34ª semana de 2011

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“Não há risco de o dragão político devorar o leão econômico? Na era das incertezas, tal risco é possível. E as distâncias entre o Bem e o Mal são curtas. O éden fica ao lado do inferno.”
Gaudêncio Torquato – O Estado de S. Paulo, 21/08/2011

“Algumas pessoas parecem achar que é melhor fingir que estão limpando do que impedir que sujem.”
Daniel Piza – O Estado de S. Paulo, 21/08/2011

“As empresas nucleares preferem privatizar benefícios e socializar prejuízos, no caso, perigos.”
Alfredo Bosi – Folha de S.Paulo, 21/08/2011

“Temos recrutado profissionais que não estão interessados somente numa rápida progressão de carreira, mas que estão mais abertos à aprendizagem, são menos arrogantes e têm foco maior nos resultados que a companhia busca.”
Denise Asnis – Revista Exame, 24/08/2011

“A questão da escassez de talento é identificada como grande gargalo para o crescimento das empresas: teme-se não ter quadros com competências suficientes para viabilizar planos de expansão. Além disso, em mercados de trabalho aquecidos como o brasileiro, a rotatividade é alta, torna instáveis os quadros e dificulta a gestão.”
Thomaz Woord Jr. – Carta Capital, 24/08/2011

“País desenvolvido é também país pacífico, que respeita seus cidadãos e cidadãs, como destaca a campanha Mulheres e Direitos, realizada no âmbito das Nações Unidas em parceria com diversas entidades, dentre as quais o Instituto Maria da Penha.
Para que uma lei tão importante como essa seja realmente cumprida, o poder público deve atuar em harmonia. Não basta apenas existir, ela precisa ser plena e corretamente aplicada em todos os locais do nosso país. Por um país menos violento e mais respeitoso com suas mulheres, fica aqui o nosso apelo: Lei Maria da Penha – cumpra-se!”
Jandira Feghali e Maria da Penha – Folha de S.Paulo, 21/08/2011

“Nas antologias escolares de antigamente havia sempre um pequeno poema de Fagundes Varela que toda uma geração decorava. O poeta perguntava qual era a mais forte, a mais letal das armas e respondia: a língua humana. Nem mesmo com o arsenal nuclear de hoje a língua perdeu a “pole position” na escala da destruição de que é capaz. Tudo começa lá atrás. Se dermos crédito à fábula bíblica, foi a língua da serpente que expulsou Adão e Eva do Éden, donde podemos concluir que, se a serpente não tivesse língua, ainda hoje estaríamos no paraíso terrestre. A tecnologia ampliou a malignidade da língua, tudo se pode fazer com ou por meio dela. […] Isso sem falar na língua de economistas, políticos, formadores de opinião, técnicos de futebol e, naturalmente, todos os tiranos que, periodicamente, ajudam a desgraçar a humanidade.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 25/08/2011

“Críticos alegam que uma cultura da corrupção é onipresente no Brasil. Mas também devemos colocar a situação em perspectiva. Como o país se compara, por exemplo, com outros grandes países em desenvolvimento -Rússia, Índia, China e África do Sul?
A Transparência Internacional publicou um índice de percepção de corrupção em 2010, em que o Brasil ocupa o 69º lugar entre 178 países pesquisados. Está melhor que a China, que vem em 78º; a Índia, em 87º; e muito adiante da Rússia, em 157º. A África do Sul está em 50º. […] A Transparência Internacional criou um “corruptômetro”. Nele, dez representa “corrupção zero” e zero representa “completamente corrupto”. O Brasil tem nota 3,7 nesse indicador, ante 2,1 para a Rússia, 3,3 para a Índia e 3,5 para a China. Dinamarca e Nova Zelândia lideram com 9,3.”
Kenneth Maxwell – Folha de S.Paulo, 25/08/2011

“O país é muito desigual, as crianças mais pobres recebem uma educação de péssima qualidade e mesmo entre os mais ricos há razões para preocupação. Sabemos também que essa situação já foi pior. Mas, diante da tragédia disponível, seria cínico demais dizer que isso serve de alento.”
Fernando de Barros e Silva – Folha de S.Paulo, 27/08/2011

“Acho que estamos lentamente caminhando para um tipo de comunismo da informação e do conhecimento. Mas acho que deveríamos acompanhar de perto as contribuições culturais das pessoas e recompensá-las por isso, com dinheiro ou reputação.”
Pierre Lévy – Revista Cult, agosto de 2011

