Os dias passam e a vida vai sendo vivida como dá. Mas há uma insatisfação na alma de muitos, ou uma decepção que desgasta o dia, uma inquietação angustiante que devora momentos que poderiam ser tranquilos, com o efeito de refrigério para gente seca no cotidiano.

O que fazer quando o talento falha, quando a beleza fenece, quando a carreira brilhante declina, quando as imperfeições já não são mais disfarçáveis, e as rupturas aconteçam a contragosto?

Vidas idealizadas se tornam debilitadas. A fragilidade não assumida mostra a conta. A couraça que usurpa a humanidade protege durante um tempo de espetáculo, mas em algum momento as máscaras caem. O que antes era velado, agora torna-se revelado. O esforço por esconder se faz inútil. A autossuficiência dói quando se percebe incapaz.

Não gostamos de pensamentos confusos, de emoções tumultuadas, e a sensação de que as coisas estão muito longe de nosso controle costuma ser um tanto desagradável.

Forças quase esgotadas, sentimos agora que os dias passam por nós. Era para ser assim?

Ignorar que ilusões são apenas ilusões, que as perdas são necessárias, que a vulnerabilidade faz parte de quem deseja aprender a amar é um existir empobrecido.

Algumas frustrações são benéficas, pois, mostram-nos expectativas irrealistas, E para melhor compreender e viver a vida precisamos compreender como enfrentamos e vivenciamos nossas perdas.

Ter pessoas com quem repartir as fragilidades, pedir ajuda, ter pausas e espaços para repensar decisões e atitudes é uma maneira de fazer os dias mais intensos, de passar por eles com sabor agradável, de quem viveu, sofreu e viu que vale a pena.

Aproveite bem os dias.