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Por Elsie Gilbert

Capa_A_CirandaO que é o fator Mardoqueu?
Nos meus tempos de faculdade, preocupada com a ação cristã na sociedade, um mentor me orientou: “Procure exercer o fator Mardoqueu!”. O conselho veio de Rubem Amorese, consultor parlamentar, hoje articulista da revista Ultimato e um grande pensador.

Rubem me explicou que se Mardoqueu não tivesse ficado de olhos e ouvidos atentos, nos portões do palácio do rei Assuero, e não fosse comprometido com tudo que é bom e correto, não teria ficado ciente de uma conspiração contra a vida do rei. Não teria informado sua afilhada Ester, a nova rainha, que por sua vez não teria avisado o rei do perigo que corria. A informação chegou aos ouvidos do rei em tempo e sua vida foi salva.

O fator Mardoqueu acaba em dança
Mais à frente no relato encontrado no livro de Ester, Mardoqueu volta a ser o herói. Foi por meio de sua atuação que a rainha Ester desmascarou o plano do poderoso Hamã de organizar um genocídio contra o povo judeu. Mardoqueu ficou sabendo da trama, fez um plano, e levou a rainha a agir e todo o seu povo a orar e a se preparar para se defender. Fico imaginando a festa nas vilas judaicas espalhadas pelo império persa, quando os judeus triunfaram (Et 8.17; 9.18): danças, brincadeiras de roda, alegria e louvores a Deus.

Rubem dizia que muitas vezes a pessoa bem intencionada, ocupando uma posição de poder, não tem a informação sobre a real situação do seu povo, e, portanto, pouco faz em seu favor. É necessário Mardoqueus, atuando em todas as estruturas de poder e na sociedade em geral conectando, interagindo e proporcionando com isto possibilidades reais de transformação. É Deus quem atua, e ele escolhe nos usar como elos.

Mardoqueu era apenas um elo, um membro sem grandes poderes políticos na “ciranda do bem”. Mas porque foi fiel, e fez a sua parte na hora certa, ele acabou evitando um genocídio. É um conceito muito simples, repetido em muitas histórias na Bíblia, mas que exige muita coragem e fidelidade de cada um. Mesmo uma pessoa aparentemente sem importância, como a escrava de Naamã (2 Reis 5), pode conquistar grandes vitórias, porque ela está ligada ao grande e poderoso Rei. Cada vitória nos faz querer brincar de roda novamente.

A ciranda do bem na vida de Anderson
Até os 14 anos de idade, só a “corrente do mal” tinha prevalecido na vida de Anderson. Aos sete foi expulso de todas as escolas de sua cidade. Aos 9 sua mãe o abandonara deixando-o com o pai. O menino a viu no ponto de ônibus e decidiu segui-la até a rodoviária de Goiânia. Ela subiu no ônibus para São Paulo e nunca mais voltou. O menino chorou por três dias. Dos 9 aos 14 anos, Anderson fugiu de casa e foi viver nas ruas de Goiânia, aprendendo a usar drogas e os passos iniciais do crime.

Mas aos 14, ele pediu ajuda a Luciana do SOS criança, uma “Mardoqueu”, que trabalhava em Goiânia com olhos e ouvidos atentos, e por meio dessa pessoa foi parar na Missão Resgate. Foi lá que conheceu outra especialista no fator Mardoqueu: Alison Worrall, missionária inglesa, trabalhando em missão integral no Brasil. E foi lá também que ele conheceu o povo de Deus. O primeiro grande desafio de Alison foi conquistar a confiança de Anderson. Depois ela se encarregou de abrir muitas portas para o rapaz. A maior foi facilitar o entrosamento de Anderson na Igreja Cristã Evangélica do Novo Horizonte.

