A alma deseja aconchego

lugar onde chego e encontro sossego

A alma busca sua própria avenida

onde possa caminhar com familiaridade apesar de todo trânsito

A alma necessita ser reconhecida na sede que traz

essa insatisfação, às vezes, gera contorções

A alma assustada, ressabiada pelas marcas da vida

se protege, esconde-se, camufla-se na paisagem das adequações

A alma num mundo esfomeado anda raquítica

aliás, quase não anda, arrasta-se

A alma contorna riscos por desejar segurança

quase não arrisca mais, vê-se toda rabiscada

A alma rouca já nem grita

geme num suspiro cansado

A alma reclama, perturbada

muito ruído para pouca resposta

A alma sente… saudade

do tempo que nunca foi, mas que ela almeja

A alma sobrecarregada

vaga cansada

A alma que transborda de sensações

para cair no abismo da noite escura

A alma armada afasta até boas intenções

prefere a dor da solidão que mais desilusões

A alma carregada

de perguntas embaladas a vácuo

Calma, alma. Escuta:

uma melodia em volume baixo

“Por que estás abatida dentro em mim?

Olhe para Deus. Ponha sua esperança em Deus!”

Uma inquieta alma procurou salmodiar

Goles profundos de Deus.