“Conviver com as diferenças e aceitar a diversidade é uma obrigação cívica. Sociedades como a brasileira, ao contrário da lenda, são atrasadas e pouco propensas à tolerância. O desenvolvimento do país explicita esse traço.

“Não é por acaso a xenofobia palpável em São Paulo nos comentários sobre coreanos, bolivianos e outros imigrantes dedicados ao comércio ou trabalhos braçais. A cidade, em certos círculos, virou um poço de intransigência. O estranhamento piorará com a ascensão de milhões à classe média.”

Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo, 06/11/2010

 

“Todo domingo de manhã, cerca de 600 mil americanos ligam o rádio para ouvir uma mulher de 49 anos, voz suave e acolhedora, entrevistar cientistas, filósofos e pesquisadores de diversas áreas sobre espiritualidade. Ouvem uma conversa informal. Não há debates acalorados, muito menos pregações com tom messiânico ou fundamentalista – comuns em setores religiosos da mídia americana. O que ela tenta é buscar respostas para questões como: o que significa sermos humanos? O que é o amor? Qual é nosso papel no mundo? Como a religiosidade e a espiritualidade podem nos ajudar no dia a dia? O programa Being (algo como Existindo) e é transmitido por 240 emissoras, além do podcast na internet, que registra 1,3 milhão de downloads por mês. A apresentadora se chama Krista Tippett e se torna cada vez mais popular no país. Recentemente, o jornal The New York Times a classificou como um fenômeno. ‘Religião é um assunto delicado, que nos permite entrar no cerne da identidade de uma pessoa. […] Vivemos uma época em que as coisas são muito fluidas. Isso nos leva a nos questionar o que significa sermos humanos. Estamos redescobrindo a espiritualidade e a religiosidade. Não como uma reação ou fuga da complexidade de nossos tempos, mas como uma forma de lidarmos melhor com essas questões’, diz Krista.”

Humberto Maia Junior, Revista Época, 08/11/2010