Posts tagged humanidade

8ª semana de 2011

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“Muitos jovens estão buscando outros rumos, abraçando a montanha-russa do empreendedorismo. Um número significativo de profissionais experientes persegue a mesma aventura. A motivação dos dois grupos é diferente: enquanto os mais jovens procuram a vertigem e o sucesso, os mais maduros frequentemente buscam apenas escapar do tédio e da frustração. Os riscos são consideráveis: as taxas de falência de novos negócios, próximas de 50%, atestam a distância entre o sonho e o feijão. […] Em lugar de se tornarem donos de seu tempo, veem-no esvair ainda mais rapidamente do que antes, a tentarem fazer frente a dezenas de tarefas, todas aparentemente urgentes. […] O momento os favorece e a vida nas pradarias do empreendedorismo tem seu charme: os horizontes são amplos e muitos caminhos continuam inexplorados. Porém, as chances de encontrar estrelas guias são escassas.”

Thomaz Wood Jr, Carta Capital – 23/02/2011

 

“Na última década, houve uma gigantesca evolução tecnológica dentro de uma mesma geração. Por isso, torna-se inconcebível pensar na ação formativa de crianças e jovens sem envolver as TICs (tecnologias de informação e comunicação).
Os educadores, que não experimentaram inicialmente essa vivência tecnológica, também se deparam com o desafio de entender o seu papel nesse contexto.
Computadores com acesso à internet já são realidade em boa parte das escolas. O sistema 1:1 -um computador para cada aluno ou jovem- começa a ser implementado, e os obstáculos de infraestrutura são lentamente superados. No entanto, o que para muitos era um jargão -“não basta ter acesso, é preciso saber o que fazer com a tecnologia”- hoje é a questão mais urgente a ser respondida. A tecnologia permite colocar pessoas em contato com pessoas e todas em contato com a informação, em qualquer tempo e de qualquer lugar. Este é o grande potencial das TIC’s na educação. No entanto, disponibilizar isso ao aluno, sem relacionar à sua formação, não tem valia.”

Adriana Martinelli Carvalho, Folha de S.Paulo – 21/02/2011

 

“Hoje, o carnaval se anuncia como um prenúncio de calamidade pública, uma ‘selva de epiléticos’, com massas se esmagando para provar nossa felicidade. A alegria natural do brasileiro foi transformada em produto. […] A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 22/02/2011

 

“Herdeiros de uma sensibilidade romântica abastardada, acreditamos que a arte deve ser “autêntica”, e que a “autenticidade” consiste em abrir as comportas da alma, despejar os nossos “sentimentos” e “emoções” na via pública e, por via dessa catarse, nos libertarmos das nossas neuroses pessoais. Segundo essa doutrina, a arte não é arte, é terapia. Um romance não é um romance, é uma sessão de psicanálise por escrito. E o artista não é um artista, é como um doente mental que vive no asilo psiquiátrico e que pinta, ou escreve, por motivos estritamente terapêuticos, antes da medicação noturna. Visitar grande parte dos nossos museus, dos nossos palcos ou das nossas estantes é tropeçar continuamente nessas alegres pornopopeias. Tragicamente, Aronofsky e companhia ignoram que a arte não é questão de expressão ou repressão, mas de disciplina e sublimação.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 21/02/2011

 

“À medida que blogs, YouTube, Orkut, Facebook e Twitter passaram a dar a qualquer indivíduo um grau de exposição antes reservado às celebridades, as portas e janelas de todos foram abertas para multidões de voyeurs declarados. Quem está conectado em casa passou a estar, ao mesmo tempo, na rua. E vice-versa. Onde quer que se esteja, os amigos sempre estão por perto. Muitas vezes, perto demais. E nem são tão amigos assim.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 23/02/2011

 

“A música saiu da mão dos criadores e passou para a mão dos produtores. As grandes gravadoras que ainda existem, não apostam mais em diretores artísticos. Gostam mesmo é dos diretores de marketing. E o pior é que isso não acontece apenas no Brasil. É um fenômeno mundial. […] O problema é que os meios de comunicação desaprenderam a lidar com a música. […] O cara tem em casa meia dúzia de maquininhas eletrônicas maravilhosas, e ele mesmo produz seu disco, faz capa e mixa. Uma possível música do futuro, de qualidade, vai ser feita cada vez mais por esforços individuais. Tem de vir de baixo para cima, pois de cima para baixo não vem nada.”

Júlio Medaglia, 71, maestro, Revista Brasileiros – fevereiro de 2011

 

“Violência, uma anomalia social ou fruto da sociedade? As bases de definição de violência não são únicas como o senso comum prevê. Violência é um termo difícil de ser definido, pois, além de possuir muitas significações, é um termo subjetivo e que é entendido de várias maneiras dependendo do contexto social em que o sujeito vive. […] A sociedade está proliferada em todas as camadas da sociedade e nas mais diversas esferas. Crimes hediondos, falta de solidariedade e perversão da cidadania são alguns tipos de violência que acabam mostrando que o homem pós-moderno parece menosprezar-se. De maneira geral, são as crianças e jovens em pleno processo de formação de identidade e absorção de valores que acabam levando todo esse contexto de violência para si.”

Cecília Bernardes Francisco e Débora Lopes César, Revista Sociologia, fevereiro de 2011

 

“Sou um individualista-egoísta. Mão teria coragem de abdicar do meu conforto por um bem comum.”

