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É mais embaixo

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A nossa vida, em certo sentido, mostra nossa fome. Isto é, as escolhas que fazemos, o estilo de vida que temos ou desejamos ter. Há uma fome de comida, que mantém nossa existência. Há fome também de arte, fome que muitos chamam de felicidade, fome que revela anseios mais profundos da alma.
Jesus, mesmo tendo suas necessidades básicas, enquanto ser humano, foi capaz de discernir e assim respondeu à tentação sofrida: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4). Eis a fome essencial.
No cardápio cotidiano muito nos é oferecido. Temos de tudo para todos os gostos. Somos tentados a experimentar mais, a despertar paladares, a nos entregarmos a desejos que mal sabíamos que existiam em nós. E a alma vai se enchendo de muitos sabores, sem, contudo, sentir-se saciada. Uma gula instala-se e é provocada constantemente. Como se passássemos a viver tão somente para a autossatisfação.
Numa época onde o cuidado com o corpo é tão valorizado, a alma está a morrer de inanição. Joga-se coisas dentro dela sem se quer atentar para seus efeitos. A digestão geralmente mal feita vai adoecendo-nos, mas o esforço é manter as aparências.
Qual a nossa alimentação da alma? Como diz Jacques Ellul: “A fome de pão é indiscutível. Mas a fome da Palavra de Deus, menos evidente nas entranhas, é ainda mais essencial”. Porém, muitos têm desprezado o transcendente, enquanto sensações por si só são valorizadas. Experiências diversas, inéditas, menos imaginadas, assim a intensidade da vida equivale às experiências aventureiras que você tem para contar. Quanto mais risco, maior a adrenalina, maior seu próprio brilho a ser exibido.
O rabino Abraham Heschel dizia que “o compromisso religioso não é somente um ingrediente de ordem social, um complemento ou um reforço da existência, e sim o coração e a essência do ser humano; sua verificação manifesta-se na ordem social, nas ações diárias”. E ainda: “A religião é a crítica de toda satisfação. Sua meta é o regozijo, mas seu princípio é o inconformismo, a destruição dos ídolos, a repulsa ao orgulho”.
Para os que desenvolvem a religiosidade, a próxima pergunta seria, qual? Uma que acomoda ou que transforma? Uma que serve o próximo ou que serve a si mesmo?
Que dieta adotamos no cotidiano? Há espaço para uma espiritualidade saudável, que nos traga questões da realidade que nos cerca e amplia a consciência da vida? No tempo das culturas da ansiedade, da frustração e da decepção é tentador usarmos uma espiritualidade, inclusive dita cristã, que nos aliena, ou trata superficialmente as dores e as crueldades que nos cercam. A fuga de questões íntimas que precisam ser enfrentadas é comum através de atalhos feitos com “espiritualizações” estranhas, ao menos, quanto ao evangelho de Cristo Jesus. Assim o adiamento contínuo se dá, colocando o foco em demandas externas e deixando o interior esvaziado e faminto, ou, enganado, mal alimentado, permitindo-se desfrutar de prazeres imediatos às custas da desgraça do outro, sem se dar conta que se cava a própria sepultura. Defuntos ambulantes considerando-se o máximo.
Jesus instrui: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32).

12ª semana de 2013

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“A Teologia da Libertação, mesmo combalida, convive bem com a imagem de uma Igreja moderna, aberta às demandas de um mundo em agonia e em transformação crescente. É difícil dizer que a Teologia da Libertação tenha acabado definitivamente, porque ela está impregnada de uma das faces mais essenciais do cristianismo: a ideia de um Deus ético, crítico dos abusos do poder e sensível à infelicidade dos aflitos do mundo.”

Luiz Felipe Pondé, “Revista Época” – 18/03/2013

 

“Vaidade, ansiedade e indisciplina se manifestam em muitos jovens. É preciso ficar atento, porque isso pode prejudicar o início de uma carreira.”

Wolf Maya, “Revista Época” – 18/03/2013

 

“Um novo modelo de combate à desigualdade só pode passar pela construção de algo próximo àquilo que um dia se chamou de Estado do Bem-Estar Social, ou seja, um Estado capaz de garantir serviços de educação e saúde gratuitos, universais e de alta qualidade. Nada disso está na pauta das discussões atuais. Qual partido apresentou, por exemplo, um programa crível à sociedade no qual explica como em, digamos, dez anos não precisaremos mais pagar pela educação privada para nossos filhos? Na verdade, ninguém apresentou porque a ideia exigiria uma proposta de refinanciamento do Estado pelo aumento na tributação daqueles que ganham nababescamente e contribuem pouco. Algo que no Brasil equivale a uma verdadeira revolução armada.”