33ª semana de 2011

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“O aumento do número de suicídios entre os jovens não é exclusividade do Brasil, acontece em diversos países. Mas qual seria a explicação? Não há causa única, mas uma série de fatores combinados. Os transtornos psiquiátricos são uma das principais causas, e a depressão é a mais importante delas. Por isso, qualquer alteração significativa do comportamento merece avaliação. Mas não é apenas a depressão que leva o jovem ao suicídio. No Japão, por exemplo, o alto grau de exigência no desempenho escolar, as cobranças excessivas por parte da família, o medo de fracassar e não atender às expectativas sociais e a alta competitividade também são fatores. […] No Brasil, há um risco maior nos jovens de populações indígenas, em pessoas que já tentaram suicídio ou de famílias em que alguém se matou, em jovens que fazem parte de minorias sexuais (adolescentes gays se matam mais do que heterossexuais), vítimas frequentes de bullying e de violência. Em comum, a sensação de que as dificuldades e as barreiras são tão grandes que não vale a pena lutar.”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“A vida é feita de escolhas. Uma das escolhas mais sérias na vida é o modo como vivemos a vida, se como graça ou como natureza.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Os periódicos científicos, onde pesquisadores publicam seus estudos, têm ganhado em importância. A tal ponto que, no Brasil, seguindo países como Holanda e EUA, alguns programas de pós-graduação já substituem a obrigação de escrever uma tese por artigos científicos. […] Hoje, o Brasil está em 13º lugar no mundo em quantidade de artigos publicados. […] Quem publicar mais nos melhores periódicos, ganha nota mais alta. E quem tiver as notas mais altas, recebe mais recursos, como bolsas.
A ligação direta entre a publicação de artigos e distribuição do dinheiro público para ciência tem tirado o sono dos pesquisadores, principalmente daqueles cujas revistas correspondentes à sua área não estão no topo.”
Sabine Righetti – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Nos dados sobre religião da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% -um salto de mais de 4 milhões de pessoas. […] Para especialistas consultados pela Folha, a pesquisa, feita a partir de amostra de 56 mil entrevistas, é suficiente para dar boas pistas do movimento.
O pesquisador Ricardo Mariano, da PUC-RS, reconhece que vem ocorrendo aumento de protestantes e pentecostais sem vínculos institucionais, ainda que ele tenha dúvidas se o crescimento foi mesmo tão intenso quanto o revelado pelo IBGE. […] De acordo com o professor, parte dos evangélicos adota o ‘Believing without belonging’ (crer sem pertencer), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental. Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a pesquisa levanta é se este ‘evangélico genérico’ tem semelhanças com o católico não praticante. Para ela, ‘ambos usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir’. […] Outro dado interessante da POF é que aumentou o número dos que declararam uma religião não identificada pelos pesquisadores, o que indica que na década passada mais igrejas surgiram e passaram a disputar o “supermercado da fé”, na expressão depreciativa utilizada pelo papa Bento 16.”
Antônio Gois e Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Ferimentos a bala são parte da rotina. As vítimas da guerra civil estão sempre nos nossos corredores. Já vi um mesmo cirurgião atender até dez num único dia.
Crianças em estado de desnutrição extrema, muitos casos de malária, doenças respiratórias. As principais vítimas são as crianças. Elas sofrem com a ignorância dos pais. A falta de educação também é uma epidemia, porque tem um impacto direto na saúde.”
Abdirizak Ali Mohamed, 22, estudante de medicina na Universidade Benadir em entrevista para Marcelo Ninio – Folha de S.Paulo, 16/08/2011

“Um dos sinais de inteligência de um bom líder é a capacidade de perceber antes dos outros o fim e o início de cada um dos estágios de sua carreira. Há muito de emocional nessa capacidade.”
Betania Tanure – Valor, 19/08/2011

“Valores como justiça, liberdade e dignidade não são ocidentais ou orientais, nem dependem de uma religião ou crença, disse minha amiga. São apenas valores humanos, mas a história da humanidade é uma sucessão interminável de calamidades e injustiças. Meus clientes são jovens franceses e imigrantes, todos desempregados. Depois de conhecer a vida deles, tento entender o nosso tempo, que não me orgulha nem um pouco. A maioria das pessoas vê esses desempregados e drogados como seres maléficos à sociedade. Eu os vejo como jovens sem qualquer perspectiva de futuro, derrotados antes mesmo de entrar na dança da vida.”
Milton Hatoum – O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

“A matemática continua sendo a disciplina do currículo básico com os índices de aproveitamento mais baixos nas avaliações institucionais. […] O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho em leitura, matemática e ciências de jovens de 15 anos, coloca o Brasil nas últimas posições, num ranking de 65 países. Quatro em cada 10 jovens brasileiros nessa faixa etária não sabem multiplicar. […] O problema é antigo e preocupante, pois a má qualidade do ensino de matemática é um dos fatores que vêm limitando a formação de engenheiros em número suficiente para atender às necessidades da economia nacional. Em 2008, os cursos de engenharia ofereceram 239 mil vagas, mas só foram preenchidas 140 mil. Ou seja, não faltam vagas nas universidades – faltam, sim, vestibulandos com conhecimento mínimo de matemática. O País forma cerca de 47 mil engenheiros por ano, ante 650 mil, na China, e 220 mil, na Índia.”
O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

“O Facebook, rede social criada por Mark Zuckerberg, atingiu a marca de 25 milhões de usuários no País. Apesar da penetração relativamente baixa em razão da concorrência do Orkut – que ainda é o líder nacional -, o Brasil já é um mercado ‘top 5’ em termos absolutos para o site, afirmou ontem o vice-presidente da empresa para a América Latina, Alexandre Hohagen.”
Alexandre Matias – O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

