Posts tagged juventude

28ª semana de 2013

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“O descrédito nos políticos atinge os píncaros. As manifestações que se multiplicam pelo País expressam tal sentimento. O verbo indignado está nas ruas. A massa tende a associar signos, símbolos e perfis que representam o poder com os dissabores da vida cotidiana. Na moldura cabem Executivos, Congresso, representantes, juízes corruptos, empresários flagrados na maré de corrupção. Urge, porém, separar a expressão passional da locução racional. Fazer política sem as instituições é cair na escuridão das ditaduras.”

Gaudêncio Torquato, O Estado de S.Paulo – 07/07/2013

 

“O que há de comum com outros movimentos similares e o que há de específico? Uma das características surpreendentes é a força gravitacional de um movimento liderado por jovens de uma classe média diversificada, em que manifestantes das classes C e D marcharam junto aos das classes A e B. Em poucos dias, o que era uma reivindicação tópica adquiriu escala nacional, atraindo cidadãos urbanos não organizados em 360 cidades. Com isso a pauta de reivindicações ganhou em densidade, diversificou-se e converteu-se num alvo móvel. Um dos fatores de sucesso é seu caráter apartidário, graças ao uso intensivo dessa imagem como seu principal asset político.”

Lourdes Sola, O Estado de S.Paulo – 08/07/2013

 

“O desafio dos jovens é manter a força do movimento, num momento em que as manifestações naturalmente diminuem, o inverno e as férias chegam e promessas dos governos atendem parcialmente a algumas demandas. Os políticos deveriam perceber que o desafio é usar essa força para mudar o país naquilo que ele tem de pior. Têm de limpar as feridas para facilitar a cicatrização. Não adianta dourar indefinidamente a pílula, na espera de um Brasil que nunca chega!”

Jairo Bouer, Época – 08/07/2013

 

“O que o movimento de protestos chileno nos ensinou é que o crescimento não é uma panaceia para os problemas de um país. Embora o sucesso econômico de um Estado permita que seu governo enfrente desafios domésticos, esse mesmo sucesso intensifica as pressões para que líderes realizem bem seu trabalho. No Brasil, essa pressão se traduziu em demanda por serviços de boa qualidade para todos. Como no Chile, o sucesso econômico despertou expectativas quanto à capacidade do governo para servir os cidadãos. E porque o governo canalizou bilhões de dólares às instalações para a Copa do Mundo e a Olimpíada, a indignação pela lentidão do governo em usar esses recursos para melhorar as escolas e expandir seus programas sociais se multiplicou. Em certo sentido, portanto, o Brasil é vítima de seu sucesso.”

Carl Meacham, Folha de S.Paulo – 09/07/2013

 

“Os cidadãos cansaram de ouvir tanto horror perante os céus sem que nada mude. […] Não deve existir uma separação radical entre o mundo da política e a vida cotidiana, nem muito menos entre valores e interesses práticos. No mundo interconectado de hoje, movimentos protestatários irrompem sem uma ligação formal com a política tradicional. Na vida política, tudo depende da capacidade de politizar o apelo e de dirigi-lo a quem possa ouvi-lo. No mundo contemporâneo, essa agenda brota também da sociedade, de seus blogs, twitters, redes sociais, da mídia, das organizações da sociedade civil, enfim, é um processo coletivo.”

Fernando Henrique Cardoso, O Estado de S.Paulo – 09/07/2013

 

“A literatura reconstrói nosso lugar no mundo, nos desenha, é um espelho para que nos vejamos melhor. A leitura de um bom romance é uma viagem visceral, é uma experiência, é um jeito de ter novos olhos e ouvidos. Somos capazes de captar por meio da literatura, conviver com a arte nos faz crescer como seres humanos.”

Nina Horta, Folha de S.Paulo – 10/07/2013

 

“Empresas e outras organizações exigem cada vez mais de seus funcionários a capacidade de entender o mundo ao redor, de pensar criativamente, de criar e de agir com autonomia. É a nossa base cultural, a permear a literatura, a música, o cinema e o teatro, que contém os elementos para desenvolver essas capacidades. São nossas viagens intelectuais pelo mundo das artes a nos permitir escapar das convenções, olhar além dos lugares-comuns, fazer conexões, pensar fora do convencional e buscar novas ideias.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital – 10/07/2013

 

“Em uma época na qual se insiste tanto na importância da criatividade e da inovação, pouco ou quase nada se ouve sobre a renovação do discurso. Não há nenhum personal trainer para a palavra, não conheço receita, manual, regime ou educação dirigida que seja eficiente neste assunto (não confundir com oratória, sedução e coisas do gênero). A cura para isso anda escassa. É na poesia que aprendemos o trabalho de dizer com cuidado e escutar com precisão. Mas quem defenderá a utilidade da poesia como gênero de primeira necessidade da vida relacional?”

