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Alunos do EMAD/SERVE e seu professor dizendo seus nomes na linguagem dos sinais. SERVE

A SERVE Afeganistão trabalha com grupos de afegãos estigmatizados há muitos anos. Assim como é comum por todo o mundo, a sociedade afegã tem ideias errôneas sobre as pessoas com deficiências. Para lidar com este estigma, SERVE fornece informações corretas e mostra que as ideias da sociedade precisam mudar.

 

Nós, que trabalhamos na SERVE, tivemos o privilégio de aprender com os afegãos com deficiências na nossa luta contra o estigma social. Recentemente, sentei-me com dois empregados surdos da SERVE para lhes perguntar sobre as suas experiências de estigma. Khalil é supervisor no projeto EMAD da SERVE – Enabling and Mobilising Afghan Disabled (Capacitando e Mobilizando Afegãos com Deficiências). Ele trabalha na SERVE há mais de 20 anos. Faiz Mohammad é formado na escola para surdos da SEVE, em Jalalabad, um dos poucos formados em escola secundária para surdos do país. Ele agora trabalha no projeto EMAD.

 

COMO  A SUA FAMÍLIA SE SENTE EM RELAÇÃO À SUA SURDEZ?

 Faiz Mohammad: Alguns dos meus parentes não tinham uma mente muito aberta. Eles me ridicularizavam muito e diziam que não iria para a escola. Um dia, meu pai fez com que eu me sentasse com todos os meus tios e pediu-lhes que fizessem qualquer pergunta que quisessem. Meus tios escreveram as perguntas num pedaço de papel, e eu respondi a todas elas. Eles ficaram totalmente surpresos ao ver que uma pessoa surda podia aprender a ler e escrever. Acho que eles se deram conta, então, de que as pessoas surdas podem ir à escola e aprender da mesma forma que as pessoas que ouvem.

 

O QUE OS AFEGÃOS ACHAM DAS PESSOAS SURDAS?

Khalil: A maior parte dos afegãos acham que as pessoas surdas são, de alguma forma, loucas, então eles as ridicularizam. Já fui apedrejado por ser surdo. Pode ser difícil se comunicar com pessoas que ouvem.

 

Faiz Mohammad: Durante toda a minha infância, na rua, as pessoas riam de mim quando eu ia para a escola. Elas peguntavam, “Como é que ir à escola pode ajudar um louco?” As coisas só mudaram no final da minha escolarização. As pessoas viram que eu tinha recebido um diploma, que eu sabia ler e que tinha encontrado um emprego. Só então, depois de 12 anos, foi que elas compreenderam que haviam estado erradas todo aquele tempo.

 

COMO SE MUDA A ATITUDE DAS PESSOAS EM RELAÇÃO AOS SURDOS?

Faiz Mohammad: As informações são importantes. Uma forma de compartilhar informações é reunir os membros da comunidade que ouvem e ensiná-los sobre a surdez, a linguagem dos sinais e a capacidade das pessoas surdas de se alfabetizarem e trabalharem. Se as informações forem compartilhadas pelos líderes da comunidade, seus membros escutarão e mudarão sua maneira de pensar mais rapidamente.

 

Khalil: Às vezes, reunimos os membros da comunidade e passamos vídeos para eles sobre as causas da deficiência. As pessoas parecem aceitar e aprender com isto.

 

Faiz Mohammad: A aprendizagem também ocorre entre vizinhos. Minha mãe frequentemente compartilhava as informações que havia aprendido com os vizinhos. As mesquitas são bons locais para compartilhar informações e ensinar as pessoas que é pecado ridicularizar as pessoas surdas.

 

COMO VOCÊ SE SENTE EM RELAÇÃO À SUA SURDEZ?

Faiz Mohammad: Tenho opiniões muito fortes em relação à surdez. Os surdos são negligenciados por toda parte no Afeganistão. A maioria é analfabeta, fica em casa o dia inteiro e não tem muita esperança. Eu sou um dos que têm muita esperança. Eu sou um dos dos que têm a sorte de saber ler. Eu quero servir os surdos e ver o Afeganistão se desenvolver, para que, um dia, as pessoas surdas de todo o país tenham as mesmas perspectivas e oportunidades que eu.

 

Justin Power

 

Os projetos da SERVE inspiram esperança nos afegãos com deficiências visuais, auditivas, físicas e intelectuais.

 

SERVE

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Karte Char, Kabul

Afeganistão

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Publicado pela: Tearfund

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Editora: Helen Gaw

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