“Parece que a vida escolar do filho se tornou uma espécie de avaliação de seus pais. Bons pais produzem alunos dedicados aos estudos e com bons resultados em qualquer tipo de avaliação. Essa parece ser a máxima em vigor. Ocorre que, enquanto a vida escolar for uma questão vital para os pais, os filhos não a assumirão como sua. […] Quanto às pequenas responsabilidades com os afazeres domésticos é preciso, em primeiro lugar, que a criança sinta que pertence àquele grupo familiar e que isso acarreta ônus e bônus. […] Ensinar aos filhos que eles devem assumir suas próprias responsabilidades dá trabalho, exige paciência e persistência, porque é uma tarefa que dura mais ou menos uns 18 anos. Com sorte.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“Saí pensando em um texto que li de Maria Rita Kehl no qual ela dizia que nossa biografia não deveria se basear somente em nossos feitos. Às vezes, nossos desejos e intenções nos configuram de forma muito mais plena. Seria nossa ‘biografia em baixo-relevo’. Mas como exigir desse mundo objetivo em que vivemos tamanha delicadeza? Continuamos por aí nos afogando em números e perdendo nossos ‘quases’ que tanto têm a dizer.”
Denise Fraga – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“Quem for rápido no julgamento deixará de contemplar a imensa complexidade humana, tirará o outro por si, será rasteiro.”
Francisco Daudt – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“A revolução no Brasil não acontece com os cidadãos pegando em armas, mas pegando em cartões de crédito. O Brasil tem uma nova geração de consumidores que não quer apenas produtos e serviços básicos. Eles conquistaram acesso ao que antes era distante e inalcançável e não admitem regresso. Querem produtos excitantes, de maior valor e maior encantamento. Esse é o grande fenômeno do novo mercado brasileiro. A nova classe média brasileira pode parecer um conceito surrado, mas ela mal começou a transformar a economia, o país e o seu negócio. Ela quer comprar o que não comprava, de iogurtes a carros a entretenimento. Não há gôndola no supermercado nem setor da economia que não seja afetado. O mercado brasileiro de produtos de higiene e beleza, por exemplo, já está entre os três maiores do mundo, depois dos Estados Unidos e do Japão e à frente dos sofisticados países da Europa. As mulheres brasileiras já consomem duas vezes mais condicionadores de cabelo do que as americanas, ou 19 vezes mais quando comparadas com as russas, 20 vezes mais em relação às chinesas. […]São mudanças de consumo tão abrangentes que as oportunidades aparecem em toda parte: de comidas congeladas à educação ao uísque escocês, cujas vendas no Brasil cresceram mais do que em qualquer lugar do planeta: uma alta de 48% em 2011, puxada pelo Nordeste. E os gastos da classe média com viagens subiram 242% de 2002 a 2010. Pela primeira vez, os brasileiros estão pegando mais avião do que ônibus para viajar pelo país.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“O livro ‘Nada a Perder’, biografia do bispo Edir Macedo, ultrapassou o fenômeno ‘Cinquenta Tons de Cinza’ em vendas na semana. O livro de Macedo teve 30 mil exemplares vendidos em uma semana, Cinquenta Tons…’ vendeu 20 mil exemplares. ‘Nada a Perder’ será lançado em novembro no mercado internacinal: dia 17, em Buenso Aires, dia 20, em Bogotá, e dia 22 em Caracas.”
Folha de S.Paulo, 01/11/2012

“Melhorias socioeconômicas não implicam necessariamente melhorias do tecido social da comunidade. Hoje, como naquela época, é pífia, se não nula, a confiança dos cidadãos no socorro da força pública. A certeza de que o socorro será precário, lento ou ausente alimenta a sensação de insegurança. Diminuir a sensação de insegurança seria uma maneira de combater a insegurança efetiva da cidade.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 01/11/2012

“É possível ‘perder ganhando’, quando se consegue avançar nos ideais, e é possível ‘ganhar perdendo’, quando se abandona os ideais em acordos puramente pragmáticos. […] Para enfrentar o sectarismo maniqueísta enraizado em nossa política, é preciso uma mudança. Não em enunciados de ‘boas’ intenções e vazias de compromisso, mas naquilo que, como disse C. S. Lewis, ‘se deduz de milhares de conversas, por um princípio revelado em centenas de decisões relativas a assuntos menores’.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 02/11/2012

“Dados da CBL mostram que o livro está mais barato e o brasileiro anda lendo mais. O preço médio do livro caiu 6,1% em 2011, considerando apenas preços praticados no mercado privado. Incluindo compras de governo, o preço médio ficou estável (alta de 0,1%). O governo representa 39,5% do mercado. Em volume, as vendas subiram 7,2% -o brasileiro comprou 3,34% mais, e o governo,13,7% mais.”
Mariana Barbosa – Folha de S.Paulo, 03/11/2012

“A guinada conservadora católica, o acelerado declínio numérico da filial brasileira da Santa Sé e a avalanche pentecostal acirraram a competição entre católicos e evangélicos a partir de 1980. Essa peleja deflagrou uma disputa religiosa pelo espaço público e uma desenfreada ocupação religiosa da mídia e da política partidária. Desde então tele-evangelistas, padres-celebridades e cantores gospel tornaram-se onipresentes na mídia eletrônica, emissoras de TV pentecostais e católicas brotaram como cogumelos, rebanhos religiosos viram-se tratados como currais eleitorais, igrejas passaram a formar bancadas parlamentares, a expandir seu poder nos legislativos e a controlar partidos, discursos moralistas reacionários de inspiração bíblica tomaram de assalto as eleições. […] No novo santuário, Marcelo Rossi ocupará um palco muito maior e mais reluzente para cantar seus louvores e baladas, coreografar a “aeróbica do Senhor”, receber celebridades, agitar, entreter e emocionar as multidões de seguidores, benzer seus objetos pessoais e lançar-lhes baldes de água benta ao fim de cada show-missa. Assim ele vai contribuindo para configurar um catolicismo de massas alegre, corpóreo, sensorial, emotivo, mágico, midiático, terapêutico, taumatúrgico, moral e teologicamente conservador. Mais popular, mas menos intelectualizado e menos atento aos problemas socioeconômicos.”
Ricardo Mariano – Folha de S.Paulo, 03/11/2012