32ª semana de 2011

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“Se quiser medir a taxa de civilidade de uma cidade, veja o tamanho de sua calçada. E, se quiser medir a cidadania de um país, pode usar como indicador o número de pedestres mortos.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“O efeito placebo é um dos mais extraordinários aspectos da mente humana e mais mal compreendidos. Ele é extraordinário porque mostra que o cérebro é capaz de produzir reações cuja capacidade de cura é comparável ao de drogas poderosas.
E é mal compreendido porque costuma ser descrito pejorativamente como algo que ‘está apenas na sua cabeça’. A existência do efeito foi demonstrada em diversas condições. Um trabalho de 2008 mostrou que 79% dos pacientes submetidos ao placebo responderam bem à ‘terapia’, contra 93% dos que tomaram drogas reais.”
Hélio Schwartsman- Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“Considere, por exemplo, o livro do físico Mikio Kaku ‘A Física do Futuro’, ele entrevistou 300 cientistas para criar uma visão utópica de um mundo definido pela ciência. Em 2100, diz, computadores inteligentes trabalharão com humanos, o acesso à internet será por lentes de contato e moveremos objetos com o pensamento; nanorrobôs destruirão células de câncer, a propulsão a laser redefinirá as viagens espaciais e colonizaremos Marte. Não haverá barreiras comerciais, e a mesma cultura e os mesmos alimentos serão divididos por todos. Essa homogeneização da sociedade acabará com as guerras.
Essas maravilhas tecnológicas são extrapolações do que já temos. Se alguém tivesse previsto que em 2010 teríamos laptops capazes de baixar remotamente gigabytes de informação ninguém acreditaria. O difícil é prever o inesperado.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“ ‘Se a adolescente não tem projetos de vida, a gravidez vira o projeto de vida’, resume Marco Aurélio Galletta, médico responsável pelo setor de gravidez na adolescência do HC (Hospital das Clínicas). […] ‘Grávida ganha status. Na escola, vira a mais experiente. Em casa, se deita no sofá e diz ter sede, aparece um copo d´água. É preciso mostrar para as meninas como um filho pode atrapalhar outros sonhos’, diz Galletta.”
Ricardo Miotto – Folha de S.Paulo, 08/08/2011

“Em sociedade, os direitos individuais esbarram nos direitos dos outros. Se, por ter bebido, eu posso colocar outras pessoas em risco, eu tenho que abrir mão do meu direito de conduzir. Parece óbvio, mas não é assim que acontece!”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 08/08/2011

“viver em completo estado de degradação não é uma escolha consciente. Ninguém que esteja gozando minimamente de sua vontade própria pode considerar como opção a realidade dessas pessoas que seguem, todos os dias, a única alternativa que a droga lhes proporcionou como uma dura sentença de morte. Todos sabemos quão forte e destrutivo é o vício e quão difícil é sair dele. Nos últimos dias, a internação compulsória tem sido citada como uma possibilidade real de tratamento para quem chegou ao último estágio da dependência. […] Quando um dependente ainda tem a atenção de sua família, e esta tem condições para tanto, a internação compulsória é um ato de amor. No nível mais alto do flagelo causado pela droga, ele já abandonou a família ou foi abandonado por ela. Não pode também ser abandonado pelo poder público. A meu ver, isso é omissão de socorro.”
Andrea Matarazzo – Folha de S.Paulo, 09/08/2011

“Vale a lição de Maria Antonieta: aqueles que não percebem o fim de um mundo são destruídos com ele. Há momentos na história em que tudo parece acontecer de maneira muito acelerada. Já temos sinais demais de que nosso presente caminha nessa direção. Nada pior do que continuar a agir como se nada de decisivo e novo estivesse acontecendo.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 09/08/2011

“O número de obesos que se submetem a operações para emagrecer subiu de cerca de 35 mil em 2009 para 60 mil em 2010. Desde 2003, o crescimento foi de 270%, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. […] O país só perde para os Estados Unidos em número de cirurgias. Segundo a sociedade, lá são feitos 300 mil procedimentos do tipo por ano.”
Débora Mismetti – Folha de S.Paulo, 10/08/2011

“Perto do Orkut, o Facebook é um aeroporto superlotado, onde avisos inúteis se repetem pelos alto-falantes e onde me sinto invariavelmente perdido. Nem a mais demente produção de spams na minha caixa de e-mail equivale à atividade que me chega pelo Facebook. Fico até aflito de ver pessoas postando de 15 em 15 minutos, durante toda a extensão do dia. A falta de fazer nunca deu tanto trabalho. Peço desculpas aos amigos (tanto os que conheço quanto os que não conheço). Mas estou bloqueando muita gente. […] No fim, mesmo os posts mais banais são boas notícias. As pessoas estão bem, estão vivas e parecem, numa média impressionante, bastante felizes. Como tantos outros meios de comunicação, e o celular é o maior exemplo, o Facebook não funciona apenas, nem funciona a maior parte do tempo, para “comunicar” algum conteúdo. Sua função é dar sinais -sinais de existência. Aquilo que os especialistas chamam de “função fática” (“Você está aí?”, “Você está me ouvindo?”, “Oi! E aí?”) preenche muito do que se transmite no Facebook.”
Marcelo Coelho – Folha de S.Paulo, 10/08/2011

“Além dos conflitos religiosos, políticos e territoriais que marcaram a humanidade e as nações com tragédias, a realidade de hoje parece se concentrar em fatos miúdos, universais – que, em linhas gerais, podem ser resumidos na corrupção generalizada que atinge a todos os escalões da vida pública quase de modo silencioso, roendo a estrutura ética do Estado e dos indivíduos. […] Um bichinho insignificante [cupim], que mal percebemos no início de seu trabalho destruidor, vai corroendo os alicerces éticos da sociedade como um todo. E as construções mais sólidas se diluem no pó.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 11/08/2011

“O romance e o teatro podem, talvez mais do que a ciência, vasculhar a mente, embarafustar-se pelos seus descaminhos, e voltar de lá com as contradições e incoerências inerentes à espécie.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 12/08/2011

“Quando a maior democracia do mundo quase coloca o país numa situação de insolvência por disputas políticas irracionais, com repercussões graves para o resto mundo… alguma coisa está fora da ordem. E não é só na economia. Hoje, o mundo parece estar padecendo não do problema da falta de recursos para resolver a crise financeira que usurpa e sabota o futuro das economias. Como alguém já disse, nosso maior padecimento é o mal do excesso de ambição, de consumo, de poder e de pressão pelo sucesso. […] Se algo está realmente fora da ordem, é a falta de valores.
A crise na economia é apenas uma das consequências.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 12/08/2011

31ª semana de 2011

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“A ciência e a religião nascem das mesmas ansiedades que torturam e inspiram o espírito humano.”
Marcelo Gleiser- Folha de S.Paulo, 31/07/2011

“Na dependência, você não escolhe. A droga fala mais alto. A fissura, o desejo de repetir a experiência prazerosa, é soberana. Nesse processo, as escolhas são bem poucas. […] E para quem acha que dependência é uma questão de caráter ou de escolha artística, a verdade não é bem essa. Dependência é doença! E gênios também ficam doentes e morrem por causa da sua doença!”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 01/08/2011

“Quero enfatizar que a música não é puramente técnica, feito algo concebido em laboratório, mas sim uma coisa que se relaciona com o que acontece numa época e pode ser temperada com sentimento intenso, com emoção. […] É frequente no jornalismo cultural os julgamentos definitivos, isso é bom, aquilo não presta. O real na maioria das vezes está entre os dois extremos. A arte, como a vida, constantemente mistura o bom e o ruim. […] Nossa cultura gosta de elevar as pessoas feito deuses e depois derrubá-las e destruí-las. É quase um ritual de sacrifício.”
Alex Ross – Folha de S.Paulo, 03/08/2011

“Afinal, não é do desconhecimento dos cientistas de diversas áreas que as mulheres estão longe de alcançar em postos de comando de agências de fomento, em comitês assessores e nas reitorias de universidades a mesma presença que têm na produção científica nacional. Ou seja, mesmo que uma mulher tenha chegado ao mais alto posto da República, é desolador ver que mesmo ela tem que se curvar às formas desiguais de como o poder está distribuído no interior da comunidade acadêmica.”
Luciano Mendes de Faria Filho/Eliane Marta Santos Lopes – Folha de S.Paulo, 04/08/2011

“Explicações são devidas à sociedade, que tem o direito de conhecer os argumentos do governo e da oposição, e não só assistir a um cabo de guerra que esconde o essencial. Disputas políticas são saudáveis quando têm por objeto diferentes projetos e ideias, e não quando motivadas só por espaços de poder. […] Enquanto pesquisa Datafolha diz que 79% dos brasileiros são contra a anistia de multas a quem desmatou ilegalmente, quase 80% dos deputados aprovaram o projeto que concede tal anistia e incentiva novos desmatamentos. A simples possibilidade acenada pelo projeto já resultou em aumento de 28% no desmatamento na Amazônia, segundo os dados preliminares do Inpe, que sinalizam uma tendência. Agora é a vez dos senadores. Eles têm a oportunidade de se reconectar com as expectativas sociais e afirmar bases para um desenvolvimento que valoriza nossas florestas e biodiversidade, nossa agricultura, nossas cidades e a qualidade de vida dos brasileiros.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 05/08/2011

“O desejo de mudança em profissionais de até 34 anos atualmente é maior que o de gerações anteriores, segundo a consultoria DBM. Cerca de 35% dos profissionais dizem que gostariam de ficar na empresa por mais de cinco anos e 12%, que gostariam de ficar de dois a três anos.”
Folha de S.Paulo, 05/08/2011

“Aproximadamente 29 mil crianças menores de cinco anos morreram de fome nos últimos três meses na Somália, segundo estimativa divulgada pelo governo dos EUA.
[…] Esse número pode se elevar ainda mais, pois segundo levantamento da ONU ao menos 640 mil crianças somalis estão desnutridas. O surto de fome é resultado da pior seca dos últimos 60 anos, que se abateu sobre a Somália e já se espalha pelo Chifre da África. Segundo a ONU, aproximadamente 10 milhões de pessoas já foram atingidas na Somália, no Quênia, no Djibuti e na Etiópia. […] Além da seca, a fome somali é fruto de um país devastado pela guerra civil -que não tem um governo central desde 1991. Apesar da existência de um governo provisório, quem exerce o poder de fato são milícias e ‘senhores da guerra’.”
Folha de S.Paulo, 05/08/2011

30ª semana de 2011

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“Os homófobos foram incapazes de diferenciar uma expressão de carinho paterno de uma prática erótica entre dois homens. Como hipótese, especularia que os agressores pouco receberam afeto de homens, seja de seus pais ou de outros homens de suas redes afetivas. Uma hipótese alternativa é a de que se houve afeto paterno, esse foi mediado pelo temor homofóbico . Essa ausência levou os agressores a desconfiar do corpo de outros homens.”
Debora Diniz, antropóloga, professora da Universidade de Brasília – O Estado de S.Paulo, 22/07/2011

“Estamos nos tornando uma nação de psicóticos? A questão que tem inflamado debates nos EUA, por conta do aumento no uso de drogas antipsicóticas, chegou ao Brasil. Essa classe terapêutica já é uma das mais comuns entre as de venda controlada por aqui. Dados de um recente boletim divulgado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostram que a maior parte (44%) dos 143 tipos de medicamento controlado à venda no país servem para tratar transtornos mentais e comportamentais. Os antipsicóticos, indicados principalmente para esquizofrenias e transtornos bipolar e maníaco-depressivo, respondem por 16,1% do total. Os antidepressivos vêm em seguida, com 15,4%. […] O mercado de antipsicóticos movimentou R$ 306,8 milhões nos últimos 12 meses, segundo a IMS Health, consultoria especializada na indústria farmacêutica. […] Segundo estudo da Universidade Columbia (EUA), as receitas de antipsicóticos para crianças de dois a sete anos, para tratar doenças como transtorno bipolar, dobraram de 2000 a 2007. Estima-se que 500 mil crianças nos EUA usem essas drogas. […]A pediatra Ana Maria Escobar, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, conta que é cada vez mais frequente a indicação de remédios para crianças, mesmo quando não há um distúrbio psiquiátrico. “Atendi um menino que já estava tomando remédio para deficit de atenção, mas o que ele tinha era um problema auditivo. Não aprendia porque não ouvia’.”
Cláudia Collucci – Folha de S.Paulo, 25/07/2011

“Crentes e ateus matam, mentem e roubam da mesma forma.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 25/07/2011

“De nada adianta lembrar que estudos recentes da OCDE mostram que os imigrantes contribuem mais para a seguridade social do que usam tais serviços, ou seja, geram mais riquezas do que consomem. De nada adianta lembrar isso, porque não estamos no domínio do argumento, mas no dos afetos patológicos cada vez mais naturalizados como discurso no jogo político.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 26/07/2011

“No ano passado, fiquei conhecendo um hóspede numa pousada, que me perguntou: ‘Você é feliz?’. Achei que a pergunta carregava um juízo de valor e era relativa e reducionista, exigindo que eu destilasse a minha dinâmica emocional complexa em uma palavra. Para mim, a felicidade é uma emoção em meu fluxo constante de estados de ânimo, que mudam conforme as circunstâncias. Não é um estado de espírito perpétuo.”
Michael Kepp – Folha de S.Paulo, 26/07/2011

“Nos negócios, preguiça mata. As novidades exigem maneiras novas de pensar, de produzir, de distribuir, de comunicar, de vender. […] Não basta adaptar. É preciso repensar, recriar, inovar.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 26/07/2011

“O mercado de notebooks vive uma era de ouro no Brasil. Entre 2006 e 2010, as vendas de computadores portáteis cresceram mais de dez vezes. Desde o ano passado, já se vendem mais notebooks do que máquinas de mesa no país -7,15 milhões de unidades, ante 6,85 milhões de desktops em 2010, segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). Para 2011, os analistas esperam um crescimento superior a 30% sobre o volume do ano passado. Se confirmadas as previsões, o Brasil será em breve o terceiro maior mercado de notebooks do mundo –atrás apenas de China e Estados Unidos.”
João Paulo Nucci – Folha de S.Paulo, 27/07/2011

“Já que é impossível (e bem pouco prático) viver fora do grid de informação digital, é preciso administrar a imagem pública. […] Com a popularidade de acesso aos meios de publicação, o indivíduo urbano, globalizado e massificado usa as redes como válvula de escape para manifestar sua identidade e, nesse processo, se expõe de forma inimaginável.”
Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 27/07/2011

“Vanderlei Matos da Silva morreu aos 29 anos vítima de problemas no fígado após passar três anos e meio misturando defensivos químicos para cultivo de abacaxi.
A história dele e de outros agricultores está no documentário ‘O Veneno Está na Mesa’, lançado pelo cineasta Silvio Tendler. […] Desde 2008, o país é o principal mercado no mundo para esses produtos. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o consumo anual chega a 5,2 litros por habitante. Muitas vezes, os produtos são usados de forma abusiva, segundo testes feitos pela agência. O último deles, realizado em 2010, apontou problemas em 29% das amostras de alimentos examinadas. No caso do pimentão, esse percentual chegou a 80%. ‘É um problema que incide na vida de todo mundo, mas parece que as pessoas optaram pela política de avestruz’, diz Tendler, que já dirigiu documentários sobre o cineasta Glauber Rocha e o ex-presidente João Goulart.”
Denise Menchen – Folha de S.Paulo, 27/07/2011

“Para tudo na vida é necessário que estejamos disponíveis para aprender. Sempre, por mais que achemos que saibamos muito, é tempo de melhorar nossas capacidades. E não adianta nada tentar esconder as limitações que porventura tenhamos, pois se não as temos claro nunca poderemos minimizá-las.”
Sócrates, ex-jogador de futebol – Revista Carta Capital, 27/07/2011

“A ONU advertiu, na quarta-feira 20, para um surto de fome na região da Somália, Etiópia e Quênia. O problema foi agravado pela seca no chamado Chifre da África, a maior dos últimos 20 anos. ‘Esta não vai ser uma crise curta. A ONU e seus membros esperam combater esta situação pelo menos durante os próximos seis meses’, declarou Valerie Amos, subcoordenadora de Assuntos Humanitários da ONU. O governo brasileiro anunciou a doação de 20 mil toneladas de feijão e milho para a Somália, considerado o país mais afetado. […] O Brasil ocupa atualmente a oitava posição entre os países que mais doam alimentos a nações mais pobres.”
Revista Carta Capital, 27/07/2011

“Os comitês organizadores dizem que não houve nenhum legado urbanístico do Pan. A preparação para o Pan foi uma desorganização total, houve fortes indícios de superfaturamento e, no final, o evento custou dez vez mais. O (parque aquático) Maria Lenk não é adequado para os Jogos Olímpicos e será reformado. O estádio do Engenhão foi orçado em 120 milhões de reais, mas custou 430 milhões. Desorganização e falta de transparência totais.”
Christopher Gaffney, geógrafo, prof. da UFF – Revista Carta Capital, 27/07/2011

“Só 29% dos brasileiros (33% de homens e 24% de mulheres) investem pensando na aposentadoria, apesar de a maioria se preocupar em como vai pagar as contas depois de parar de trabalhar. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa inédita da seguradora MetLife entre 500 funcionários de empresas do país. Os brasileiros poupam pouco… (% da poupança doméstica em relação ao PIB): China 55%, Índia 31%, México 22%, Brasil 15%. Ainda assim, a maioria teme não ter dinheiro para arcar com despesas básicas depois de parar de trabalhar. As preocupações centrais: 70% temem não conseguir pagar a assistência médica; 69% acreditam que os recursos poupados vão acabar antes do previsto; 63% acham que não vão poder sustentar os pais e sogros.”
Revista Exame – 27/07/2011

“Você pode subir num púlpito e falar de questões utópicas, ideais humanos de honestidade e justiça, mesmo não sendo capaz de fazer 100% aquilo que prega. Toda vez que faço uma prédica, que estou falando uma coisa absolutamente verdadeira sobre o que é certo e justo, eu sei que não faço 100% do que falo. Luto com esse indivíduo em mim que quer fingir às vezes que é capaz de escolher 100% o que é bom.”
Nilton Bonder, 53, rabino, autor de 21 livros – Valor, 29/07/2011

“Para mim, a arte permite conhecer algo mais elevado e profundo da condição humana -e agradeço a Deus por essas mensagens. Até o medo faz parte dessa plenitude.
O pavor que grita no quadro de Munch é o de um tempo em que não agredíamos tanto a natureza e, embora nos sentíssemos vulneráveis, talvez não o fôssemos tanto quanto hoje. O pavor que sentimos em relação à natureza talvez seja o que ela sente em relação a nós. Sou grata pelo aprendizado. Magnífica a arte, de incessantes profecias, até quando ignoraremos o que seu olhar antecipa?”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 29/07/2011

“Segundo a psicanálise, um dos motivos que levam a esses abusos do poder é a hipertrofia do narcisismo: o indivíduo tem de sua capacidade e do seu poder uma ideia tão exagerada que se julga acima de tudo e de todos. As regras não valem para ele: acredita que sua grandiosidade lhe permite fazer o que é vedado aos demais, apenas porque assim o deseja.”
Renato Mezan, psicanalista, Revista Poder – julho de 2011

29ª semana de 2011

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“Vocês já repararam que tudo o que é considerado ruim é absorvido pelas pessoas -por nós- bem mais facilmente do que tudo o que faz bem, seja à saúde, seja à alma? E não é só: é muito mais fácil -e prazeroso- fazer o que é proibido do que o que pregam os governos, as religiões, a família, a medicina. Tudo o que é considerado bom para a saúde e para o espírito costuma ter péssimo paladar, dá trabalho e leva tempo para dar resultado: já as coisas condenadas são fáceis, deliciosas, e você se habitua a elas em poucos dias. […] Para desviciar, meses de sacrifício: para reviciar, basta uma noite -é possível? É justo?”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 17/07/2011

“A música perdeu seus elementos espirituais. O poder da música deixou de ser o espírito para ser o entretenimento. A música conduz a outros planos, e os músicos de hoje não percebem esse poder. Isso tem a ver com o coração das pessoas. Estão cada dia mais duras, ligadas ao dinheiro. A tecnologia também atrapalha. A maneira como ouvimos música hoje, no MP3, no iPod, nos torna impacientes, incapazes de apreciar. Não compramos um álbum e, com reverência, nos dedicamos a escutá-lo. A música hoje serve apenas como trilha sonoro da fundo. E nada mais.”
Bobby McFerrin, 61, cantor e compositor jazzista que ganhou dez prêmios Grammy, Revista Época – 18/07/2011

“Muitos pais foram convencidos pela sociedade de que é melhor a criança aprender o mais cedo possível a ler, escrever e trabalhar com números. Não é.
Já temos inúmeros estudos e pesquisas apontando que crianças precocemente introduzidas no ensino formal não se mostram, no futuro, mais avançadas nos estudos. […] Brincar é uma coisa que, até os seis anos, a criança deveria fazer o tempo todo. […] O que significa muito no futuro desenvolvimento do chamado processo de letramento é a criança aprender, desde bebê, o prazer da leitura. Contar histórias para ela, dar livros bonitos para ela brincar e “ler”, conversar bastante com ela para que amplie seu vocabulário, ouvir com atenção as histórias que ela gosta de contar e brincar com os sons das palavras são alguns exemplos de como os pais podem ajudar no desenvolvimento de seus filhos.”
Rosely Sayão, psicóloga – Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“Cristãos representam 10% da população síria, cerca de 2 milhões de cidadãos que sempre viveram em harmonia com a maioria muçulmana sunita, ocuparam posições estratégicas na política e no Exército e gozaram de liberdade religiosa.
Mas a histórica convivência pacífica entre as diferentes comunidades está ameaçada pelas convulsões que o país atravessa.”
Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“Triunfantes em sua batalha na mente do jovem, os entorpecentes têm dragado vidas ainda incipientes ao abismo da dependência sem volta. […] Há uma dupla vitimização: do viciado, impelido pelo incontrolável desejo de consumo, que acaba por se tornar um delinquente, e dos inocentes, que por uma infelicidade cruzam seu caminho durante a ação criminosa. […] A internação involuntária do dependente que perdeu sua capacidade de autodeterminação está autorizada pelo art. 6º, inciso II, da lei nº 10.216/2001 como meio de afastá-lo do ambiente nocivo e deletério em que convive.
Tal internação é importante instrumento para sua reabilitação. Na rua, jamais se libertará da escravidão do vício. As alterações nos elementos cognitivo e volitivo retiram o livre-arbítrio. O dependente necessita de socorro, não de uma consulta à sua opinião.”
Fernando Capez, doutor pela PUC-SP, procurador de Justiça licenciado – Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“O verdadeiro cidadão é aquele que nutre um amor pelo bem comum, e não apenas pelo bem próprio.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo? Não existe resposta simples aqui. Em primeiro lugar, a vida de milhões de brasileiros melhorou nos últimos anos, mesmo sob intensa corrupção, e apesar dela.”
Fernando de Barros e Silva – Folha de S.Paulo, 19/07/2011

“É um problema deixar de se indignar com uma corrupção que mata, como na saúde e nos transportes, e aniquila sonhos, como na educação. Mas também é um problema indignar-se e voltar para casa de mãos vazias.”
Fernando Gabeira – O Estado de S.Paulo, 22/07/2011

“O fim da escrita cursiva me deixa horrorizado. A máquina de calcular não eliminou a necessidade de se aprender, ao menos, a tabuada; não aceito que o teclado termine com a letra de mão. A questão vai além do seu aspecto meramente prático. A letra de uma pessoa é como o seu rosto.”
Marcelo Coelho – Folha de S.Paulo, 22/07/2011

“O dramaturgo Noël Coward (1899-1973), se orgulhava: ‘Tenho uma memória de elefante. Aliás, os elefantes às vezes me consultam’. Assim como havia pessoas que se gabavam de saber de cor o número de telefone dos amigos. Pois esse tipo de conhecimento parece condenado à inutilidade. Toda a memória do mundo cabe agora numa engenhoca portátil, de plástico, que se leva no bolso. Ótimo. Vai sobrar espaço para a cabeça ficar pensando besteiras.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 22/07/2011

“O mundo está mais complexo hoje, e no mundo empresarial não é diferente. As estruturas e os modelos de negócio passam por mudanças disruptivas em muitas indústrias. Num futuro próximo, as empresas que obterão sucesso nesse novo ambiente serão aquelas com ‘estrutura de liderança’ forte e robusta.”
Betania Tanure, consultora e professora da PUC Minas – Valor, 22/07/2011

“Cuide do seu corpo, da alimentação e, principalmente, das suas emoções. Seu cérebro agradece. Ele terá mais energia armazenada para usá-la no que realmente importa. Mas, para Richard Restak (neurocientista, professor do Centro de Medicina da Universidade George Washington/EUA), o estresse que os dias de hoje nos causa é o que mais desgasta nosso cérebro. O estresse leva a um ciclo destrutivo no cérebro: a depressão e a ansiedade traduzem a perda de células cerebrais, o que resulta em distúrbios no pensamento, concentração, memória, sono e bem-estar em geral.”
Revista Psique – julho de 2011

28ª semana de 2011

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“A atividade profissional das mulheres tende a melhorar a qualidade de vida das famílias não só em função da renda obtida, mas também da qualidade dos gastos. As mulheres investem em suas famílias, em média, 90% do que ganham no trabalho. Já entre os homens, o percentual fica entre 30% e 40%. As informações são do banco Goldman Sachs, citando dados do Banco Mundial. De acordo com a instituição, as mulheres gastam mais com itens como alimentação, educação, roupas e cuidados com a saúde – principalmente para os filhos. Já os homens gastam mais com bebida alcoólica e cigarro.”
Folha de S.Paulo, 10/07/2011

“Quando uma nova descoberta é anunciada, cabe à comunidade científica julgar o seu valor. Quanto mais importante a descoberta, mais cuidadosa deve ser esta análise. […] Erros podem persistir por um tempo, mas não indefinidamente. Essa é a força da ciência.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 10/07/2011

“Segundo cientistas, um simples passeio num parque é capaz de aumentar a capacidade de um indivíduo para solucionar problemas. Submetidos a uma experiência comandada por neurocientistas, grupos foram convidados a realizar uma bateria de provas várias vezes num dia. Um deles, porém, era convidado, entre um exame e outro, a caminhar por um bosque. Os demais caminhavam apenas pela rua, sem tanta presença da natureza. Nessa experiência, comandada por neurocientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, constatou-se que o passeio entre as árvores estava associado a um desempenho melhor nos testes. O resultado coincide com os de uma análise, divulgada no final do ano passado, feita com base em 25 estudos sobre a reação cerebral de pessoas que andam ou correm em ambientes verdes. Estes mostraram que, de modo geral, há redução da ansiedade, da depressão, do cansaço e da tristeza.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 10/07/2011

“O ‘pensamento positivo’ não existe. É mito. É uma clamorosa estupidez.
Sim, o apoio psicológico é necessário em momentos de fragilidade oncológica, afirma Jimmie Holland (psiquiatra no memorial Sloan-Kettering, em Nova York, e há mais de 30 anos acompanha doentes com câncer.). O bem-estar psíquico é importante para os doentes e para as suas famílias. E é importante também não deixar que a depressão se instale: quando há tratamentos para fazer, não é boa ideia ficar na cama todo dia, chorando a respetiva sorte. Mas ‘ser positivo’ é outra história: é acreditar que a nossa vontade otimista, nosso humor solar, nossa forma de ‘encarar a vida’ e outros clichês mentecaptos serão capazes de reverter uma doença impessoal. Essa crença é típica do racionalismo moderno na sua recusa extrema de aceitar o imponderável.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 12/07/2011

“Se a geração de empregos é uma preocupação mundial, entre os jovens é uma preocupação maior ainda. A forma como a educação é pensada hoje em tantas partes do mundo não está apta a atender à demanda desses jovens e às necessidades desses tempos. […] O mundo precisa de várias formas de saber. E o sistema educacional deve estar preparado para várias formas de ensinar. Com um sistema educacional mais objetivo e mais sintonizado com as diferentes realidades e demandas do mundo, nós construiremos a primavera do saber, dando a oportunidade, seja no ensino universitário ou no técnico, para o ser humano desabrochar como puder ou quiser.”
Nizan Guanaes, publicitário – Folha de S.Paulo, 12/07/2011

“Educação tem que ser discutida todo dia no jantar. Que nem novela. A gente não sabe tudo sobre os personagens? O interesse pela educação deveria ser nesse nível.”
Seu Jorge, 41, cantor – Folha de S.Paulo, 13/07/2011

“Em sua opinião, uma memória global é tanto uma maldição quanto uma benção. A incapacidade de esquecer, defende Mayer-Schönberger (professor da Universidade de Oxford), limita a capacidade das pessoas de tomar decisões e de criar laços.”
Stuart Jeffries – Folha de S.Paulo, 13/07/2011

“Nos países pobres, a nova classe média vai rapidamente exigir mais e melhores escolas, água, hospitais, transportes e todo tipo de serviços públicos.
Não existe governo no mundo que atenda a essas exigências na mesma velocidade em que elas se produzem. A instabilidade política provocada por esse abismo já é visível em muitos países. As consequências internacionais ainda não são tão evidentes. Mas serão.”
Moisés Naím – Folha de S.Paulo, 15/07/2011

“No DVD, começo falando da felicidade, dizendo que ela não está numa conquista, como as pessoas estão pregando por aí: “Você vai ser feliz, vai ter prosperidade”. Tenho tentado mostrar que Deus não está agindo aumentando uma conta de banco, ou te dando uma porta de emprego. Pra mim, Deus não é isso. Fui entendendo Deus de uma forma diferente. Vi que algumas coisas em que eu acreditava, ou fui levada a acreditar, não estavam na Bíblia. Eu interpretava uma frase errada dentro de um contexto. Por exemplo, numa passagem da Bíblia está escrito que para se curar da lepra era preciso dar sete mergulhos no rio Jordão. Então [eu pensava]: se Deus precisava que eu desse sete mergulhos, hoje Ele precisa que eu dê uma oferta, que eu entregue meu dízimo. E até meu dízimo não estar entregue, não vou receber meu milagre. Hoje vejo que Deus conhece o meu coração. Se eu entreguei ou não alguma coisa para Deus.”
Caroline Celico, 23 anos [esposa do jogador de futebol Kaká] – Folha de S.Paulo, 15/07/2011

“Eu sempre me faço uma pergunta: ‘O que podemos fazer?’ A primeira coisa é se informar. Há tantas informações disponíveis, novos dados que surgem e, no entanto, somem o tempo todo. Informe-se ao máximo, converse com as pessoas, aperte os políticos. É preciso fazer muita pressão. […] Seu tempo é um luxo, não se acomode aceitando as coisas passivamente. Invista nas coisas, lute por uma causa.”
Vivienne Westwood, estilista, Revista Marie Claire – julho de 2011

“É necessário um fator ambiental – violência, problemas financeiros, de relacionamentos, drogas, bullying – para desencadear o transtorno mental em pessoas que tenham predisposição genética. Em meus 11 anos como psiquiatra, nunca vi alguém surtar quando tudo à sua volta está bem. Sempre tem um fator que é o estopim. […] A diferença do transtorno mental para outras doenças da medicina é a intensidade. Com outras doenças você consegue ter um diagnóstico categórico. Com transtornos mentais é contínuo, gradativo, não existe sim ou não. Há pessoas que a gente vê em nosso dia a dia que manifestam alguns traços, são mais esquisitas, e que para ter o diagnóstico às vezes falta meio passo.”
Gerardo de Araújo Filho, médico psiquiatra, Revista Cult – julho de 2011

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