“A leitura é crucial para a aprendizagem de todo ser humano, isso não é novidade. Mas a leitura essencial é a que fazemos em direção a nós mesmos, lendo nossas necessidades, aspirações, gostos, defeitos, angústias, qualidades e interesses.”
Marisa Eboli – O Estado de S.Paulo, 05/08/2012

“O sentimento de culpa mistura vergonha com arrependimento e supõe uma certa integridade moral de quem o tem. […] Ouvi dizer que a Igreja não considera mais a masturbação como pecado mortal. Numa festa do colégio jesuíta em que me formei, apresentei esta questão ao nosso antigo padre prefeito: “E aqueles que morreram em pecado antes da mudança da lei? Queimam no inferno assim mesmo?”. Ele, que não tinha cacife intelectual para uma resposta teológica, e pressionado pela gargalhada dos colegas, disse-me que eu já havia bebido vinho o bastante. Fato é que, como instrumento de dominação, a nossa espécie não inventou arma melhor.”
Francisco Daudt – Folha de S.Paulo, 07/08/2012

“De todos os alunos matriculados no 6.º ano do ensino fundamental das redes estaduais de Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte, no ano passado, apenas a metade foi aprovada para a série seguinte. A outra parte foi reprovada ou abandonou a escola. Os dados – divulgados pelo Inep e tabulados para o jornal O Estado de S.Paulo pelo economista Ernesto Martins Faria, da Fundação Lemann – mostram como as primeiras séries de cada ciclo escolar são as que concentram os picos de reprovação e abandono. Considerando as 27 unidades da Federação, por exemplo, só 11 delas aprovam mais de 80% dos estudantes no 6.º ano (antiga 5.ª série). Uma situação que se agrava ainda mais no primeiro ano do ensino médio, quando nenhuma unidade da Federação atinge os 80% de aprovação. Nesse caso, além do alto índice de reprovação, cresce também o porcentual de alunos que abandonam os estudos. No Rio Grande do Norte, o índice dos que saíram da escola chegou a 29%. […] Um sinal claro de que a escola não está cumprindo o seu papel. “Em um bom sistema educacional, o índice de aprovação beira os 100%”, afirma Márcio da Costa, do grupo de pesquisas de sistemas educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ‘Mas não adianta só decidir aprovar, é preciso verificar as causas da repetência e combatê-las’.”
Ocimara Balmant – O Estado de S.Paulo, 08/08/2012

“Para o hoje quase esquecido historiador holandês Johan Huizinga (1872-1945), a ideia de jogo é central para a civilização. Em seu ‘Homo Ludens’, o autor afirma que todas as atividades humanas, incluindo filosofia, guerra, arte, leis e linguagem, podem ser vistas como o resultado de um jogo, ou, para usarmos a terminologia técnica, ‘sub specie ludi’ (a título de brincadeira). […] Huizinga define jogo como ‘atividade ou ocupação voluntária executada dentro de certos limites fixos de tempo e espaço, de acordo com regras livremente aceitas, mas absolutamente restritivas, que tenha seu fim em si mesma e que se faça acompanhar de um sentimento de tensão, alegria e da consciência de que ela difere da vida ordinária’. Paradoxalmente, é porque não serve para nada que o esporte provoca tanto fascínio. Ele nos lança num mundo de brincadeira, tão afastado das agruras do dia a dia que não precisamos nem nos curvar aos imperativos da razão.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 08/08/2012

“Esporte é ciência, treino, coração, arte e tecnologia. Tudo ao mesmo tempo. Por aqui ainda falta quase tudo: educação, saúde, moradia, investimento e planejamento. Como e por que vamos superar isso?”
Paula Cesarino Costa – Folha de S.Paulo, 09/08/2012

“É habitual que, na infância e na adolescência, um jovem sonhe com vitórias e aplausos, sem pensar nos esforços necessários para merecê-los. […] O problema é que os elogios incondicionais dos pais e dos adultos não produzem “autoconfiança”, mas dependência: os filhos se tornam cronicamente dependentes da aprovação dos pais e, mais tarde, dos outros. “Treinados” dessa forma, eles passam a vida se esforçando, não para alcançar o que desejam, mas para ganhar um aplauso.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 09/08/2012