Christian Ingo Lens Dunker, Mente&Cérebro – julho de 2013

 

“Se o grito das ruas, ainda que implicitamente, era por ’novas formas de atuação dos poderes do Estado, em todos os níveis federativos’, como disse a presidente, então as ruas perderam. É quase impossível que instituições tão desprestigiadas quanto os partidos e os parlamentos encampem “’novas formas de atuação’.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 11/07/2013

 

“Pode ser que, aos poucos, as manifestações populares se acalmem. Mas talvez algo irreversível tenha acontecido: uma desconfiança, que existia há tempos (se não desde a origem do país), agora se tornou exasperação. E a exasperação é quase sempre um prelúdio. Ao quê? Seria sábio ter medo? Uma coisa é certa: a responsabilidade pela eventual ‘aventura’ de hoje não é das massas exasperadas, é de quem as encurralou até a exasperação.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 11/07/2013

 

“Estudos da ciência comportamental apontam o ser humano como uma espécie de ‘máquina superconfiante’, que geralmente exagera as avaliações sobre as próprias qualidades. Ao responder a pesquisas sobre seu desempenho, por exemplo, a maioria se considera acima da média – uma conclusão que desafia a possibilidade estatística. Essa defasagem entre a autoilusão e a realidade pode gerar no ambiente de trabalho consequências até piores do que a incompetência das pessoas menos inteligentes, alertam cientistas e consultores.”

Época Negócios – julho de 2013

25ª semana de 2013

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“Desde cedo, os pais devem aproveitar qualquer oportunidade, como uma briga entre irmãos, para conversar sobre sentimentos. Isso ajuda a criar crianças, especialmente meninos, mais sensíveis.”

Amanda Polato, Revista Época – 17/06/2013

 

“A criança se desespera com a ideia de que vai morrer – só que ela ainda não sabe quando. E, na atualidade, em que o mundo adulto foi devassado para as crianças, elas sabem que não são apenas os velhos que morrem: criança também morre. Não é a idade, a saúde ou qualquer outra coisa que possibilita a morte. É o fato de estar vivo. Mas é a partir desse momento que a criança cresce e passa a pensar. Por isso, as crianças não devem ser poupadas do fato, mas acolhidas em seu sofrimento, acompanhadas em sua angústia, apoiadas em seu crescimento. É: testemunhar o processo de humanização dos filhos não é simples. Exige força e coragem.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“O Brasil não é um país de sair à rua, salvo em Mundiais. Que saia agora, em massa, ainda por cima para protestar também contra as obras da Copa, é de atordoar qualquer um.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“Em uma cidade onde o metrô é alvo de acusações de corrupção que pararam até em tribunais suíços e onde a passagem de ônibus é uma das mais caras do mundo, manifestantes eram, até a semana passada, tratados ou como jovens com ideias delirantes ou como simples vândalos que mereciam uma Polícia Militar que age como manada enfurecida de porcos. Vários deleitaram-se em ridicularizar a proposta de tarifa zero. No entanto, a ideia original não nasceu da cabeça de ‘grupelhos protorrevolucionários’. Ela foi resultado de grupos de trabalho da própria Prefeitura de São Paulo, quando comandada pelo mesmo partido que agora está no poder. […] Apenas nos EUA, ao menos 35 cidades, todas com mais de 200 mil habitantes, adotaram o transporte totalmente subsidiado. Da mesma forma, Hasselt, na Bélgica, e Tallinn, na Estônia. Mas, em vez de discussão concreta sobre o tema, a população de São Paulo só ouviu, até agora, ironias contra os manifestantes.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“Precisamos, antes de mais nada, desfazer alguns equívocos sobre a democracia. Ela até que funciona, mas não pelas virtudes que normalmente lhe atribuímos. Para começar, é preciso esquecer o mito do eleitor racional que compara propostas, as analisa e toma a melhor decisão. Se há um momento em que o cidadão tende a ser especialmente emocional, é o instante do voto. A coisa só dá certo porque, em condições ordinárias, as posições mais extremadas tendem a anular-se, empurrando a escolha para grupos menos radicais. A democracia também não tem o dom de eliminar os conflitos presentes na sociedade. O que ela procura fazer é institucionalizá-los e discipliná-los, para que se resolvam da forma menos violenta possível. Daí que é impossível e indesejável eliminar completamente o caráter meio baderneiro de protestos e atos públicos. Eu não diria que o fato de as ações de movimentos como ‘Occupy’ e ‘Indignados’ não terem se materializado em propostas concretas signifique uma derrota. Ao contrário, mesmo com sua pauta imprecisa e vagamente metafísica, eles contribuíram para modificar as percepções de governantes e da própria sociedade.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“É óbvio que R$ 0,20 a mais nas passagens em São Paulo não seria suficiente para botar o povo nas ruas do país, em multidões cada vez maiores, com imagens impressionantes. Esse foi apenas o detonador, o gatilho de manifestações de grupos distintos e de motivações difusas. […] A fantasia de que o país está um paraíso, uma maravilha, acabou. A verdade dói, mas ajuda a melhorar.”

Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“A cidade de São Paulo é vítima de uma concepção urbanística inapropriada às necessidades de sua população. Segue um modelo composto por um núcleo rodeado por áreas densamente povoadas. Essa concepção espacial induz à construção de custosas vias arteriais de integração que, contraditoriamente, se transformaram nos principais focos de congestionamento. É necessário rever o modelo viário para atenuar os impactos negativos dos congestionamentos, ao menos enquanto se aguarda a maturação dos investimentos de longo prazo em transporte coletivo de massa. É preciso abandonar a visão que privilegia os megaprojetos como construção de vistosas pontes, gigantescos viadutos, vias expressas e túneis que apenas movem os pontos de engarrafamentos para alguns metros adiante, quando não se transformam, eles mesmos, em novos focos de paralisação. É urgente revascularizar o trânsito por meio de intervenções, em geral pequenas, capazes de criar vias alternativas de circulação em áreas de congestionamento.”

Marcos Cintra, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

 

“Ora, quem há de negar que a qualidade de vida nos centros urbanos tangencia o desespero? A imobilidade urbana, a vertiginosa e sufocante verticalização, a baixa qualidade da saúde, o descaso com a educação, as enchentes, o custo de vida… E, é claro, a insegurança: já esquecemos que o noticiário dos últimos meses veio recheado de casos os mais escabrosos, os quais o governador teima em transformar em mera questão de menoridade penal? […] Voltado quase que exclusivamente à manutenção mecânica de espaços de poder, o sistema político nacional deixou de olhar e sentir a pulsação social, o clima das ruas; a nova sociedade. E é hoje incapaz de compreender, canalizar demandas e representar os cidadãos. Sim, ainda que menos comuns e mais difusos que no passado, há cidades e cidadãos que reagem ao mal-estar que suas autoridades não percebem. Será sempre questão de tempo para que uma fagulha ilumine perigosamente o paiol. Coisa pouca, vinte centavos bastam!”

Carlo Melo, O Estado de S.Paulo – 18/06/2013

 

“Desqualificar os protestos dos jovens em São Paulo e outras capitais ‘como se fossem ação de baderneiros’ constitui, na avaliação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ‘um grave erro’. Para ele, ‘dizer que (essas manifestações) são violentas é parcial e não resolve’. Na análise FHC aconselhou: ‘Justificar a repressão é inútil: não encontra apoio no sentimento da sociedade. Por isso, ‘é melhor entendê-las’, perceber que essas manifestações ‘decorrem da carestia, da má qualidade dos serviços públicos, das injustiças, da corrupção’. Ele recorreu a um dos mais respeitados estudiosos dos problemas contemporâneos, o espanhol Manuel Castells. ‘Reações em cadeia, utilizando as atuais tecnologias de comunicação, constituem marca registrada das sociedades contemporâneas, como meu velho amigo e colega Manuel Castells mostrou há tantos anos.’ A saída é entender, não reprimir. ‘Quem tem responsabilidade política deve agir, entendendo o porquê desses acontecimentos.’ Esse entendimento pressupõe buscar a razão da insatisfação geral com os governos. As manifestações ‘decorrem de um sentimento difuso de descontentamento e do desejo de um tratamento digno para as pessoas’, concluiu.”

Gabriel Mazano, O Estado de S.Paulo – 18/06/2013

 

“Utilizando redes sociais, os jovens concentram suas insatisfações num objeto de protesto, saem às ruas e passam a se confrontar com as autoridades locais. E o movimento se repete e se espalha. Entre nós espanta a rapidez com que se tem multiplicado pelo País afora. […] Os jovens simplesmente estão dizendo que recebem um serviço inadequado e que não encontram canais políticos para exprimir suas insatisfações. Trata-se de uma crise de representação. Se eles estão subordinados ao ritual das eleições periódicas, estas pouco dizem a respeito de sua vida cotidiana. Os manifestantes são vozes sem voto efetivo. […] Os jovens foram para as ruas vociferando contra o beco no qual foram empurrados. Os jovens já têm demonstrado suas opções por outras formas de vida, o que demanda novas formas de politização. […] E os jovens se defrontam de imediato com a farsa em que se transformou a educação nacional, obviamente com raras e nobilíssimas exceções. Diante do problema mais urgente, pleiteiam mais verbas sem se dar conta da podridão do sistema. Mais do que verbas, é urgente uma completa revisão das instituições educativas vigentes. A começar pela reeducação dos educadores, que, na maioria das vezes, ignoram o que estão a ensinar.”

José Arthur Giannotti, O Estado de S.Paulo – 19/06/2013

 

“Sei que a ideia de complexidade é vista como ‘frescura’ e que macho mesmo é simplista, radical e totalizante. Mas, no mundo atual, a inovação está no parcial, no pensamento indutivo, em descobrir o Mal entranhado em aparências de Bem.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 19/06/2013

 

“Seria possível mudar o mundo, mudando por pouco que seja os princípios e valores de cada um de nós? Ou é um velho ideal ultrapassado, e juvenil? Talvez haja um modo de transformar nossa louca futilidade e desvairada busca de poder. […] A gente podia mudar: se cada um mudasse um pouquinho, exigisse muito mais dos líderes em todos os setores, e aspirasse a algo muito melhor. […] Amadurecer não precisa ser renunciar a todas as nossas crenças.”

