“Hoje, na maior parte dos casos, em particular nas sociedades mais abastadas, os homens parecem mais escravos das coisas do que seus beneficiários. O caráter contraditório do crédito não é estranho a essa sociedade na qual, a depender do ângulo em que se olha, tudo parece de cabeça para baixo.”
Leda Maria Paulani – O Estado de S.Paulo, 01/07/2012

“A segurança não deveria ser ‘o mais importante’ – não em detrimento da liberdade, da aventura e do desconhecido. Não é porque existem cada vez mais ferramentas para controlar as pessoas que as autoridades devam usá-las. Não é porque acidentes acontecem que a vida deva ser vivida como se eles fossem sempre iminentes. […] Estamos criando conformistas mimados, inclinados a verem perigo por todos os lados. Recentemente, me chamaram para uma palestra em uma escola. Eu disse: ‘Deixem seus desejos respirarem. Observem com paciência. Ouçam através dos silêncios. Olhem além da próxima esquina. Confiem no alvoroço da intuição. Escutem o murmúrio do universo. Liberem a sua imaginação. Sigam a bússola do seu coração, esse grande demolidor da sabedoria convencional, rumo ao desconhecido’.”
Roger Cohen – Folha de S.Paulo, 02/07/2012

“No Reino Unido, um levantamento com base em 5.000 petições de divórcio, feito por uma empresa, constatou que a palavra ‘Facebook’ aparecia em 33% dos processos movidos em 2011 por “conduta inapropriada” do parceiro. Para Fonseca, a internet inflacionou o número de traições e diversificou as modalidades: ‘Adultério antigamente dava o maior trabalho. Era só o telefone fixo no meio da sala de casa. Hoje tem celular e gente conversando com o amante no chat enquanto o parceiro oficial está bem ao lado’.”
Juliana Cunha – Folha de S.Paulo, 03/07/2012

“O aumento dos rompimentos, no entanto, não pode ser atribuído apenas às facilidades legais. ‘Muitos fatores demográficos contribuem para que haja mais divórcio: o aumento da renda feminina e da escolaridade, a queda no número de filhos’, diz José Eustaquio Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE. Em dez anos, a taxa de divórcios no Brasil quase dobrou, de 1,7% a 3,1%. ‘Parece pouco, mas em demografia é uma taxa muito expressiva, indica transição no perfil da população’, diz Alves.”
Folha de S.Paulo, 03/07/2012

“Busco coisas em que as pessoas se equivalem. Situações nas quais todo mundo se encontra. A risada é uma delas. Assim como o sexo, a morte e o amor. Uma pessoa apaixonada é sempre uma pessoa apaixonada. Com 12 anos ou 95, na favela, no convés de um iate. E o riso também. A graça da arte se dá nesses temas que diminuem as diferenças.”
Marisa Orth, atriz – O Estado de S.Paulo, 03/07/2012

“Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação óbvia de que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós mesmos. Se ponho um link para um filme do Woody Allen, se cito uma frase de Nietzsche; mesmo quando posto uma foto de um churrasco, não estou eu, também, editando-me? Tentando pegar esse aglomerado de defeitos, qualidades, ansiedades, desejos e frustrações e emoldurá-lo de modo a valorizar o quadro -engraçado, profundo, hedonista?”
Antonio Prata – Folha de S.Paulo, 04/07/2012

“O que diferencia o empreendedor dos outros é a atitude diante da vida. Pense num compositor de música. As palavras estão à disposição de todo mundo, mas Chico Buarque faz poesia com elas. Os sons também estão disponíveis, mas tem gente que os transforma em música. As pessoas, os espaços, as tecnologias estão ao alcance de todos, mas só alguns conseguem ver oportunidades de negócios. Esses são os empreendedores.”
William Ling – O Estado de S.Paulo, 05/07/2012

“A lógica econômica tem prevalecido sobre a dinâmica puramente religiosa. A teologia da prosperidade tem atendido melhor as expectativas de consumo e os interesses egoísticos das diferentes camadas sociais. Como disse o sociólogo Flávio Pierucci em artigo póstumo, a sociedade não precisa mais de um Deus transcendente quando os indivíduos pagam pelos serviços prestados em nome dele e transformam os bens tangíveis em ideal divino. Atualmente, o que se considera sagrado é o consumo. O crescimento das correntes evangélicas pentecostais no país tem sido compatível com o fato de que o sagrado está cada vez mais comercializado e dessacralizado. É o Brasil cada vez mais desencantado.”
José Eustáquio Diniz Alves – Folha de S.Paulo, 06/07/2012