“Dados do Censo 2010 divulgados na última semana revelam que a fecundidade no Brasil caiu para 1,86 filho por mulher. Chama a atenção, em primeiro lugar, a grande velocidade com que o índice despencou. Meio século atrás, em 1960, ele era de 6,2. Isso significa que o Brasil fez em cinco décadas o que a Europa levou mais de cem anos para conseguir. Como reduzir a fertilidade e, por extensão, a população não constitui um fim em si mesmo, é preciso analisar as implicações do fenômeno. […] Decisões antipáticas, como alterar (e para pior) o regime da aposentadoria, precisam ser tomadas. No limite, é preciso pensar em abrir o país à imigração, outra medida impopular. Os obstáculos são tantos que a tendência é empurrar a encrenca para nossos filhos e netos. É pena, pois o atraso torna o problema mais difícil de administrar.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“A ciência avança por meio de seus fracassos. Novas ideias são necessárias quando as velhas não podem explicar as observações. Portanto, não há explicações finais, apenas explicações melhores. […] É difícil combinar objetividade e subjetividade. […] Talvez devamos ouvir as sábias palavras de Sócrates, que há mais de 24 séculos já dizia que o essencial é conhecer a si mesmo.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“Ter um dom é uma coisa preciosa, seja ele escrever, fazer publicidade ou cozinhar.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“Temos de aprender a conviver com a nossa insignificância, por melhores que nos consideremos.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“Cantor tem que ser bonito porque imagem vende. Se não for, pelo menos tem que estar bem cuidado. Minhas cantoras fazem dieta quando engordam, porque dou ataque. Nunca achei que isso pudesse entrar em choque com minha igreja. Se são filhos de Deus, [artistas] têm que ser pessoas que mostram que são felizes.”
Yvelise de Oliveira, 60, presidente da maior gravadora gospel do país, a MK Music – Folha de S.Paulo, 20/11/2011

“Jung dizia que muitas terapias estagnam porque acende-se uma lanterna no escuro mas ilumina-se o lugar errado do bosque. Na educação tem sido assim. Coloca-se o facho por sobre a reciclagem do professor, a tecnologia na sala de aula, o aumento de horas na escola ou melhor gestão do sistema. Apesar de tudo isto ser obviamente relevante, passa ao largo do cerne. Estamos em transição, e tempos efêmeros causam perplexidade institucional. Viemos das caixinhas de currículo, disciplinas e mestres exigentes, e estamos rumando para o ensino autopropulsionado, a diluição da importância da estrutura escolar, e o fim das barreiras artificiais que métodos e cartilhas impõem.
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 21/11/2011

“A religião vem sendo tratada como uma espécie de bem de consumo individual, de forma que valores essenciais, como o senso de comunidade, de lealdade e de transcendência, têm se perdido.”
Rodrigo F. de Sousa, teólogo – Revista Claudia – novembro de 2011

“Franqueza e transparência são fundamentais para as relações de amizade. Sem tais características, o relacionamento amoroso que caracteriza a amizade não sobrevive. Aliás, nem sequer vive. Outra característica básica de pessoas que querem ser amigas de outras é a maturidade para controlar os próprios impulsos em favor da amizade. Saber renunciar a prazeres imediatos para preservar o amigo é condição fundamental. […] Devemos nos perguntar se, num mundo que dá extremo valor ao individualismo, à realização de nossos caprichos e ao prazer imediato, há lugar para a amizade. Deve haver. Afinal, são os amigos que dão sabor à nossa vida, que a iluminam, que fazem com que valha a pena viver, mesmo enfrentando as mazelas inevitáveis com as quais nos deparamos. Podemos fazer algo para que os mais novos conheçam essa alegria?”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 22/11/2011

“Desejo não é igual a vontade, é trama mais complexa. Começa com nossos instintos animais e vai se enriquecendo com aquilo que o atrai. A admiração é uma dessas coisas. Mas tudo começa com a imitação. Como no aprendizado da língua. Imitamos o português que ouvimos: sotaque; sofisticação ou falta dela; riqueza ou pobreza vocabular.”
Francisco Daudt – Folha de S.Paulo, 22/11/2011

“O Brasil moderno, se quiser governar na Rocinha, deverá merecer a autoridade que ele pretende exercer, ou seja, deverá fazer o que ele, durante muito tempo, não fez: cuidar de seus sujeitos.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 24/11/2011

“Sendo verdade que passamos a viver de modo mais rápido, individualizado e fora de controle, inseridos em redes e estruturas cortadas por riscos e crises permanentes, então ficou mais difícil controlar o que quer que seja. A corrupção adquiriu ‘vida própria’, atingindo áreas e pessoas antes tidas como inatingíveis. Também cresceu a percepção social dela, o que a torna ainda mais intolerável. Isso não significa que sejamos impotentes perante esse problema, que se alimenta de hábitos seculares, bebe em muitas fontes e afeta tanto o setor público quanto o privado. Não poderemos, porém, eliminá-lo pela raiz se o reduzimos à responsabilidade pessoal ou acharmos que a solução virá de mera (e difícil) mobilização da sociedade civil. Avanços consistentes dependerão de múltiplas ações combinadas e só alçarão voo sustentável se estiverem articulados com uma perspectiva reformadora e democrática do Estado e da política.”
Marco Aurélio Nogueira – O Estado de S.Paulo – 26/11/2011

“Posso dizer que o dia mais importante de minha infância foi quando descobri que sabia ler. Eu tinha de 4 para 5 anos. Foi como assistir ao próprio parto.”
Ruy Castro – Revista Claudia – novembro de 2011