Vladimir Safatle, “Revista Carta Capital” – 20/03/2013

 

“O modelo socrático-platônico – no qual um professor emocionalmente envolvido com seus alunos é capaz de transmitir seus conhecimentos de maneira organizada e estimulante, exigindo ao mesmo tempo esforço contínuo de seus alunos – parece ter descoberto intuitivamente o que a ciência de dois milênios depois referendaria sobre o funcionamento de nosso cérebro.”

Gustavo Ioschpe, Revista Veja – 20/03/2013

 

“Os pais nunca nos dão tudo (nem quando são loucos a ponto de querer nos fartar). Mesmo assim, durante um tempo absurdamente longo, o que temos e esperamos vem só deles. Na adolescência, começamos a desejar coisas que eles não conseguiriam nos dar nem se quisessem nos ver eternamente satisfeitos. No entanto, como eles sempre foram responsáveis por nossas satisfações, agora eles nos parecem ser responsáveis por nossas frustrações.”

Contardo Calligaris, “Folha de S.Paulo” – 21/03/2013

 

“Nossas vidas são atravessadas e marcadas pro músicas, por canções que nos devolvem momentos felizes ou não. Recuperei algumas, mas a cada dia acumulo outras.”

Ignácio de Loyola Brandão, “O Estado de S.Paulo” – 22/03/2013

 

“Ficar preso em uma cultura única, abster-se de ver o outro, de tentar entender o diferente, negando o valor do semelhante que não é tão semelhante assim, empobrece, emburrece, diminui.”

Eugenio Mussak, “Revista Vida Simples” – março de 2013

 

“Não só as jovens, mas todos se sentem frustrados, porque apenas uma minoria corresponde ao padrão de beleza divulgado pela mídia.  […] As pessoas se sentem frustradas, incompletas, inseguras e acham que a cirurgia plástica é a solução para seus problemas.”

Viviane Namur Campagna, “Revista Psique&Vida” – março de 2013

11ª semana de 2013

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“As questões femininas contemporâneas devem ser consideradas nessa perspectiva global, apesar das singularidades de determinados países. A experiência mais impactante que tive trabalhando na questão da violência contra a mulher foi numa viagem ao Congo oriental, em 2008, após a assinatura do acordo de paz. Lá encontrei muitos movimentos, conversei com mulheres que passaram por abusos horríveis, em lugares onde o estupro é usado como estratégia de guerra. Primeiro, pensei: elas não vão querer falar sobre algo tão terrível. Mas, para minha surpresa, elas queriam falar, sim. Queriam contar suas histórias e compartilhar como estavam tentando reconstruir suas vidas. Outra singularidade encontramos no sul e no leste da África, onde há países com altos índices de aids entre mulheres, especialmente entre mulheres jovens. Ali há uma forte relação entre o HIV e a violência íntima, em relações abusivas por namorados e maridos. Esses países enfrentam uma epidemia dupla: o HIV e a violência contra a mulher.”

Francoise Girard, “O Estado de S.Paulo” – 10/03/2013

 

“O que aconteceu com as mulheres nestas décadas foi saírem do jugo do pai, irmãos, sentir e agir como pessoas. Podem estudar, morar sozinhas, casar com quem quiserem ou não casar, ter filho ou não, dirigir empresas ou ônibus, pilotar aviões, fazer doutorados, brilhar nas ciências ou finanças, enfim: somos gente. Há muito que fazer, um longo caminho a percorrer. Altas executivas ainda são olhadas com desconfiança e às vezes lidam com condições desfavoráveis, culpas atávicas, falta de estruturada da sociedade para aliar profissão a vida pessoal, sobretudo a maternidade. Ainda há quem ganhe menos que homem na mesma função. Ainda há quem tenha de ‘caprichar dobrado’. Mas as coisas vão se resolvendo na medida em que nos fazemos respeitar.”