Gilberto Braga, 65, novelista – Revista Marie Claire – fevereiro de 2011

 

“Depois de agir, examine o que fez e qual foi o resultado. É aqui que o aprendizado realmente ocorre. Refletir é algo fundamental – e funciona melhor se for uma prática regular. Reserve um tempo ao fim de cada dia, por exemplo (talvez no caminho de volta para casa). Que ações deram certo? O que poderia ser feito de forma diferente? Pense nas conversas que teve.”

Linda Hill e Kent Lineback, Harvard Business Review – fevereiro de 2011

7ª semana de 2011

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“Em política, a pior maldição é querer aprisionar o sucesso. Quem tenta fazer isso se torna prisioneiro dele e não consegue mais fazer as coisas com abertura criativa e espírito de novidade. A ação política é sempre um processo vivo, único. Se tentar aprisionar o sucesso, que já é passado, aí sim, vai viver a maldição. […] Não se alcança convergência em tudo, mas é possível encontros a partir de princípios éticos e valores duradouros.”

Marina Silva, O Estado de S.Paulo – 13/02/2011

 

“Um país que não sabe o que é ciência está condenado a retornar ao obscurantismo medieval. […] A ciência cria conhecimento por meio de um processo de tentativa e erro, baseado na verificação constante por grupos distintos que realizam experimentos para comprovar ou não as várias hipóteses propostas. […] O problema não é não saber. O problema é não querer saber. É aí que ignorância vira tragédia.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 13/02/2011

 

“É isto que nós somos, sem que tenhamos coragem para dizê-lo: um adeus. É por isso que precisamos dos poetas. Pois eles são aqueles que tecem as suas palavras em volta do frágil fio que nos amarra sobre o abismo. Eles sabem que em nossos corpos mora um adeus. De repente, sem nenhum anúncio.”

Rubem Alves, Revista Psique, Ciência & Vida – fevereiro de 2011

 

“Metade, ou mais, dos nossos jovens estudantes não consegue extrair informações relevantes de textos um pouco menos explícitos, muito menos manipulá-las para fazer comparações com outros dados ou para outros fins. […]

Essa desigualdade educacional atual contribuirá para a formação de uma população adulta muito desigual no futuro – assim como a desigualdade educacional passada foi a grande responsável pela atual desigualdade social e econômica. Assim, nosso sistema educacional contribui para fechar um círculo vicioso terrível: projetar, no futuro, as atuais situações de concentração de renda e desigualdade social.

É essencial, pois, que as crianças de classes sociais menos favorecidas sejam especialmente incentivadas, condição necessária para uma educação democrática e republicana e, também, para que no futuro tenhamos condições objetivas e sólidas de combater nossa perversa concentração de renda.”

Otaviano Helene – presidente da Associação dos Docentes da USP; Lighia Horodynski-Matsushigue – professora aposentada do Instituto de Física da USP, Le Monde Diplomatique – fevereiro de 2011

 

“A esfera pública tem a responsabilidade de afirmar direitos, de construir cidadania social contra a lógica do consumidor e da ascensão social pela disputa de todos entre si no plano do mercado. Elevar a qualidade da educação pública, melhorar substancialmente o atendimento da saúde pública, disseminar espaços de cultura no plano público – são formas concretas de construir cidadania, de fortalecer o espírito público dos servidores e de construir concretamente alternativas ao neoliberalismo.”

Emir Sader, Revista Caros Amigos – fevereiro de 2011

 

“O ato de questionar a vida pode trazer sentimentos ingratos e que põem na mesa dúvidas pertinentes que nos fazem parar e prestar atenção em por que razão existimos. Penso, logo existo? Que nada! Penso, logo entro em crise. Afinal, quem nunca ficou angustiado com as dúvidas e mistérios da natureza humana? […]

Refletir, procurar o diálogo e compreender que cada escolha tem o lado positivo pode ser uma forma de relativizar as coisas e enxergar a crise sem as lentes do exagero. […]

A todo momento somos bombardeados por informações e possibilidades de sucesso sem fim, que nem sempre conseguimos abraçar. Em algum momento, é natural cair na armadilha de se sentir incapaz. Essa constatação, na verdade, pode ser muito positiva. Ela leva o sujeito a repensar as coisas, amadurecer e buscar novas alternativas para a felicidade. Mas isso quando ele está disposto a enfrentar as mudanças que podem decorrer desses questionamentos, claro. […]

Para o psicanalista Cláudio Cesar Montoto, são dois pontos importantes para superar uma crise. Um: saber reconhecê-la. Dois: enfrenta-la. Todo mundo passa por uma ou várias crises durante a existência. E, se não passou, ainda há de passar. Mas a única forma de fazer com ela deixe de dominar nossos pensamentos é descobrir e compreender o que está por trás dela. É preciso reconhecer que nossas escolhas sempre acarretam perdas, dúvidas e senões.”

Revista Vida Simples, fevereiro de 2011

 

“Adoro garimpar para entender as coisas. Como James Bond tinha ‘licença para matar’, eu me dei licença para perguntar. E assim a vida nunca fica chata, porque sempre há algo para aprender. Acredito que a curiosidade seja um ativo estratégico poderoso. Se você observa os melhores líderes que estudamos, eles estão sempre cavando, perguntando ‘por quê’. Eles não dizem simplesmente ‘isso funciona’, mas querem saber por que funciona. Então, buscam uma compreensão mais profunda do mundo. […]

Lidere perguntando, não respondendo. Use perguntas para entender, não para manipular. […] Essa curiosidade é o que ajuda você a enxergar as coisas que deveria realmente temer.”

Jim Collins, pesquisador norte-americano, HSM Management – jan/fev. 2011

 

“O mais importante que aprendi com Peter Drucker foi que é necessário parar para pensar. Um dos problemas do management moderno é que tudo é feito com pressa, sob pressão. Bem poucas vezes as pessoas têm tempo para pensar. O segundo problema é a sobrecarga de informação. Recebemos centenas de e-mails, incorporamos os dados, mas não pensamos. Drucker me ensinou a dedicar tempo à reflexão, a me retirar para pensar nas coisas; isso é o que me ajuda a não cometer grandes erros.”

Hermann Simon, um dos pensadores mais influentes do management, HSM Management – jan/fev. 2011

 

“Palavras de Federico García Lorca ao inaugurar a biblioteca de Fuente de Vaqueros (Granada), em setembro de 1931: ‘Quando alguém vai ao teatro, a um concerto ou a uma festa, se lhe agrada, lamenta que as pessoas de quem gosta não estejam ali. ‘Como minha irmã, meu pai iriam apreciar’, pensa, e desfruta, tomado por leve melancolia. Esta é a melancolia que sinto, não pela minha família, e sim por todas as criaturas que, por falta de meios e por desgraça, não gozam do supremo bem da beleza, que é a vida com bondade, serenidade e paixão’.”

Frei Betto, Revista Caros Amigos – fevereiro de 2011

4ª semana de 2011

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“Não há por que ter medo da laicidade. Reconhecer o direito de voz às lideranças religiosas na política não é o mesmo que conceder-lhes passe livre para a participação na deliberação política do Estado. A liberdade de expressão política é um direito inalienável para as pessoas religiosas ou não. A laicidade não silencia a participação política. A clássica separação entre Estado e igreja não é o afastamento das religiões da vida política, mas seu devido distanciamento das instituições básicas do Estado. […] Todos devem igualmente respeitar o princípio da neutralidade religiosa do Estado em suas atuações políticas oficiais. Não há, portanto, incompatibilidade moral entre a mulher de fé e a mulher de Estado. Só elegemos a mulher de Estado.”

Debora Diniz, professora da Unviersidade de Brasília e Pesquisadora da ANIS – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero – O Estado de S.Paulo, 23/01/2011

 

“O estupro na guerra é tão antigo quanto a própria guerra. […] Para os soldados, há muito tem sido um espólio de guerra. Antony Beevor, historiador que escreveu sobre estupros durante a ocupação soviética da Alemanha, em 1945, diz que a violação pode ocorrer na guerra tanto por obra de soldados indisciplinados quanto como arma estratégica para humilhar e aterrorizar, como no caso das Forças Regulares de marroquinos que lutaram sob as ordens de Franco na Guerra Civil Espanhola. […] Teoricamente, as convenções de Genebra sobre tratamento dos civis durante a guerra são respeitadas por políticos e generais na maioria dos países civilizados. Mas no caos da guerra irregular, com exércitos privados ou milícias indisciplinadas, essas normas têm pouco peso.

A parte oriental do Congo tem sido caótica desde o genocídio em Ruanda, em 1994. Em 2008, o grupo humanitário Comitê de Resgate Internacional (IRC, em inglês) estimou que 5,4 milhões de pessoas já tinham morrido na ‘guerra mundial da África’. Apesar dos acordos de 2003 e 2008, a violência ainda não cessou. Há muitos números sobre quantas mulheres foram violadas, nenhum conclusivo. Em outubro de 2010, Roger Meece, chefe das Nações Unidas no Congo, disse ao Conselho de Segurança da ONU que 15 mil mulheres tinham sido estupradas em todo o país em 2009. O Fundo para a População da ONU estimou 17,5 mil vítimas no mesmo período. O IRC diz que tratou de 40 mil sobreviventes somente na província de Kivu Meridional, entre 2003 e 2008. Hillary Margolis, que dirige o programa de violência sexual do IRC, diz que esse dado representa um piso. Os verdadeiros números podem ser muito maiores. […] Um estudo recente da Iniciativa Humanitária de Harvard e da Oxfam examinou sobreviventes no Hospital Panzi, em Bukavu, cidade de Kivu Setentrional. Com idades de 3 a 80 anos, solteiras, casadas ou viúvas, de todas as etnias, foram estupradas em casas, campos e florestas, na frente dos maridos e dos filhos; quase 60% violadas por grupos. Filhos foram obrigados a violar as mães ou seriam mortos. […]

Mesmo quando as guerras terminam, o estupro continua. Agências humanitárias no Congo relatam altos níveis de violações em áreas hoje pacíficas, mas é difícil avaliar cifras. Não há números de antes de guerra e uma maior disposição para relatar violações pode explicar o aparente aumento.

Os esforços para integrar ex-combatentes na sociedade foram superficiais e malsucedidos, com pouca avaliação de resultados. Some-se o precário sistema judiciário e a previsão é sombria. É ainda mais inóspita quando se vê como os efeitos do estupro são duradouros. Rebeldes tomaram a aldeia de Angelique, em 1994. Degolaram seu marido, depois a amarraram entre duas árvores com os braços e as pernas afastados. Sete homens a estupraram antes que ela desmaiasse. Ela não sabe quantos outros a violaram em seguida. Depois eles enfiaram galhos em sua vagina. O tecido entre sua vagina e o reto foi rasgado e ela desenvolveu uma fístula. Durante 16 anos vazou urina e fezes. Agora recebe tratamento médico, mas a justiça é um sonho distante.”

The Economist/Carta Capital, 26/01/2011

 

“Foi com a Revolução Industrial que o trabalho atingiu o seu apogeu, sendo celebrado como motor da modernização e da transformação do mundo. Hoje, a nossa sociedade tem outros deuses: cultua mais o consumo do que a produção, valoriza mais a imagem do que o fato, celebra mais o cargo do que o batente.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital, 26/01/2011

 

“Quase 200 anos depois da Independência, ainda temos do Estado uma visão colonial. Trata-se de uma entidade arrecadatória, nascida de algum reino estrangeiro que inventa novas coisas para nos infernizar e que cumpre enganar do mesmo modo com que nos tapeia. A corrosão ética da coisa toda nasce, a rigor, da política, e não o contrário: por se tratar de uma cidadania imperfeita, de um autoritarismo latente, de uma democracia sem participação e de um Estado, afinal, sem dono, mas com muitos gerentes e coronéis, é que corromper ou obedecer são as saídas que conhecemos.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo – 26/01/2011

 

“No Brasil, onde uma mulher acaba de assumir a Presidência da República, apenas 5 das 100 maiores companhias em receita com vendas têm mulheres na presidência.
O número é baixo, mas o cenário era ainda menos favorável às mulheres em 2009, quando não havia nenhuma presidente nas cem maiores companhias. […] Só 3% das cadeiras de presidentes, em média, ficam com as mulheres, segundo a DMRH, consultoria em recursos humanos, que atende mais de 450 empresas. […] De acordo com a consultoria, 9% dos diretores e vice-presidentes das companhias são mulheres; elas são cerca de 35% dos gerentes e 50% dos trainees e analistas. […]

Em empresas que possuem conselho de administração -órgão que aprova decisões estratégicas da companhia, como a nomeação do presidente-executivo (CEO, na sigla em inglês)-, mulheres têm menos chances de chegar ao topo. […] Na Noruega, é obrigatório, desde 2008, que 40% dos conselhos de administração sejam compostos por mulheres. Na Espanha, foi aprovada uma lei semelhante, com a mesma cota, mas só entra em vigor em 2015.”

Carolina Matos, Folha de S.Paulo – 28/01/2011

 

“Um estudo publicado neste mês no periódico ‘Archives of General Psychiatry’, reacende o debate em torno do caráter genético da depressão. A pesquisa, das universidades de Michigan, EUA, e Würzburg, Alemanha, conclui que pessoas com uma variação mais curta do que a normal do gene 5-HTTLPR são mais propensas a ter depressão depois de situações estressantes. […] Segundo Srijan Sen, professor de psiquiatria da Universidade de Michigan e um dos autores novo trabalho, esses resultados já mudam a forma de encarar a depressão. ‘Ainda há muito estigma associado a ela. Ao identificarmos um fator genético, podemos compreender que é uma doença biológica’, diz. O psiquiatra André Brunoni concorda: ‘Ainda há pais que não compreendem a depressão dos filhos e acham que eles podem superar isso sozinhos’. E completa: ‘Pensar na depressão como uma doença com causa biológica, que não é preguiça ou mera insatisfação com a vida, ajuda’.”

Guilherme Genestreti, Folha de S.Paulo – 28/01/2011

 

“Em 2010, o número de doadores de órgãos foi 11% maior do que em 2009, segundo a ABTO (Associação de Brasileira de Transplante de Órgãos). Foram 1.842 doadores com órgãos transplantados. É a maior média da história. O número total de transplantes feitos no Brasil teve um aumento de 6,5%. Os tipos que mais tiveram aumento foram os transplantes de rim e de fígado. Segundo a ABTO, São Paulo é o Estado com maior proporção de doadores. A região Norte é a que tem menos doações.”

Folha de S.Paulo – 28/01/2011

 

“País mais populoso do mundo árabe, o Egito ostenta a segunda maior economia da região, atrás somente da Arábia Saudita. Comparado aos vizinhos, no entanto, seus índices socioeconômicos estão entre os piores. Dos 80 milhões de habitantes, dois terços são jovens abaixo de 30 anos, dos quais 90% estão desempregados.”

Folha de S.Paulo – 29/01/2011

 

“Somos incorrigivelmente vorazes. Queremos o máximo de informações no mínimo de tempo. Desafiamos, a cada momento, as barreiras do espaço. Reduzimos as distâncias com telefones celulares e operações digitais. Ainda que no trânsito ou no aeroporto, no trabalho ou no clube, a ‘coleira eletrônica’ impede que nos percam de vista. Entre uma marcha e outra, uma flexão abdominal e outra, uma opinião e outra no trabalho, controlamos os filhos, as aplicações financeiras, os negócios geograficamente distantes. Como Prometeu, queremos arrebatar o fogo dos deuses, fazendo de conta que não somos frágeis e mortais.”

Frei Betto, Caros Amigos – janeiro/2011

3ª semana de 2011

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“Há um Deus, a Criação, o ser humano, uma missão, um destino, uma eternidade… Quem não faz filantropia vegeta neste mundo. E vai para um mundo ainda mais pobre do que o lugar de onde veio. A única forma de levar alguma coisa positiva é fazer o bem nesta Terra e levar isso junto com você para outro mundo. […] O ideal é doar tempo e dinheiro, mas cada um doa o que pode. Eu doo ‘x’ horas por semana e ‘x’ reais por ano. Não vou falar quando porque é um pouco íntimo, mas no fim da vida mais da metade do que tenho irá para obras de caridade. […] No começo, pensava muito na questão da pobreza. Depois comecei a pensar que se a gente aproximasse as pessoas de Deus não haveria estupro, nem assassinatos. Portanto, a formação moral é fundamental. O mundo educado, o mundo moral, é o mundo que não tem mal. Ou, diante dele, o mal diminui de forma bastante rápida. Por isso, em primeiro lugar, hoje invisto na educação moral. Aí está o futuro. […] Você tem de ajudar o próximo, mas também tem de ajudar a humanidade. A obrigação do ser humano na Terra é ajudar todos. […] A única moeda conversível e interplanetária entre os mundos espiritual e físico é o bem. Essa é a única que não tem barreiras e não tem banco central. O resto fica aqui. Então, qualquer pessoa que seja inteligente e com bom senso vai pensar: ‘Por que vou levar meu dinheiro para o túmulo ou deixar para alguém que vai torrar tudo?’. Se você deixar R$ 100,00 para o seu filho torrar, o que se ganha com isso? Nada. É muito melhor doar a maior parte para obras de caridade, dando vida para muitas pessoas, milhares de pessoas. […] No Shabat só trato de assuntos espirituais e não faço negócios. Nesse dia me espiritualizo, este é o alimento da semana. Os negócios são cativantes. Se você não se espiritualiza, você fica preso na matéria. Para fugir da matéria um pouquinho, é preciso se espiritualizar. […] Leitura é o maior prazer que tenho na vida.”

Elie Horn, 64, empresário (construtora Cyrela – que fundou em 1978), bilionário discreto, o maior filantropo brasileiro, Revista Época Negócios – janeiro de 2011

 

“Apesar de seguirem regras específicas, não se constrangem com a modernidade. A comunidade interage com os vizinhos que não pertencem à ordem religiosa. Também estão a par dos avanços da sociedade moderna, mas por uma opção voluntária e por questões religiosas, preferem não adotá-los. O principal motivo que determina se uma inovação, como dirigir um carro, por exemplo, será incorporada ou não à cultura amish é o julgamento que fazem a partir de seus valores. Se entenderem que a inovação desvirtualiza a vida em família e em comunidade, ela será vetada. […] A religião explica essas escolhas Ela é onipresente e rege tudo, desde o modo como se vestem até o jeito como fazem os negócios. […] Conhecidos pelo extremo rigor quanto à adoção de novas tendências, os amish estão levando seu modo simples de vida e suas crenças para os negócios que administram – com todas as vantagens e desvantagens que isso possa trazer. Nenhum empresário amish ilustra tão bem o novo cenário quanto Amós Miller, 32 anos. Há cinco anos ele transformou a fazenda do pai na Miller Farm, uma produtora e distribuidora de produtos orgânicos que chega a 26 estados. Mesmo tendo de gerir uma empresa de alcance nacional, Miller não tem carro, não usa telefone celular – e jamais se sentou diante de um computador. Miller também não tem nenhuma educação formal em negócios, já que os amish param de estudar na oitava série. ‘Não me sinto frustrado por usar esses meios de comunicação modernos. Meu negócio não é dependente de computadores e eletrônicos, mas de produtos e pessoas’, diz ele. […] Os amish pertencem ao grupo dos anabatistas, surgido em 1525, na Suíça. […] Um dos líderes mais influentes era Menno Simons e, aos poucos, o grupo passou a ser chamado de Menonitas. Eram considerados e ala mais radical da reforma protestante e muitos foram perseguidos e mortos. […] Cerca de 150 anos mais tarde, em 1693, um suíço chamado Jakob Ammann tornou-se o líder do grupo dos anabatistas que ficou na Suíça e resolveu fazer mais reformas. O que a princípio seriam pequenos detalhes, levou a uma cisão irreparável. Os membros seguidores de Ammann passaram a ser chamados amish. Tudo o que fazem e todas as decisões que tomam têm como princípio preservar os valores nos quais acreditam. Câmeras de vídeo, televisões, computadores e mesmo a escola dos filhos são vistos como tentações para desviar a atenção da vida em comunidade.”

Marcos Todeschini, Revista Época Negócios – janeiro de 2011

 

“Quem começou a trabalhar no século passado ouviu falar muito da necessidade de dominar um terceiro idioma, fazer pós-graduação ou comprovar experiência. Quem chega ao mercado de trabalho agora depara com exigências adicionais bem mais abstratas. Os jovens precisam ser a ‘atitude correta’, seja lá o que signifique isso. Para complicar, enfrentam uma impressão difundida pelo mercado de trabalho, justa ou injustamente, de que têm ambição demais e paciência de menos. Uma pesquisa feita pela consultoria alemã Trendence em 20 países oferece um panorama mais detalhado do que as companhias querem do jovem. […]

As grandes empresas brasileiras, de acordo com o estudo, buscam jovens flexíveis (para assumir diferentes papéis numa organização, não necessariamente ao mesmo tempo), capazes de liderar e decidir (dentro de seu raio de atuação), com facilidade para atuar em equipe, hábeis em análise (para entender cenários amplos), empreendedores (para criar e abraçar projetos) e com ‘integridade pessoal e ética forte’. Essas foram as mais mencionadas entre 19 características que poderiam contribuir para o sucesso de um recém-formado numa companhia.”

Marcos Coronato, Revista Época, 17 de janeiro de 2011 

 

“Somos muito pouco alfabetizados nas questões ambientais. Não me refiro nem à ignorância inofensiva como a de não saber diferenciar uma sibipiruna de um pau-brasil.
Refiro-me à ignorância maior e imperdoável da intrínseca interdependência entre todos os sistemas e espécies da natureza. Convencionou-se que o ser humano é a espécie mais importante e a natureza deve servir às suas necessidades às expensas da comunidade da vida. Portanto, há uma cultura de apropriação, abuso e desprezo em relação ao meio ambiente, que, somada à ignorância, faz com que o principal resultado da cultura antropocêntrica seja ameaça constante ao meio ambiente em geral e à condição humana, em particular.  Não conhecer o meio ambiente e suas dinâmicas e não se comprometer com a vida faz com que nossos aglomerados urbanos assemelhem-se a histórias de horror, palcos de tragédias sem fim e de um desânimo inconsolável quanto ao “Nosso Futuro Comum” (ver Relatório Brundtland). […]Somos literalmente objetos de políticas publicas, hipotecamos direitos aos políticos profissionais e ignoramos nossos deveres primários.”

Ricardo Young, Folha de S.Paulo – 17/01/2011

 

“Férias são uma instituição em crise. Esqueça o ideal que nos leva a imaginar nelas um período de descanso, reflexão, diversão ou renovação de conhecimento. Esse tipo de desfrute das férias está em extinção. […] Para todo lugar que ando, vejo pessoas de férias, mas apenas dando uma conferidinha nos e-mails e nas planilhas enviadas por seus assistentes. Desconectar? Nem pensar! O mundo depende de nossa atenção para continuar girando, certo? […] Desconecte-se. Se quiser levar seu tablet na viagem, faça-se o favor de esquecer o carregador. A desculpa dos livros digitais tem feito muita gente ficar 24 horas respondendo a e-mails. […] Lamento o que observo na vida daqueles que tanto batalham para sair de férias e, quando conseguem, entram em um período de intenso estresse. Para alguns, o estresse é físico, decorrente do vaivém com as crianças. Para outros, é um estresse psicológico, tentando esconder de si que estão trabalhando de fato. Para a maioria, trata-se de um estresse financeiro, em razão dos preços de temporada que nos obrigam a receber muito menos pelo que pagamos. […] Uma mente bem descansada não terá problemas em se reinventar.”

Gustavo Cerbasi, , Folha de S.Paulo – 17/01/2011

 

“Os louros passageiros nada mais são do que símbolo, assim como a beleza estereotipada, a riqueza que corrompe, o poder político que trai, os relógios dourados e carrões escandalosos que servem para encobrir fraquezas e limites, o luxo que desaparece quando se vê só, a fama que engana e fantasia, e outros menos globalizados. Sentir-se bem com a própria personalidade, caráter, capacidade e sensibilidade deveria ser o mais importante.”

Sócrates, Carta Capital, 19/01/2011

 

“No regime democrático em que vivemos, ninguém assalta o poder, como nas ditaduras. Somos nós que elegemos as autoridades e se elas, ao longo do tempo, não cuidam do bem público, a culpa é nossa pelas deficiências daqueles que escolhemos para nos governar.”

Carlos Heitor Cony, Folha de S.Paulo – 20/01/2011

 

“Novas expansões do conceito de direitos humanos continuam em discussão. Na pauta, figuram direitos dos animais e da natureza como um todo. Como sublima Iara Pietricovsky, os desastres naturais deste início de século segurem que talvez seja a hora de considerar a natureza como um ente de direito, no mesmo plano dos seres humanos.”

Diego Viana, Valor Econômico – 21-23/01/2011

 

“Eles são ricos, viajados, cosmopolitas – e sedentos. A crescente classe alta da Índia quer licores sofisticados e vinhos finos que definam a ‘boa vida’ que eles veem em suas viagens de férias e nos filmes de Hollywood. O velho hábito de servir uma dose de rum barato em um copo qualquer simplesmente está ‘proibido’. ‘A vida é uma festa! Se podemos ter o melhor, por que não ter?’, diz Vikrant Nath, um promotor de eventos de 49 anos de Nova Déli. […] ‘Queremos novas experiências, saber mais sobre a boa vida’, diz a esposa de Nath, Alka. […] O número de indianos com patrimônio de pelo menos US$ 1 milhão cresceu 51% em 2009, para 126 mil pessoas, segundo um estudo do Merrill Lynch e da consultoria Capgemini. […] Embora parte da população seja abstêmia, 5% – cerca de  60 milhões de pessoas, a população da França – é alcoólatra, a maioria pessoas pobres e viciadas em bebidas baratas fabricadas ilegalmente. A Ìndia é a maior produtora de bebidas alcoólicas da Ásia, mas dois terços das cerca de 700 milhões de caixas consumidas anualmente não são declaradas – fabricadas em vilarejos remotos ou compradas de embaixadas ou contrabandistas”.

Katy Daigle, Valor Econômico – 21-23/01/2011

 

“Além das perdas afetivas, as vítimas sofrem por não ter onde morar. ‘A casa da gente não é só parede, chão e teto. Por isso, quando você perde isso, perde muito mais’, diz a psicóloga ambiental Marlise Bassin. […] Como o primeiro instinto é sobreviver, só depois elas entendem o que aconteceu’, afirma a psicóloga Fernanda Delgado, de um abrigo na cidade. Mesmo quem não perdeu parentes e amigos precisa de ajuda. A dona de casa Marcilene da Silva Rodrigues perdeu a casa no Jardim Salaco, mas conseguiu salvar a família. Apesar de reconhecer a sorte que teve, tenta conseguir forças para seguir em frente. ‘Sei que muitas pessoas passaram por coisas piores. Eu estou com meu marido e meus três filhos, mas tento não pensar sobre o que vou fazer daqui para frente. Não tenho ninguém e não sei quando vou conseguir sair do abrigo’, lamenta.”

