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08ª semana de 2012

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“10 horas é o limite que uma pessoa pode trabalhar por dia segundo pesquisa do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional. Quem trabalha, além disso, duplica o risco de sofrer de depressão.”
Revista Você S/A – fevereiro de 2012

“No começo da carreira, eu era um pouco nervosinho. Hoje nada é dramático, tudo é um bom desafio para quebrar a cuca. Essa atitude contamina sua vida pessoal, sua relação com a família, e fica tudo mais tranquilo. Mas minha cadeira ainda precisa ser bem dura, para eu não passar muito tempo sentado nela e querer buscar novos desafios. Como artista, eu sou um eterno insatisfeito.”
Maurício de Sousa, 76, 51 de carreira, Revista Alfa – fevereiro de 2012

“Por que as pessoas querem estudar religião em vez de simplesmente viver suas religiões em seus templos e fé cotidiana? […] Resumo da ópera: dinheiro, status, angústia existencial, fé, política, opção profissional à mão ou simplesmente falta de opção.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 20/02/2012

“O diploma de curso superior não tem assegurado, necessariamente, crescimento do poder de compra nos últimos anos, mostra recente estudo feito pelo IBGE. Na média, a renda dos trabalhadores com diploma universitário ficou praticamente estagnada de 2003 a 2011. […] Para o economista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) João Saboia, a estagnação da renda média entre graduados mostra que não há um apagão generalizado de profissionais qualificados. Segundo o IBGE, o número de trabalhadores com curso superior cresceu 63% nos últimos oito anos. O economista do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) Naércio Menezes recorre à lógica da oferta e da demanda para afirmar que o número maior de profissionais com nível superior limitou o ganho de renda nesse grupo. Mas isso varia de acordo com as áreas de formação, dizem os dois economistas. Saboia analisou o perfil dos cargos formais gerados para profissionais com ensino superior em 2010 e notou que a carência de mão de obra é mais concentrada em áreas de perfil técnico, como física, química, engenharia, matemática e biotecnologia. A demanda por esses profissionais vem crescendo com a expansão dos setores de construção civil, infraestrutura e petróleo, explica. Segundo levantamento feito pela da Folha a partir de dados do Ministério da Educação, apenas 13,6% dos alunos que concluíram a universidade entre 2001 e 2010 se graduaram em cursos de exatas como os listados acima. A grande maioria (67,6%) veio de áreas de humanas, como direito, educação, ciências sociais e artes. Saboia observa que parte desses profissionais não está conseguindo empregos em suas áreas.”
Mariana Schreiber – Folha de S.Paulo, 21/02/2012

“Já temos suficientes problemas no Ocidente, permitamos aos muçulmanos autênticos a tarefa de cuidar de si mesmos. O islã tem uma civilização de 1.400 anos de realizações impressionantes em intelectualidade, em espiritualidade, em cultura, em arte, em ciências e em organização social e política. O islã tradicional é uma civilização viva que tem moldado o pensamento e a vida de mais de um bilhão de pessoas espalhadas pelos cinco continentes.”
William Stoddart e Mateus Soares de Azevedo – Folha de S.Paulo, 21/02/2012

“O Brasil não quer dominar o mundo, o Brasil quer conquistá-lo, seduzi-lo. Não somos apenas um mercado emergente, somos também um estilo emergente. Vamos agora transformar essa folia em energia empreendedora.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 21/02/2012

“Na verdade, escrever é uma forma socialmente aceita de loucura. Nessa mesa somos todos loucos, cada um à sua maneira! Não basta ser louco, também tem que se ser alfabetizado.”
Rubem Fonseca – Folha de S.Paulo, 24/02/2012

“Caso o Brasil queira progredir mais, precisará resolver o problema da qualidade, que, apesar de uma lenta evolução, ainda é muito baixa. No último Pisa (2009), o exame internacional de desempenho de estudantes, ficamos em 53º lugar entre as 65 nações avaliadas. E não há dúvida de que o país precisa, com urgência, aumentar sua população com diploma universitário. Por aqui, a taxa bruta de escolarização no nível superior é de 36%, contra 59% do Chile e 63% do Uruguai. Isso, é claro, para não mencionar países mais desenvolvidos, como EUA (89%) e Finlândia (92%).”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 25/02/2012

“A Educação deve considerar o ser humano, o ambiente e a cultura e integrar os conhecimentos e todas as áreas. A música não deve ser colocada a serviço de outras disciplinas consideradas prioritárias porque ela é importante por si mesma, para a vida. O ser humano é musical.”
Teca Alencar de Brito, Nova Escola – janeiro/fevereiro – 2012

“Atualmente, tudo depende da habilidade para interagir com as pessoas. É isso que garante o alcance de qualquer resultado, do ambiente doméstico ao profissional. […] Ao ouvir com real atenção o que os outros falam, sentem ou querem, desenvolve-se a capacidade de relacionar-se de forma verdadeira, não necessariamente fazendo o que o amigo quer, mas entendendo aquela pessoa. Esse é o essencial.”
Fatima Motta, socióloga e professora da ESPM/SP, Revista Claudia – fevereiro de 2012

“Não se trata de usar gírias com o adolescente ou economês com o executivo. Mudanças bruscas ficam artificiais e pouco ajudam. O fundamental é ajustar o tom e utilizar diferentes exemplos para completar sua fala que combinem com o universo de quem a ouve.”
Rogério Martins, Revista Claudia – fevereiro de 2012

