P10_18_05_15_Espalhando_sementesPor Phelipe Marques

Quando eu soube da existência do projeto Paralelo 10 e da possibilidade de ser um representante em Parintins (AM), não perdi tempo. Enviei um e-mail para a Editora Ultimato e fiz tudo que era necessário para participar do projeto, afinal, seria uma ótima oportunidade de conhecer mais sobre a Missão Integral da Igreja e compartilhar isso com outros.

A expectativa foi aumentando. A correspondências da Ultimato demoravam chegar. É que lá, a entrega dos Correios precisa ser feita via transporte fluvial. Eu queria folhear as páginas uma a uma e ler cada reflexão dos colaboradores da revista. Esta cena se repetia a cada dois meses.

Como o propósito era espalhar o conteúdo entre outros irmãos, tentei criar um grupo de cristãos na universidade, afinal, o ambiente acadêmico me parecia propício para a leitura e o diálogo, conectando a Bíblia com os temas em pauta na sociedade. Que decepção! Após conversar, apresentar a revista para umas dez pessoas e convidá-las para formar um grupo de diálogo ninguém apareceu no dia marcado para o encontro.

Minha segunda tentativa foi em um pequeno grupo de discipulado já estabelecido. Dei ao líder a ideia de usarmos algum texto da revista em um dos encontros semanais do grupo. Ele achou uma ótima sugestão. Levou a proposta para o grupo e todos também concordaram. Então distribuí as revistas entre os jovens, escolhemos um texto e marcamos de conversar sobre o tema na semana seguinte. Mais uma decepção. Quase ninguém tinha lido o texto que havíamos combinado.

Mas eu não desisti. No início de 2014 tive a oportunidade de ser professor de jovens na Escola Bíblica Dominical, então passei a utilizar a revista no último domingo de cada mês. Também usei algumas edições com os adolescentes do grupo de artes com os quais estava trabalhando em minha igreja. Para o contexto da igreja local, escolhi textos que promovessem a reflexão a cerca da missão da igreja e que levassem os jovens e adolescentes a pensar de que forma poderiam se envolver na missão. Felizmente, a experiência na igreja local foi bem produtiva.

Um dos temas que chamou bastante a atenção das pessoas foi a edição de nº 349 Crak – O monstro de boca aberta (julho/agosto 2014). Embora o “crack” não seja tão comum em Parintins, todos que estavam no grupo tinham algum familiar ou amigo que enfrentava problemas com outros tipos de drogas. Thiago Brelaz, professor de Educação Física, participou da conversa e contribuiu bastante por causa da sua experiência como ex-dependente químico. Ele achou muito importante tratarmos sobre o tema, pois ele acredita que a igreja precisa estar preparada para acolher e ajudar pessoas que enfrentam problemas com drogas.

Durante meu tempo como representante do Paralelo 10, a maior dificuldade que enfrentei foi a falta de hábito de leitura das pessoas. Certamente, esse problema não é exclusividade de Parintins. De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, promovida em 2012 pelo Instituto Pró-Livro, 85% das pessoas preferem assistir televisão em seu tempo livre e 52%, ouvir música ou rádio. A opção pela leitura aparece em 7º plano, com 28%. Realmente ainda há longo caminho pela frente para podermos afirmar que o povo brasileiro é um povo que tem prazer em ler.

Mas a despeito desse problema, conseguimos incentivar várias pessoas a cultivar o hábito da leitura e pudemos compartilhar mais efetivamente com alguns as revistas e os livros enviados pelo Paralelo 10. Aparentemente é um trabalho de “formiguinha”, mas, na verdade, são pequenas sementes espalhadas no Norte e Nordeste. Ao possibilitar acesso gratuito a conteúdo cristão de qualidade para pessoas que vivem no interior do Amazonas, o Paralelo 10 incentiva não apenas a leitura em si, mas também a reflexão bíblica e a concretização de boas práticas. Pode parecer um resultado pequeno, mas é importante.

 

• Phelipe Marques Reis é amazonense e foi representante do Paralelo 10 em Parintins por quase 2 anos. Casado com Luíze, ambos mudaram-se para Viçosa (MG) no início deste ano para estudarem no Centro Evangélico de Missões (CEM).

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *