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“Já há um elenco diversificado de explicações para a renúncia de Bento XVI ao trono de São Pedro. A melhor foi a dada por ele mesmo: ‘Para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor esse que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado’. O papa não fez nenhuma referência mais explícita ao mar proceloso em que se move a barca e, sobretudo, referência a quem agita as águas que perturbam os rumos da nau sagrada. Manteve in pectore os fatores institucionais de seu gesto. Foi desprendido ao tomar sobre os próprios ombros o peso imenso dos fatores da renúncia como debilidade pessoal. […] No quadro dos paradoxos de Bento VXI, uma decisão republicana numa estrutura monárquica, mais um indício de um papa moderno até na ação inovadora em nome dos valores da tradição conservadora.”

José de Souza Martins, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“São momentos de grave introspecção em que o Homem faz um inventário de si mesmo – seus sonhos, suas desilusões, suas possibilidades – e se faz perguntas. Valeu a pena? Devo continuar? Aproveito o promontório e me atiro? Quem sou eu, e por que estou aqui falando sozinho?

Luis Fernando Verissimo, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“A sociedade caminha mais rapidamente que a Igreja. Não acho que haja uma queda na fé. Os homens querem simplesmente uma igreja que os acolha. E não é assim Cristo, que abriu os braços para acolher a humanidade? […] Sou católico. Sempre me emociono com a mensagem de amor e acolhimento de Jesus Cristo. Mas faz falta um novo São Francisco de Assis, capaz de abandonar as estruturas rígidas do clero para se aproximar profundamente das dores do homem comum.”

Walcyr Carrasco, “Revista Época”, 18/02/13

 

“A cada minuto, são milhares de estímulos disputando atenção: dezenas de e-mails, comentários no Facebook, fotos legais no Instagram. […] O telefone sempre toca no exato momento em que a gente está, finalmente, se concentrando. […] Estamos perdidos em um mar de informações e estímulos, e muitas vezes acabamos dispersando nossa energia em coisa pouco importantes. […] De certa maneira, fomos programados para isso: parte do nosso cérebro prefere a gratificação imediata, que é o que os comentários na internet fornecem, por exemplo – a cada ‘curtir’, uma descarga de dopamina, hormônio ligado ao prazer, inunda nosso sistema nervoso. […] É possível vencer a batalha contra as distrações e aprender a focar. Para isso, são necessárias, basicamente, duas coisas: 1) definir o que é essencial; 2) eliminar todo o resto.”

Jeanne Callegari, “Revista Vida Simples” – fevereiro de 2013

 

“Na leitura de um adulto para uma criança é preciso haver cumplicidade. Se você não gostar da história lida, não adianta nada. As pessoas generosas são capazes de fazer uma espécie de regressão: permitem que o bebê que foram um dia no passado fale com o outro que está ali diante delas. Isso torna o contato mais profundo entre eles. […] O livro é um objeto que necessita do contato com o ser humano para se transformar em um objeto de cultura. Ao mesmo tempo, uma das funções da leitura na primeira infância é permitir que o bebê ultrapasse o sujeito físico e alcance o cultural.”

Evelio Cabrejo Parra, “Revista Nova Escola”, fevereiro de 2013

 

“O número de jovens que viraram chefes de si mesmos cresceu. De 2006 a 2012 houve um aumento mensal médio de 7,2% ao ano no número de startups, segundo uma pesquisa da rede de consultoria e auditoria UHY, com salto de 467 mil para 617 mil novos negócios.”

“Revista Época Negócios” – fevereiro de 2013

03ª semana de 2013

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“O mundo das redes sociais, ao mostrar os melhores momentos de cada um de seus bilhões de integrantes, bombardeia-os com um ambiente superlativo, em que a cada instante surgem vídeos em que pessoas e bichos aparentemente comuns realizam feitos inacreditáveis. O extraordinário se banalizou. Quando se vive cercado por extremos, é cada vez mais difícil determinar os limites do que é possível, desejável ou conveniente. O cotidiano, banalizado pela onipresença do extraordinário, fica ainda mais monótono. Quem cresce rodeado pelo que há de melhor perde a paciência para se surpreender e pode ficar mimado, impotente ou deprimido. Na tentativa de gerar estímulos, vários multiplicam suas atividades e pulverizam sua atenção, sem levar em conta que a hiperatividade é inimiga da concentração. Nesse processo, gasta-se muita energia e realiza-se pouco, em um círculo vicioso que só aumenta a frustração.”
Luli Radfahrer, “Folha de S.Paulo” – 14/01/2013

“Somos uma cultura de frouxos viciados em conforto, que se lambem o tempo todo e culpam os outros por tudo.”
Luiz Felipe Pondé, “Folha de S.Paulo” – 14/01/2013

“As pessoas gostam de exibir a felicidade como um troféu. Demonstrar tristeza tornou-se uma espécie de derrota. O melhor exemplo é o comportamento diante de quem sofreu uma perda. Se está em lágrimas, costuma-se dizer:
– Não chore, vai passar…
A outra pessoa fica constrangida, como se viver a dor fosse defeito.
Minha atitude é oposta. […]
Compartilhar os problemas alheios às vezes não é fácil. Mas isso não faz parte da amizade? Não dá uma dimensão mais profunda ao relacionamento humano? Ser feliz é cada vez mais uma imposição. Só falta alguém botar um letreiro dizendo: “Estou muito bem!”. Com ponto de exclamação, para simular entusiasmo.

“O Itamaraty faz gol contra ao conceder passaporte diplomático para os criadores e líderes de uma tal Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdomiro e Franciléia de Oliveira. Qual o sentido? Na era Lula, o Planalto definia os passaportes para o Itamaraty assinar. Com Dilma não é assim e ela não deve ter nada a ver com o mimo para Valdomiro, que anda na mira do Ministério Público por enriquecimento, digamos, mal explicado.”
Eliane Cantanhêde, “Folha de S.Paulo” – 15/01/2013

“No hoje remoto século 15, quando os tipos móveis de Gutenberg favoreceram (porque baratearam) uma difusão mais ampla do impresso, algumas universidades franziram o nariz: afinal, se os alunos todos tiverem livros, o que nós, professores, vamos fazer nas classes? Mas o surto de mau humor do corpo docente logo se dissipou e, hoje, livros e universidade são parceiros fiéis.”
Marisa Lajolo, “Folha de S.Paulo” – 15/01/2013

“A função das escolas é fazer com que cada um saia da sua zona de conforto e se aventure num mundo desconhecido, vivendo experiências pessoais, sociais e culturais que de outro modo não viveria.”
Ariana Cosme, “Folha de S.Paulo” – 15/01/2013

“Hoje, neste tempo digital e veloz, ou temos o derrame de besteiras nas redes sociais ou porcarias de autoajuda nas listas de best-sellers.”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 15/01/2013

“Se soubesse como seria minha vida quando tinha 20 e poucos anos não teria vivido, diz-me um velho companheiro das trincheiras magras. Viver é muito perigoso, afirmava Guimarães Rosa. É a inocência do não saber que permite viver a vida, digo eu. A negação faz parte da vida humana. Um leão não dorme se pressente uma ameaça, mas um homem dorme feliz mesmo sabendo que cada noite bem dormida o aproxima da morte. A consciência foca em alguma coisa com intensidade e, com a mesma força, reduz tudo o mais a um resíduo a ser esquecido. O foco tem como contrapartida a alienação.”
Roberto DaMatta, “O Estado de S.Paulo” – 16/01/2013

“A comissária de bordo Nadia Eweida conquistou na Justiça o direito de usar um pingente de crucifixo durante o trabalho em uma companhia aérea britânica. A empresa havia proibido o uso de qualquer símbolo religioso por seus funcionários em voos.”
“O Estado de S.Paulo” – 16/01/2013