Lya Luft, Revista Veja – 19/06/2013

 

“Mesmo quem tem emprego e renda é torturado no cotidiano por um país em que o trânsito é infernal, a violência é aterradora, há eternas carências graves na educação e na saúde, os serviços públicos são precários, para não usar uma palavra feia. Na verdade, deveria haver espanto não com os protestos de agora mas com o fato de que nunca tenha havido manifestações de massa contra esse massacre cotidiano (as que ocorreram foram por motivos institucionais).”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 20/06/2013

 

“Os R$ 0,20 de aumento do transporte público foi o gatilho nesse processo de deterioração nas relações entre representantes e representados. Mais uma dentre tantas outras demandas sociais feridas pelo poder público ao longo de anos. Até aí, nenhuma novidade. Mas foi o suficiente para fertilizar um campo minado. Ao deixar o virtual para protestar no mundo real, da universidade às ruas, provocou a identificação imediata dos mais diferentes estratos sociais. A imagem da repressão policial contra os jovens escolarizados despertou o apoio tanto de setores conservadores da classe média, que sofrem de insegurança crônica quanto, ainda que timidamente, quanto dos moradores da periferia, já familiarizados com a violência da instituição. Nesse momento o apoio aos protestos atinge patamar semelhante ao do início da campanha das Diretas, acima de 70%, conferindo-lhe legitimidade. […] Esses episódios alertam o poder público para a urgência da criação de canais de participação adequados aos contrastes da cidade. É preciso ouvir a população, antes que ela grite.”

Mauro Paulino, Folha de S.Paulo – 20/06/2013

 

“Na principal capital do país, incendeiam-se dentistas, mata-se à toa. Na cidade maravilhosa, os estupros são uma rotina macabra. Enquanto isso, os juros voltam a subir, impostos, tarifas e preços de alimentos estão de amargar. E os serviços continuam péssimos. É por essas e outras que a irritação popular explode sem líderes, partidos, organicidade. Graças à internet e à exaustão pelo que está aí.”

Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo – 20/06/2013

 

“Não haverá mais política como conhecemos até agora. Daqui para a frente ela irá em direção aos extremos. Uma sociedade, quando passa por mobilizações populares como as que vimos nas últimas semanas, fica para sempre marcada. Nesse sentido, devemos nos preparar para um embate de outra natureza. Quando a política popular ganha as ruas em uma reação em cadeia, todo o espectro de demandas sobe à cena. Uma contradição de exigências que pode dar a impressão de estarmos em um buraco negro da política. No entanto, não há que temê-la, pois tal contradição é a primeira manifestação de um novo conflito de ideias que servirá de eixo de combate. Por isso, a política brasileira não se dará mais no interior de partidos que há muito perderam sua função de caixa de ressonância dos embates sociais. Ela será decidida nas ruas. […] Agora é hora de compreender que o verdadeiro embate começou e será longo. Agora não é hora de medo. Agora é hora de luta.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 22/06/2013

 

“É uma espécie de grito da sociedade, rebelada contra as condições de vida nas cidades. Não se trata apenas de transporte, mas, também, de violência, educação, saúde, dívidas a pagar… E uma juventude que não consegue se empregar e não enxerga um futuro.”

Silvio Caccia Bava, O Estado de S.Paulo – 22/06/2013

24ª semana de 2013

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“O cansaço é maior quando a gente faz aquilo que não gosta. Não tem sido muito pesado, não. Já fiz teatro, TV e filme ao mesmo tempo. Diante desse passado, minha vida está leve agora. A melhor coisa é fazer nada. Vou ao teatro, cinema, leio, ando na praia, viajo com meus filhos e netos e arrumo gavetas. É ótimo ficas bestando completamente, jiboiando como se diz.”

Fernanda Montenegro, 83, atriz, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013

 

“O número de americanos que estão se matando atingiu um nível sem precedentes. No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos de idade cresceu quase 30%. Mais pessoas nos Estados Unidos morrem hoje pelas próprias mãos do que em acidentes de carro. Entre homens na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%.”

Lee Siegel, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013

 

“A coisa é a seguinte: escrever ou não escrever poesia não é coisa que se decida. Na verdade, sempre que termino de escrever um livro de poemas, tenho a impressão de que não vou escrever mais, de que a fonte secou. […] Creio que isso se deve ao fato de que não planejo nada, muito menos meus livros de poemas. De repente, descubro um tema novo, um veio que passo a explorar até esgotá-lo. Isso demora anos, porque, também, ao concluir cada poema, tenho a impressão de que o veio se esgotou. […] Sempre digo que meus poemas nascem do espanto, ou seja, de algo que põe diante de mim um mundo sem explicação. É essa perplexidade que me faz escrever.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 09/06/2013

 

“Dos 260 mil inscritos até agora na Jornada Mundial da Juventude, a maioria são mulheres (55,32%). Peregrinos entre 19 e 24 anos respondem por 35% das inscrições. Os maiores de 65 anos não são nem 1%.”

