“Apesar do aumento da concessão de bolsas de pós-doutorado, a quantidade de pesquisadores com essa qualificação deixa a desejar. Na Capes, o número de bolsas para esse nível chegou a 2.088 em 2009 -em 2005, 479 foram concedidas. Já na Fapesp, 1.400 delas foram ofertadas no ano passado, contra 800 em 2005. Só que cada doutor formado por ano na USP e na Unicamp corresponde a 0,4 pós-doutor, em média. Nos EUA, a relação se inverte a favor do pós-doutor: 1,2 para cada doutor, diz Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp. ‘Deveríamos ter três vezes mais pós-doutores nessas instituições para haver competitividade internacional’.”

Folha de S.Paulo – 30/01/2011

 

“Os exames iniciais não indicaram diferenças entre grupos, mas as ressonâncias feitas após o curso mostraram um aumento na concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo naqueles que haviam meditado. Análises do cérebro todo revelaram mais quatro aumentos de massa cinzenta: no córtex cingulado posterior, na junção temporo-parietal e mais dois no cerebelo.

Britta Hölzel, pesquisadora da Harvard Medical School e uma das autoras do estudo, disse à Folha que isso pode significar uma melhora em regiões envolvidas com aprendizagem, memória, emoções e estresse. O aumento da massa cinzenta no hipocampo é benéfico porque ali há uma maior concentração de neurônios, afirma Sonia Brucki, do departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. ‘Antes, acreditava-se que a pessoa só perdia neurônios durante a vida. Agora, vemos que podem brotar em qualquer fase da vida, e determinadas atividades fazem a estrutura do cérebro mudar’. Isso significa que o cérebro adulto também é plástico, capaz de ser moldado. No ano passado, um estudo dos mesmos pesquisadores já mostrava redução da massa cinzenta na amígdala cerebral, uma região relacionada à ansiedade e ao estresse, em pessoas que fizeram meditação por oito semanas. Mas qualquer um que começar a meditar amanhã terá esses mesmos efeitos benéficos em algumas semanas? ‘Provavelmente sim’, diz a neurologista Sonia Brucki. Ela ressalta, no entanto, que a idade média dos participantes da pesquisa é baixa e, por isso, não dá para afirmar com certeza que isso acontecerá com pessoas de todas as idades.
Agora, a pesquisadora Britta Hölzel quer entender como essas mudanças no cérebro estão relacionadas diretamente à melhora da vidas das pessoas. ‘Essa é uma área nova, e pouco se sabe sobre o cérebro e os mecanismos psicológicos relacionados a ele. Mas os resultados até agora são animadores’.”

Mariana Versolato, Folha de S.Paulo – 30/01/2011

 

“O investimento em educação traz mais do que empregos. Traz processos mais baratos, mais seguros e mais eficientes, gerando bem-estar muito além do círculo familiar do cidadão que recebeu instrução qualificada. Certamente compensa, mas é preciso ter a coragem de investir hoje para colher daqui a 15 anos. É hora de mudar isso.”

Gustavo Cerbasi, Folha de S.Paulo – 31/01/2011

 

“Caetano tem três filhos religiosos. Sobre Moreno, que tende ao catolicismo, diz: ‘Se o papa João 23 fosse santo, ele seria devoto’. Seus dois filhos mais novos, Tom e Zeca, são evangélicos e frequentam a igreja Universal do Reino de Deus. Sobre um tropicalista gerar filhos evangélicos, Caetano diz: ‘Minha geração teve que romper com a religiosidade imposta, a deles teve que recuperar a religiosidade perdida’. Caetano diz ser muito bem recebido quando vai assistir a seus filhos tocando nos cultos e afirma enxergar o bem que a religião fez aos dois. Paula Lavigne comenta: ‘Zeca encontrou um conforto na religião. Qualquer coisa que faça bem aos meus filhos faz bem para mim’. […] Paula Lavigne diz que a profundidade com que Caetano lida com as questões mais complexas da vida faz a convivência com ele ser difícil: ‘Ele nunca vai ser completamente feliz, só a ignorância é feliz’.”

Morris Kachani e Artur Voltolini, Revista Serafina/ Folha de S.Paulo – fevereiro/2011

 

“Dois tipos de mudanças vêm ocorrendo neste século – a transição de poder de um Estado dominante par outro é um modelo familiar. Mas a difusão do poder é um processo mais recente. Hoje, o problema enfrentado por todos os Estados é que muita coisa ocorre que foge ao controle até mesmo dos mais poderosos dentre eles. […] Num mundo com base na informação onde a insegurança virtual impera, a difusão do poder poderá ser uma ameaça maior do que a transição do poder. O que significará exercer poder na era da informação do século 21? Que recursos possibilitarão esse poder? Cada era constrói suas próprias respostas. […] A noção tradicional sempre foi de que o Estado com o maior Exército é que vence. Na era da informação, contudo, poderá ser o Estado (ou não Estado) com o melhor argumento que ganha. Hoje não se sabe como medir um equilíbrio de poder, muito menos como criar estratégias de sobrevivência bem sucedidas para este novo mundo. […] Como os eventos no Oriente Médio irão se desenrolar, ninguém sabe. Mas nesta era da informação, a defesa da liberdade de acesso a ela será um importante componente do poder inteligente.”

Joseph S. Nye, ex-secretário adjunto da Defesa dos EUA, professor na Universidade Harvard, O Estado de S.Paulo – 04/02/2011

 

“Passados quase 20 anos, as metas de redução de emissões ainda não foram cumpridas e elas continuam aumentando. Há poucos meses, em Nagoya, chegou-se a uma declaração que reconhece a necessidade de ampliar as áreas de proteção e a soberania de cada país sobre as espécies da biodiversidade em seu território, bem como a necessidade de compartilhar resultados em caso de exploração – mas ainda faltam regras práticas para esse compartilhamento. O desmatamento no mundo caiu cerca de 7 milhões de hectares anuais, mas ainda é muito alto. Os países ricos não aumentaram sua contribuição e, diz a ONU, o mundo continua com 925 milhões de pessoas passando fome, porque têm renda diária inferiora a US$ 1,25 (pouco mais de R$ 2). Poderão vir a ser mais pessoas, porque já nos aproximamos de 7 bilhões no planeta e chegaremos, em meados deste século, a pelo menos 8,5 bilhões. […] Quem encontrará o caminho para superar as lógicas financeiras? Como se enfrentarão as brutais desigualdades de renda no mundo e em cada país (inclusive no nosso)?”

Washington Novaes, O Estado de S.Paulo – 04/02/2011

 

“A felicidade é um sentimento individual tão efêmero como variável, a depender dos valores de cada pessoa. Em nossa época consumista, a felicidade pode ser vista como a satisfação dos desejos, muitos ditados pela moda ou pelas celebridades, como um passeio pelo Rio Nilo. […] Também a felicidade pode advir, como propõe o budismo, de estar liberto dos desejos, ou por ficar realizado apenas com a satisfação dos desejos acessíveis. A felicidade é possível pela perda do medo das perdas, por ter harmonia com a natureza, graças ao conformismo com as contingências, pela imersão na vida espiritual e pela contemplação, na dedicação aos necessitados, bem como em vista de uam relação afetiva.”

Miguel Reale Júnior, advogado, foi Ministro de Justiça, O Estado de S.Paulo – 05/02/2011