segundas-1024x231Por Elsie Gilbert

Você já se viu numa situação em que se percebe pedalando, pedalando, sem contudo sair do lugar? Parado na vida. Não parado no sentido literal porque afinal você não pode parar de remar e está cansado. Parado porque não avança e todo o esforço que você faz parece ser em vão.

Acho que é nesta situação que os discípulos de Jesus se encontravam naquele dia que, logo depois do milagre da multiplicação dos pães e peixes, Jesus os obriga a atravessar o mar enquanto ele sobe a um monte para finalmente ficar só.

“Os que comeram foram cinco mil homens.
Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
Tendo-a despedido, subiu a um monte para orar.
Ao anoitecer, o barco estava no meio do mar, e Jesus se achava sozinho em terra.
Ele viu os discípulos remando com dificuldade, porque o vento soprava contra eles. Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar; e estava já a ponto de passar por eles.” Mc 6.44-48

storm_coming_on_sea-1600x1200Na verdade, se você ler cuidadosamente os relatos anteriores a esta passagem, verá que este é o fim de um dia muitíssimo cansativo que tinha começado com um convite para um retiro espiritual. Jesus tinha chamado seus discípulos para ir para um lugar deserto como uma forma de se recuperarem da tarefa árdua de conduzir multidões. Eles não tinham tempo para nada, nem para comer.

“Ele lhes disse: Vinde a um lugar solitário, à parte, e descansai um pouco. Pois eram muitos os que vinham e iam, e nem tinham tempo para comer.
Então foram sós na barca a um lugar deserto.” Mc 6.31-32

Só que ao chegar do outro lado, deram de cara com uma grande multidão e passaram o dia inteiro atendendo às necessidades de todos. A situação chegou a um ponto crítico quando perceberam que as pessoas não tinham o que comer e corriam perigo. Então Jesus multiplicou os cinco pães e dois peixes, alimentando 5.000 homens, além de mulheres e crianças, e mandou todo mundo de volta para casa.

Ao ler este relato, tentei me imaginar na pele dos discípulos. Confesso que quando fico cansada, meu humor não é dos melhores. Ali, no meio do mar, alta madrugada, remando contra o vento, eu estaria furiosa com Jesus. Afinal ele tinha insistido para que os discípulos atravessassem com a barca num horário impróprio enquanto ele mesmo se ausentara.

Às vezes eu sinto esta frustração. Me vejo numa enrascada, olho para trás e percebo que estou aqui, remando contra o vento, parada no mesmo lugar e exausta, porque Jesus me colocou nesta situação. Eu obedeci e olha no que deu!

E é neste estado que eu me esqueço de tudo. Todas as minhas experiências com Ele. Eu deixo de perceber sua graça e profunda compaixão, os milagres que fez ao meu redor. Marcos nos relata que os discípulos “não haviam compreendido o milagre dos pães, ao contrário o seu coração estava endurecido.” Mc 6.52

No meu estado de profunda exaustão e birra, eu nem o reconheço quando Ele se aproxima de mim e ao invés de o receber com alívio, fico apavorada. Mas a única forma de sair deste estado é deixar que Cristo entre no meu barco, acalme a tempestade e me ajude a remar com calma de volta à terra firme.

 

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