“A fórmula para identificar talentos é a seguinte: ter a coragem de apostar em ideias. Muitos executivos acham perigoso arriscar. Perigoso é não arriscar. Eliminar a criatividade e a inovação levas as empresas ao declínio e, por consequência, prejudica toda a sociedade.”
Nolan Bushnell, “Revista Veja” – 16/01/2013

“É fato que, depois dos inegáveis resultados econômicos da última década, o Brasil entrou em uma fase cultural de acentuado otimismo, provavelmente excessivo, à prova dos fatos. O crescimento econômico deu-se, é certo, e com algumas redistribuição de renda, melhorando condições de vida, estatísticas e imagem internacional. Mas a inclusão dos pobres limitou-se a pouco mais do que acesso a consumos básicos. Educação, saúde, meio ambiente e participação social são os grandes excluídos do modelo brasileiro, baseado fundamentalmente no crescimento quantitativo. A superação dos atrasos qualitativos do sistema-país frustra as expectativas por sua lentidão e incipiência. E as desgraças não faltam: gente demais morre pela disputa de poucos reais, por enchentes ou balas perdidas. Mais: estatísticas aterrorizantes indicam que o número anual de assassinatos no Brasil é superior aos mortos em todas as guerras no mundo. Problema mais grave ainda, a política está em crise profunda: ética, identitária e organizativa, sem capacidade de dar respostas convincentes aos problemas que se acumulam no horizonte.”
Claudio Bernabucci, “Revista Carta Capital” – 16/01/2013

“Somos cada vez mais considerados como ‘doentes’ (e convidados a procurar tratamento) por uma psicologia e uma psiquiatria que não param de definir nossa ‘normalidade’ – com as melhores intenções.”
Contardo Calligaris, “Folha de S.Paulo” – 17/01/2013

“Quando pesquisava para seu livro ‘O Poder do Hábito’, o escritor americano Charles Durhigg deparou com uma prática a princípio inexplicável das empresas de cartões de crédito dos Estados Unidos. Sempre que descobrem, comparando dados pessoais, prática permitida no mercado americano, que um de seus clientes se divorciou, as empresas cortam seu limite de crédito. A redução é ainda mais radical caso o cliente seja do sexo masculino, diminuindo o limite pela metade. A explicação: analisando o histórico de crédito de recém-separados, matemáticos a serviço dessas empresas cruzaram os dados e notaram que não muito tempo depois de mudar seu status de relacionamento para ‘solteiro’ no Facebook os homens, principalmente, começam a ter problemas para pagar suas dívidas. À primeira vista, pode parecer um exagero – além de uma intromissão indevida na vida dos clientes -, mas um estudo recente conduzido pelos departamentos de psicologia das Universidades de Harvard e Columbia, nos Estados Unidos, mostrou que há uma lógica emocional por trás dessa situação: estar triste pode ter um custo financeiro. ‘Uma pessoa triste não é necessariamente uma pessoa sábia quando se tratam das escolhas financeiras’, afirma Ye Li, professor da Universidade Riverside, na Califórnia, que participou do estudo como pós-doutorando do Centro de Ciências da Decisão de Columbia. ‘Descobrimos que as pessoas tristes são mais impacientes e frequentemente irracionais’.”
Alexandre Rodrigues, “Valor” – 18/01/2013

“Nossa vida cotidiana tornou-se quase inteiramente regida por princípios utilitários, pragmáticos, instrumentais, lamenta o poeta e filósofo carioca Antonio Cicero, de 67 anos. ‘Sempre foi assim, porém hoje as novas tecnologias eletrônicas potencializaram essa subordinação da vida ao princípio do desempenho.’ Ele reconhece que elas mudaram a vida de todos nós, que houve um avanço e uma transformação. Mas isso será apenas bom? ‘Ao invés de economizarem nosso tempo, as novas tecnologias o consomem.’ A tecnologia do século XXI devora o tempo. Devora o próprio século XXI. Resta-nos pouco tempo para meditar e contemplar. Para viver.”
José Castello, “Valor” – 18/01/2013