Lya Luft, “Revista Veja” – 13/03/2013

 

“A renúncia, como foi colocada pelo papa, é de uma transparência indiscutível. Sobretudo sabendo que ele nunca teve medo de dizer o que pensa, mesmo em frente a públicos que lhe eram hostis. Seu mérito maior não está em sua inteligência, mas em sua coragem de sustentar a fé católica numa cultura do ‘politicamente correto’, ou seja, do ‘carneirismo cultural’. Se sua inteligência teve importância, foi unicamente em função disso.”

Leonardo Boff, “Revista Cult” – março de 2013

 

“Quando finalmente viveremos num mundo em que as diferenças poderão desfilar livremente a exuberância de suas potencialidades e as fragilidades de suas deficiências?”

Evaldo Mocarzel, “Revista Bravo” março de 2013

 

“A ‘obrigação’ contemporânea de ser livre e feliz, que leva os que não se sentem assim a carregarem o peso de estarem ‘errados’. Se compramos a ideia tola de que o gozo está disponível a todos a todo o momento, ele passa a ser imperativo. E é isso que nos vendem a todo momento as propagandas veiculadas pelos meios de comunicação. A experiência de estar triste assemelha, segundo essa lógica, a uma falha moral que deveria ser corrigida. É fácil percebermos o quanto uma pessoa deprimida, para além daquilo que a deprime, sente-se culpada por seu estado. Além de triste, ela se vê como fraca e fracassada, incapaz de obter a felicidade como bem de consumo alegadamente acessível a todos.”

Pedro Ribeiro De Santi, “Revista Mente/Cérebro” – março de 2013

10ª semana de 2013

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“Será que os pais estão atentos às mudanças de comportamento dos filhos? […] Por que demora tanto para cair a ficha dos pais? Perceber logo que algo vai mal pode ser determinante no sucesso de uma eventual intervenção. […] Por mais tolerantes que os pais sejam, mudanças bruscas merecem atenção e cuidado.”

Jairo Bouer, “Revista Época” – 04/03/2013

 

“Não quero entrar nos 50 anos na zona de conforto. Quero interagir com gente que tenha algo a dizer e me leve a testar meus limites. […] Como pessoa, como ator, chega o momento em que você se olha no espelho, como eu, agora. O que vai ser de mim, se não tiver coragem de mudar? […] Essa coisa de maturidade é muito relativa, esquisita mesmo. Tem gente que pode chegar aos 80 imatura, mas tive e continuo tendo encontros importantes em minha vida, gente que tem estimulado minha reflexão. […] O preconceito é uma coisa que empobrece.”

Nicolas Cage, “O Estado de S.Paulo” – 05/03/2013

 

“No fundo, a Igreja tem apenas um desafio no que se refere a ela mesmo: garantir que sua mensagem volte a chegar à sociedade. O mundo mudou, a sociedade mudou e há uma constatação de que a Igreja vem perdendo fiéis. Essencialmente, o próximo papa terá a missão de restabelecer essa comunicação que, em algumas partes do mundo, foi perdida ou está enfraquecida.”

Thomas Reese, “O Estado de S.Paulo” – 06/03/2013

 

“Liberdade não se negocia e cada um sabe de si. Não é religião que vai organizar o movimento, porque não organiza. E se a gente começar a fuçar vai ver que é tudo meio hipócrita, né? É uma falsa moral que querem impor.”

Ney Matogrosso, “O Estado de S.Paulo” – 07/03/2013

 

“O uso de drogas ilícitas no mundo vem crescendo, apesar dos esforços mundiais de controle. O aumento do consumo das drogas sintéticas é considerado pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (Unodc) como “o inimigo público número um”. Ao contrário das drogas tradicionais, feitas com base em plantas, as drogas sintéticas são produzidas a partir de produtos químicos facilmente obtidos em laboratórios improvisados. O combate é, por isso, muito mais difícil. O consumo das drogas sintéticas hoje é uma questão de moda. Assim como vimos, nos 1960, o crescimento do uso de LSD e heroína ligado ao movimento hippie, nos dias atuais há a cultura da música tecno, que incentiva o uso de drogas como o ecstasy. Essa situação preocupa, porque vai mudar o paradigma do combate às drogas. E a prevenção vai ganhar uma importância muito maior do que a repressão. Nesta década, o maior problema que nós vamos vivenciar é a droga sintética. Principalmente o ecstasy.[…] O ecstasy desencadeia transtornos psiquiátricos como síndrome do pânico e depressão, que costumam vir acompanhados de taquicardia e aumento da temperatura do corpo. E tem sido a causa de inúmeras mortes. “O grande problema do ecstasy é o dano cerebral que a droga produz, principalmente nos neurônios responsáveis pelo prazer”, adverte o professor Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).”

Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

 

“Nos últimos anos, o mercado de trabalho no Brasil evoluiu para uma situação próxima do pleno emprego, ao mesmo tempo em que o rendimento dos ocupados deu um salto. Mas uma desigualdade a economia brasileira ainda não conseguiu derrubar: a disparidade de salários entre trabalhadores do sexo masculino e feminino. Homens chegam a ganhar, na média, até 66% mais que mulheres com o mesmo grau de escolaridade – no caso, superior completo.”

Marcelo Rehder, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

 

“Começa pela consciência de que quanto mais longe da política o cidadão estiver, quanto mais rejeição ele manifestar por esse ambiente, acreditando que a exibição de repúdio o exime de responsabilidades, pior ficará. Se as pessoas ficarem no conforto do nojinho inconsequente e sem compromisso com coisa alguma a não ser com a conversa que se joga fora, vale pouco ou quase nada gritar que o pastor apontado como homofóbico não pode presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. […] O jeito que se pode dar é antes. Votando bem? Fundamental, mas não suficiente. O interesse pelo que se passa no País é o primeiro passo. O hábito de usar de discernimento para avaliar o que se vê e ouve é outro. Informar-se, essencial. Chamar o parente, o amigo, o colega de trabalho a perceber que da junção de forças individuais é que se movimenta o coletivo, providencial. Compreender o básico sobre a importância e o funcionamento das instituições, indispensável.”

Dora Kramer, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

 

“A Rede Fale – que representa 39 grupos religiosos – lança empreitada contra a nomeação: abaixo-assinado e carta aberta na internet, além de pedido de audiência pública. ‘Ele não representa e não fala em nome de todos os evangélicos. Não pode usar isso como carta na manga’, disse à coluna Caio César Marçal, representante da organização. ‘Está luta terá outros rounds’.”

Sonia Racy, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

 

“Não custa citar mais uma vez os números que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) tem reiterado: os países industrializados, com menos de 20% da população mundial, consomem quase 80% dos recursos totais; as três pessoas mais ricas do mundo, juntas, têm tanto quanto o produto interno bruto (PIB) conjunto dos 48 países mais pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas; as 257 pessoas mais ricas, com mais de US$ 1 bilhão cada, juntas têm mais que a renda anual de 40% da humanidade. E os 500 milhões de pessoas mais ricas (7,14% da população total) emitem 50% dos poluentes que causam mudanças climáticas. Um indiano consome 4 toneladas anuais de materiais, um canadense, 25 toneladas. Se se quiser chegar mais perto, o padrão médio de consumo de recursos dos paulistanos está 2,5 vezes acima da média global. E assim vamos, aumentando as emissões de poluentes, elevando a temperatura do planeta, gerando cada vez mais “desastres naturais”. Como se vai fazer, se mesmo com tantos programas em toda parte não conseguimos reverter as tendências globais – ao contrário, enfrentamos cada vez mais dificuldades, com as crises econômico-financeiras na Europa e suas repercussões no mundo? “Nosso modelo econômico e social está esgotado”, tem repetido o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. […] Com as crianças à espera de respostas sobre um futuro inquietante. E quanto mais demorarem as respostas, mais difícil será.”

