Diante do medo, tristeza, incertezas de discípulos confusos, Jesus diz: “O Amigo, o Espírito Santo, irá esclarecer tudo para vocês” (Jo 14.26).

Jesus estava consciente do que vinha pela frente. Despedidas, crucificação, término de uma etapa, que mudaria tudo, cumpriria algo já resolvido desde a eternidade. Mas também sabia que aqueles que andavam com ele estavam perturbados no coração, desorientados ficariam ainda mais. E ele quer cuidar, prepará-los para tempos difíceis. Gostariam que eles tivessem paz, mesmo em tempos de prováveis inquietações. “Não permitam que esta situação os aflija. Vocês confiam em Deus, não confiam? Confiem em mim” e, “não ficam deprimidos nem perturbados”, “eu os deixarei com assistência plena” (Jo 14.1, 27).

Ao lermos toda a história registrada no Novo Testamento vemos em boa parte o quanto o Espírito de Deus esclareceu, animou, renovou, conduziu, consolou, desafiou, enviou, enfim, fez-se amigo presente – Deus entre nós.

O Espírito de Cristo nos faz lembrar de que Deus sempre desejou oferecer essa segurança ao ser humano caído, aflito, temeroso, abatido. Sensação de derrota e abandono são frequentes em seres frágeis como somos.

E através do profeta Isaías, assim diz o Senhor Deus: “Não tenham medo, eu os redimi. Eu os chamei pelo nome. Vocês são meus. Quando estiverem atolados até o pescoço em problemas, estarei lá com vocês. Quando estiverem atravessando águas profundas, vocês não se afogarão. Quando estiverem entre a cruz e a espada, não será um beco sem saída — Porque eu sou o Eterno, o seu Deus pessoal, seu Salvador”. (Is 43.1-3) E insiste claramente: “não tenham medo: estou com vocês” (Is 43.5).

Jesus evidenciou esse desejo do Pai. Foi a revelação maior desse amor real e profundo que tanto nossa alma almeja. E o Espírito de Deus até hoje procura nos ajudar a vivenciar tão grande amor.

Àqueles que se condenam, àqueles que acham que não tem mais jeito, aos desesperançados e cansados até de si mesmo, àqueles que não sabem por onde ir, aos inseguros e assustados, há palavras seguras: “Diz o Eterno, o Deus que constrói uma estrada através do oceano, que inaugura um caminho através das ondas furiosas; O Deus que fez sair cavalos, carros e exércitos — e eles se deitaram e não conseguiram mais se levantar, foram apagados como um pavio: ‘Esqueçam o que aconteceu, não fiquem lembrando velhas histórias. Fiquem atentos. Não se distraiam. Vou fazer uma coisa diferente. E está para acontecer, não estão percebendo? Estou abrindo uma estrada através do deserto, fazendo correr rios em terras devastadas. Os animais selvagens dirão: ‘Obrigado!’ — os chacais e as corujas — Porque providenciei água no deserto, Rios através da terra ressecada.” (Is 43.16-20). A poética nos convida a lindas imagens que alimentam gente esgotada.

Jesus fez um convite válido para hoje: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Rios de água viva irão jorrar e brotar do íntimo de quem crer em mim, como dizem as Escrituras” (Jo 7.37-8). E é isso que o Espírito de Deus faz em nós. Abre-nos um caminho no coração, faz-nos enxergar por onde ir, nos tira do atoleiro confuso e angustiante, faz algo novo em nós. Do lado de dentro para fora. E usa o lado de fora para trabalhar coisas do lado de dentro. A terra devastada, o deserto, nada disso tem a última palavra. O Espírito nos lembra que Jesus é a esperança de pernas, a esperança feito gente. E nos convida a crer nele. O Deus presente e cuidadoso não nos abandona, seja qual for a situação. E até o silêncio nos fala em algum momento. Assim, vamos descobrindo como se dá o que Jesus disse: “O Amigo, o Espírito Santo, irá clarear, ensinar, esclarecer mais e melhor para vocês”.

Essa vida não é fácil, mas é cheia de esperança. A mais bela aventura.