O Globo – 09/06/2013

 

“O mundo de hoje está aterrorizado. E a economia não está florescente. Isto leva a um enclausuramento.”

Carla Bruni, O Globo – 09/06/2013

 

“A reportagem de qualidade é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta da apuração. […] Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legenda é fácil. Mas admitir a prática de prejulgamento, de engajamento ideológico ou de leviandade noticiosa exige pulso e coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é condição da qualidade e, por isso, um dos alicerces da credibilidade.”

Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo – 10/06/2013

 

“A lição assustadora da psicologia social é a de que o ser humano pode passar por cima de suas convicções e de várias barreiras morais se for devidamente compelido por seus pares. E nem precisa ser uma pressão muito intensa.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Nunca nos livraremos de jovens desajustados que montam bombas caseiras ou fanáticos empunhando machadinha. Não há absolutamente nada que possamos fazer para evitar isso. Podemos minorar a letalidade dessas pessoas controlando a circulação de armas, e só. O verdadeiro problema é termos chegado à situação de todo um país entrar em pânico quando se associa um crime comum à palavra ‘terrorismo’. […] A insegurança da submissão voluntária ao controle contínuo de alguém que reforça sua autoridade alimentando-se de nossos medos. A insegurança do fim da vida privada.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Aqui, a tradição é entrar na iniciação científica em um laboratório e continuar nele durante o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. E a tendência é a pessoa se aprofundar cada vez mais em um único assunto. Com isso, formamos jovens cientistas bitolados, tudo o que eles sabem é pensar em detalhes daquele único assunto que vêm desenvolvendo desde a iniciação científica. Além disso, a política de contratação nas universidades privilegia os ex-alunos. Criam-se colônias sem diversidade.”

Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“A criança costuma dar sinais claros de que ela quer aprender a usar o banheiro. Os pais não precisam se preocupar tanto. O que não podemos é antecipar o processo. […] Quando ela pergunta do uso do banheiro, pede para ir, quer ficar por lá mais tempo, por exemplo. Quanto mais natural for o processo, melhor para a criança. Os pais não devem atrapalhar. Para isso, precisam munir-se de calma e paciência. A criança nem sempre vai acertar, e, mesmo depois de os pais acharem que ela já aprendeu, ela vai querer usar o banheiro quando tiver vontade, não quando os pais quiserem. E mais: ganhar prêmios por fazer a coisa que os pais julgam certa confunde a criança.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Como as bandas de jazz, as empresas precisam de regras básicas para operar, de forma que cada profissional possa, no momento correto, improvisar e criar.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital, 12/06/2013

 

“Somos anjos e demônios. Viver na internet tem um perigo: nós mesmos.”

Manuel Castells, Folha de S.Paulo – 13/06/2013

 

22ª semana de 2013

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“O conhecimento do cérebro só engatinha.”

Hélio Schwartsman , “Folha de S.Paulo” – 26/05/2013

 

“John Wheeler extrapolou: ‘Não somos observadores no Universo, somos participadores. Sem consciência, o mundo não existe! O Universo gera a consciência e a consciência dá significado ao Universo’. Essa visão traz o dilema: será que o Universo só faz sentido porque existimos?”

Marcelo Gleiser, “Folha de S.Paulo” – 26/05/2013

 

“O homem com quem se sonha não tem nada a ver com o homem que se ama. […] Para um homem ser amado é preciso que ele tenha um mundo particular – ou vários – só dele, e no qual ela não consiga, jamais, penetrar.”

Danuza Leão, “Folha de S.Paulo” – 26/05/2013

 

“Você esconderia judeus em sua casa durante a França ocupada pelos nazistas? Não, não precisa responder em voz alta. Melhor assim, para não passarmos a vergonha de ouvirmos nossas mentiras quando na realidade a janta, o bom emprego e a normalidade do cotidiano sempre valeram mais do que qualquer vida humana. Passado o terror, todos viramos corajosos e éticos.”

Luiz Felipe Pondé, “Folha de S.Paulo” – 27/05/2013

 

“Em 10 mil anos de história, é a primeira vez que a humanidade tem o poder de cometer suicídio coletivo. Era essa a tese central de Emmanuel Mounier em ‘O Grande Medo do Século 20’. Publicado em 1947, o livro se referia à ameaça de uma catástrofe atômica, angústia constante na fase aguda da Guerra Fria entre EUA e URSS. Passaram-se 66 anos e conseguimos evitar o pior. Na época de Mounier não se sabia que os homens poderiam liquidar o mundo não só com bombas, mas com o aumento desenfreado da produção econômica e do abuso dos combustíveis fósseis. Quinze dias atrás, ultrapassamos o sinal amarelo no rumo da destruição. A atmosfera registrou 400 partículas de dióxido de carbono por um milhão. […] Como explicar tal indiferença diante da morte anunciada que espera o mundo dos homens? O silêncio é inexplicável numa sociedade na qual a ciência substituiu a religião como crença unificadora. Ora, a ciência climática não permite dúvidas: de 12 mil estudos científicos sobre o tema em 20 anos, 98,4% confirmam as previsões!”

