Posts tagged poeta

37ª semana de 2013

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“O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas lança amanhã, em São Paulo, um relatório sumário sobre os efeitos do aquecimento global no país. Resultado de seis anos de trabalho de 345 pesquisadores, que avaliaram tudo que já se publicou de estudos sobre o tema, suas conclusões não são nada boas. O semiárido nordestino já padece com a pior seca em muitas décadas. Imagine agora se a temperatura média na região se elevar de 3,5°C a 4,5°C, até o ano 2100, e as chuvas diminuírem de 40% a 50%. A transposição do rio São Francisco não vai dar nem para o cheiro, na hora de aplacar a penúria dos pequenos agricultores da caatinga. Para a Amazônia as previsões do PBMC são quantitativamente mais graves: o aumento de temperatura projetado ficará entre 5°C e 6°C; as chuvas terão queda de 40% a 45%.”

Marcelo Leite, Folha de S.Paulo – 08/09/2013

 

“Entre a maternidade e o túmulo, nossas mentes talvez passem mais tempo passeando por esses mundos do que pelo mundo real. (…) Crianças pequenas têm verdadeira compulsão por improvisar histórias. ‘Não precisamos subornar crianças para que inventem histórias como temos de fazer para que comam brócolis’, diz o norte-americano professor de literatura do Washington and Jefferson College, na Pensilvânia, Jonathan Gottschall. ‘Elas brincam de faz de conta quando não têm o que comer. Brincaram de faz de conta em Auschwitz’.”

Reinaldo José Lopes, Folha de S.Paulo – 08/09/2013

 

“No espanto, não há diferença entre o filósofo e o poeta, já que ambos são tomados, inesperadamente, da constatação de que não há explicação para o que acabam de perceber. A diferença, então, estaria depois da constatação, que é diferente no filósofo e no poeta. Salvo, melhor juízo, acho que o filósofo tem necessidade de explicar o fato que o espantou, e o poeta não; o poeta quer apenas dizer que se espantou, que aquilo não tem mesmo explicação; o que ele deseja, em suma, é registrar o inexplicável, afirmar o insondável mistério da existência.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 08/09/2013

 

“Nos últimos anos, a internet se consolidou como a principal fonte de notícias trágicas. Se má notícia corre rápido, não poderia ter escolhido melhor caminho.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 09/09/2013

 

“O mundo, às vezes, pode parecer um lugar assustador. Um lugar onde não conseguimos ver espaço para nossa vida. A alma, então, fica ofegante, sem ar, buscando um lugar onde o horror não seja a regra.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 09/09/2013

 

“As religiões são incoerentes, mas Dawkins também é incoerente por não ter uma prova definitiva da inexistência de Deus. (…) Os novos ateus acham que a ciência atual é suficiente para explicar o mundo, mas isso não é possível.”

Peter Steinberger, Época – 09/09/2013

 

“Cada vez mais, a vontade dos homens está submetida às suas produções – criamos as soluções que nos aprisionam; as coisas mandam nos desejos. Num primeiro momento, isso nos dá o pavor do descontrole racional sobre o mundo, ou melhor, da “ilusão de controle” que tínhamos: ‘Ah… que horror… o humano está se extinguindo, a grande narrativa, o sentido geral…’. Mas, pergunta-se: que ‘humano’ é esse que só no séc. 20 gerou duas guerras mundiais, Hitler, Mussolini, Hiroshima e Nagasaki, Vietnã, China, Pol Pot, África faminta. Que ‘humano’ é esse que os racionalistas teimosos cismam em idealizar? Está se formando uma nova vida social, sem finalidade, sem esperança ideológica, mas que poderá ser muito interessante em sua estranheza.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 10/09/2013

 

“E o Brasil precisa aumentar rápido sua população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%, contra 59% do Chile e 63% do Uruguai. Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA (89%) e Finlândia (92%).”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 10/09/2013

 

“Sentir ciúme é muito doloroso. Desejar o amor exclusivo de alguém e constatar que isso não é possível provoca uma intensa dor. Muitos adultos experimentam no presente esse sentimento e todos já o experimentaram algum dia, mesmo que não se lembrem mais das emoções que esse sentimento mobiliza. Mas, quando é a criança que manifesta ciúme, poucos adultos se sensibilizam e acolhem o sofrimento dela.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 10/09/2013

 

“O que procuramos na rua?! Os meios de comunicação – jornais, revistas, rádios e televisão -, há mais de um mês, procuram uma resposta. Aqui, vou sugerir uma possível. Eu diria que nos esgueiramos para fora das quatro paredes, onde estamos enclausurados pelas tecnologias modernas, para reencontrar nas ruas, em carne e osso, o ‘outro’.”

Anna Veronica Mautner, Folha de S.Paulo – 10/09/2013

 

“Uma década após o fim da guerra, a qualidade da educação ainda é ruim e muitas das nossas escolas estão em condições precárias. Sabemos como corrigir a educação. Mas, após dez anos, o tempo de falar passou. Não podemos continuar a realizar conferências sobre o estado da educação. É hora de sujar as mãos.”

Leymah Gbowee, 41, ativista liberiana, Carta Capital – 11/09/2013

 

“Sempre se disse que a igreja não é uma democracia. Mas seria bom que houvesse um espírito mais democrático, no sentido de ouvir atentamente.”

Pietro Parolin, 58, arcebispo italiano, secretário de Estado do Vaticano, Folha de S.Paulo – 12/09/2013

 

“Ler mais não significa entender o que se está lendo, conforme provam os relinchos e dejetos nas caixas de comentários.”

Michel Laub, Folha de S.Paulo – 13/09/2013

 

“Assim como o Brasil, a Turquia viveu uma transformação muito grande nas últimas décadas. Somos, Brasil e Turquia, considerados “mercados emergentes”. Fico irritado com o rótulo. Prefiro falar em ‘humanidades emergentes’. Não é só o mercado que ’emerge’. Com a consolidação de uma classe média e o fortalecimento da economia de um país, suas artes e literatura também se desenvolvem. As manifestações recentes nas ruas do Brasil e da Turquia têm relação com esses novos humanismos.”

Orhan Pamuk, Folha de S.Paulo – 14/09/2013

 

“O mundo de hoje é comandado pelo masculino: visão de curto prazo, poder pelo poder, mania de resolver agora o problema sem olhar para a raiz.”

Marise Barroso, presidente da Amanco, Época Negócios – setembro de 2013

27 de outubro de 2010

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“Nunca estamos em paz com nossa consciência – ela é feita para nos atormentar, para rever continuamente as consequências, causas e razões de nossos atos. Estar ‘em paz com a consciência’ é, no fundo, não ter consciência.”

Christian Dunker, psicanalista, Revista Mente e Cérebro, outubro de 2010

 

“Vou me convencendo que escrever poesia, pelo menos na situação contemporânea, exige do autor a atitude de quem sabe posar para uma foto. O segredo, naturalmente, é relaxar o rosto, abandonar aquela fixidez que normalmente nos deixa com um ar assustado e burro diante das lentes do fotágrafo.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo, 27 de outubro de 2010

 

“Merleau-Ponty sempre dizia que a filosofia não é um ídolo a ser adorado e venerado, pois ela nasce e se desenvolve para explicitar os problemas de nossa experiência cotidiana, as questões suscitadas por nossa vida individual e coletiva. […] Procuro fazer com que a descoberta das ideias e dos conceitos seja uma aventura ao mesmo tempo trabalhosa e prazerosa, um esforço para percorrer uma trilha em que as palavras aumentem de sentido, os pensamentos se alarguem e nos façam descobrir sempre o novo e nos tragam a alegria do conhecimento.”

Marilena Chaui, Revista Cult, outubro de 2010

02 de outubro de 2010

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“Passar a limpo um texto é retirar-lhe tudo o que não lhe pertence por direito, modificar o que deve ser modificado, adicionar o que falta, reduzi-lo ao que deve ser e apenas ao que deve ser. No caso de um poema, faz-se isso até o impossível, isto é, até que ele resplandeça. O que resplandece é o que vale por si: o que merece existir.
Para tentar chegar a esse ponto, o poeta necessita pôr em jogo, até aonde não possam mais ir, todos os recursos de que dispõe: todo seu intelecto, sua sensibilidade, sua intuição, sua razão, sua sensualidade, sua experiência, seu vocabulário, seu conhecimento, seu senso de humor etc. E entre os “cetera” encontra-se a capacidade de, a cada momento, intuir o que interessa e o que não interessa naquilo que o acaso e o inconsciente ofereçam.”

Antonio Cicero, Folha de S.Paulo, 02/10/2010

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