07ª semana de 2012

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“A guerra tradicional é um jogo masculino: as mulheres tribais nunca se reuniram em bandos para atacar tribos vizinhas. Como mães, elas têm incentivos para manter condições pacíficas para nutrir sua prole e garantir que seus genes sobrevivam na geração seguinte. Os incrédulos imediatamente responderão que as mulheres não travaram uma guerra simplesmente porque raramente tiveram posições de poder. Se tivessem assumido cargos de liderança, as condições existentes num mundo anárquico as obrigariam a adotar as mesmas decisões belicosas que os homens. Margaret Thatcher, Golda Meir e Indira Gandhi foram mulheres poderosas e todas levaram seus países à guerra. Mas é verdade também que essas mulheres chegaram à liderança agindo conforme as regras políticas do ‘mundo dos homens’. Elas conseguiram se adequar aos valores masculinos, o que permitiu sua ascensão à liderança. Num mundo em que as mulheres assumiram a metade das posições de liderança, elas devem se comportar de modo diferente no poder. E então, surge uma questão mais ampla: gênero é realmente importante na liderança? Em termos de estereótipos, vários estudos psicológicos mostram que os homens tendem a preferir o poder duro do comando, ao passo que as mulheres são mais colaboradoras e intuitivamente compreendem o poder brando da atração e da persuasão. […] Os caminhos exigidos para uma ascensão profissional e as normas culturais que os criaram e reforçaram não permitiram às mulheres adquirir os talentos exigidos para posições de alto escalão em muitas organizações. Pesquisas mostram que mesmo nas sociedades democráticas as mulheres enfrentam um risco social maior do que os homens quando tentam negociar, por exemplo, um aumento na sua remuneração. As mulheres em geral não estão bem integradas nas redes masculinas que dominam as organizações, e os estereótipos de gênero ainda prejudicam aquelas que tentam vencer as barreiras. Essa tendência começa a desaparecer nas sociedades com base em informação, mas é um erro identificar o novo tipo de liderança que necessitamos nesta era da informação simplesmente como ‘o mundo da mulher’. Mesmo positivos, os estereótipos são péssimos para mulheres, homens e uma liderança eficaz. Os líderes devem ser vistos menos em termos de comando heroico e mais no sentido de alguém que estimula a participação dentro de uma organização, grupo, país ou rede. Questões envolvendo o estilo apropriado – ou seja, quando adotar maneiras mais duras ou mais brandas – também são importantes para os homens e para as mulheres, e isso não deve ser ofuscado pelos tradicionais estereótipos de gênero. Em algumas circunstâncias, os homens terão de agir mais ‘como mulheres’, em outros as mulheres necessitarão ser mais ‘como homens’. Decisões cruciais sobre guerra e paz no nosso futuro dependerão não do gênero, mas de como os líderes combinarão os poderes duro e brando para criar estratégias inteligentes.”
Joseph S. Nye – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012

“Mesmo sem ser uma questão assim tão nova, o debate sobre a inexistência de Deus reaparece hoje em 22 Estados do País, provocando a costumeira polêmica. Com debates, palestras, bate-papos e até shows de humor, o 1.º Encontro Nacional de Ateus ocorre após ter levantado na internet uma oposição até improvável: a crítica mais ferrenha e numerosa veio de ateus descontentes com a ideia de que um encontro se confunde com a criação de uma religião… de ateus. ‘Queremos o fim do preconceito contra nós, que não acreditamos em religiões, e fazer com que os ateus percebam que não estão sozinhos’, diz. Stíphanie afirma que o preconceito existe e é forte. ‘Quando estava na 8.ª série, estudava em uma escola católica e questionaram o que Deus significa para nós. Respondi que era desnecessário e acharam um absurdo, fui mandada para a psicóloga e tudo mais’.”
Paulo Saldaña – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012

“Tom Rath e Jim Harter, especialistas em liderança e ambiente de trabalho do Instituto de Pesquisas Gallup, estavam terminando de tabular os resultados de uma pesquisa sobre bem-estar, realizada em 150 países, quando um dado insólito chamou sua atenção: em média, os entrevistados, não importa qual sua cultura ou nacionalidade, relatavam que o dia gratificante incluía seis horas de convivência com outras pessoas. Intrigados, eles fizeram novos testes, que confirmaram a hipótese. ‘As pessoas precisam de seis horas por dia de interação social para se sentirem revigorados. Sim, seis horas!’, escreveu o duo no Gallup Management Journal. Preocupados, clientes do Gallup questionaram Rath e Harter sobre a descoberta. Tempo gasto em redes sociais conta? O contato tem de ser face a face? São necessárias mesmo seis horas? Nenhuma dessas inquietações tem uma resposta exata. Para a geração mais jovem, o contato virtual parece ser satisfatório. Os mais maduros, de 30 a 46 anos, necessitam pelo menos de uma conversa ao celular. Para as de gerações anteriores, nada substitui o face a face, diz a dupla.”
Época Negócios – fevereiro de 2012

“O papel do novo líder será criar ambientes em que as competências múltiplas possam florescer.”
Anderson Sant’Anna, Revista Você S/A – fevereiro de 2012

“No topo cabe pouca gente; falta verdade e sobram tristeza, dúvida e solidão. Uma parte de Whitney Houston era super-humana, captando e moldando o inconsciente coletivo, devolvendo-o sob a forma de uma obra artística reconhecida por centenas de milhões de pessoas. Outra parte é humana, com anseios, desejos e inseguranças. A tensão gerada entre os dois polos é destruidora. Com tanta beleza e talento, só uma coisa poderia arruiná-la: ela mesma.”
João Marcello Bôscoli – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012

“Tudo na minha vida veio no momento certo. Incluindo a minha filha, que eu tive com 39 anos. Muita gente perguntava se eu não queria ter tido filhos antes. Olha… a minha história está sendo contada desse jeito. Olhando pra trás, acho que não mudaria nada. Quer dizer, colocaria mais umas coisinhas, né? (risos) Mas eu respeito muito a minha trajetória. Tudo que vivenciei foi positivo no sentido de que nunca dei passo para trás. Se me coube agora ser protagonista, foi maravilhoso. Mas também sei que fui abrindo esse caminho – devagar e sempre. Acho que todo mundo precisa entender o ritmo em que as coisas acontecem. Senão a gente fica infeliz.”
Lilia Cabral, 54, atriz – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012

“Qual o professor que não cumpre sua missão de educar mostrando qual seria a boa trilha a seguir pela vida? Educar é influenciar, não tem jeito. Mas educar é, ou deveria ser, acima de tudo, ensinar a pensar, e o pensamento com qualidade conduz, ou deveria conduzir, a duas lições que são as mais belas que um jovem pode aprender: a autonomia e o significado. Ser autônomo significa fazer suas próprias escolhas e assumir responsabilidades pro elas. Não quer dizer, cuidado, que se possa fazer o que se quer, atender a seus desejos desconsiderando totalmente as expectativas dos outros, do mundo. Autonomia é razão lúcida, equilíbrio, e pressupõe responsabilidade, maturidade, disposição para assumir seu destino. E ter significado quer dizer estar conectado com uma atividade que faça sentido, que nos dê a certeza de que estamos no caminho certo, fazendo o que gostamos e que aquilo que fazemos torna o mundo melhor.”
Eugenio Mussak, Vida Simples – fevereiro/2012

