Amigo não precisa de dia porque todo dia ele é – suficiente afeto.

Das coisas da vida, dentre as melhores, estão os amigos que ganhei. Algumas amizades construí, mas, a maioria foram presentes, daqueles que fazem a vida valer até nos dias maus. No bolo de amigos que ganhei tem um que quero hoje celebrar.

Amigos há daqueles que são interessantes, os que são engraçados, os que são artistas (os que brincam com ideias e te levam junto), os que são belos, os que são leais. Ele é um ser cativante (e muito mais).

Esse amigo é um contador de histórias que me emociona a cada encontro. Ele tem poesia na língua, delicadeza no coração e uma mente, realmente, brilhante (além da careca).

Ele gosta de gente, nem sempre tão perto, mas ele se aproxima muito, como poucos.

Ele tem contos cotidianos porque vê o que pela maioria passa desapercebido. Ele tem memórias que desabrocham em causos risonhos, com pitadas folclóricas, que te levam para dentro. Ele tem pensamentos surpreendentes que arrancam-nos risos e lágrimas, muitas vezes simultaneamente.

Ele me ajuda a pensar melhor, a amar melhor, a aproveitar melhor a vida, inquietando-me e fazendo observações pouco prováveis. Sim, ele chega a ser irritante…

É também acelerado. Acompanha de tudo, sabe bastante e brinca com coisas sérias de tal forma que nos leva a perceber a seriedade da coisa.

Quem aguentaria um sujeito assim? Quem seria esse alguém à altura? Uma esposa singular. Que dialoga, que acolhe, que devolve, que se cala, que observa e critica, que chora e ri, que é leve sem perder a densidade da vida. Mais do que simpatia, entende de empatia. Ela que colore dias escuros do companheiro, e quando não, apenas permanece na escuridão deles, sim, ela veio para ficar.

Exercita o corpo, a mente, a alma, tudo discretamente, com sabedoria. Pessoa rara, certa para andar com ele.

Juntos tiveram duas meninas, hoje, mulheres. Imagine o que são duas filhas de um casal como esse? Sim, espetaculares em suas singularidades.

Ah, e em tempo, tem a Farofa, não na mesa, na casa. Uma cachorra sapeca que faz toda família multiplicar histórias e alegrias.

Idealização? Não ignoro limitações, fraquezas, mas isso é parte da vida de todos. Mas, reconhecer e celebrar as belezas das relações é algo necessário e delicioso.

C. S. Lewis dizia que “vivemos num mundo sedento de silêncio, privacidade e, portanto, sedento de meditação e amizade verdadeira”. E isso não é difícil de verificar, ainda que nem todos consigam assim nomear e reconhecer.

Quero meditar mais e melhor, mas em meio a essas que consigo, vejo melhor meus amigos, e desejo agradecer.

Hoje minha homenagem carregada de gratidão vai para Valdir e Diva que entraram há anos em minha história e me abençoam continuamente.

O monge cisterciano, Aelred de Rievaulx, que viveu no século XII d.C., parafraseou I Jo 4.16, dessa forma: “Deus é amizade, e todo aquele que permanece na amizade permanece em Deus”. Quero permanecer.