Por Carl S. Eliasen 

Achei inspiração para essa meditação numa revista evangélica que comenta o versículo 3 do capítulo 19 de II Crônicas.

Josafá foi um bom rei, que governou Judá por 24 anos. Ele continuou e ampliou a reforma religiosa iniciada pelo seu pai, Asa; mas ele cometeu, um grave erro, ao assumir, por casamento, laços de parentesco com Acabe, o idólatra rei de Israel (reino do norte), marido da malvada rainha Jezabel.

Depois de participar, junto com Acabe, de uma excursão bélica contra Ramote-Gileade, Josafá voltou para casa e recebeu a visita do vidente Jeú que o repreendeu por aliar-se a um perverso e, ao mesmo tempo, acrescentou a declaração do texto bíblico acima mencionado: “Contudo, boas coisas se acharam em ti”. Poderíamos traduzir para “Existe algo de bom em você!”

Notemos que não se trata de uma pergunta, mas de uma gloriosa afirmação! É assim que Deus olha para a humanidade, já que, embora pela Sua justiça, aborreça o pecado, Ele perscruta o coração sincero, e com um olhar positivo de perdão e esperança, descobre algo de bom, pois Ele ama ao pecador! “Nas maiores profundezas das trevas, Deus enxerga uma faísca de bondade.” (Henry Gariepy)

“À luz das Escrituras, o reformador João Calvino, e seus seguidores utilizaram uma expressão contundente: ‘Depravação total’. Para eles o homem natural, ou seja, não regenerado ou não redimido, é totalmente corrompido. O que isto significa? Não quer dizer que não haja nada de bom na pessoa humana. Ao contrário, em virtude da graça comum de Deus, que atua em toda a criação, a humanidade é capaz de grandes realizações, no âmbito da filosofia, literatura, ciência, arte, filantropia e religião.” (Revista Ultimato)

Façamos uma navegação pelas páginas do Novo Testamento:

Lucas 19:9

ZAQUEU, não somente era de baixa estatura, mas, igualmente, de espírito avarento e desonesto. Queria ver a Jesus, pelo que vencendo seu problema físico, subiu numa árvore, que sendo frondosa, lhe oferecia um esconderijo da multidão, já que era odiado por ser um maioral dos publicanos (cobrador de impostos para os romanos). Jesus que estava passando, parou no caminho e viu que naquela vida mesquinha havia algo de bom! Numa conversa edificante e perante o arrependimento sincero do anão curioso, proferiu a grande mensagem:  “Também este é filho de Abraão, hoje veio salvação a esta vida!”

João 4:13

UMA MULHER DE PROCEDÊNCIA SAMARITANA, chegou-se ao poço de Jacó para tirar água. Lá encontrou-se com Jesus, que estranhamente (já que os judeus não se davam com os samaritanos), travou com ela um diálogo. A mulher tinha amplas razões para envergonhar-se de sua conduta perante a sociedade e sua própria auto-estima: depois de ter cinco maridos, estava vivendo amigada, ilegalmente, com um sexto homem. O quadro deste testemunho não era nada atraente, no entanto, o Mestre viu que ainda havia algo de bom na mulher, e transmitiu-lhe gloriosa nova: “Quem beber da água deste poço, tornará a ter sede; aquele, porém que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.”

João 8:11

Os fariseus, cheios de raiva e com pedras nas mãos, trouxeram a Jesus uma MULHER PECADORA, apanhada em flagrante adultério, para que por apedrejamento se cumprisse a lei de Moisés. O Mestre não apenas repreendeu a falsa religiosidade incluída na hipocrisia deles: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra” (v.7); mas olhando para a vítima, viu um restante de bom que sobrava na mulher, uma nota de esperança nessa sinfonia maligna, e lhe disse: “Eu não te condeno; vai e não peques mais.”

Lucas 22:61-62

PEDRO, embora tivesse sido avisado três vezes do perigo de traição; junto a uma fogueira no pátio do sumo-sacerdote, e logo fora do portão, negou ao seu Senhor. A seguir, perante o olhar compassivo de Jesus, o discípulo chorou amargamente de arrependimento. Essa, também foi a reação de William Booth, quando ele escreveu: “Meus erros são tantos que dentro de mim eu choro em tristeza e mágoas sem fim; meu pranto não salva, mas o grande mar da graça divina, minha alma transforma se sobre mim rolar” (Cântico 100/2ª). O olhar perdoador de Deus em Cristo, no meio da traição, achou ainda algo de bom no rude pescador! Devido a essa descoberta, o seguidor covarde transformou-se em o grande apóstolo de Pentecoste.

Lucas 23:43

A cruz era o suplício mortal mais vergonhoso e horrível no império romano. Por ocasião da crucificação, no Calvário ergueram-se três cruzes: duas para dois ladrões e assassinos, e uma, para Jesus, o Salvador. Um dos malfeitores blasfemava pelo infortúnio, enquanto o outro, contrito exclamou: “Lembra-te de mim quando vieres no teu reino” (v.42): uma centelha no meio da fumaça da fogueira, algo de bom – um raio de esperança que ganhou a sentença amorosa do Filho de Deus: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso!”

Marcos 10:21

Devemos mencionar mais este, O JOVEM RICO, a quem Jesus fitou com um olhar amoroso e penetrante. Pelo seu convencimento e petulância, ele não reconheceu, favoravelmente, a única coisa boa que lhe faltava e retirou-se triste. No alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, o turismo internacional observa o Cristo Redentor (recentemente reconhecido como mais uma maravilha do mundo!), com os braços bem abertos… um lembrete de que o Filho de Deus dá boas-vindas a todos. Mas, cuidado! Assim como o jovem rico, nós, pelo livre arbítrio que temos, podemos recusar. O escritor aos Hebreus pergunta: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (2:3).

As três parábolas dos “perdidos”: a ovelha, a moeda e o filho (Lucas 15), bem ilustram o coro que cantamos em nossas reuniões: “Jesus veio buscar-me, quanto custou-lhe para me achar; meu Cristo achou-me – DIA FELIZ DO PERDÃO!”

O Senhor Jesus Cristo, ainda no dia de hoje, procura pelo ALGO DE BOM que existe em nós!

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Carl S. Eliasen é Comissário do Exército de Salvação. Conheça!

Artigo retirado da Revista Rumo – Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Ano 07/Nº 08. Do Exército de Salvação. Conheça mais!

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