“Não acho que deva ser uma obrigação moral dos ricos dar de volta seu dinheiro. Mas, afinal de contas, que escolha eles têm? Não podem gastar tudo consigo mesmos e não é bom para seus filhos começar a vida super-ricos. […] Eu acredito que o altruísmo é a chave porque, para fazer a diferença, é preciso colocar toda sua energia e motivação nesse trabalho. […] Eu acredito em um sistema misto que não iguala a todos, mas em que os governos e os ricos dedicam especial atenção aos desassistidos. […] Desde 2000, quando começamos, mais de 1 milhão de crianças foram salvas da malária e o índice de mortes caiu em 20%. Em três ou quatro anos, erradicamos a poliomielite na Índia. É gratificante entregar a um agricultor uma semente que não irá morrer com a seca ou as enchentes que virão. Inovação, para mim, tem o poder de mudar o mundo. […] Eu viajo o mundo para dividir o que tenho aprendido e encorajar os outros a pensar grande quando quiserem doar.”
Bill Gates, Revista Alfa – fevereiro de 2012

“Entre negros e hispânicos há o dobro de homens e mulheres dispostos a se arriscar para salvar os outros, possivelmente porque, em geral, são mais expostos a injustiças.”
Giovannni Sabato, Mente Cérebro – fevereiro de 2012

“Quando alguém trabalha, dedica tempo para obter recursos monetários, mas deixa de dedicar tempo para sua família, para cuidar de sua saúde, para suas relações pessoais e para outros projetos pessoais. Muitas pessoas sentem dificuldade em melhorar seus conhecimentos porque dedicam tanto tempo ao trabalho que não sobra tempo para estudos. Trabalhar, portanto, rouba tempo que o trabalhador poderia dedicar a seus investimentos pessoais, consequentemente prejudicando o aumento de sua riqueza. É por essa interpretação que eu defino salário não como renda, mas sim como indenização.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 13/02/2012

“Nesta época de exibicionismo ululante… hoje, milhões de pessoas se expõem de todo jeito nas ‘redes sociais’ (sei de gente que já se ‘postou’ dando à luz ou fazendo xixi), frequentam lugares ‘para ver e ser vistos’. Como conciliar o justo cuidado com a privacidade e a obsessão dos 15 minutos de fama a que tantos se julgam com direito?”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 13/02/2012

05ª semana de 2012

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“Não é por acaso que todas as grandes lideranças religiosas, sociais e humanas sempre lutaram pela justiça social. Do ponto de vista ético, moral, social e econômico, não há nada mais insustentável, danoso, antiético, vergonhoso e degradante em uma sociedade do que a desigualdade. Ela está na origem de todos os problemas que afetam a qualidade de vida da população.”
Oded Grajew – Folha de S.Paulo, 29/01/2012

“Não vou discutir se o que escrevo, como poeta, é bom ou ruim. Uma coisa, porém, é verdade: parto sempre de algo, para mim inesperado, a que chamo de espanto. E é isso que me dá prazer, me faz criar o poema.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 29/01/2012

“Vivemos a transição para uma sociedade cujos eixos centrais são a diversidade, a justiça social, a democracia e a sustentabilidade. O mundo tem discutido novas formas para uma economia mais verde com energia limpa, com inovação para produtos e com serviços ligados à agricultura, à cultura criativa, à indústria e à gestão de recursos naturais. […] É fundamental um novo currículo, adequado a esse novo tempo. É também fundamental que a profissão do professor seja socialmente valorizada, com salários adequados e melhores condições de trabalho. É necessário também que as formações inicial e continuada ocupem um espaço central no exercício docente. Essa formação deve estar atrelada aos novos conhecimentos exigidos na sociedade contemporânea, para que a sala de aula possa refletir a articulação de conteúdos variados. Além disso, a capacitação do professor e os currículos dos alunos devem ser coerentes com as diversidades regionais e culturais do país.”
Maria Alice Setubal – Folha de S.Paulo, 30/01/2012

“O profissional moderno trabalha hoje pela carreira, pelo mercado, mas esquece que os maiores interessados em seu sucesso não são seu empregador nem esse “mercado”, mas sim sua família. As pessoas que mais querem o bem do trabalhador abrem mão de sua companhia, de seu papel de pai ou mãe, marido ou esposa, para que se possa ganhar o pão de cada dia. A ilusão está no fato de o trabalhador ser induzido a acreditar que a empresa é mais importante que ele mesmo. Seria uma atitude muito egoística reconhecer que trabalhamos e ganhamos apenas pelo fato de estarmos enriquecendo os donos das empresas?”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 30/01/2012

“Inovação não vem do vazio. Há, pelo menos, duas condições prévias: o conhecimento e a experiência. Só é capaz de alterar a realidade quem já lidou com ela o suficiente para entender o que pode ser modificado e o que deve ser mantido. Inovar é necessário. Fazer bem o básico é fundamental.”
Eugênio Mussak, Revista Você S/A – janeiro de 2012

“Um fator que alimenta as relações virtuais é a economia de tempo (cada vez mais escasso na vida urbana). Tem gente que passa muito mais tempo na rede do que no mundo real, um sintoma revelador de certa dificuldade de se relacionar com o outro. À distância, pela internet, as pessoas parecem mais desinibidas para expressar emoções e desejos que demorariam mais para aparecer em outras circunstâncias. Num mundo em que a evasão da privacidade virou quase uma regra, exibir sentimentos e imagens pode parecer uma conduta apropriada.”
Jairo Bouer, Revista Época – 30/01/2012

“O deus/besta assombra a imaginação americana. Considerem o caso do presidente Barack Obama. Até seus detratores foram silenciados pela beleza simbólica de sua eleição à Casa Branca três anos atrás. Ele alcançara um status de divindade. Poucos meses após sua posse, contudo, já era atacado como comunista, traidor, simpatizante de terroristas e, não menos importante, alguém que gostava de uma boa comida francesa. Para a angustiada mente americana, o ser divino, redentor havia se tornado um animal enfurecido determinado a dilacerar a democracia americana. […] A democracia é o sistema político mais frágil da Terra. […] Não se pode acalentar o sonho da democracia sem ficar constantemente vigilante sobre a possibilidade do pesadelo de sua dissolução.”
Lee Siegel – O Estado de S. Paulo, 30/01/2012

“Nunca nossos vícios ficaram tão explícitos! […] Que ostentações de pureza, candor, para encobrir a impudicícia, o despudor, a mão grande nas cumbucas, os esgotos da alma. […]Parece que existem dois Brasis: um Brasil roído por ratos políticos e um outro Brasil povoado de anjos e “puros”. E o fascinante é que são os mesmos homens. O povo está diante de um milenar problema fisiológico (ups!) – isto é, filosófico: o que é a verdade?[…] Já sabemos que a corrupção não é um “desvio” da norma, não é um pecado ou crime – é a norma mesmo, entranhada nos códigos, nas línguas, nas almas.”
Arnaldo Jabor – O Estado de S. Paulo, 31/01/2012

“Ser um mestre já foi garantia de posição privilegiada no mundo. Mas, em um mundo em que se propõe educação a distância, em que a informação vem ininterruptamente de muitas fontes, o professor é uma fonte a mais. […] A interatividade professor/ aluno distingue essa relação de todas as outras. Entre professor e aluno, trocam-se não apenas informações objetivas ou subjetivas mas também afetos. Na sala de aula, mergulhamos em emoções advindas de aceitação, rejeição, simpatia, sujeição, autonomia.”
Anna Veronica Mautner – Folha de S.Paulo, 31/01/2012

“O jovem de 20 a 30 anos da classe AB quer viajar e fazer MBA, segundo estudo da B2 Agência, empresa de promoção e eventos especializada na faixa etária. A renda média desse público reúne, segundo entrevistados, recursos próprios e oferecidos pelos pais. Mais de 60% ainda moram com a família. Entre os desejos de consumo estão tablets e apartamentos.”
Maria Cristina Frias – Folha de S.Paulo, 31/01/2012

“Pesquisas demonstram como a idealização da força é uma fantasia fundamental que parece guiar populações marcadas por uma cultura contínua do medo. É preferível acreditar que há uma força capaz de ‘colocar tudo em ordem’, mesmo que por meio da violência cega, do que admitir que a vida social não comporta paraísos de condomínio fechado.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 31/01/2012

“Aristóteles garantiu que a afirmação de uma coisa não significa a negação de outra. Cara e coroa são faces da mesma moeda.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 31/01/2012

“A história mostra que as grandes mudanças muitas vezes ocorrem quando há a ascensão de uma nova geração, otimista e ambiciosa. Isso não está ocorrendo agora na Europa. A sociedade europeia está envelhecendo. As pessoas vivem mais e a parcela da população economicamente ativa diminui, o que explica em parte o fato de o sistema de bem-estar social ser cada vez menos viável. Os jovens europeus não têm ambição e não estão preocupados em criar riqueza. Eles também sofrem da mesma abulia coletiva. Querem curtir a vida e esperam que o estado os sustente. Eis o dilema dos países europeus: eles precisam que seus jovens trabalhem em dobro para pagar o custo das aposentadorias, mas a rapaziada também só quer viver dos benefícios sociais. A conta não fecha.”
Walter Laqueur, 90, historiador alemão – Revista Veja – 01/02/2012

“O Brasil é o quarto país no mundo com maior presença nas redes sociais, segundo estudo da comScore. São 97% dos internautas em sites como Twitter e Facebook.
Empatados na primeira posição, EUA, Espanha e Reino Unido têm 98% de seus internautas em mídias sociais. Entre os 43 países pesquisados, a média de penetração é de 85%. Com dados defasados, a pesquisa ainda inclui o Brasil entre os cinco países em que o Facebook não é hegemônico. Atingindo 36 milhões de usuários, a rede de Mark Zuckerberg tomou a dianteira no Brasil em dezembro. Outro estudo da comScore apontou que, entre dezembro de 2007 e o de 2011, o Facebook ampliou a audiência de 12% para 55%. Na América Latina, a penetração chega a 84,1%.”
Folha de S.Paulo, 02/02/2012

“É uma situação paradoxal: o sistema público de educação, que deveria assegurar uma base de oportunidades igual para todos, é ele mesmo uma máquina geradora de profundas desigualdades sociais.”
Fernando Luís Schüler – Folha de S.Paulo, 02/02/2012

“A maior parte dos entrevistados (todos com pelo menos 21 anos), ou 40%, afirma que tem dúvida se vai casar. Os demais dizem que não pretendem oficializar a relação, de acordo com pesquisa realizada pelo site de relacionamento ‘Match.com’.”
Folha de S.Paulo, 03/02/2012

“Para o ressentido, o esquecimento não existe e o prazer é ficar no poço da insatisfação. Às vezes, até quem provocou a ofensa já está em outra, mas a vida para o ressentido continua nublada e sem graça e empacada.”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 04/02/2012

03ª semana de 2012

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“Outro problema é que umas das maiores contradições da vida é que o cotidiano das relações quase sempre inviabiliza afetos espontâneos e nos arremessa a convivência estratégica que apenas ‘lida’ com problemas.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 17/01/2012

“Homens e mulheres estão extremamente infelizes em suas relações amorosas. Mas não querem ficar sozinhos. São reincidentes: casam, separam, casam de novo, separam de novo… A falta de compreensão e de escuta parece explicar grande parte das insatisfações masculinas e femininas. Parece tão simples, mas que tal perguntar para o outro o que ele realmente quer? E ouvir com atenção e carinho a resposta, sem julgar, rotular e condenar?”
Mirian Goldenberg – Folha de S.Paulo, 17/01/2012

“Aquele que é vítima de sofrimento psíquico (e a drogadição é um deles) só será curado quando o terapeuta for capaz de criar uma aliança com a dimensão da vontade que luta por se conservar como autônoma. Não será à base de balas e internação forçada que tal aliança se construirá.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 17/01/2012

“O Facebook ultrapassou o Orkut como a rede social com maior audiência em número de visitantes na internet brasileira em dezembro, segundo dados da consultoria norte-americana comScore. A rede social de Mark Zuckerberg teve 36,1 milhões de visitantes no fim do ano passado, enquanto o concorrente Orkut, do Google, registrou 34,4 milhões de visitantes.”
Paula Leite – Folha de S.Paulo, 18/01/2012

“É o corpo que permite a peregrinação da alma. A alma é difícil de encontrar. Quantas pessoas sem alma você já encontrou na sua vida? O Diabo leva as almas. Antigamente ele as comprava caro, com moedas de ouro; hoje elas estão se oferecendo num vasto mercado e valem menos do que um político blindado. Deus, por outro lado, quer o corpo que, conforme diz a nossa esperança, voltará a viver para sempre no dia da ressurreição. Eis uma imagem amada por um menino canhoto. No dia em que os mortos acordarem do seu longo sono haverá a reconciliação de todos os dualismos. A vida vai englobar a morte. Nesse dia glorioso todos vamos nos ver de novo e nos abraçar enternecidos. Seremos então jovens, fortes, bonitos, puros, alegres, e sem conflitos, debaixo daquela luz gloriosa que virá de um céu que não conhecemos. Esse é o dia do encontro com todos os nossos mortos queridos. A experiência do corpo e com o corpo nos leva para essa imagem mágica e redentora de todas as nossas dúvidas e sofrimento. Amém.”
Roberto DaMatta – O Estado de S. Paulo, 18/01/2012

“O respeito ao direito do outro de acreditar no que bem entender não exclui um exame secular da sua crença, ou do que ele precisa aceitar para aceitá-la. Não é julgamento, é curiosidade intelectual. Todas as religiões têm origens sobrenaturais e exigem de seus fiéis diferentes graus de suspensão de descrença, em alguns casos espantosos, e por isso mesmo fascinantes. Ou assustadores, quando levam ao fanatismo e à intolerância.”
Luis Fernando Verissimo- O Estado de S. Paulo, 19/01/2012

“Atrás da face indulgente do poder que se inspira no modelo da peste (o infrator estava doente, não fez por querer, está “desculpado”), esconde-se uma face especialmente tirânica: qualquer ato dissonante é reconhecido não como fruto de rebeldia ou originalidade, mas como efeito de uma patologia. Você é contra? Você é diferente? Pois bem, você está doente. Não há mais dissenso -só enfermos e loucos.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 19/01/2012

“Como queremos criar nossos filhos? Que contribuição queremos dar a eles? Quais princípios éticos desejamos que eles vivam e replicam em seus relacionamentos? Em que medida queremos a interferência do Estado em nossas famílias? Como expressamos nosso amor aos nosso filhos? Enfrentando tais questionamentos vamos poder decidir como queremos cuidar do futuro do Brasil.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 20/01/2012

“Nem toda ciência, filosofia e poesia do mundo nos fazem deixar de lamentar o passado e temer o futuro. Quem traduziu bem esse sentimento foi Virgílio: ‘Sed fugit interea, fugit irreparabile tempus’ (mas ele foge: foge irreparavelmente o tempo).”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 20/01/2012

“Nós, modernos, passamos a prezar singularmente nossa sobrevivência. Mesmo quando acreditamos no além, achamos que o término de nossa vida terrena é o fim de tudo o que importa.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 20/01/2012

“Passei o Ano-Novo em Salvador. Na despedida, assisti à extraordinária missa da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. […] ‘Eu sou ateu, posso sair?’ Perguntou entediado meu filho de 12 anos. Eu o deixei ir. Jamais induzi minhas crias a essa ou aquela religião, mas também não cultivei o ateísmo. Caetano riu da certeza categórica em tão tenra idade. Confessou que também não acreditava em Deus na adolescência. […] É mesmo impossível negar a fé na Bahia. Ela não é imposta, é um hábito concreto, festivo, que domina o calendário anual. Cada igreja tem o seu dia; cada terreiro, uma agenda; cada imagem, uma adoração. E, mesmo no Carnaval, o mais pagão dos blocos só põe o pé na folia depois de ungido.”
Fernanda Torres – Folha de S.Paulo, 20/01/2012

“Estamos a caminho de ser um destino mais relevante para imigrantes. No entanto, nos faltam parâmetros e controles. Que tipo de imigrantes queremos no Brasil? Que tipo de trabalhadores e de empreendedores desejamos importar? Existem necessidades regionais particulares que desejamos suprir? Ou simplesmente vamos deixar os imigrantes rumarem para São Paulo atrás de empregos? Pois bem, o governo e a sociedade devem olhar para a questão a partir de alguns princípios. O primeiro deles é que o Brasil jamais deve deixar de ser uma opção para estrangeiros que venham para cá por razões humanitárias.”
Murillo de Aragão – Folha de S.Paulo, 21/01/2012

“Se quisermos apoiar a reconstrução do Haiti, a última coisa a fazer é estabelecer barreiras arbitrárias à circulação de trabalhadores do país.Logo após o terremoto, uma onda de genuína solidariedade mobilizou a população brasileira em prol dos haitianos. Mas as estruturas governamentais e diplomáticas demonstraram não ter preparo e capacidade para lidar com as ofertas de cá ou com as demandas de lá. Agora, a forma como o governo e seus agentes encaminham o debate revela novamente o divórcio com a sensibilidade da opinião pública, a recusa ao diálogo com organizações que oferecem apoio aos recém-chegados e o recurso a estereótipos e mistificações para disfarçar a necessidade de amplas reformas nas instituições voltadas para a absorção de imigrantes.”
Omar Ribeiro e Sebastião nascimento – Folha de S.Paulo, 21/01/2012

“A conferência Rio+20 terá uma avaliação da implementação de medidas em favor do ambiente nos últimos 20 anos. […] O objetivo não é ter uma forma mundial de fazer as coisas, é inculcar em tudo o desenvolvimento sustentável. Todo tipo de investimento no país deveria ter como paradigma o desenvolvimento sustentável.”
André Corrêa do Lago – Folha de S.Paulo, 21/01/2012

“É impossível colaborar de verdade quando uma pessoa não pode contar com a franqueza da outra. Para a solução de problemas, um membro da equipe não pode ter medo de fazer perguntas ou sugerir respostas erradas. […] É preciso esforço para criar um ambiente de honestidade respaldado por relações francas e de respeito – mas é um desafio que todo líder deve encarar.”
Keith Ferrazzi, Harvard Business Review – janeiro de 2012

02ª semana de 2012

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“Eventos hoje têm agenda publicitária e pragmática. Apresentados como um lugar mágico em que não há dúvidas e todos se sentem mais inteligentes no final, a maioria tem um forte componente de autoajuda, principalmente quando levado em conta o currículo e conteúdo apresentado. No TED, a mais popular (e copiada) entre as conferências “new age”, apresentações curtas, rasas e emotivas são intercaladas com números musicais ou cômicos. […] O resultado é um ambiente raso e hipócrita, em que críticas são desencorajadas. As apresentações, quase religiosas, pregam que só há um lado “certo” a seguir: aquele apresentado pela celebridade que ocupa o palco e apresenta, para uma plateia ignorante, sua visão particular de Paraíso.Todos estão livres para expressar suas opiniões, desde que concordem. O milenar hábito de discordar e debater vem se tornando, aos poucos, fora de moda. A maior crítica permitida é uma ironia covarde, camuflada sob perfis anônimos ou mascarados.”
Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Pecado aqui significa a consciência de que você não é dono de si mesmo. Suas reações, pensamentos e esquemas rotineiros de enfrentamento da vida entram em colapso. E dói. E mais: é pecado porque o adultério faz você ver que existe alguém dentro de você que é despertado do sono por outra pessoa que não aquela que divide honestamente e cotidianamente o dia a dia da sua vida. Aquela pessoa que envelhece com você ao longo de uma vida de ‘pequenos detalhes’ que, ao serem somados, representam uma parceria de confiança, retribuição e generosidade.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Por dados recentes do IBGE, descobre-se que a segunda maior favela do país, a Sol Nascente, com 56.483 moradores, fica em Brasília, a 30 km do Palácio do Planalto. Você dirá: como pôde esse complexo de ilegalidade e miséria, composto de 15.737 domicílios, expandir-se sob as barbas do governo federal? E a resposta será: Por que não? A 30 km, tal complexo não é visível a olho nu. E Brasília foi concebida para não ver nada além de seu núcleo.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Tática contumaz do especialista preguiçoso é fazer-nos supor que todo problema é muito mais amplo do que parece. Depois, faz firula até mostrar que não há solução.”
Vinicius Mota – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Steven Spierlberg é o cineasta mais influente de Hollywood. Com 43 anos de carreira, o diretor e produtor se mantém atual, e as imagens de seus filmes continuam a evocar simplicidade e sofisticação. Ele não só inova em tecnologias com o mesmo entusiasmo de um jovem estreante, como é fiel às fontes clássicas. ‘A fonte da minha juventude está no entusiasmo que algumas ideias me despertam’, disse Spielberg em entrevista a Época. ‘Há momentos em que saio pulando de alegria de uma sessão de cinema, porque vejo nascer em mim uma nova aventura’.”
Luís Antônio Giron e Marcelo Bernardes, Revista Época – 09/01/2012

“Métodos inovadores para estimular a poupança estão em estudo no mundo todo porque a abordagem tradicional – dizer às pessoas que elas precisam guardar para o futuro – simplesmente não está funcionando. Talvez porque a sociedade ofereça estímulos desproporcionais para o consumo imediato e o endividamento. Talvez porque a natureza humana seja resistente a encarar o futuro. ‘Em vez de fazer a melhor opção, simplesmente escolhemos a mais fácil’, afirma Vera Rita Ferreira, doutora em psicologia econômica pela PUC-SP.”
Revista Época – 09/01/2012

“Brasileiros apostaram R$ 9,73 bilhões nas loterias da Caixa Econômica Federal no ano passado, aumento de 10,5 em relação a 2010. A Mega-Sena segue como carro-chefe: arrecadou R$4,6 bilhões, 16% a mais que no ano anterior.”
O Estado de S. Paulo, 10/01/2012

“Como serão os hábitos de leitura dos brasileiros? Os resultados não são nada lisonjeiros. A média brasileira é de 1,8 livro por habitante/ano. Isso se compara com 2,4 para nossos vizinhos colombianos, cinco para os americanos e sete para os franceses.”
Claudio de Moura Castro, Revista Veja – 11/02/2012

“Na internet, nada sobrevive sem criatividade, inovação constante e confiança na marca.”
Marion Strecker – Folha de S.Paulo, 12/01/2012

“Não agimos segundo o que achamos certo, por “força de vontade”, mas para evitar punições e vergonhas. Ou seja, não somos nunca verdadeira e corajosamente bons, apenas queremos fazer bonito e não perder dinheiro (ainda menos em prol de nossos inimigos).”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 12/01/2012

“Ao contrário do que dizem os advogados da internação compulsória, dependentes conservam algum grau de controle sobre a continuidade do uso. Estudos mostram que, quando o preço da droga sobe, cresce a procura por programas de tratamento. Considerando que o cérebro humano, com seus 90 bilhões de neurônios interligados em 100 trilhões de sinapses, é a estrutura mais complexa do Universo, o surpreendente seria se nossos comportamentos fossem unívocos e 100% previsíveis. O que os trabalhos neurocientíficos sugerem é que a mente é o resultado de uma cacofonia de módulos e sistemas autônomos atuando em rede.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“No Brasil, nos palanques, os candidatos dizem as piores verdades um sobre o outro. Dois anos depois, esquecidas as eleições, vencedor e vencido são vistos aos abraços. Campanha é uma coisa; política, outra. E nenhuma é para valer.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“É nessa direção que caminhamos. A educação é uma ferramenta de grande alcance para conquistas individuais e coletivas. Com ela, poderemos redesenhar o futuro de milhões de jovens brasileiros.”
Marconi Perillo – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“Uma reportagem da revista britânica The Economist mostrou que as asiáticas, de modo geral, estão fugindo do casamento. Mesmo em países com culturas que defendem a união precoce, às vezes arranjada, e para a vida toda, as mudanças ocorrem. Taiwan, Coreia do Sul e Hong Kong seguem a tendência japonesa. Na capital tailandesa, 20% das mulheres de 40 a 44 anos estão solteiras e, em Cingapura, o percentual chega a 27%. Nesses locais, a taxa de natalidade cai: com valores arraigados, as mulheres não se arriscam a providenciar filhos sem pais. A produção independente não é bem assimilada e corresponde a 2% dos bebês, número pequeno se comparado à Suécia, onde 55% das crianças nascidas em 2008 foram concebidas fora do casamento.”
Revista Claudia – janeiro de 2012

01ª semana de 2012

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“Nós, seres humanos, somos ruins em agir com vistas a metas futuras porque, ao contrário do que acreditamos, nossa experiência de ‘eu’ se decompõe em muitos eus que funcionam de forma diversa e têm interesses, às vezes, conflitantes.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 01/01/2012