Washigton Novaes, “O Estado de S.Paulo” – 08/03/2013

Espaços espremidos

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O noticiário está alvoroçado. Muitos temas efervescentes, entre eles, especulações quanto ao novo Papa, morte de Hugo Chávez e futuro da Venezuela, além de outros tanto, sobretudo do nosso próprio quintal brasileiro.
Há dias as manchetes quase se repetem, temas se arrastam, e as discussões e indagações se ampliam, contudo, chega o dia 08 de março, tido como Dia Internacional da Mulher. Não se pode ignorar, não seria politicamente correto, então, empurrados pela obrigação, quase à força, abre-se espremidos espaços para se abordar o tema. Há real necessidade?
Opiniões divergem-se, resgates históricos se dão, tons de vozes e cinzas são jogados, solicitados, e a questão da mulher e sua construção como sujeito através de lutas pela igualdade, requer memória histórica e ponderações a respeito do contexto social. “Mas o circo precisa mesmo ser montado?”, é a pergunta de alguns inquietos que acreditam, apesar de não assumirem, que há questões outras prioritárias. O próprio Alain Touraine, sociólogo renomado, foi e ainda é criticado pela importância insistente e excessiva, na opinião de muitos, a respeito da consciência feminina e tanto estudo voltado para isso. “Por que escolher as mulheres como figuras centrais de nossa sociedade quando as desigualdades crescem, a violência se intensifica em nível internacional e exércitos e terroristas se enfrentam?”. Ao que ele responde: “As mulheres hoje, têm mais capacidade do que os homens de se portar como sujeitos. E isso porque elas carregam consigo o ideal histórico de recompor o mundo e de superar os dualismo antigos, e porque assumem mais diretamente a responsabilidade com seu corpo, com seu papel de criadoras da vida, com a própria sexualidade”. E completa: “Nós vivemos um longo período no qual os homens geraram a historicidade e criaram uma consciência de si. Agora, depois de várias décadas e por uma duração indeterminada e talvez sem um acaso previsível, entramos numa sociedade e experimentamos caminhos individuais cujo sentido está mais nas mãos, na cabeça e no sexo das mulheres do que nas mãos, na cabeça e no sexo dos homens” .
Tratar do tema significa falar sobre questões fortes e delicadas, tais como, violência doméstica, abuso sexual, mercado de trabalho, maternidade no contexto do século XXI, etc. Dia 08 de março é dia onde se pode ler, ouvir e assistir vários debates, ponderações sobre o mundo das mulheres, suas representações e seus projetos, os desafios da sociedade atual e a figura do feminino no mal-estar contemporâneo. E aí? Do dia 09 em diante, como fica? Ou seja, a médio e longo prazo como a questão da mulher é tratada? Volta-se ao tema apenas e tão-somente quando surge mais uma manchete trágica ligada à mulher ou alguma estatística lamentável é tornada pública? E, alguns, podem nessa hora, apropriar-se da velha questão freudiana: “Afinal, o que quer uma mulher?”. Freud, aliás, após três décadas de investigação da “alma feminina”, interrogações internas levadas a sério, já no final da vida, teria confessado sua decepção e insatisfação com os resultados de seu saber sobre a mulher .
Voltando a Touraine, “as mulheres da geração pós-feminista não têm objetivos mais limitados daqueles de suas mães, mas elas acrescentam à sociedade em que vivem uma orientação cultural nova e bastante carregada de ‘conflitividade’, em ruptura com uma definição negativa da ação das mulheres que se limitaria a derrubar a desigualdade e as discriminações no intuito de eliminar as diferenças entre os gêneros”. E sugere que mais do que vítimas, podemos também ser atrizes que consolidam suas funções com uma vitalidade raramente encontrável em outras categorias sociais. Será? Quem se importa e quem acredita? Quem deseja conversar, participar e aprofundar conceitos, possibilidades, projetos e abrir espaços para a promoção dessa agenda?
A percepção do que nos cerca, as aceleradas mudanças, algumas tendências e confusões, muitas dúvidas e conflitos, não terá nas comunidades cristãs espaços legítimos para o diálogo? Não se pode ignorar algumas iniciativas e tentativas, entretanto, não se pode mais e além? Pelo que vejo, especialmente no meio cristão, é algo que se passa de largo. Há muito medo, uma sensação de ameaça, de descontrole, um incômodo que é tratado como peso a se livrar. O bonde da história já se perdeu, e em nosso tempo, o trem bala é uma realidade. Não seria o caso de apressarmo-nos em rever compreensões, assumir ignorâncias e não desprezarmos a velocidade da sociedade? Com pressa não quero dizer afobação, até porque o risco da superficialidade no trato com o tema é grande. Mas desconfio que seja bom salientar a urgência e demanda real crescente.

09ª semana de 2013

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“Cibercrime é um braço em expansão do crime organizado e precisa ser combatido para garantir a qualidade de vida on-line.”