“A obesidade é a nova epidemia. É uma condição cara de tratar, está associada com muitas doenças. E tem efeitos ruins sobre as pessoas que sofrem dela, porque não podem trabalhar tanto etc. Nos países emergentes, sobretudo na China, é onde está crescendo mais rapidamente a obesidade. Quando o nível de vida sobe e as pessoas têm mais dinheiro para gastar, a primeira coisa que fazem é mudar sua dieta. Cada vez mais, comem coisas processadas ou ricas em gordura.”
Mauro Guillén, “Folha de S.Paulo” – 19/01/2013

“A eterna vacilação do sujeito diante de si: ‘Diga-me quem sou?’ é uma pergunta que a gente endereça frequentemente ao outro. Esse desconhecimento de si, que gera o sentimento de incompletude e consequentemente também o desejo de reencontrar uma completude imaginariamente perdida, impele às buscas amorosas como tentativa de preenchimento do vazio constitutivo do ser.”
Silvia Raimundi Ferreira, “Le Monde Diplomatique” – janeiro de 2013

02ª semana de 2013

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“Falo somente de mim, para quem Deus está morto; apenas faço ruminações, pensamentos obsessivos sobre a necessidade de consolação que tenho em mim, em minhas inervações, assim como o garoto da bicicleta, meu ‘alter ego’. O que eu posso esperar é que esses pensamentos que me deixam obcecados sejam o sintoma de alguma coisa que ultrapassa a minha pessoa e movimente o pensamento dos outros. Nosso nascimento é indissociável de um pânico do que está de fora [do útero], um medo de morrer. Esse medo é abrandado quando entramos em contato com o amor infinito de um outro – uma mãe, um pai, biológico ou não – capaz de nos fazer sair de uma bolha imaginária e passar a amar o que está de fora. Necessitamos da existência de um ‘Deus’ que nos dê um amor mais forte que a morte, uma segurança absoluta. Tento pensar em como podemos conviver com essa necessidade, mas sem Deus – vivendo só com nosso elo com o outro humano que nos ama infinitamente e nos fez amar a vida.”
Luc Dardenne, “Folha de S.Paulo” – 06/01/2013

“Nós recebemos todos os sinais de que algo não está bem e, mesmo assim, continuamos porque tem mais uma novela para fazer, mais um programa para gravar, ou mais uma viagem imperdível. E a maioria das pessoas age dessa forma. Eu teria que ter retirado a vesícula há oito anos. Teria evitado tudo o que acontece comigo.”
Betty Lago, “O Estado de S.Paulo” – 06/01/2013

“Acho que o sucesso veio de encher minha caixinha de ferramentas com conhecimento vários, e não só buscar reconhecimento vertical.”
Fabio Abreu, 38, CEO Lider Telecom, “O Estado de S.Paulo” – 06/01/2013

“O novo, autenticamente novo, não é uma criação a partir de nada, mas, sim, uma manifestação inusitada que surge do trabalho do artista, do processo expressivo em que está mergulhado. Esse processo não tem a lógica comum ao trabalho habitual, já que o trabalho criador é, essencialmente, a busca do espanto. Falo das artes plásticas, uma vez que, na poesia, se dá o contrário, o espanto está no começo: é o novo inesperado que faz nascer o poema.”
Ferreira Gullar, “Folha de S.Paulo” – 06/01/2013

“Um site que oferece ‘desbatizar’ católicos que discordam de dogmas da Igreja está fazendo sucesso na Holanda. Recentes declarações do papa Bento XVI contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo garantiam à página número recorde de acessos.”
“O Estado de S.Paulo” – 07/01/2013

