“Processos informáticos, sistemas de circulação (como o trânsito) e automatismos mentais (no sentido de discursos que repetimos sem nos darmos conta) são metáforas que sintetizam nossa forma de vida baseada na administração de si como uma empresa, ao modo do que Foucaut chamou de biopolítica. Ou seja, sentimos que as máquinas se voltam contra nós não porque elas são alienígenas que representam uma forma de vida destituída de humanidade, graça ou espontaneidade, disposta a vampirizar invejosamente nossas almas, mas porque elas passam a representar o ideal acabado de nós mesmos – como coisas que funcionam ou não funcionam. Coisas que aspiramos que venham nos punir para nos lembrar de nossa humanidade perdida.”

Christian Dunker, Revista Cult, outubro de 2010

 

“A cultura não existe para respeitar as nossas certezas ou crenças; a cultura existe para as testar, provocar, até insultar – um ringue onde a liberdade de expressão é o único oxigênio permitido.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo, 26 de outubro de 2010

 

“A literatura precisa mostrar o que as pessoas se recusam a ver. O livro (Veneno, Sombras e Adeus – Javier Marías) parece recomendar que voltemos os olhos o mais rápido possível para a lama em que nos colocamos, pois nosso rosto amanhã pode ficar ainda mais sujo. A literatura avisa, mas quem deve ouvir é o leitor.”

Ricardo Lísias, escritor, Revista Cult, outubro de 2010