Luli Radfahrer, “Folha de S.Paulo” – 25/02/2013

 

“Parece que as coisas não são verdadeiramente importantes até que se percam. Uma vez perdidas, passam a ser recordadas, mitificadas, idealizadas. Ou o contrário, odiadas. Enfim, quando algo se perde, começa a ser possível. Isso é tortuoso, complicado, obscuro. É difícil se relacionar com as coisas perdidas. Mais complicado ainda estabelecer uma relação justa com elas. Que não seja nem de nostalgia e nem de ódio. Tentei ver se era possível ter uma outra relação com o passado – que não fosse de idealização nem de rancor. E veja: uma relação justa não é, necessariamente, equilibrada. Pode ser passional, descontrolada. Podemos ter conexões fortes com o passado, mas não de escravidão.”

Alan Pauls, “O Estado de S.Paulo” – 25/02/2013

 

“Os reclames da igreja no nosso tempo exigem resposta às lições dramáticas do terrorismo, à coexistência das diferenças, à humildade da conversão e à afirmação não-retórica do comunitarismo. A renúncia serve para superar as rotinas da continuidade da igreja-instituição e implementar uma nova face, de igreja-serviço, próxima aos fiéis.”

Candido Mendes, “Folha de S.Paulo” – 26/02/2013

 

“Pretenciosa e inútil ingenuidade? Não, se consideramos a alternativa: não fazer nada, deixar como está, evitar abrir esse canal de participação política novo para os que anseiam por algo diferente. […] Partido: concentração. Rede: dispersão. Nossos instrumentos para virar pelo avesso o avesso que vivemos.”

Alfredo Sirkis, “Folha de S.Paulo” – 27/02/2013

 

“Estou ciente dessa preferência, mas receio que ela não tenha o fundamento alegado. Ao contrário do que dizem alguns militantes, simplesmente não é verdade que “-ismo” seja um sufixo que denota patologia. […] Compreendo que os gays procurem levantar bandeiras, inclusive linguísticas, para mobilizar as pessoas. Em nome da cortesia pública, eu me disporia a adotar a forma “homossexualidade”, desde que ela fosse defendida como uma simples predileção. Mas, enquanto tentarem justificar essa opção com base em delírios etimológicos, sinto-me no dever de continuar usando a variante em “-ismo”. Alguém, afinal, precisa zelar para que preconceitos não invadam e conspurquem o universo de sufixos, prefixos e infixos. A batalha pode ser inglória, mas a causa é justa.”

Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 27/02/2013

 

“A França é um estado laico e, portanto, o único casamento válido perante a lei é o civil. Mas existem mulheres que vivem com outras mulheres e homens que vivem com outros homens, e alguns até adotam crianças e formam uma família. Mas, se um deles morre, o outro não tem direito a nada. É como se o estado estivesse punindo essas pessoas por fazerem aquilo que é condenado pela religião. Logo, não posso concordar com isso.”

Karl Lagerfeld, “Revista Veja”, 27/02/2013

 

“O poeta libanês Khalil Gibran, em um de seus melhores momentos, escreveu: ‘Teus filhos não são teus filhos. São filhos e filhas da vida. Não vieram para ti, vieram através de ti…’ Vieram através de ti… através. De acordo com o poeta, cada pai e mãe compõe a travessia do filho para a aventura do viver.”

Eugenio Mussak, “Revista Vida Simples” – fevereiro de 2013

 

“Só a indignação evita a depressão, impede que se pegue a chapéu e se deixar de sonhar.”

Miguel Reale Júnior, “O Estado de S.Paulo” – 02/03/2013

 

“A transmissão de bens materiais e valores imateriais entre a geração mais velha e a mais nova não acontece automaticamente e pode sofrer entraves. Para que a herança chegue a bom termo, é necessário que os mais velhos, imbuídos da consciência da finitude, cedam o centro do palco para os mais novos. Não é uma decisão fácil e alguns não conseguem concretizá-la. Outros, tomados pela ambivalência, o fazem pela metade ou de forma inadequada, criando inúmeras complicações.”

Sérgio Telles, “O Estado de S.Paulo” – 02/03/2013

“Encontrei uma mulher que amo, e as crianças expandiram meu mundo para muito além do que imaginava. Isso é muito gratificante, ainda que eu não consiga mais dormir. Ser pai de uma grande família amorosa é o ponto alto da minha vida.”