Rubens Ricupero, “Folha de S.Paulo” – 27/05/2013

 

“Todos sabem que, assim como não existe meia gravidez, também não há meia dependência. É raro encontrar um consumidor ocasional. Existe, sim, usuário iniciante, mas que muito cedo se transforma em dependente crônico. Afinal, a compulsão é a principal característica do adicto. Um cigarro da ‘inofensiva’ maconha preconizada pelos arautos da liberação pode ser o passaporte para uma overdose de cocaína. Não estou falando de teorias, mas da realidade cotidiana e dramática de muitos dependentes. As drogas estão matando a juventude. A dependência química não admite discursos ingênuos ou campanhas ideológicas, mas ações firmes e investimentos na prevenção e recuperação de dependentes.”

Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 27/05/2013

 

“Eu adoro a tecnologia e adoro mais ainda as pessoas. […] As pessoas são tratadas como pequenos elementos de uma grande máquina de informação quando, de fato, as pessoas são as únicas fontes e destino da informação, ou de qualquer significado. […] Tenho saudade do futuro.”

Jaron Lanier, “O Estado de S.Paulo” – 27/05/2013

 

“Mudar o mundo não significa necessariamente fazer grandes coisas. Podemos mudar o mundo sendo um bom cidadão, um bom amigo, um bom familiar, um bom pai. Se eu for uma boa profissional e ajudar as pessoas ao meu redor, nisso já estarei mudando o mundo.”

Beatriz Cardoso, 15 anos – “Revista Época” – 27/05/2013

 

“Melhorar a qualidade da educação é o maior desafio do país. Apesar dos avanços, é preciso diminuir as taxas de distorção idade-série (alunos que não sabem o que deveriam saber naquela etapa do ensino) e fazer com que a qualidade chegue a todos, independentemente da situação socioeconômica. O esforço a fazer é imenso.”

Camila Guimarães, “Revista Época” – 27/05/2013

 

“Ser gay não é orgulho nem vergonha, não é ideologia nem espetáculo, não é chique nem brega. Não é revanche. Não é moderno. Não é moda. É apenas humano. A luta contra o preconceito precisa ser urgentemente tirada das mãos dos mercadores da bondade.”

Guilherme Fiuza, “Revista Época” – 27/05/2013

 

“ ‘Muitos são falsos arrependidos, pois toda escolha inclui uma perda. Perde-se de uma lado, mas ganha-se de outro. Lamenta-se a perda sem considerar o ganho que, inclusive, pode não ser imediato nem aparente, mas que depois revela-se muito maior’, diz a psicóloga paulista Ineide Soares, especialista em terapia familiar e bioenergética. E, se o que perdemos for melhor do que o que ganhamos, isso também faz parte do jogo. Tudo bem, de vez em quando acontece, é normal. ‘O problema é que tem gente que odeia perder. Importa-se muito com que o outro tem e conseguiu, mesmo que não seja de seu interesse pessoal real, diz Ineide. Também há os que desejam tudo para si, sem querer abrir mão de nada. ‘Querem ganhar sempre e não se arrepender nunca de nenhuma decisão. Ora, isso é pouco humano, uma fantasia infantil de onipotência.”

Liane Alves, “Revista Vida Simples” – maio de 2013

 

“Quase 70 anos depois da Segunda Guerra Mundial, ainda se publicam diários sobre o Holocausto. Qual o sentido de tantas e tão detalhadas narrativas? Será que já não sabemos o suficiente? […] É preciso transformar o vivido em narrativa; recordar para, minimamente, esquecer. Já quem não o viveu precisa encontrar, nas narrativas, aquilo que foi vivido. E, ao imaginá-lo, se lembrar e se dar conta de que o horror não está só no passado.”

Noemi Jaffe, “Revista Bravo” – maio de 2013

18ª semana de 2013

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“Sou alegre. Felicidade é passageira. Alegria é alegria de Deus. A Bíblia fala mais em alegria do que em felicidade.”

Heloisa Périssé, “Folha de S.Paulo” – 28/04/2013

 

“A malandragem avança sob a égide de lições não tão cívicas. Faça o que eu digo, não faça o que eu faço. Aos amigos, pão; aos adversários, pau. Nossa balança tem dois pesos e duas medidas. E a lei? Ah, é pra inglês ver.”

Gaudêncio Torquato, “O Estado de S.Paulo” – 28/04/2013

 

“O Brasil é o país em que mais se consome crack no mundo. Ele ocupa o segundo posto em relação à cocaína. Como avaliar o impacto de drogas no controle dos impulsos em jovens que talvez ainda nem tenham domínio sobre suas ações?

Longe de defender um jovem que detona bombas numa maratona ou de outro que mata a sangue-frio, acho pouco provável que alterar a maioridade penal dê conta dessa questão. Certamente, educação, atenção, perspectiva e projeto de vida teriam efeitos mais amplos e significativos.”

