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Dona Rosa, a senhora mais velha do grupo, na contramão do alongamento…

Nem todos os dias de trabalho são  produtivos, nem todos os dias são agradáveis. Então, quando Deus nos dá um dia especial, temos de celebrar!

Hoje fui ao projeto social chamado PIMC (Programa Integração Mãe Criança), um programa da Rebusca que reúne 15 mulheres muito pobres de um bairro periférico de Viçosa. Elas gastam suas tardes no projeto, aprendendo todo tipo de coisa com o objetivo de melhorar as condições de vida pessoais e de suas famílias.

Se eu pudesse, passaria todas as tardes com elas. Mas não posso, então acompanho a coordenadora do projeto, a Eva, no planejamento, monitoramento e avaliação do programa. Tento doar meu tempo como voluntária passando algumas tardes com elas. Na maior parte das vezes a benção recebida é maior do que a minha doação. Não foi diferente hoje.

Ontem, fizemos um “mini-enduro” no horto florestal da Universidade Federal de Viçosa. É um espaço público bem conhecido pelos habitantes da cidade e muitas pessoas aproveitam as sombras das árvores para fazerem caminhadas. As mulheres andaram pelo bosque muito animadas tentando seguir as pistas que eu tinha distribuído para elas acharem. Erraram o caminho mais do que acertaram, mas no final deram muitas risadas e uma delas resumiu bem a opinião do grupo “Nós  agradou desse lugar, vamos voltar aqui mais vezes?”

Hoje, fui ao bairro onde elas moram para conversarmos sobre a caminhada como uma forma de encarar a vida. Perguntei para elas como uma caminhada poderia ser comparada com a nossa vida. Obtive várias respostas interessantes que demonstram como há espaço para a aprendizagem e o amadurecimento na vida delas. Fiquei abençoada com suas respostas.

No entanto, o que mais me abençoou, foi ver a Mariana* lá, tão mudada que quase não a reconheci. Mariana era novata em março do ano passado. Passei uma semana com as mulheres no começo de 2012. Foi tempo suficiente para ficar preocupada com esta mulher. Parecia quase catatônica, sem vida, sem sorriso e sem brilho nos olhos. Segurava o bebê de uma forma esquisita e a criança não parecia se comunicar com a mãe, parecia solta. A educadora me relatou na época que ela tinha passagem de rua e que passava a maior parte do tempo em um bar, com seu companheiro, no mais absoluto ócio.

Ontem e hoje convivi com uma outra Mariana, alegre, enturmada, brincalhona, disposta na caminhada, participativa durante a minha palestra. A educadora me contou que ela representa o milagre de 2012. Aprendeu a fazer sabão e por conta própria o faz em casa para vender, aprendeu a fazer umas coisinhas para o cabelo, e já os confecciona sob encomenda. Melhorou na interação com as duas filhinhas, se abriu no grupo para amizades sadias. Quando perguntei para ela “O que está na hora para você fazer, na sua caminhada?” Ela respondeu: “Meu próximo passo é arrumar um trabalho.” Que coisa maravilhosa! E como foi relativamente pequeno o nosso investimento…

O vaso usado por Jesus para transformar água em vinho deve ter ficado alegre de ser testemunha de um milagre. Minhas colegas lá da Rebusca alegram-se como bons vasos nas mãos de Jesus, e eu me animo com elas!

Mais fotos sobre o projeto com as mães da Rebusca, você pode ver aqui.

*Mariana é um nome fictício.

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