“Na recente Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), o presidente do Uruguai, José Mujica, [em seu pronunciamento colou que] a causa protagônica do cenário ecológico/ambiental sombrio que preocupa o mundo é o modelo de civilização que vivemos. Disse o que provavelmente a maioria dos presentes partilhava como ideário abstrato, sem observá-lo no cotidiano concreto porque satisfeita com a vida pautada na cultura consumista: vivemos um modelo de civilização marcado pelo hiperconsumo. […] Caracterizado pelo ‘use e jogue fora’, esse modelo nos obriga a trabalhar mais para consumir mais, a fazer coisas que não durem e a comprar sempre mais porque, se o consumo não cresce, paralisa a economia. […] E fechou essa cadeia de raciocínio com uma frase de efeito, coerente com sua vida pessoal modesta, de arguto significado emblemático: ‘Pobre não é quem tem pouco, mas sim quem deseja muito, sempre mais e mais’. Sintoma simbólico da esquizofrenia insinuada no pronunciamento: o Natal perdeu sua conotação de festa religiosa, passou a ser uma apoteose comercial; em vez da igreja, o shopping… Por vezes a compulsão ao ‘compre mais’ chega ao desatino.”
Mario Cesar Flores, “O Estado de S.Paulo” – 07/01/2013

“ ‘A ansiedade tem levado as pessoas a quererem se libertar, mas elas não conseguem’, diz Larry Rosen, autor de iDisorder (sem edição brasileira) e professor de psicologia na Unviersidade Estadual da Califórnia. ‘Alguns sabem que estão totalmente envolvidos, mas se abandonarem, mesmo que seja por uma hora, temem perder alguma coisa. […] Não é um vício, é uma obsessão. Vício é quando você faz alguma coisa para ter prazer, como fumar um cigarro ou jogar um jogo. Não estamos no Facebook por prazer. Estamos ali para reduzir nossa ansiedade. Se alguma coisa boa ocorrer ali, então há um prazer repentino.”
Katherine Boyle, “Washington Post/O Estado de S.Paulo” – 07/01/2013

“É um erro comum pensar que o inconsciente freudiano é inalcançável por conta da repressão. Não é. O tamanho de informação inconsciente que carregamos é infinitamente maior do que o reprimido, apesar de um contaminar o outro. Mas está inconsciente por quê? Pela mesma razão que as fundações do prédio onde você mora nunca mais serão vistas: elas são básicas, mas são passado enterrado. Tanto quanto nossa incapacidade de reconstruir nossa alfabetização (que, aliás, continua em processo: pense em excitação; hesitação; exceção; estender; extenso; tenho “uma dó” ou tenho um dó? Você não hesita antes de escrevê-las?). É passado e presente ao mesmo tempo, já que nosso inconsciente é atemporal. Quem não teve dor de barriga em janeiro, pensando no vestibular em dezembro?”
Francisco Daudt, “Folha de S.Paulo” – 08/01/2013

“Somos todos fanáticos. Exigimos que nosso sentimento seja eterno e incondicional e camuflamos sua natureza condicional e efêmera. É a mais nova tentativa humana de roubar um poder divino. […] O papel de nos aceitar por inteiro, com todos os nossos defeitos e limitações, cabia a Deus. Hoje buscamos alguém que possa cumprir essa função e ainda dormir conosco. É realmente pedir demais.”
Simon May, “Folha de S.Paulo” – 08/01/2013

“Dizem que quando morremos vemos um filme de nossas vidas. Um resumo preciso e inexorável de tudo o que fizemos de bom e de lastimoso surge numa tela, revelando as coisas inconfessáveis que escondemos dos outros e de nós mesmos. Se a vida é um filme, nenhuma vida pode se reduzir a uma verdade única, pois todas são dotadas de abundantes pontos de vista. A hipótese é interessante porque o cinema se abre a muitas verdades e eu estou seguro de que a nossa maior tarefa nesta vida é a responsabilidade de interpretar o que – nesta fantasia – continua depois da morte. A vida, como a fita, asseguram e reiteram que somos seres em busca de interpretações responsáveis.
[…] No filme final vemos tudo. Na vida terrena, esse mundo que inventa o cronista e a arte em geral, cada qual enxerga um pedaço. Sem a liberdade de todas as vozes, não se chega aos fatos, contados sempre de um só lado e por isso tidos como ficção. O problema, porém, é que os santos, os poetas e os filósofos descobrem contradições nos mandamentos.”
Roberto DaMatta, “O Estado de S.Paulo” – 09/01/2013