Jairo Bouer, “Revista Época” – 29/04/2013

 

“O contrário do provisório seria o permanente. O problema é que a permanência não passa de uma ilusão. ‘A única coisa permanente na vida é a mudança’, disse Heráclito. Tinha razão, o grego, pois a velocidade com que os elos que formam a corrente de nossa vida se sucedem é desesperadora. Até o que parece não mudar se transforma, o que significa melhorar, piorar ou simplesmente mudar.”

Eugenio Mussak, “Revista Vida Simples” – abril de 2013

 

“Alguns estudos já relacionaram o hábito de manter refeições regulares com toda a família reunida em volta da mesa a menores índices de gravidez na adolescência, dependência de drogas e obesidade. Um artigo publicado na Journal of Marriage and Family esclarece essa associação: comer juntos reflete outros aspectos do ambiente familiar, como maiores recursos econômicos, vínculos emocionais mais estreitos ou até mesmo pais mais autoritários. Segundo os autores, os cientistas sociais Kelly Musick e Ann Meier, relações familiares mais saudáveis compreendem principalmente o diálogo entre pasi e filhos, o que pode ser exercitado em várias oportunidades, como o trajeto de carro da casa à escola, por exemplo. Um estudo de 2010 da Universidade Colúmbia apontou, inclusive, que é dentro do carro que os adolescentes são mais propensos a conversar com os pais sobre assuntos que consideram importantes.”

“Revista MenteCérebro” – abril de 2013

 

“Para as mulheres brasileiras, diferentemente das de outras culturas, o trabalho tem que vir junto com uma vida familiar feliz, com tempo e pelo menos um filho. É como se elas tivessem três grandes áreas a dominar para ser felizes e bem-sucedidas: o trabalho, a família e a aparência.”

Mirian Goldenberg, “Revista Você SA” – abril de 2013

 

“Apesar das gravíssimas ameaças conhecidas, os investimentos em energias ‘limpas’ no primeiro trimestre deste ano ficaram 22% abaixo dos que foram feitos em igual período do ano passado. Em 2012 o investimento global em renováveis já cairá 11%, para US$ 269 bilhões. E, segundo a ONU, é preciso investir anualmente pelo menos US$700 bilhões para atender à população de 8 bilhões de pessoas em 2030.”

Washigton Novaes, “O Estado de S.Paulo” – 03/05/2013

12ª semana de 2013

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“A Teologia da Libertação, mesmo combalida, convive bem com a imagem de uma Igreja moderna, aberta às demandas de um mundo em agonia e em transformação crescente. É difícil dizer que a Teologia da Libertação tenha acabado definitivamente, porque ela está impregnada de uma das faces mais essenciais do cristianismo: a ideia de um Deus ético, crítico dos abusos do poder e sensível à infelicidade dos aflitos do mundo.”

Luiz Felipe Pondé, “Revista Época” – 18/03/2013

 

“Vaidade, ansiedade e indisciplina se manifestam em muitos jovens. É preciso ficar atento, porque isso pode prejudicar o início de uma carreira.”

Wolf Maya, “Revista Época” – 18/03/2013

 

“Um novo modelo de combate à desigualdade só pode passar pela construção de algo próximo àquilo que um dia se chamou de Estado do Bem-Estar Social, ou seja, um Estado capaz de garantir serviços de educação e saúde gratuitos, universais e de alta qualidade. Nada disso está na pauta das discussões atuais. Qual partido apresentou, por exemplo, um programa crível à sociedade no qual explica como em, digamos, dez anos não precisaremos mais pagar pela educação privada para nossos filhos? Na verdade, ninguém apresentou porque a ideia exigiria uma proposta de refinanciamento do Estado pelo aumento na tributação daqueles que ganham nababescamente e contribuem pouco. Algo que no Brasil equivale a uma verdadeira revolução armada.”

Vladimir Safatle, “Revista Carta Capital” – 20/03/2013

 

“O modelo socrático-platônico – no qual um professor emocionalmente envolvido com seus alunos é capaz de transmitir seus conhecimentos de maneira organizada e estimulante, exigindo ao mesmo tempo esforço contínuo de seus alunos – parece ter descoberto intuitivamente o que a ciência de dois milênios depois referendaria sobre o funcionamento de nosso cérebro.”

Gustavo Ioschpe, Revista Veja – 20/03/2013

 

“Os pais nunca nos dão tudo (nem quando são loucos a ponto de querer nos fartar). Mesmo assim, durante um tempo absurdamente longo, o que temos e esperamos vem só deles. Na adolescência, começamos a desejar coisas que eles não conseguiriam nos dar nem se quisessem nos ver eternamente satisfeitos. No entanto, como eles sempre foram responsáveis por nossas satisfações, agora eles nos parecem ser responsáveis por nossas frustrações.”

Contardo Calligaris, “Folha de S.Paulo” – 21/03/2013

 

“Nossas vidas são atravessadas e marcadas pro músicas, por canções que nos devolvem momentos felizes ou não. Recuperei algumas, mas a cada dia acumulo outras.”

