Quanto mais imaturos emocionalmente, mais a ansiedade tende a ganhar espaços. Logo, imaturidade é uma fase (ao menos, espera-se que seja só uma fase), onde se tem muitas perguntas e pouca paciência para respostas longas e complexas. Assim, o desejo pelas respostas prontas não costuma ser um bom indício para a maturidade emocional.
Um sinal interessante de transição rumo à maturidade é perceber que mais do que respostas, é importante atentar para quais perguntas estamos fazendo. Privilegiar determinadas perguntas pode ser mais sábio, mais estratégico, enfim, mais saudável para a vida.
E o tempo de cessar as perguntas, quando chega? Tendo a pensar que chega quando a vida acaba. Contudo, o que tenho visto na vida de gente madura que me inspira é que as perguntas diminuem em quantidade, mas, crescem em profundidade. Vão rareando, mas trazem raízes de uma vida. Descortinam dilemas assustadores, porém, amansados pelo tempo. Um apaziguamento de quem não precisou se agarrar às culpas para amenizar questões ainda mais comprometedoras.
Não é mais mera curiosidade ingênua, nem gula da alma, pois essa já entrou na dieta existencial. É querer menos, entretanto, saborear mais. É a dinâmica de quem não mais cai nas ciladas fáceis de ilusões baratas, na ânsia do comércio de bajulações, bijuterias de conhecimento, nas cifras do suposto saber, no consumismo da prateleira das ideias em promoção.
A maturidade é acompanhada da sabedoria em como usar o tempo cada vez mais precioso. Deixou de ser banal, não mais um bem descartável, nada de desperdícios.
O aproveitamento do tempo pode se manifestar com singeleza. Nada extraordinário aos olhos, provavelmente, da maioria, mas de uma riqueza singular para quem foi enriquecido com a maturidade. Pode ser uma simples e descontraída conversa, porém, o olhar que se dá não se encontra em qualquer lugar. É um colo oferecido que ganha dimensões de eternidade. Gestos delicados que comunicam mais do que longos diálogos. Onde o silêncio já não mais incomoda, antes, torna-se espaço de contemplação e acolhimento. E as pausas fazem parte da harmonia melódica da vida.
Há uma fase da vida onde tudo o que se quer é crescer, há outra onde o que se deseja é amadurecer. Nela o menos é mais. Aí o burburinho vai sumindo e o som denso do surdo (tambor) vai ditando novo ritmo. Há suavidade, apesar da firmeza. Há nitidez – ruídos desfalecem. Aí uma só voz é ouvida e os antigos gemidos cessam.
Ah! Com eu quero chegar lá!