Paulo Sampaio/Bruno Boghossian, Estado de S.Paulo – 21/02/2011

2ª semana de 2011

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“Veja o futuro como um quebra-cabeça. Conecte, digamos, algo vivido no trabalho com algo lido no jornal. Veja como as peças formam uma nova imagem. O futuro não é linear.”

Oscar Motomura, Revista Época Negócios – janeiro de 2011

 

“Uma pesquisa do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) sinaliza que apenas 12% dos entrevistados conseguem citar o nome de um cientista brasileiro e só 18% sabem mencionar de cabeça uma instituição científica. Quem consegue nomear está na parte mais rica da população. “Isso mostra que o Brasil ainda é uma país extremamente desigual”, analisa o físico Ildeu de Castro Moreira, coordenador do trabalho.
E os cientistas mais citados são Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. “Praticamente ninguém menciona cientistas sociais, sendo que o Brasil têm nomes importantíssimos como Paulo Freire e Gilberto Freyre”, completa. A pesquisa consultou 2.016 brasileiros com objetivo de investigar as atitudes e percepções dos brasileiros sobre a ciência e tecnologia. O trabalho dá continuidade a uma investigação similar realizada em 2006.”

Sabine Righetti, Folha de S.Paulo – 10/01/2011

 

“Está na hora de as autoridades entenderem que não haverá qualidade de vida se saneamento, tratamento de esgotos, gestão de recursos hídricos e política habitacional preventiva não estiverem no centro das agendas municipais. A crise ambiental é séria, e o número de cidades vitimadas é crescente. A lógica da gestão pública tem de mudar. É na infraestrutura das cidades, nos subterrâneos das ruas, nas periferias longe dos holofotes, nas várzeas de rios, nas encostas de morros e nos aterros sanitários que reside a nova lógica das políticas públicas.”

Ricardo Young, Folha de S.Paulo – 10/01/2011

 

“Afirmam os entendidos que não se pode nem se deve viver sem inimigos. São necessários à firmeza de nossas convicções e eficiência de nossos atos. Mesmo na metafísica há necessidade de contrários: após a Criação, o próprio Deus descolou um adversário, na pessoa do seu anjo predileto, que era Lúcifer.”

Carlos Heitor Cony, Folha de S.Paulo – 11/01/2011

 

“Entramos na década em pleno caos criativo. As mídias sociais evoluíram e agora são só mídia. Todos viramos mídia. Tudo virou mídia. E mídia é um meio condutor. De conteúdo humano. O que é fantástico. […] O Facebook é a cara do hoje.
Seu segredo é o segredo da revolução em curso e que a publicidade conhece desde sempre: comunicação. Agora evoluída para conexão.  O Facebook é a cara do hoje porque é a nossa cara. Com suas conexões, permite-nos fazer algo de que sempre gostamos: mergulhar em vidas alheias. E algo que descobrimos adorar: expor as nossas vidas. Aliás, o grau de transparência de algumas pessoas na rede chega a constranger. […] O criativo é naturalmente destrutivo.  A única forma de ter esse caos criativo como aliado é entrar no fluxo e inovar. A inovação é ao mesmo tempo mãe e filha da comunicação. Se você pensa que sabe tudo, está obsoleto. Quem diz que sabe tudo sobre o seu próprio negócio está morto. É preciso inovar. Para fazer mais rápido, mais sustentável, mais barato, mais produtivo, melhor.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 11/01/2011

  

“Esse mundo mecânico/ elétrico/eletrônico demanda, cada vez mais, mão de obra viciada em precisão, atenção e capricho. […] Fazer, rever, corrigir, verificar de novo daqui a pouco, o mundo clama por isso. Na fábrica, na oficina, nos escritórios de projeto, entre operários e doutores.”

Anna Veronica Mautner, psicanalista, Folha de S.Paulo – 11/01/2011

 

“Escrever não dá quando a necessidade é sustento, mas faz toda a diferença na vida. […] Não há quem nos impeça de desenvolver nossas possibilidades. Se elas existem, é quase natural que desabrochem, se não existem, podadas por qualquer coisa que seja, vamos desenvolvê-las alegremente, com humor, só atentas para não cairmos na mesma cela com outra decoração.”

Nina Horta, Folha de S.Paulo – 13/01/2011

 

“Os nativos digitais, aqueles que nasceram a partir dos anos 1990 e não concebem o mundo sem celular nem internet, são estimados em 1,6 bilhão de pessoas, número que cresce a cada dia. Numa pesquisa mostrada por Katherine Savitt durante o último Web 2.0 Summit, em San Francisco, Califórnia, em novembro, 71% das pessoas dessa faixa etária reportaram uso simultâneo de celular com internet e/ou televisão. E 69% disseram manter três ou mais janelas ativas do navegador durante uma sessão de internet. Por conta das tarefas múltiplas, os jovens e ultrajovens são às vezes tachados de DDA, ou seja, portadores de Distúrbio de Deficit de Atenção. Mas será que trocar mensagens tipo SMS enquanto assistem a programas na TV não é algo como conversar no sofá? Desde os anos 60 sabe-se que o sistema nervoso se modifica quando o organismo é exposto a muitos estímulos. Neuroplasticidade é o nome que se dá à capacidade que os neurônios têm de formar novas conexões a cada momento. Será que o cérebro da Geração Z não evolui de maneira diferente da dos mais velhos? Será que essa geração não tem uma capacidade sem precedentes de coletar e processar informações? […] Essa geração parece muito mais afeita a criar e compartilhar seus textos, fotos e vídeos na internet do que todas as gerações precedentes. 93% dos jovens internautas fazem isso, diz a pesquisa. Além de criar e publicar, há o espírito curador. O hábito de sair navegando e selecionar o que se vê, lê ou ouve. Validam o que gostam comentando ou compartilhando o conteúdo de terceiros, profissionais ou amadores. Essa é a forma normal de expressão nas redes sociais.”