Ignácio de Loyola Brandão, “O Estado de S.Paulo” – 22/03/2013

 

“Ficar preso em uma cultura única, abster-se de ver o outro, de tentar entender o diferente, negando o valor do semelhante que não é tão semelhante assim, empobrece, emburrece, diminui.”

Eugenio Mussak, “Revista Vida Simples” – março de 2013

 

“Não só as jovens, mas todos se sentem frustrados, porque apenas uma minoria corresponde ao padrão de beleza divulgado pela mídia.  […] As pessoas se sentem frustradas, incompletas, inseguras e acham que a cirurgia plástica é a solução para seus problemas.”

Viviane Namur Campagna, “Revista Psique&Vida” – março de 2013

08ª semana de 2013

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“Segundo o Conselho de Medicina Veterinária de São Paulo, o Estado já conta com 50 creches para cachorro. Elas recebem animais cujos donos passam boa parte do dia fora de casa e lhes oferecem recreação, que pode incluir atividades como natação e musicoterapia. Os cães levam até suas lancheirinhas, o que dá uma nova dimensão ao termo antropomorfização, a tendência de atribuir características humanas ao que não o é.”

Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“A sensação de que tudo pode dar errado é mais presente quando se dirige um filme. Atuando, você se preocupa com a realização do seu trabalho. E é apenas isso. Dirigindo, é preciso descobrir o que fazer quando o clima atrapalha um dia de filmagem. Você fica comprometido com aquele projeto o dia inteiro.”

Dustin Hoffman, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“Já há um elenco diversificado de explicações para a renúncia de Bento XVI ao trono de São Pedro. A melhor foi a dada por ele mesmo: ‘Para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor esse que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado’. O papa não fez nenhuma referência mais explícita ao mar proceloso em que se move a barca e, sobretudo, referência a quem agita as águas que perturbam os rumos da nau sagrada. Manteve in pectore os fatores institucionais de seu gesto. Foi desprendido ao tomar sobre os próprios ombros o peso imenso dos fatores da renúncia como debilidade pessoal. […] No quadro dos paradoxos de Bento VXI, uma decisão republicana numa estrutura monárquica, mais um indício de um papa moderno até na ação inovadora em nome dos valores da tradição conservadora.”

José de Souza Martins, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“São momentos de grave introspecção em que o Homem faz um inventário de si mesmo – seus sonhos, suas desilusões, suas possibilidades – e se faz perguntas. Valeu a pena? Devo continuar? Aproveito o promontório e me atiro? Quem sou eu, e por que estou aqui falando sozinho?

Luis Fernando Verissimo, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“A sociedade caminha mais rapidamente que a Igreja. Não acho que haja uma queda na fé. Os homens querem simplesmente uma igreja que os acolha. E não é assim Cristo, que abriu os braços para acolher a humanidade? […] Sou católico. Sempre me emociono com a mensagem de amor e acolhimento de Jesus Cristo. Mas faz falta um novo São Francisco de Assis, capaz de abandonar as estruturas rígidas do clero para se aproximar profundamente das dores do homem comum.”

Walcyr Carrasco, “Revista Época”, 18/02/13

 

“A cada minuto, são milhares de estímulos disputando atenção: dezenas de e-mails, comentários no Facebook, fotos legais no Instagram. […] O telefone sempre toca no exato momento em que a gente está, finalmente, se concentrando. […] Estamos perdidos em um mar de informações e estímulos, e muitas vezes acabamos dispersando nossa energia em coisa pouco importantes. […] De certa maneira, fomos programados para isso: parte do nosso cérebro prefere a gratificação imediata, que é o que os comentários na internet fornecem, por exemplo – a cada ‘curtir’, uma descarga de dopamina, hormônio ligado ao prazer, inunda nosso sistema nervoso. […] É possível vencer a batalha contra as distrações e aprender a focar. Para isso, são necessárias, basicamente, duas coisas: 1) definir o que é essencial; 2) eliminar todo o resto.”

Jeanne Callegari, “Revista Vida Simples” – fevereiro de 2013

 

“Na leitura de um adulto para uma criança é preciso haver cumplicidade. Se você não gostar da história lida, não adianta nada. As pessoas generosas são capazes de fazer uma espécie de regressão: permitem que o bebê que foram um dia no passado fale com o outro que está ali diante delas. Isso torna o contato mais profundo entre eles. […] O livro é um objeto que necessita do contato com o ser humano para se transformar em um objeto de cultura. Ao mesmo tempo, uma das funções da leitura na primeira infância é permitir que o bebê ultrapasse o sujeito físico e alcance o cultural.”

Evelio Cabrejo Parra, “Revista Nova Escola”, fevereiro de 2013

 

“O número de jovens que viraram chefes de si mesmos cresceu. De 2006 a 2012 houve um aumento mensal médio de 7,2% ao ano no número de startups, segundo uma pesquisa da rede de consultoria e auditoria UHY, com salto de 467 mil para 617 mil novos negócios.”

“Revista Época Negócios” – fevereiro de 2013

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