Anderson acabou tendo em Alison uma irmã mais velha e, na igreja, sua grande família. Aos 18 anos, era necessário sair da Missão Resgate, o que não foi problema porque André e Amélia, um casal da igreja, o acolheu em sua casa. Até casar, Anderson foi de alguma forma acolhido pelo pessoal da igreja. E não deixou de receber este apoio após o casamento. Hoje ele é mecânico, casado com Pamela, e pai orgulhoso da pequena Ester!

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Anderson com o pai, a avó e a filha: salvo pela ciranda do bem

A ciranda do bem não pára. Pensando apenas nas ações das organizações filiadas à Rede Mãos Dadas, são milhares de iniciativas diárias, levadas a cabo por milhares de Mardoqueus (3.200 pessoas que trabalham ou prestam serviços voluntários às nossas organizações parceiras constam nos nossos cadastros).

Há todo tipo de atuação. Algumas são comuns, mas não menos importantes, como as refeições preparadas com muito carinho por cozinheiras como a Sulamita, da Casa Filadélfia em São Paulo, ou banhos carinhosos dados por adolescentes em bebês como Lucas.* Com apenas um mês de vida Lucas foi achado todo machucado por mordidas dos pais; ele foi levado ao hospital e posteriormente à Associação Refúgio, em Sorocaba, SP.

Há ações no âmbito da defesa dos direitos como as do Centro de Combate à Violência Infantil (CECOVI), que luta para fazer com que a lei não fique apenas no papel. Foi por meio da atuação dos advogados do CECOVI em Natal, RN, que Clara* foi liberta de uma mãe cuja obsessão era torturá-la. Mesmo depois de dois anos de detenção, a mãe, ainda em liberdade condicional, voltou a procurar a filha, ameaçando-a. O CECOVI não esperou o pior acontecer, denunciou a mãe ao juiz e garantiu que a filha fosse protegida de forma permanente.

Há ações estratégicas que cobram dos governantes e legisladores atitudes em favor da criança e do adolescente como várias iniciativas da Visão Mundial Kindernothilfe (KNH). Há ações que transformam nossa cultura para que ela valorize a pessoa humana, e veja nela o reflexo de Deus (como o Claves e Teologia da Criança). Há Mardoqueus brasileiros espalhados por todos os cantos do Brasil, e até servindo em outros países. Nas aldeias indígenas (como a ATINI), nas favelas do Rio de Janeiro (como o Exército de Salvação), na Cracolândia em São Paulo e no sistema de detenção juvenil (como o Ministério JEAME), no sertão nordestino (como a ACEV Social), no sul do país (como a Casa Betânia), na África (como o Projeto Calçada e o PEPE Network), e em tantos outros lugares vê-se o mover de uma ciranda, guiada pelo som e ritmo do Espírito Santo de Deus!

Os segredos do fator Mardoqueu
Rubem não revelou todos os segredos do fator Mardoqueu em uma só conversa. Ele não contou como este fator é contagiante. Pessoas cujas vidas foram restauradas pelo trabalho desconhecido de um Mardoqueu gostam do seu exemplo e passam a se empenhar para que o mesmo aconteça com outros. A primeira atitude do Anderson ao chegar à maioridade foi procurar sua mãe em uma favela em Cubatão para abraçá-la e buscar a reconciliação. E a cada vitória… danças, tamborins, alegria.

Outro segredo é que o próprio Deus nos coloca nos portões e ruas da cidade e orquestra todo o mover do seu povo. A ciranda do bem não pode parar porque enquanto houver crianças sofrendo as conseqüências dos pecados dos seus pais e de seu povo, Deus vai continuar levantando homens e mulheres para quebrar as correntes do mal!

Você já está na ciranda do bem? E a sua igreja local? Ela já aceitou o desafio de entrar de verdade na roda? Ela é um lugar de acolhimento, que distribui olhares, toques e abraços parecidos com os de Jesus? Se sua congregação ainda não acordou para essa grande missão, cabe a você se tornar o Mardoqueu dessa história, mesmo que seja preciso arriscar o pescoço!

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Artigo publicado originalmente na Revista Mãos Dadas, Edição 23.

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