“Emagrecer, retomar hábitos saudáveis, ter mais lazer, praticar exercícios físicos, ler mais livros, parar de fumar, tratar melhor o próximo, dedicar mais tempo à família, estudar mais, estressar-se menos, ser mais tolerante, menos preconceituoso e, a cada novo dia, mais feliz. […] Não basta prometer ou até mesmo tentar. É preciso fazer! […]Precisamos aprender a cumprir promessas. Tal atitude é importante, até mesmo para que a sociedade, mais organizada, possa cobrar com civismo antigos compromissos do poder público, como as reformas política, fiscal, tributária, trabalhista e previdenciária, essenciais para que nossa economia siga próspera. Compromisso interior, com o próximo, a família, o país e o planeta, é essencial para que celebremos com mais responsabilidade e atitude o Dia Mundial da Paz. Feliz ano novo!”
Josué Gomes da Silva – Folha de S.Paulo, 01/01/2012

“Época de projetar o futuro. Nas famílias há hoje desempregados e workaholics, uns só pensam em um novo trabalho, outros só pensam em parar de trabalhar nas férias. Queremos todos o que não temos. […] Tive a oportunidade de perguntar a dois dos mais renomados e experientes “scholars”: Helio Jaguaribe e Candido Mendes. Hoje as mudanças são mais rápidas que antes ou é ilusão de ótica de quem está no meio do processo? Eles foram muito claros em dizer que hoje tudo muda mais rápido. O que não significa um processo contínuo uniforme de mudanças, pelo contrário. Mais concretamente: o que será de mim? o que será de você? o que será de nós?”
Marcelo Neri – Folha de S.Paulo, 01/01/2012

“A energia escura é um dos grandes mistérios da ciência moderna. Confesso que, quando as primeiras observações foram apresentadas em 1998, duvidei que fosse possível. Como explicar que uma espécie de fluido (não líquido, claro) permeia o Universo e dita com que velocidade ele se expande?”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 01/01/2012

“Não espero nada da vida na forma de recompensa moral (aquilo que a teologia cristã chama ‘retribuição pelos méritos’). […] Não conto com a misericórdia de Deus porque não a mereço. Guerras sempre existirão, e a humanidade faz o que pode para sobreviver ao mundo e a si mesma. A possível falta de sentido da vida não me interessa. Durmo bem com ela. Sou daqueles que pensam que a metafísica é fruto de indisposição e mau humor.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 02/01/2012

“Persiste ainda, na sua alma rigorosamente descrente, essa fagulha de vaidade milenarista: a vaidade típica de quem se considera um sujeito único na história; e, por isso mesmo, merecedor de assistir ao maior espetáculo do mundo sentado na primeira fila. Fantasiar o fim do mundo é uma forma de nos fantasiarmos a nós como testemunhas desse fim do mundo. E, além disso, é também uma forma conveniente de sacudirmos um pouco o tédio existencial da nossa condição pós-moderna, da mesma forma que os nossos antepassados medievais procuravam libertar-se da miséria material que os rodeava pela violência utópica. Vaidade e tédio, eis a combinação dos nossos namoros apocalíticos. Que, às vezes, divertem.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 03/01/2012

“Para ser justo é imprescindível ter ‘fé nas faculdades humanas mais elevadas’ como aquelas ligadas a valores, à cidadania, à moral, aos direitos humanos, à individualidade do cidadão, como diz o professor de Harvard. Para ser justo é preciso dosar a felicidade que as atitudes irão gerar com as dores que poderão provocar tanto na maioria como no único, além de outras questões filosóficas que variam a cada tomada de decisão. Em resumo, ser justo, às vezes, pode dar um trabaaaaalho danado. Porém, ter a preocupação e o cuidado de valorizar as decisões do dia a dia, sobretudo aquelas que envolvem diretamente os interesses do outro, ajuda a construir uma sociedade mais igualitária.”
Jairo Marques – Folha de S.Paulo, 03/01/2012

“É o espírito da época: queremos emagrecer comendo trufas de chocolate e tonificar nosso corpo sem esforço, graças a pílulas que agiriam no sono. Ora, em regra, o que queremos não sai de graça. Num momento de propósitos como o começo do ano, é bom lembrar o seguinte: há várias razões de não conseguirmos realizar nossos desejos; talvez a principal delas seja que, frequentemente, não estamos dispostos a pagar o preço que esses desejos exigem de nós.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 05/01/2012

“16 mil viciados em jogo já aderiram a programa para serem proibidos de entrar em cassinos na Bélgica. Os inscritos são barrados na entrada de todas as casas de jogo do país.”
Felipe Corazza – O Estado de S. Paulo, 05/01/2012

“Os cientistas vêm alertando que o aquecimento global provoca uma maior frequência de eventos climáticos extremos. Sabemos que a ausência de planejamento na ocupação de áreas urbanas expõe um grande contingente da população a riscos na maior parte das cidades brasileiras. Mas, apesar de termos instrumentos técnicos e recursos para avaliar os riscos e adotar medidas de prevenção, fatores políticos fazem com que nos atolemos na lama da imprudência e deixemos milhões de brasileiros sujeitos a se tornarem vítimas dessas catástrofes.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 06/01/2012

“Atualmente, é consenso no mundo acadêmico que o mais eficiente instrumento de desenvolvimento científico, tecnológico e cultural é a escola de pós-graduação. Todavia, esse é um mecanismo recente, exceto nos EUA, onde começou a se instalar já na primeira metade do século 20. Na França, o “doctorat de troisième cycle”, que imitava o sistema de pós-graduação americano, só teve início em meados da década de 1950. O mesmo aconteceu com o Japão e com a maioria das nações europeias. Não é, portanto, de se estranhar que também no Brasil os cursos de pós-graduação tenham tomado tanto tempo para serem instalados. O primeiro mestrado brasileiro foi na área de eletrônica, no ITA, em 1964. A primeira escola de doutoramento só veio a ser iniciada em 1970, na Unicamp, em física. Por outro lado, a primeira bolsa para estudos no exterior foi concedida a Carlos Gomes por dom Pedro 2º. No final da década de 1950, o número de bolsas para pós-graduação no exterior concedidas pelo recém-criado CNPq era irrisória, talvez umas vinte por ano. Foi na administração Sarney que aconteceu o grande salto. Foram oferecidas mil bolsas. E, com isso, vieram muitas distorções. Algumas universidades inglesas e espanholas recém-criadas passaram a oferecer cursos de qualidade duvidosa, para onde afluíram estudantes medíocres de outros países, inclusive brasileiros. Aos poucos, formou-se uma doutrina.”
Rogério Cezar de Cerqueira Leite – Folha de S.Paulo, 06/01/2012

“A direção é mais importante que a velocidade. O fundamental é debater se estamos no caminho certo e ir definindo as barreiras que têm de removidas. Um futuro glorioso depende da nossa capacidade para enfrentar e superar complexos obstáculos -e de esconjurarmos o nosso ‘narcisismo às avessas’.”
Eduardo Fagnani – Folha de S.Paulo, 07/01/2012

50ª semana de 2011

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“O ser humano é um animal acreditador. Talvez esse seja um bom modo de definir nossa espécie. ‘Humanos são primatas com autoconsciência e a habilidade de acreditar.’ Já que ” acreditar” sempre pede um ‘em quê?’, refiro-me aqui a acreditar em poderes que transcendem a percepção do real, algo além da dimensão da vida ordinária, além do que podemos perceber apenas com nossos sentidos. […] Parece que somos incapazes de viver nossas vidas sem acreditar na existência de algo maior do que nós, algo além do ‘meramente’ humano. Bem, nem todos nós, mas a maioria. Isso desde muito tempo.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 11/12/2011

“‘Ensinar é uma experiência humana’, disse ao Times Paul Thomas, professor associado de educação na Universidade Furman, na Carolina do Sul. ‘A tecnologia é uma distração quando precisamos de alfabetização, raciocínio matemático e pensamento crítico’.”
Kevin Delaney – Folha de S.Paulo, 12/12/2011

“A melhor forma de manter a dignidade na era do Facebook (se você não resistir a ter um) é não contar para ninguém que você tem um Facebook. Quase tudo é bobagem nas redes sociais porque o ser humano é banal e vive uma vida quase sempre monótona e previsível. E a monotonia é o traje cotidiano do vazio. E a rotina é o modo civilizado de enfrentar o caos, outra face do vazio. […] Sempre se soube que não basta à mulher de Cesar ser honesta, ela tem que parecer honesta, portanto, a imagem de honesta é mais importante do que a honestidade em si. Mas aqui, o foco é diferente: aqui a questão é a hipocrisia como substância da moral pública. Todo mundo sabe que a mentira é a mola essencial do convívio civilizado. […] Resistir ao desejo talvez seja uma das formas mais discretas de amar a vida.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 12/12/2011

“Se a ideia, como defendeu o ministro da Saúde, é utilizar o instrumento apenas em situações nas quais há risco de vida imediato para o dependente, a figura jurídica da internação involuntária, prevista na lei n° 10.216/01, é desnecessária. Basta encaminhar o paciente em emergência relacionada a drogas -que, em geral, está inconsciente- para o hospital e, dois ou três dias depois, quando estiver estabilizado e já não houver perigo iminente, oferecer-lhe a oportunidade de tratamento psiquiátrico. Se ele quiser, submete-se a uma internação voluntária e, se não quiser, volta para casa ou para as ruas, como é mais comum. É claro que essa não é uma solução perfeita, pois uma das características da compulsão por drogas é não querer afastar-se delas. É até verossímil que exista um grupo de dependentes que, do ponto de vista sanitário, poderia beneficiar-se de tratamento a contragosto. O problema é que há mais coisas envolvidas aqui do que a saúde deste ou daquele paciente. Em termos institucionais, incentivar o uso de internações involuntárias é perigoso. Trata-se, afinal, do equivalente jurídico de um artefato nuclear, uma ferramenta que permite a um médico qualquer decidir que alguém precisa de tratamento e assim privá-lo de sua liberdade indefinidamente e sem direito a contraditório. Os controles externos são poucos e fracos e, se o sujeito não tem família, não haverá quem represente seus interesses contra o médico.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 13/12/2011

“Um estudo demográfico, elaborado pelo Conselho Federal de Medicina e a regional de São Paulo, acaba de ser publicado e expõe a desigualdade na oferta de médicos pelo País. Não existem surpresas, mas há muito para se refletir. O levantamento coordenado pelo pesquisador Mario Scheffer aponta a existência de 371.788 médicos na ativa no Brasil, número que quintuplicou nos últimos 40 anos, enquanto a população brasileira apenas dobrou. A relação médico/habitante dobrou, chegando este ano a 1,95 médico para cada 100 mil habitantes. Nas escolas médicas, as mulheres são maioria. Ainda ssim, por mais 20 anos a profissão continuará sendo exercida por uma maioria de homens, que hoje ocupam 60% do mercado. Os médicos são jovens, em sua maioria, 50% deles têm menos de 40 anos. A média de idade é de 46 anos. Entre os jovens, predominam as mulheres. A idade média é de 42 anos, e quase 70% delas estão na faixa entre 30 e 55 anos. Esses números mostram que o Brasil continua carente de médicos. Além disso, a distribuição desses médicos provoca diferenças alarmantes. Em todo o País, as capitais detêm a maioria deles. Nos estados mais pobres essa diferença é ainda maior. […] Os estados do Norte têm poucos cursos médicos e são os que têm a maior demanda. O problema lá também é a oferta de postos na área de saúde, que está entre as piores da federação. O governo tem a meta de fazer o Brasil ter a mesma proporção de médicos que os países europeus e os Estados Unidos, perto de 2,5 médicos por 100 mil habitantes. O Sudeste já possui 2,6; o Norte tem apenas 0,96. Nas cidades do interior, a carência é ainda maior.”
Rogério Tuma, Revista Carta Capital, 14/12/2011

“Conheço pessoas que souberam lidar bem com as dificuldades naturais de suas existências e conheço outras que se transformaram em vítimas tristes nas mesmas condições. É claro que há situações de extrema dificuldade, e negar a tristeza que vem junto é negar a própria condição humana. […] Encontrei pessoas de bem com a vida nas grandes cidades, trabalhando em imensas corporações. Encontrei-as também em pequenas vilas do interior ou do litoral. Em lugares pobres e em ligares ricos. Em tempos de tranquilidade e em temos de crise. Ou seja, em todos os lugares. E também encontrei pessoas de mal com a vida. Onde? Exatamente nos mesmos lugares. Esse talvez seja um dos grandes mistérios da psicologia humana. O que faz a diferença entre esses dois tipos de indivíduos? Será sua genética ou terá sido sua educação?”
Eugenio Mussak, Revista Vida Simples – dezembro de 2011

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