“50% dos pais de adolescentes nos Estados Unidos já configuraram algum tipo de bloqueio automático nas conexões de internet para evitar que os filhos acessem sites ‘indesejáveis’.”
“O Estado de S.Paulo” – 10/01/2013

“Só há uma vida: a que estamos vivendo. É óbvio. Mas por que mal conseguimos viver sem imaginar que ela possa ou deva ser ‘outra’? É uma aflição moderna, pós-romântica.”
Contardo Calligaris, “Folha de S.Paulo” – 10/01/2013

“A milionária chinesa Yu Youzhen decidiu trabalhar como gari para ser ‘um bom exemplo’ para seus dois filhos. A mulher, de 53 anos, é dona de 17 imóveis na cidade de Wuhan, mas acorda às 3horas, seis dias por semana, para trabalhar varrendo as ruas.”
Felipe Corazza,“O Estado de S.Paulo” – 12/01/2013

“Que lugar resta para a razão numa comunicação política regida cada vez mais pela lógica do desejo, ou, pior ainda, pelo desejo de consumo? Alain Touraine viu esse impasse há cerca de 20 anos: ‘As sociedades complexas e de mudanças rápidas pouco a pouco deixam de ser sociedades de intercâmbio, da comunicação e da argumentação, para serem cada vez mais sociedades da expressão. (…). Cada vez menos tratamos com comunicadores e cada vez mais com atores’.”
Eugênio Bucci, “O Estado de S.Paulo” – 10/01/2013

“Andamos com vidros fechados, portas travadas, vivemos atrás de grades, protegidos por jaulas, câmeras, alarmes, cães, seguranças. E mesmo assim somos todos inseguros, Inquietos, neuróticos, assustados. O rico tem medo mesmo no carro blindado, o classe média tem medo, o emergente tem medo, temos medo do bandido, da polícia, de todos.
O medo é nossa segunda pele.”
Ignácio de Loyola Brandão, “O Estado de S.Paulo” – 11/01/2013

“No início de mais um ano, as esperanças se renovam e também a coragem para alcançar as metas que nos propomos. É bom que seja assim: de esperança em esperança, vamos avançando e deixando marcas no caminho… A paz é um direito das pessoas, aliás, pouco respeitado. Ela é ferida pelas guerras e pelo rastro de sofrimento, destruição e morte; também é ferida pelos mais variados atos de violência e injustiça contra o próximo, no desprezo e desrespeito à dignidade das pessoas, no estilo de vida egoísta e individualista, que se fecha diante das necessidades do próximo, no descuido ou na exploração insensata da natureza, sem levar em conta o bem comum. […] A fé cristã traz elementos fundamentais para a edificação da paz: cremos no Deus do amor, do perdão, da misericórdia e da paz; cremos em Jesus Cristo, Filho de Deus. […] No entanto, a paz não está pronta, como um produto de consumo que se possa conseguir por meio de passes mágicos, ou pela imposição da força sobre os outros. A paz é um dom do Alto, enquanto Deus é para o homem o fundamento e a garantia última da justiça, da esperança e da prática do bem. Mas ela é também tarefa do homem, fruto de idealismo e de uma busca tenaz, pessoal e coletiva. Ela se expressa na harmonia interior de cada pessoa, na sua relação com o próximo e com o mundo. A desordem na vida pessoal é causa de falta de paz, ou da sua perda. A falta de retidão na conduta pessoal não é apenas ‘questão pessoal’, que interessa à vida privada, mas tem repercussão sobre os outros e sobre o convívio social. Com frequência isto fica esquecidos: ser bons, justos e honestos é um bem para si e para os outros. Por isso, o cultivo de paz requer dignidade na conduta pessoal e honestidade em seguir os ditames da consciência moral, que aponta para a prática do bem e para a busca da verdade, da retidão e da justiça. Sem isso não há paz consigo mesmo. Nem com os outros. […] Edificadores e educadores da paz serão reconhecidos como filhos de Deus.”
Dom Odilo P. Scherer, “O Estado de S.Paulo” – 12/01/2013

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