Márion Strecker, 50, jornalista, Folha de S.Paulo – 13/01/2011

 

“Navegar é preciso, mas nem sempre se chega ao porto desejado. Os mares deste mundo estão cheios de náufragos do outro mundo.”

Carlos Heitor Cony, Folha de S.Paulo – 13/01/2011

 

“As pessoas devem ser, acima de tudo, curiosas. É a curiosidade que a faz imaginativa, e aí a criatividade emerge. […] O bem-estar é um dos mais poderosos fermentos para a criatividade e a inovação. […] A mesmice cria tédio. E o tédio gera insatisfação. […] É um desafio e uma oportunidade [a convivência]. As cidades europeias reúnem pessoas com origens étnicas e culturais diversas. Na América Latina, as diferenças são sociais. Vejo nessa heterogeneidade um poderoso fermento para a inovação e a criatividade. Acho que a inovação poderosa, num país como o Brasil, vai nascer do convívio e da troca de ideias de pessoas com backgrounds diferentes, da classe A com as classes C, D ou E. Só assim surgem ideias e insights.”

Charles Landry, 62, britânico, especialista internacional em cidades criativas, Revista Época Negócios – janeiro de 2011

28 de dezembro de 2010

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“A triste verdade é que estamos mais infantis do que nunca. O jornalista britânico Michael Bywater, em livro sobre a matéria (“Big Babies, Or: Why Can’t We Just Grow Up?”, grandes bebês, ou por que não podemos simplesmente ficar adultos), já tinha alertado para o fato: a todas as horas, em todos os lugares, são infindas as campanhas que tratam o parceiro como criança. Campanhas que nos dizem o que devemos ser, pensar, comer, dizer, como nos devemos comportar, vestir e até se despir. […]Encontra-se na quantidade obscena de publicações que determinam “estilos” e “tendências” como se um ser adulto precisasse de ter um “estilo” e cultivar uma “tendência”. Escreve Bywater, em frase primorosa: “O meu pai não tinha estilo de vida. Ele tinha uma vida.” Curioso. O meu também. E o seu, leitor? No Ocidente balofo e pós-ideológico, ninguém tem uma vida para viver em paz. Porque só é possível ser adulto quando somos deixados em paz: nós, confrontados com as nossas escolhas e responsabilidades, sem uma mão paternalista a guiar as nossas existências. O circo em volta impede essa autonomia ao prolongar perpetuamente a infância. Quando somos tratados como crianças, dificilmente deixaremos de ser crianças.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 28/12/2010

 

“As empresas estão acostumadas a cumprir objetivos e metas, como corte de custos, inovação e ações relacionadas à sua reputação. Os objetivos de sustentabilidade devem ser encarados da mesma maneira, ou seja, juntamente com os objetivos de negócios, e não como algo ‘extra’ que um dia possa ser esquecido. Acredito que o maior risco é quando as empresas veem a sustentabilidade como um fardo, e não como uma oportunidade. Esse tipo de pensamento limita as inovações, pois as empresas entendem que só podem ser sustentáveis se sacrificarem os lucros. As empresas devem enxergar na sustentabilidade uma oportunidade para repensar os modelos de negócios, os produtos e as tecnologias. E dessa maneira acharão novos caminhos para oferecer valor aos clientes, fornecedores e acionistas, aumentando sua competitividade e otimizando seus resultados.”

Susan Svoboda, criadora suíça do Green Transformation Lab, Folha de S.Paulo – 28/12/2010

 

“Usuários de internet de todas as faixas de idade aumentaram a utilização de redes sociais no período entre maio de 2008 e dezembro de 2010, de acordo com pesquisa realizada pelo instituto de pesquisas Pew. Das pessoas entre 18 e 33 anos, 83% usam hoje redes sociais, contra 67% da medição anterior. Já internautas mais velhos, de 45 anos ou mais, dobraram sua participação, enquanto os de 74 anos ou mais a quadruplicaram. ‘As redes sociais também têm apelo para os mais velhos porque permitem àqueles que têm problemas de saúde falar com quem já passou pela mesma situação’, diz o diretor do Pew, Lee Rainie.”

Folha de S.Paulo – 28/12/2010

22 de dezembro de 2010

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“Por mais agnósticos ou sincréticos que estejam os tempos, rituais de renovação são sempre importantes. Mesmo que sirvam para lembrar que, na essência, pouca coisa muda. Por mais que o mundo lá fora pareça estar nas últimas e que a nova geração esteja perdida.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 22/12/2010

 

“O Twitter já angariou mais de 100 milhões de usuários no mundo. O Brasil é o segundo país com maior utilização proporcional da rede.”

Marcos Strecker, Folha de S.Paulo – 22/12/2010

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