Brad Pitt, “Revista Alfa” – fevereiro de 2013

08ª semana de 2013

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“Segundo o Conselho de Medicina Veterinária de São Paulo, o Estado já conta com 50 creches para cachorro. Elas recebem animais cujos donos passam boa parte do dia fora de casa e lhes oferecem recreação, que pode incluir atividades como natação e musicoterapia. Os cães levam até suas lancheirinhas, o que dá uma nova dimensão ao termo antropomorfização, a tendência de atribuir características humanas ao que não o é.”

Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“A sensação de que tudo pode dar errado é mais presente quando se dirige um filme. Atuando, você se preocupa com a realização do seu trabalho. E é apenas isso. Dirigindo, é preciso descobrir o que fazer quando o clima atrapalha um dia de filmagem. Você fica comprometido com aquele projeto o dia inteiro.”

Dustin Hoffman, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“Já há um elenco diversificado de explicações para a renúncia de Bento XVI ao trono de São Pedro. A melhor foi a dada por ele mesmo: ‘Para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor esse que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado’. O papa não fez nenhuma referência mais explícita ao mar proceloso em que se move a barca e, sobretudo, referência a quem agita as águas que perturbam os rumos da nau sagrada. Manteve in pectore os fatores institucionais de seu gesto. Foi desprendido ao tomar sobre os próprios ombros o peso imenso dos fatores da renúncia como debilidade pessoal. […] No quadro dos paradoxos de Bento VXI, uma decisão republicana numa estrutura monárquica, mais um indício de um papa moderno até na ação inovadora em nome dos valores da tradição conservadora.”

José de Souza Martins, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“São momentos de grave introspecção em que o Homem faz um inventário de si mesmo – seus sonhos, suas desilusões, suas possibilidades – e se faz perguntas. Valeu a pena? Devo continuar? Aproveito o promontório e me atiro? Quem sou eu, e por que estou aqui falando sozinho?

Luis Fernando Verissimo, “O Estado de S.Paulo” – 17/02/2013

 

“A sociedade caminha mais rapidamente que a Igreja. Não acho que haja uma queda na fé. Os homens querem simplesmente uma igreja que os acolha. E não é assim Cristo, que abriu os braços para acolher a humanidade? […] Sou católico. Sempre me emociono com a mensagem de amor e acolhimento de Jesus Cristo. Mas faz falta um novo São Francisco de Assis, capaz de abandonar as estruturas rígidas do clero para se aproximar profundamente das dores do homem comum.”

Walcyr Carrasco, “Revista Época”, 18/02/13

 

“A cada minuto, são milhares de estímulos disputando atenção: dezenas de e-mails, comentários no Facebook, fotos legais no Instagram. […] O telefone sempre toca no exato momento em que a gente está, finalmente, se concentrando. […] Estamos perdidos em um mar de informações e estímulos, e muitas vezes acabamos dispersando nossa energia em coisa pouco importantes. […] De certa maneira, fomos programados para isso: parte do nosso cérebro prefere a gratificação imediata, que é o que os comentários na internet fornecem, por exemplo – a cada ‘curtir’, uma descarga de dopamina, hormônio ligado ao prazer, inunda nosso sistema nervoso. […] É possível vencer a batalha contra as distrações e aprender a focar. Para isso, são necessárias, basicamente, duas coisas: 1) definir o que é essencial; 2) eliminar todo o resto.”

Jeanne Callegari, “Revista Vida Simples” – fevereiro de 2013

 

“Na leitura de um adulto para uma criança é preciso haver cumplicidade. Se você não gostar da história lida, não adianta nada. As pessoas generosas são capazes de fazer uma espécie de regressão: permitem que o bebê que foram um dia no passado fale com o outro que está ali diante delas. Isso torna o contato mais profundo entre eles. […] O livro é um objeto que necessita do contato com o ser humano para se transformar em um objeto de cultura. Ao mesmo tempo, uma das funções da leitura na primeira infância é permitir que o bebê ultrapasse o sujeito físico e alcance o cultural.”

Evelio Cabrejo Parra, “Revista Nova Escola”, fevereiro de 2013

 

“O número de jovens que viraram chefes de si mesmos cresceu. De 2006 a 2012 houve um aumento mensal médio de 7,2% ao ano no número de startups, segundo uma pesquisa da rede de consultoria e auditoria UHY, com salto de 467 mil para 617 mil novos negócios.”

“Revista Época Negócios” – fevereiro de 2013

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